sexta-feira, 31 de julho de 2020

Retrospec Julho/2020


1/7¹ – Anunciada a edição Director's Cut de Midsommar. Fora os 23 minutos a mais e um livreto bacanudo (e paganudo) de 62 páginas, a distribuidora A24 promete que o opus de Ari Aster "ficará tão nítido em sua estante quanto no 4K Ultra HD". Amo trash talk. A partir do dia 20.

1/7² – Na crista do Snyder Cut de Liga da Justiça via HBO Max, Ray Fisher, o Cyborg, soltou os cachorros pra cima de Joss Whedon. Segundo ele, o comportamento do diretor no set pós-Zack Snyder era "nojento, abusivo, antiprofissional e completamente inaceitável". E ainda meteu o dedo nas caras dos produtores Geoff Johns e Jon Berg. Ave.

1/7³ – Rápido no gatilho tweet, Alan Tudyk, ator e amigão de Whedon por 17 anos, comentou que não consegue nem imaginar uma parada dessas.

1/74Jon Berg se defende das acusações de Ray Fisher e contra-ataca: Booyah!

Meus dois cents: como todo bom pedreiro, Whedon deve detestar terminar serviço dos outros. Mesmo assim, mandou a Warner depositar o cheque, #PartiuSet com uma puta má vontade e chegou tocando o terror à Alan Davis no BraZil. The end.


2/7¹ – Adeus à era Dark Horse: os quadrinhos dos Aliens e do Predador são assumidos pela Marvel. Tenho certeza que o Preddy será bem recebido na casa dos Kravinoff, mas os Aliens vão bater cabeça com a Ninhada. Em tempo... o David Finch é bom de xenomorfo, hein.

2/7² – O saudoso Daniel Azulay era dono de uma belíssima coleção de raridades em quadrinhos que agora estão indo a leilão. Os valores arrecadados serão doados para a instituição Pro Criança Cardíaca, conforme a sua vontade. Grande, gigante Azulay...


3/7Se vai Leonardo Villar, aos 96. A carreira do ator paulista teve início nos anos 1940, no teatro. Foi prolífico nos palcos, em inúmeras novelas e também no cinema – cuja estreia, aliás, não foi só um dos pontos altos de sua vida profissional, como uma das maiores projeções da arte dramática brasileira pelo circuito internacional: ele interpretou o inesquecível Zé do Burro, o obstinado protagonista do clássico O Pagador de Promessas (1962), até hoje o único filme brasileiro a conquistar a Palma de Ouro, em Cannes, além de outras premiações e uma indicação ao Oscar.


6/7¹Se vai Ennio Morricone, aos 91. O instrumentista, compositor, condutor e produtor italiano é um dos nomes mais importantes e influentes da história da música e do cinema. O impacto cultural de sua obra em todas as vertentes da cultura pop é imensurável – muito embora suas clássicas trilhas para a "Trilogia dos Dólares", de Sergio Leone, sejam as mais lembradas pelo público. Um dos últimos grandes gênios ainda em atividade.

6/7²Charlize Theron, aquela linda, ficou de coração partido com o fato do spinoff da Imperatriz Furiosa ser um prequel. Tadinha. Mas disse que toparia na hora um crossover da sua Atomic Blonde com o John Wick.

8/7¹Lavicia Leslie é a nova Batwoman da série homônima da CW. O alter ego da nova quiróptera será Ryan Wilder, personagem inédita nas HQs. Leslie assume o lugar da recém-saída Ruby Rose.

8/7²Halloween Kills e Halloween Ends respectivamente adiados para 15 de outubro de 2021 e 14 de outubro de 2022. Até o Michael Myers saiu xingando o corona.

8/7³ – De live em live, chegamos a um papo de boteco entre Art Spiegelman e Joe Sacco. Assim... não é um paaapo de boteco, mas é Spiegelman & Sacco trocando ideias sobre gibis, oras!


10/7¹ – O novo Sentinela da Hasbro é o Sentinela mais bacana que já vi. E o Molde Mestre também está espetacular!

10/7² – O quadrinhista croata Stjepan Šejić resolve dar um alívio para a moçada nesse período de ½ quarentena e libera de grátis os 6 volumes da sua HQ Sunstone. Material para adultos responsáveis e devotos de São Onan.


