quinta-feira, 27 de abril de 2023

SALUD!


Peter Pank de volta ao Brasil via Comix Zone! Pank que pariu!

Dos meus sonhos de republicações, esse era dos menos prováveis. Mas já tem uns 30 anos.

quarta-feira, 26 de abril de 2023

A volta da Formiga Atômica


Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania dá sequência ao segmento mais Sessão da Tarde da Marvel Studios. E cumpre bem sua missão, diga-se. Em termos de escopo, dá até para afirmar que Quantumania é o Vingadores: Ultimato do Homem-Formiga. Paradoxalmente aos diminutos heróis e heroínas, no filme tudo é diverso e grandioso. A grande referência do diretor Peyton Reed certamente foi o universo de Star Wars, com seus diferentes mundos, espécies e culturas. O que, ao pé da Marvel, pode e deve ser traduzido como histórias a perder de vista. O trocadilho ruim vai de brinde.

Uma impressão que tenho desde Homem-Formiga, de 2015, e intensificada por Homem-Formiga e a Vespa, de 2018, é da extrapolação deliberada dos limites do personagem. O universo subatômico sempre foi muito mais o métier de sua contraparte da DC, o Eléktron — no original, "Atom", cuja estreia nas HQs se deu 3 meses antes, em outubro de 1961. Quarks me mordam se isso não foi mais uma roubada de bola da Marvel nos cinemas.

Para compensar, a DC chegou primeiro na Atlântida...

Mas o maior feito de Quantumania talvez tenha sido o de arrumar a casa depois do evento Ultimato. E o formigão Scott Lang, por incrível que pareça, teve muito a ver com tudo aquilo. Foi na cena pós-créditos do 2º filme que ocorreu a primeira resposta cronológica ao Estalo de Thanos no final de Guerra Infinita. O que acachapou o público que não lê gibi e não está acostumado com essas coisas.

Além disso, o Homem-Formiga foi o fio condutor do épico que concluiu a fase 3 do Universo Cinematográfico da Marvel. O que acachapou o público que lê gibi e está acostumado com essas coisas.

A premissa é a pura fórmula Disney. O herói está curtindo uma idílica vidinha de subcelebridade, o relacionamento com Hope, a Vespa, é sonho de uma noite de verão, a filha Cassie está com 18 e os sogros Hank Pym e Janet van Dyne estão finalmente reunidos. Tudo está às mil maravilhas até que um experimento suga todos para o Reino Quântico. Ao contrário do lugar estéril e asséptico que imaginavam, eles se deparam com um mundo repleto de vida, com tecnologia avançada e dominado por um tirano. Também descobrem que Janet esteve bastante ocupada nos 30 anos que passou no exílio quântico.

A versão disso com fidelidade aos quadrinhos é o sempre divertido Querida, Encolhi as Crianças, de 1989, onde ninguém fica menor que saúvas.


Primeiro e mais importante: é a estreia cinematográfica de Kang, o Conquistador. Arqui-inimigo jurássico e juramentado dos Vingadores e complexo até a medula para adaptar. Só com uns 15 anos de cronologia obsessivamente coesa de filmes e séries interligados isso seria possível e, olha só, a Marvel tinha o pacote completo.

Aliás, o termo "cronologia" é deveras adequado para um personagem que reescreve a sua própria o tempo todo. Kang não tem uma vida linear. Tem infinitas versões de si mesmo em vários pontos do tempo e do espaço e, tecnicamente, é impossível de ser morto. Seus doppelgängers não são flor que se cheire — os mais bonzinhos são completamente loucos, como Aquele que Permanece, o mágico por trás da 1º temporada de Loki (?reliops, spo). E o Kang de Quantumania é vilão por excelência, numa muito boa atuação do figura Jonathan Majors.

Deve ter feito um laboratório excepcional. Ou se baseado em alguma experiência própria, sei lá.

É sempre um prazer ver veteranos abarrotando suas contas bancárias enquanto se divertem em cena. É o caso de Michael Douglas e Michelle Pfeiffer, novamente em ação num filme pipoca. Até Bill Murray comparece num cameozinho pra lá de manjado. Duvido que os três tenham se acostumado a contracenar com o vazio absoluto num imenso set verde. E duvido que tenham sequer arranhado o resultado final das cenas após o tratamento digital. Mas não duvidaria se me dissessem que é o filme da Marvel com a maior quantidade de CGI já produzido.

Felizmente, a textura artificial não me incomodou nem um pouco. Veremos daqui a uns anos.

A Vespa/Hope de Evangeline Lilly continua doce, carismática, corajosa e proativa, embora em nada lembre a igualmente doce, carismática, corajosa e proativa Vespa das HQs — que era a Janet, por sinal, e faça um favor a si mesmo e (re)leia a deliciosa Homem-Aranha #84, da Abril. Em relação aos filmes anteriores, ela teve menos espaço desta vez, porém a melhor sequência de ação F/X, a da "Tempestade de Probabilidade", é co-protagonizada por ela.

