quarta-feira, 30 de setembro de 2020

😷 😷 😷 😷 😷 😷 Retrospec Setembro/2020 😷 😷 😷 😷 😷 😷

#DaveBautista said that "pathetic" supporters of fellow #WWE Hall-of-Famer #DonaldTrump should be "ashamed to call themselves Americans."
Publicado por Bleeding Cool em Terça-feira, 1 de setembro de 2020

1/9 – E o Prêmio Pergunta Retórica do Mês já é de Dave Bautista. É um novo recorde!

2/9DC contrata ex-chefe de marketing da Activision como o novo gerente geral. Claro, afinal gibis e games são tudo a mesma merda.

3/9¹Robert Pattinson está com COVID-19 e a produção de The Batman está mais congelada que a mulher do Sr. Frio.

3/9² – A Pipoca & Nanquim anuncia a reedição de Cannon com luva vertical e, na manha, varre o chão com a cara da Panini.

3/9³O Poderoso Chefão - Parte III é mais um a ganhar um director's cut. Segundo Francis Ford Coppola, a nova versão será a mais apropriada para concluir a trilogia e, e, e, eeeee, vai limpar a barra da Sofia.

3/94 – A dublagem brasileira é a melhor do mundo, mas também é a mais problemática e vitimou ninguém menos que Kamen Rider Black, suspensa da programação da Band após um dia de exibição.

3/95Mike Flanagan, diretor do surpreendente Doutor Sono, é doido pra adaptar A Torre Negra, de Stephen King. Pelo amor de Randall Flagg, alguém faça acontecer!

3/96Primal, a fabulosa e sanguinária série animada de Genndy Tartakovsky, volta para a 2ª temporada. Estreia já em 4 de outubro!

3/97 – Teieira, a Sony Pictures TV está desenvolvendo uma série live action da spider-heroína Silk. Que certamente terá um grande apelo entre o público cannábico por conta de seu codinome no Brasil.

163º DIA DA PANDEMIA | Hoje estréia a segunda temporada da série The Boys no serviço de streaming da Amazon Prime, e eu só queria uma série da nossa carismática e afiadíssima super-heroína prostituta, THE PRO 💜
Publicado por Image Comics Brasil em Sexta-feira, 4 de setembro de 2020

4/9 – Olha, A Pro seria mágico, mas o momento nunca esteve tão Marshal Law. Só acho.

7/9Superman: The Final Cut é uma espetacular versão expandida e remasterizada que a editora de efeitos chilena Kathryn Ross montou para o icônico filme de Richard Donner. Por expandida, leia-se "com dezenas de cenas excluídas extraídas de diversas fontes, editadas na ordem e totalizando 3 horas de filme"; e por remasterizada, um nitro nos efeitos com CGI na medida. Uma experiência inesquecível de redescoberta do velho/novo clássico. E agora, a talentosa editora revela que abraçou um desafio ainda maior pela frente!





8/9²Flea descobrindo Cannibal Corpse foi a melhor coisa hoje. A menos que... nah, foi a melhor coisa.


9/9¹ – Sei, sei, cada um gasta seu suado dinheirinho como bem entende. Mas, parafraseando Dave Bautista, quem caralhos é o otário que vai pagar por um meet & greet virtual?

9/9² – Foi eterno enquanto durou: Jaspion, Changeman e Jiraya rodam da programação da Band. Nosso catecismo tokusatsu dominical sucumbiu diante do blitzkrieg futebolístico.


9/9³ – Bom, sou de reclamar e essa lombada aí manteve o mais puro padrão Porra, Panini!


10/9 – Se vai Dame Diana Rigg, aos 82. A multipremiada atriz britânica iniciou sua carreira no fim da década de 1950 no teatro. Foram mais de 60 anos de carreira e uma lista incontável de trabalhos (literalmente – a maior parte das fontes apenas compila trabalhos "selecionados"), mas certamente já estaria eternizada por três papéis antológicos: a Condessa Teresa di Vicenzo, esposa de James Bond em 007: A Serviço Secreto de Sua Majestade, a sagaz Rainha dos Espinhos Olenna Tyrell, de Game of Thrones, e, claro, a irresistível espiã Emma Peel, da clássica série Os Vingadores (1965-1968), autêntica musa cult homenageada diversas vezes nas HQs. Estupenda Emma!


