terça-feira, 25 de outubro de 2016

Juiz, júri e rebatedor


The Walking Dead abriu sua 7ª temporada e, enfim, o insidioso Negan saciou a sede de sua Lucille. Após seis meses de suspense em estado sólido, um estranho alívio se instala após a experiência. E com certeza foi uma experiência.

Como era de se esperar, muita gente ficou indignada. Achei uma graça o artigo/bate-bola de dois colunistas do The Verge. Pontuando os argumentos de seu Clube de Desistentes de The Walking Dead estão missivas como "torture-porn mascarado de drama", "o episódio mostra o quão vazia a série se tornou" e, minhas favoritas, "o desprezo pelos espectadores é o maior pecado de The Walking Dead" e a lapidar "respeite sua energia emocional e diga 'não'".

Neste ponto, onde foi preciso recorrer a slogans antidrogas de três décadas atrás, fiquei na dúvida se queriam convencer o leitor ou a eles mesmos - talvez já antecipando a porrada da abstinência.

Mas sou solidário. E não é da boca pra fora: dropei Game of Thrones quando vi as engrenagens daquela máquina de criar-personagens-carismáticos-em-tempo-recorde-só-para-trucidá-los-em-seguida funcionando a pleno vapor. Uma vez conhecendo o truque, parei de me importar. Spoilers de uma ou outra atrocidade cometida na temporada seguinte me mantiveram afastado.

Para mim, que não li os tijolos da franquia literária, não fizeram diferença os possíveis desdobramentos daquilo. Só me pareceu... vazio... arrogante... emocionalmente exaustivo. E acima de tudo, gratuito. Em outro aspecto, porém, havia a grande referência do Casamento Vermelho - momento ainda mais brutal, chocante e inesperado, mas o fruto perfeito de um crescendo narrativo que vinha sendo cultivado sorrateiramente ao longo da série. Com a premiere de The Walking Dead foi o mesmo, com reverência extra à performance descaralhante de Andrew Lincoln.

Talvez não signifique muito para o não-leitor do gibi, puto com o episódio, o fato da série conferir uma tardia dignidade à despedida de um determinado personagem e ainda desenvolver a premissa de Robert Kirkman de uma forma que superou até a original. Não. A melhor dica é que tudo o que aconteceu ali foi essencial para a nova etapa daquele universo, que, garanto, valerá a pena para quem se atrever a chegar lá.

Provavelmente.

Quase acertei, hm? Meio ponto pra mim e estamos conversados.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016