Kathryn Newton é a terceira atriz a dar vida à Cassie Lang. Pessoalmente, havia gostado da breve atuação de Emma Fuhrmann em Ultimato, que é cinco anos mais nova que a Newton, inclusive. Vai entender. O fato é que a Cassie 1.8 é uma jovem adulta ainda com uma aborrescência vestigial correndo nas veias. Mas vem do ativismo dela algumas infos importantes sobre o caos social causado pelo Blip, como o aumento calamitoso da população de sem-tetos após o retorno dos 50%.

E mais uma vez me pergunto quando a Disney+ vai bancar uma série Marvel protagonizada por pessoas comuns, como nos quadrinhos Damage Control, The Pulse e Código de Honra. Seria ideal para abordar esses aspectos mais sociais e mundanos.


O filme também presenteia Paul Rudd com as melhores deixas dramáticas da série até aqui. Nunca vi Scott tão desesperado e com sangue nos olhos. A cena em que Kang precisa quebrar o herói para coagi-lo a obedecer até é previsível, como tudo no filme, mas espetacular pelo nível da troca entre Rudd e Majors. É um ator brilhante e o melhor comediante do MCU, fácil. Paul Rudd merece o mundo. Mesmo que seja o subatômico.

O grande problema de Quantumania está mesmo no excesso de convenções do roteiro de Jeff Loveness (de Rick & Morty e diretor do próximo filme dos Vingadores). Isso vai desde o exército de Kang, composto por sub-Stormtroopers ainda mais incompetentes, até o deus ex machina do final que deu para telegrafar nos primeiros cinco minutos do filme, sem brincadeira. Do lado positivo, não derrapa nas regrinhas básicas de storytelling e consegue criar mais atalhos para ideias da... Casa das Ideias.

O resgate da guerreira Jentorra, papel de Katy O'Brian, foi um desses. Jentorra é do mundo subatômico K'ai e sobrinha da saudosa Rainha Jarella, que a partícula de Deus a tenha. Penso também em possibilidades como os Micronautas de Michael Golden e Bill Mantlo, mesmo originários de uma linha de brinquedos hoje moribunda.

Fora o Quarteto Fantástico, com filme marcado para 2025 e que tem tudo a ver com esse contexto de "Família Sci Fi" X pseudociência pop.

E precisamos falar sobre o M.O.D.O.K. — ou Mecanorganismo Operacional Destinado à Ocisão e Carnificina, na versão pt-br atual. Admiro a coragem, mas esse ícone da bizarrice Kirbyana não foi feito para funcionar fora dos quadrinhos. Ao menos não a sério. No filme, nunca passa da galhofa, porém, rende a boa piadinha com o acrônimo e a sua última cena, que me fez rachar o bico com gosto.

Fazer o quê. Sessões da Tarde têm dessas coisas.

Ps: rolam duas cenas pós-créditos. Ambas relevantes. 🐜 🐜

quarta-feira, 19 de abril de 2023

John Buscema vive!

Ao menos no legado e nas artes de Roberto De La Torre para Conan the Barbarian, da Titan Comics.



"Big" John Buscema sempre foi uma referência bíblica para quadrinistas do Oiapoque à Angoulême. Junto com Stan Lee, ele reformulou e modernizou o Estilo Marvel de desenhar HQs. E mesmo após tantos anos e dos incontáveis artistas que o sucederam em Conan, nunca vi um traço tão diretamente influenciado pelo homem. Isso é surreal. E é o que faz estas prévias soarem tão impactantes e... canônicas.

Além, claro, de ser um bálsamo para olhos, após décadas de coisas que simplesmente não dá para desver. Crom!

Recapitulando, após a extensa fase Marvel a partir de 1970, o bárbaro foi para a Dark Horse. A estadia também foi generosa: começou em 2003 e durou até 2018, quando a licença foi revertida mais uma vez para a Casa das Ideias. Neste interím, os direitos caíram em domínio público na França e, no mesmo ano, a Glénat passou a publicar a série de álbuns Conan le Cimmérien, lançada aqui pela Pipoca & Nanquim — a Itália e a Espanha também têm seus próprios Conans, via Weird Book e DQómics, respectivamente.

A última passagem pela Marvel foi breve e durou até outubro de 2022. Logo em seguida, Conan já estava na britânica Titan Comics. Os direitos, assim como os das demais obras de Robert E. Howard, pertencem à Cabinet Entertainment, da qual a Conan Properties International é uma das subsidiárias.

A nova equipe do cimério parece bem montada pela Titan. Tanto De La Torre quanto o roteirista Jim "Zub" Zubkavich são reincidentes na Era Hiboriana: ambos colaboraram em algumas edições da ótima Conan the Barbarian recente da Marvel, publicada aqui pela Panini. Já o veterano colorista José Villarrubia trabalhou no Conan fase Timothy Truman, da Dark Horse, que a Mythos publicou até ano passado.