12/7 – Se vai Kelly Preston, aos 57. A atriz e modelo havaiana foi um dos rostos da juventude e jovialidade femininas no cinemão oitentista. Seus papéis em filmes como Christine, o Carro Assassino (1983), A Primeira Transa de Jonathan (1985), Admiradora Secreta (1985), SpaceCamp (1986), Enfeitiçados/Feitiço Diabólico (1988) e Irmãos Gêmeos (1988) a tornaram uma das atrizes mais reconhecíveis daquela geração – e por que não, uma das musas daquela década e além...

14/7 – Hoje é o aniversário de 40 anos da Cogumelo Records. Ou melhor, da revolucionária e a melhor gravadora de som pesado do Brasil Cogumelo Records. Parabéns a todos do selo e obrigado demais!

INVISIBLE WOMAN from Fantastic Four commission #invisible #susanstorm #suestorm #marvel #invisiblewoman #fantasticfour #commission
Publicado por Enrico Marini em Quarta-feira, 15 de julho de 2020

15/7¹Enrico Marini eleva o custo-benefício dos commissions a um novo patamar. Vai ser malandro assim na época do John Byrne.

15/7² – A clássica HQ Usagi Jojimbo vai ganhar série animada via Netflix. Produção executiva do onipresente James Wan.

Steele & Stone
Please HBO Max hear us out. We got an idea for a new show...
Publicado por Doom Patrol em Quarta-feira, 15 de julho de 2020

Robotman F**k Counter
RIP to the social media manager who had to count all of those…
Publicado por Doom Patrol em Segunda-feira, 29 de junho de 2020

15/7³ – O mkt de Doom Patrol é insano. E o bom e velho Cliff é um poço sem fundo de recursos.

15/74 – No release é assim: "A Universal Content Productions está lançando uma série de quadrinhos, UCP Graphic. A nova iniciativa se concentrará na publicação de graphic novels de novos talentos." Aí, a 1ª HQ será Proctor Valley Road, de Alex Child e... Grant Morrison?!


16/7¹Chucky vai ganhar série ano que vem. E por duas networks, USA e Syfy!


Perfil de Instagram da Panini Segundo a tradução do alfabeto de Krakoa a primeira palavra seria ANTQLQGIA e não ANTOLOGIA https://www.instagram.com/p/CCCRWdDgqdA/
Publicado por Todo Dia Um Erro Nos Quadrinhos Diferente em Sexta-feira, 17 de julho de 2020

16/7²Troglodita, a Panini erra até em krakoano.


16/7³Henry Cavill sensualizando a montagem de um PC (um puta PC, por sinal) me faz parecer o Capitão Caverna ao executar a mesma atividade. Em contrapartida, ele acabou colocando o cooler do processador de cabeça pra baixo e teve que desmontar e montar de novo. Vai, noob!

16/74 – Após meses de pandemia adentro, finalmente sai a confirmação: a CCXP 2020 será em edição virtual. Esse osso foi difícil de largar, hein?

17/7Keanu Reeves estreia nas HQs com BRZRKR, via Boom! Studios. Co-roteiro de Matt Kindt, desenhos de Alessandro Vitti e capa de John Romita Jr. Rafael Grampá.

18/7Robert Kirkman anuncia o relançamento de The Walking Dead em versão Technicolor e com material extra. Não! Deus! Não! Deus, por favor, não! Não! Não! Nããããoooooooo... ®


23/7¹ – Divulgados os dois minutos iniciais da novela do filme dos Novos Mutantes. Nem vi, mas a inabalável paixão do Bill Sienkiewicz pelo projeto chega a ser comovente. Alguém lance isso para o Bill, pelo amor do Kirby!


23/7²Se vai Sérgio Ricardo, aos 88. O músico, cantor, compositor, escritor, ator e diretor de cinema começou sua carreira profissional nos anos 1950, em rádios e tocando em bares e boates nas noites cariocas, onde fez amigos e parceiros musicais como João Gilberto, Miele, Tom Jobim, Nara Leão, Johnny Alf e Maysa. Mesmo com uma produção artística extensa, ele certamente entrou para a posteridade com seu histórico rompante no III Festival de Música Popular Brasileira, em 1967... Excellent!

24/7 – Então Tom King não curtiu a capa variante de Jae Lee para a sua Rorschach #1 e cornetou o coreano no Twitter afirmando que este era ligado ao Comicsgate, o infame movimento conservador antidiversidade mantido por profissionais da indústria de quadrinhos. Como isso não era verdade, King teve que pedir desculpas públicas. Seus tweets, aliás, foram todos deletados. Mas o post do Jae Lee no Instagram fulmina a questão – e também o cancelador precoce.

Meus dois cents: mas que Era de Merda vivemos, hein.