12/9¹Se vai Toots Hibbert, aos 77, devido a complicações relacionadas à COVID-19. Líder do lendário Toots and the Maytals, o multi-instrumentista jamaicano foi um dos pioneiros que elevaram o reggae e suas vertentes roots (ska, rocksteady) ao circuito internacional já na década de 1960. Um gigante da música.

12/9²Young Justice: Phantoms é o título da 4ª temporada da sensacional série da DC. A data da estreia ainda não foi divulgada e, ao que parece, terá 26 episódios.

14/9 – Contra todas as (minhas) expectativas, a Panini desdescontinua as séries Quarto Mundo e Liga da Justiça Internacional. Não há uma semana de tédio nessa editora, hm?

15/9Aquaman forma um team-up com Cyborg. Cara, mas afinal quê diabo Joss Whedon aprontou com o Ray Fischer no set de Liga da Justiça? Roubou o lanche dele?

Torpedo 1972 da JBraga Comunicação está pronto!!! A campanha do Torpedo 1972 no Catarse chegou ao final. Apesar de não...
Publicado por JBraga Comunicação em Quarta-feira, 16 de setembro de 2020

17/9¹O Catarse de Torpedo 1972 não atingiu a meta (seus putardos!), mas a editora JBraga Comunicação segue em frente e vai publicar assim mesmo. Hooray!!

17/9² – Após as novas versões de A Espada Selvagem de Conan e Conan, o Bárbaro, chegou a vez da King-Size Conan. E a Marvel finalmente resolveu montar um timaço de roteiristas.

Por diversos motivos (saúde, falta de tempo, Internet do notebook, entre outros) a página entrará em recesso. Todos os...
Publicado por Todo Dia Um Erro Nos Quadrinhos Diferente em Quarta-feira, 16 de setembro de 2020

17/9³ – Consumir quadrinhos no Brasil sem a página Todo Dia um Erro nos Quadrinhos Diferente é como estar no mato sem cachorro. E já que a ordem do dia nesse país é "passar a boiada", pode se preparar para o maior estouro de erros de revisão já visto nesta indústria vital...

17/94 – Nada de Gina Carano, o negócio é Orphan Green: Tatiana Maslany será a Mulher-Hulk na série da Disney+. Tatiana é, fácil, uma das atrizes mais versáteis e fascinantes dos últimos anos, mas a tarefa é pra lá de arriscada. Muito curioso pra conferir issaê...


19/9 – Se vai o mestre Lee Kerslake, aos 73. O legendário músico iniciou sua carreira na emergente cena hard/heavy inglesa do final da década de 1960 e ficou consagrado como baterista do Uriah Heep. Também participou de dois clássicos maiúsculos de Ozzy Osbourne – Blizzard of Ozz (1980) e Diary of a Madman (1981). Nos últimos anos, se tornou pública sua disputa judicial com a família Osbourne pelos direitos autorais de suas contribuições nos discos. Kerslake lutava contra um câncer na próstata desde 2018, mas ainda teve tempo para uma reconciliação com o Madman.

20/9 – A excelente Watchmen da HBO faz o rapa na 72ª edição do Emmy. E já estou a fim de remaratonar a série toda. De novo.


22/9¹ – Se vai Gérson Rodrigues Côrtes, o Gerson King Combo, aos 76. O cantor carioca foi um dos precursores do soul e do funk no Brasil e um dos astros do movimento Black Rio da década de 1970. Paralelo à trinca sagrada Tim-Cassiano-Hyldon, Combo ganhou notoriedade cult a partir dos anos 90, ao lado de nomes como Tony Bizarro, Lady Zu, Don Salvador, Carlos Dafé, entre outros grandes talentos do passado. Mas no visual, sem dúvida, King Combo era o nosso "Soul BRother Number One".