Mas confesso que até preferia o material em preto e branco mesmo, como nas preliminares só no nanquim. As páginas ficaram espetacularmente ESC.

O clima de Conan da Era Clássica Marvel parece ter contagiado inclusive Dan Panosian e Patrick Zircher, artistas do material promocional e da capa variante da edição #1.


Nem imagino o que o ranzinza do Barry Windsor-Smith diria desta recriação, mas ficou legal demais.

Na sinopse:
“Na véspera de sua primeira grande batalha, o jovem CONAN DA CIMÉRIA imagina uma vida além das fronteiras de sua terra natal e anseia por uma vida de aventuras jamais sonhada em seu pequeno vilarejo.

Visões de futuros aliados e males indescritíveis que ele eventualmente encontrará ao longo de sua lendária carreira preenchem sua mente enquanto ele faz a escolha de dar seu primeiro passo fatídico para a ERA HIBORIANA!
A nova Conan the Barbarian está prevista para sair em julho. Antes disso, terá uma edição #0 no Free Comic Book Day, em 6 de maio.

E é claro que estarei no encalço disso tudo, como um maldito cão rastreador picto.


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Enquanto isso, no Depto. de Aquisições & Lombadas...


Huh, oquei... acompanhei todo o processo, mas confesso que não vi isso chegando.

Fico tentado a fechar com um tradicional "Porra, Panini!" ®, mas, desta vez, eles não têm culpa. Ao contrário. Fizeram o melhor que puderam, até.

Questão de costume. Outras coisas me incomodam bem mais.

segunda-feira, 10 de abril de 2023

O mestre da leitura de dobra


Allan “Al” Jaffee
(1921 - 2023)

É o final dos tempos (mais um). Se foi o grande Al Jaffee aos incríveis 102 anos. O legendário ilustrador/cartunista foi o melhor naquilo que fazia, até porquê era o único: nos levar a detonar nossas revistas com as divertidíssimas Dobradinhas MAD, publicadas sempre na 4ª capa de cada edição.

Na minha antiga coleção — e já tive um calhamaço de respeito — não havia 1 MAD sequer sem a contracapa parecendo uma sanfona. Era a leitura levada às últimas consequências.

Jaffee foi um dos últimos quadrinistas da Era de Ouro. Ainda nos anos 1940 trabalhou na Timely Comics e na Atlas Comics, ambas pré-Marvel. Também produziu inúmeros syndicates para vários jornais e já era contratado da MAD desde 1955, porém, foi em 1964 que lançou seu projeto mais famoso e longevo, claro, a Dobradinha MAD.

Ou MAD Fold-In.


E só foi parar em 2020, com a merecida aposentadoria.

Graças a ele, tivemos a rara oportunidade de mutilar nossos queridos gibizinhos sem (muita) dor na consciência...

Thank you, Mr. Jaffee!

“Respeitável público, com vocês...”


The Butthole Surfers Movie promete destrinchar a trajetória da cultuada banda texana, um dos pilares da música alternativa americana — da verdadeira música alternativa, transgressora, irreverente e barulhenta, anos-luz de engambelações tipo Post Malone, Machine Gun Kelly e Billie Eilish. E o Lollapalooza dos primórdios tem tudo a ver com isso.

As apresentações anárquicas e proibidonas dos Surfers sempre foram lendárias, mas invariavelmente relegadas ao circuito underground. Na primeira edição do Lollapalooza, porém, isso mudou. Foram mais de 20 datas cruzando os Estados Unidos entre julho e agosto de 1991. Lá, os Surfers desfilaram todo o seu repertório de bizarrices, putarias e da mais pura insanidade-na-marca-do-pênalti, como comprovam as "brincadeiras" com fogo e as cenas do vocalista Gibby Haynes empunhando um trabuco em pleno palco e praticando tiro ao alvo sobre as cabeças do público (!!).

O Lolla atual pode ser a epítome do entretenimento gourmet inofensivo, mas houve um tempo em que a millennialzada leite com pera sairia de lá traumatizada...

O doc está cheio de depoimentos de gente como Jim Jarmusch, Richard Linklater, Steve Albini, Flea, Ice-T, Henry Rollins, Thurston Moore (Sonic Youth), Donita Sparks (L7), East Bay Ray (Dead Kennedys), Buzz Osborne (Melvins) e mais um punhado de notáveis. A previsão de estreia é para o final de abril.

A direção é de Tom Stern, que coleta material sobre o grupo desde 1986, quando ainda era um estudante de cinema. A co-produção dele com Noa Durban foi bancada através de um Kickstarter que arrecadou mais que o dobro da meta pretendida.

Pelo visto, muita gente também quer surfar naquele Butthole.

terça-feira, 4 de abril de 2023

Em defesa dos Direitos Pós-Humanos


Já posso dizer que o Silvio é meu Ministro preferido?


Pós-créditos


Os meus também estão num box personalizado, Exmo. E muito bem trancafiados.