25/7¹ – Se vai Peter Green, aos 73. O veterano cantor, guitarrista e compositor britânico é um dos fundadores do grupo Fleetwood Mac. É autor de clássicos como "Black Magic Woman", "Albatross" e "The Green Manalishi (with the Two Prong Crown)", entre outros – e depois desses aí, nem precisaria de mais nada! Em outras palavras, um mestre da guitarra e do blues rock.


25/7² – Se vai John Saxon, nascido Carmine Orrico, aos 83. A extensão e variedade de sua carreira impressiona: começou já na década de 1950 em pequenas produções da Universal, enveredando por praticamente tudo o que a vida artística pode oferecer – de ídolo teen, a filmes ao lado de estrelas como Audrey Hepburn, Marlon Brando, Rex Harrison e Lana Turner, a giallos, a Bollywood (!), ao Operação Dragão de Bruce Lee (seu mestre de Jeet Kune Do, por sinal), a um vilão andróide em O Homem de Seis Milhões de Dólares, a Mercenários das Galáxias, dois A Hora do Pesadelo, etc, etc, etc e caramba. Impressionante mesmo.

27/7 – O mural do Alex Ross eleva a moral do Alex Ross.

RENATO BARROS AGORA É UMA ESTRELA NO CÉU! Nosso amado e muito querido cantor, compositor e guitarrista não suportou...
Publicado por Renato e Seus Blue Caps Original em Terça-feira, 28 de julho de 2020

28/7 – Se vai Renato Cosme Vieira de Barros, aos 76. O cantor, guitarrista e compositor carioca – e líder do Renato e seus Blue Caps – foi um dos expoentes do rock nacional e da Jovem Guarda. São de autoria dele clássicos como "Você Não Serve pra Mim", "A Primeira Lágrima", "Não Há Dinheiro que Pague", "Você Não Sabe o que Vai Perder" e "Devolva-me". Um talento sem par. Inesquecível.

29/7 – Com roteiro de Arthur Faria Jr. e arte de Moacir Rodrigues, o malandro Zé Carioca volta a ser produzido no Brasil, via Culturama. Olha, muito legal e tal... mas que tal estudarem o relançamento das histórias clássicas da dupla Ivan Saidenberg/Renato Canini? O delicioso livro de 2015 compilou a metade delas. Só falta a outra metade. Isso deveria estar lá em cima na lista das prioridades!

31/7¹ – Brigas, atrasos, drogas, motins e até sangue derramado: pelo visto, o comportamento caótico de Bryan Singer já se manifestava desde as filmagens de X-Men: O Filme.


31/7² – Se vai Alan Parker, aos 76. Um dos mais profundos e peculiares cineastas da História. Cresci assistindo, estudando, me apaixonando, brigando e me reconciliando com O Expresso da Meia-Noite (1978), Pink Floyd – The Wall (1982), Asas da Liberdade (1984), Coração Satânico (1987), Mississipi em Chamas (1988) e The Commitments (1991). E continuo. Nesse mês de despedidas tão difíceis de personalidades da cultura e das artes, esta partida foi um toque final especialmente melancólico...

Thank you for everything, Alan Parker!

domingo, 26 de julho de 2020

Departamento de aquisições, lote #666

"Larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição", já dizia Seu Mateus na pala 7:13. E, de fato, ontem aportou um pacote que há muito cortejava, mas que, tão logo conjurado (sem juros), só levou três dias para chegar às minhas pútridas patas.

Ontem, um sábado. Terá sido um sabá negro?



Dicionário Infernal – Repertório Universal é um calhamaço de respeito: 944 páginas. Um verdadeiro tomo, um tomão. Praticamente um Aurélio from Hell (um AuHéllio?). O acabamento é um espetáculo discreto, obedecendo um conceito visual simples, taciturno e intrigante. Páginas de guarda, um verniz discreto aqui e acolá e pronto. Nada de perfumarias desnecessárias – uma beleza de desDarkSidezação do produto final. A co-edição é primorosa. Méritos da parceria das editoras UnB e Edusp Livraria com o Arquivo Nacional.

(...?)

Consta que alguns dos textos já rolavam na internet há anos, com traduções ruins do francês. É a 1ª vez que a obra do ocultista e demonologista Jacques Collin de Plancy (1793–1881) foi traduzida oficialmente no Brasil a partir da edição mais recente, de 1863. Enxofre de primeira.

