quarta-feira, 20 de abril de 2016

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Éramos onze


O clímax do arco da prisão, depois o olhar 43 de Carl e agora a chegada triunfal de Negan. The Walking Dead finalizou sua sexta temporada em sincronia com o 3º grande momento da saga nos quadrinhos. Não é apenas uma das cenas mais aguardadas pelos leitores, como também a mais extrema no quesito gráfico. Foi uma grosseria splatter mesmo. Difícil dizer se a network vai bancar uma versão literal e explícita daquilo que chocou tanta gente nos quadrinhos, ainda mais considerando que nem luminares da casca-grossice como Game of Thrones foram tão fundo na ferida. O certo é que a cena com o nosso querido grupo de anti-heróis ajoelhados diante de um trágico destino já é antológica.

Essa 6ª temporada periga ter sido a mais balanceada da série até aqui. Bons ganchos nas subtramas de Alexandria e o mega-êxodo zumbi, a polêmica bem plantada sobre Glenn no fim da meia-temporada, um desenvolvimento mais intenso de personagens importantes, como foi o caso de Carol, e os primeiros contatos com a colônia Hilltop, com os Salvadores e até mesmo com o Reinado. Tudo de forma cadenciada, sem reimaginações furadas e o mais próximo possível da linha narrativa original. Créditos para o showrunner e roteirista Scott M. Gimple e para o diretor, roteirista, técnico de fx, zelador, faxineiro e office-boy Greg Nicotero, que, salvo a barrigada nos últimos dois episódios antes do season finale, não deixaram a peteca cair.

A verdade é que esse pessoal tem aqui uma oportunidade única para redimir a série de alguns equívocos do passado - sendo o mais gritante o Governador soft das temporadas anteriores. Não é preciso ser um gênio para perceber que os gibis de Robert Kirkman são quase um story-board de luxo (com mil perdões à arte fantástica de Charlie Adlard), apenas aguardando tridimensionalidade física. Claro que aparar algumas arestas aqui e ali faz parte, mas tudo de essencial que deveria ser planejado, medido e pesado já o foi, anos atrás, lá no estúdio do gordinho.

Ainda mais a essa altura do campeonato, com os US$ da AMC minando incessantemente na conta bancária. Impossível pensar em Rick Grimes & cia. apenas como personagens de gibi mensal.

Acaba sendo bem interessante comparar esses eventuais ajustes, agora mais relacionados à transposição de formatos do que de conteúdo. Aquele catártico #100 dos quadrinhos - na minha época a centésima edição era comemorada de outro jeito - é um bom exemplo de alteração técnica. O impactante final da HQ pontuava o fim de uma fase e o início de outra. Já na telinha, foi priorizado o cliffhanger. Estratégia alternativa e narrativamente oposta ao imediatismo de um Casamento Vermelho, mas comercialmente a jogada certa.

Com um episódio com mais atmosfera que Júpiter, vazando tensão por todos os frames e algumas das melhores performances do elenco principal, o final foi de baixar a pressão até o subsolo. O aguardado Negan de Jeffrey Dean Morgan soou menos fanfarrão e mais polido que aquele o qual estamos acostumados, mas ainda assim monopolizou o widescreen inteiro.

Apostas para outubro?

Spoilers?

"Eenie, meanie, miney...












...moe."

Rick, Carl e Michonne são "praticamente invencíveis"Maggie está nos planos desta indústria vital; Sasha, Aaron, Eugene e Rosita, me desculpem, são irrelevantes.

Abraham e Daryl são os que parecem irresistíveis para Lucille. Ambos uma chance de ouro para os deuses da ficção corrigirem incongruências entre os universos.

Mas fico com o Glenn basicão mesmo. É simplesmente... perfeito.

Mesmo o ator Steven Yeun já teve tempo de sobra pra se acostumar. Afinal, já se passaram mais de 3 anos desde a sua missiva enfurecida (e hilária) publicada na seção de cartas da edição #102.


Ps: me resta por hora minha série chata favorita, Fear the Walking Dead. E aquele ep. da volta? Chatíssimo...