A vida do encadernad(ã)o Os Novos Vingadores: Motim! nas livrarias não foi longa, mas foi bastante próspera. Na época, não creio que a editora Panini antecipava o tamanho da procura que a edição teria e lançou uma tiragem bem aquém da demanda. Jogada por mim no balaio do "a adquirir quando sobrar algum $$$", vi Motim! se amotinar contra meus planos ao evaporar sistematicamente de todas as cadeias (de livrarias) físicas e virtuais. Quando menos percebi, a edição já estava sendo vendida a peso de ouro em vários sites de venda informal - e não só o Mercado Livre.
Foi nessa época que desenvolvi uma teoria conspiratória de boteco sobre uma raça reptiliana disfarçada que adquiria grandes lotes de títulos recém-lançados para revendê-los por aí a preços pornográficos. Caso tenha interesse, os direitos de filmagem ainda estão disponíveis para venda.
Lançado pela Panini originalmente em fevereiro de 2012, o compilado tem 380 páginas reunindo as edições de 1 a 15 de New Avengers. Bom, após tantas análises elogiosas é até redundante dizer que curto bastante essa fase específica dos Vingadores (mesmo 13 anos depois de escrever a bagaça #1) e por isso mesmo tinha um grande interesse nesse relançamento.
Calhou do destino me recompensar pelo exercício espartano de paciência. Com o preço de capa a 79 dólares brasileiros, peguei a edição por 50 mangos na promocha da Fnac (que ultimamente anda despirocando grandemente nos descontos, fique de olho). E o mais legal de tudo foi rolar de rir dos mercenários tristes com suas edições encalhadas ad eternum. Para alguns a ficha ainda não caiu - e duvido muito que caia um dia.
Chamo isso de síndrome d'O Evangelho Segundo Lobo pós-traumática.
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E com Demolidor - O Homem sem Medo finalmente retornando à ponta da agulha - outra por muitos anos sendo chamada de "raridade" pelos escalpadores sem a menor propriedade - vou me dar ao luxo de uma pequena atualização.
Há alguns anos, um mix explosivo de falta de espaço e armazenamento improvisado rapidamente evoluiu para várias montanhas de edições com capa dura e papel couché empilhadas, resultando num quase-worst case scenario: as páginas de muitas edições ficaram irreversivelmente coladas.
Aliás, coladas não... fundidas mesmo. Algo químico envolvendo a tinta da impressão e a estrutura do caro e ultrassensível papel deluxe. Apesar do processo ser gradual (começa com as páginas grudando suavemente), não vi nada até ser tarde demais. O miolo de alguns encadernados virou uma coisa só, um paralelepípedo com capa dura.
Esse evento ficou conhecido como o Grande Desastre de 2014. Prejuízo de 5,2 quaquilhões em valores atualizados.
Mas até que tive sorte, por isso o quase-wcs. Todos os Sandman e os Preacher saíram dali intactos. Os que tiveram perda total já foram quase todos substituídos. Me falta ainda o vol. 1 da excelente e injustamente ignorada Criminal da Panini (espero uma nova tentativa da editora ou importo...?).
E Homem sem Medo que, apesar do miolo íntegro, ficou curiosamente danificado nas páginas de créditos iniciais e finais.
Sou um novo homem depois dessa experiência. Posso até dizer que me tornei um amigão da vizinhança.
Com grandes desastres...