As perspectivas para a republicação dos primeiros quadrinhos do Conan no Brasil iam de mal a pior.
A editora Mythos Editora², que detém o licenciamento do material do cimério pela Dark Horse, lançou o primeiro volume de As Crônicas de Conan há um ano e lá vai cacetada e nunca mais tocou no assunto. Uma possível série contemplando a clássica The Savage Sword of Conan, em grande parte de Roy Thomas e John Buscema, como já deixaram claro, claríssimo, nem pensar.
A possibilidade mais promissora vinha da zona do euro: a Planeta DeAgostini, em parceria com a poderosa Hachette francesa, também publicava sua La Espada Salvaje na Espanha. Nada mais natural que a editora, agora mais aclimatada ao mercado canarinho, peitasse o desafio e chutasse no ângulo. Só que, pelo visto, a experiência na guerra numa galáxia muito distante os deixou com stress pó$-traumático.
Aí veio a notícia sobre HQs mais comentada da semana passada.
A editora Salvat fez todo mundo acordar numa realidade paralela onde ela irá publicar 70 volumes de A Espada Selvagem de Conan - A Coleção, podendo ser estendida para os 90 volumes totais. Antes, claro, uma "fase de testes" com a distribuição setorizada da 1ª edição por módicos 9,90 irreais. Com tudo certo, lá por 2027 eu veria essa coleção por aqui.
Vila Velha (lar, doce lar) sempre esteve para a distribuição setorizada como a Terra Maldita está para Mega City-Um, então foi uma tremenda surpresa ver vários exemplares nas bancas daqui. E eu só tinha passado numa delas pra pegar um jornalzinho básico.
(sim, sim, também pensei em sair levando umas cinco pra revender a preços pornográficos nos MLs da vida, mas imediatamente decepei a cabeça desses pensamentos que levam ao Lado Negro da Força)
Confirmando, o case impressiona como deveria e o acabamento da capa é primoroso.
Plastificações removidas, edição na mão e a primeira surpresa (a mesma que tive com os volumes de Creepy, da Devir): o peso. Levíssimo. Motivo: o papel é offset. Ok, pensava que seria couché, talvez mal-acostumado pela edição peso-pesado de Conan: O Libertador, da Mythos. Mas não é preciso ponderar muito para ver que essa foi uma sábia decisão. Tanto pelo preço de uma série bastante longa, quanto pelo acondicionamento dessa mesma série bastante longa.
Fora que offset é melhor que couché e sem todas aquelas frescuragens. Nada mais adequado para abrigar as aventuras do bárbaro cimério.
O formato é o magazine original. Graças a Crom.
Comparando com Relatividade Infinita, diante de um Thanos estupetafo
Comparando com Dreadstar - O Início, mesmas dimensões
Comparando com O Libertad... aye, chegamos ao limite. All back full! All back full!!
A edição vem com um fascículo/folheto com várias infos. O miolo tem extras variados e de acordo.
Na ordem:
♠ expediente;
♠ índice com títulos originais e datas;
♠ intro e artigo compreensivo "Dos Pulps aos Quadrinhos - A História de Conan", de autoria do editor e tradutor italiano (claro) Massimiliano "Max" Brighel;
♠ histórias, duh, com Savage Tales de #1 a #5, com textos de Roy Thomas e artes de Barry Windsor-Smith, Gil Kane, Neal Adams e Jim Starlin;
♠ texto de Roy Thomas, o mito, abordando "A Cidadela dos Condenados - Ao Cair da Noite", a última história do bárbaro escrita pelo supermito Robert E. Howard;
♠ capítulo um do artigo "Crônicas da Espada", do autor de fantasia & ficção Linwood Vrooman "Lin" Carter;
♠ pinups com artes de Pablo Marcos, Esteban Maroto e Neal Adams;
♠ galeria de capas, todas coloridas - aaa moleque;
♠ breves bios de Thomas e de Windsor-Smith, que ilustra quase todas as histórias deste volume.
E a arte. Valha-me Ishtar, a arte.
Fora o êxtase que é ter em mãos o início de alguma coisa, mesmo não sendo garantia de nada, não falta também material para alimentar as melhores discussões conspiratórias de boteco. Basta uma olhadinha nos logos que constam no finalzinho do expediente.
Muito se comentou sobre o inusitado que é a Salvat assumindo a publicação de A Espada Selvagem. Mas a matriz das edições originais - e, não duvido, da maior parte da empreitada - vem lá da Itália. A parceria Salvat-Panini chega aqui em seu momento mais decisivo e importante. Tomara que a equipe corresponda.
Ainda não decidi como vou acompanhar isso. Assinatura era pra ser o sinônimo da praticidade, mas após tantos problemas graves reportados em todas as editoras de quadrinhos do Brasil, não sei se quero penar nessa roda da tortura. E acompanhar títulos da Salvat pelas bancas também não é o retrato da felicidade. Vou ver.
O que sei é que pra mim é a coleção definitiva, prioritária sobre qualquer outra coisa que vem ou poderá vir neste interím.
A estante é sua A Espada Selvagem de Conan.
Até o Thanos com a Manopla do Infinito já anseia pela próxima edição!
Reza a lenda que Robert E. Howard criava as sagas de Conan certo de que estava sendo vigiado por um gigante de bronze ameaçador segurando um enorme machado. E que ele o ameaçava, dizendo que o partiria ao meio se saísse da frente da máquina de escrever.
Bom, desejo aí os mesmos votos psicóticos a todos que ainda estão na dúvida se vão comprar A Espada Selvagem de Conan - A Coleção...