É uma infinidade de demônios, bruxas, espíritos, criaturas monstruosas e, tenha muito medo, até dos temíveis seres humanos. E as ilustrações clássicas de M. Jarrault, juntamente com as cultuadas 69 gravuras de Louis Le Breton (1818–1866), são magníficas. E, porra, assustadoras bagarai.

Aí preciso me render ao pecado da obviedade: é uma leitura infernalmente deliciosa. Segue uma amostrinha de aperitivo.








Amostrinha mesmo, já que a diversão nessas páginas não acaba nunca. Afinal, é uma enciclopédia. A primeira que adquiro desde a longínqua época em que vendedores iam oferecê-las de porta em porta. E era imperativo que toda casa ostentasse uma bela coleção na estante da sala.

No caso desta obra, imagino fácil a lata do sujeito que bateria na porta com uma conversa mole e uma oferta tentadora...


Danação garantida ou seu dinheiro de volta.

Aliás, lendo, é inevitável não convergir o conteúdo descritivo de todas essas lendas, religiões, filosofias, superstições e passagens históricas com a cultura pop da qual somos humildes sacerdotes.

No meu caso, fica patente que muitas das informações catalogadas pesaram no lápis do jovem Geezer Butler enquanto este rabiscava as primeiras letras do Black Sabbath - e "Black Sabbath", a música, ficou no repeat até furar o HD durante as imersões no livro.

E Mike Mignola? Culpadíssimo. O que já pesquei de fontes e termos bizarros daqui que desaguaram nas páginas do Hellboy não tá no gibi. Ou melhor...

Da mesma forma, Neil Gaiman e Alan Moore certamente deram suas goladas blasfemas, embora o(s) buraco(s) ali esteja(m) bem mais embaixo. Mas quase dá pra ver cravado com canivete em algumas páginas "A. Moore esteve aqui" e, logo ao lado, "N. Gaiman também".

Cinema então, nem se fala. Muita coisa faz sentido agora.

Taí... agora fiquei na pilha de caçar o famoso Livro de São Cipriano ou algum outro grimoire casca grossa para mexer com essas coisas mesmo sem a experiência necessária para tal. O que poderia dar errado?

sábado, 18 de julho de 2020

Amanhã, apesar de hoje, será a estrada que surge pra se trilhar

David A. Weiner é o cara. Ano passado, o jornalista e cineasta esteve envolvido em dois excelentes docs: In Search of the Last Action Heroes e o divertidíssimo In Search of Darkness. Ambos essenciais pra quem curtiu in loco todo o esplendor do cinema de ação e terror da década de 1980. Agora ele volta seus esforços – ou seus raios tratores – ao crème de la crème da ficção científica oitentista. Behold the trailer!


In Search of Tomorrow chegou a abrir um KS no fim de maio e a meta foi superada em mais de quinze vezes – certamente reflexo da competência do moço e seu time nos docs anteriores. Além disso, o projeto é irresistível.

O cast parcial conta com medalhões tipo Sean Young, Ernie Hudson, John Carpenter, Paul Verhoeven, Joe Dante, Keith David e outros, mas também trará surpresas fora da curva como Jenette Goldstein, Catherine Mary Stewart, Vernon Wells, Charles Band e meu guia espiritual Steve De Jarnatt. Melhor que isso, só os filmes mesmo.

Estreia (estimada) para julho de 2021. Já é um motivo para o amanhã continuar existindo por pelo menos mais um ano.

terça-feira, 14 de julho de 2020

H. R. Gamer

Ainda na ressaca "puta-o-Ridley-podia-ter-expandido-os-conceitos-de-Prometheus-em-Covenant", a desenvolvedora Ebb Software parece oferecer um prêmio de consolação em Scorn, vindouro game criado à imagem e semelhança do nosso senhor H. R. Giger. É emocionante. E, claro, perturbador.


Ao que consta, o jogo vem sendo ruminado pela Ebb desde 2016. Mas com o trailer surgiu uma luz no fim do xenotúnel: Scorn será lançado simultaneamente com o Xbox Series X, o novo modelo do console, previsto para o fim de 2020. Estará disponível para PC via Steam e, lógico, para o novo Xbox.

Ah, é shooter em 1ª pessoa. Engine Unreal. Essa jogabilidade já não me impressiona desde a época em que procrastinava no trabalho jogando Wolfenstein 3D, mas os skins e a ambientação são coisa fina. Quero demais isso em minha vida. E ao som do Tool. Ou de qualquer disco capeado pelo mago suíço.

Em tempo... em tempos de recuperação econômica, seria uma boa implementar o game num dos sensacionais Giger Bar, na Suíça, hm?