22/9²A Supergirl da CW será encerrada na sexta temporada, prevista para o ano que vem. A gracinha Melissa Benoist de Kara vai fazer falta. Tudo bem que só aguentei ver a 1ª temporada da série (muito "pelo poder da amizade" pro meu gosto), mas ainda quero ver os episódios com o elogiado Lex de Jon Cryer. Vai ser difícil olhar pra ele sem dizer "Saia da minha casa, Alan!".


23/9¹Sâmela Hidalgo, assistente editorial da Devir, dá uma overdose de pílulas vermelhas aos milhares de pseudo-machos alfa especialistas em edição de quadrinhos. Fofa demais. Provavelmente vai arrumar confusão.


23/9² – Claro que adorou. Setembro está sendo um mês trilegal pro Levi!

PEACEMAKER with John Cena and James Gunn is coming to HBO Max. On a scale of 1 to F#CK!, how excited are you?
Publicado por HBO Max em Quarta-feira, 23 de setembro de 2020

23/9³ – Quem diria, o novo filme do Esquadrão Suicida nem saiu e o Pacificador (O PACIFICADOR!) já descolou uma série via HBO Max. Antecipação é isso aí.

24/9¹Dan Slott viu o que Zack Snyder fez. Limpa o veneno que respingou no teclado, Slott.

24/9² – Para salvar o decadente mercado dos comics, o veterano quadrinhista Gerry Conway propõe uma reestruturação geral na criação de HQs, começando com a extinção da cronologia de todos os super-heróis. Não sei se daria tempo pra parar a contagem regressiva, mas gostaria muito de ver isso em vida...


25/9 – Depois ele dá uma tergiversada de leve. Mas finaliza com uma fincadinha de pé.

28/9¹A Dark Horse vai publicar os sketches que Mike Mignola fez na quarentena. Bom, salvei todos à medida que ele ia postando no Twitter. Acho que vou publicar também, Opera Graphica's style.

28/9²A Tumba do Drácula saindo completinha na Panini Espanha. E a Panini BR parou faltando uns dois volumes. Animem aí, fiotes.

29/9¹ – Lembra do roteirista e puta desenhista Aron Wiesenfeld? Aquele, que na década de 1990 fez umas coisinhas aqui e outras acolá, mas marcou mesmo com o bacanudo crossover Deathblow e Wolverine? Pois é, o quadrinhista evoluiu e hoje é um "artista ilusório".

29/9² – Modesto, ele nem sabia que era isso.

30/9¹ – Por essa ninguém esperava (e, honestamente, queria): a Netflix está desenvolvendo um projeto para Conan, o Bárbaro. Que tanto pode ser filme, série, live action ou animação. Ou tudo ao mesmo tempo. A sempre difícil Conan Properties vendeu a alma para os feiticeiros do streaming. Crom!


30/9²Se vai Joaquín Salvador Lavado Tejón, o grande Quino, aos 88. O cartunista iniciou a carreira na década de 1950 fazendo sketches publicitários e colaborando em revistas de humor argentinas. Mas Quino é praticamente sinônimo de "pai da Mafalda", a menininha observadora e questionadora famosa no mundo inteiro e elogiada por gênios como Charles Schulz. As tirinhas da Mafalda foram originalmente publicadas de 1964 a 1973. Depois disso, apenas figurou em algumas campanhas pelos direitos humanos. Uma genuína confirmação da atemporalidade da personagem – e, claro, do autor.


30/9³ – E esteve também na trilogia nova. O que deixa o nível do debate pior ainda!



Ê, 2020 que não acaba.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

A gata de Schrödinger

Trailer de WandaVision em todos os lugares e aumentando diametralmente as probabilidades de uma boa série no horizonte.


Ou estaríamos todos na seca (e menos exigentes) após nove meses mergulhando de nariz nesse 2020 inesquecível? 50/50 se acotovelando quanticamente dentro da caixa.

Mas nota-se que a Disney+ não teve medo de esgarçar o bolso: a produção parece coisa de cinema, coisa linda, bem como o pano de fundo – basicamente, Pleasantville e A Rosa Púrpura do Cairo se entrelaçando na tela. E se o recurso Back to the Golden Age não é exatamente novidade (mesmo sendo bem vinda a revitalização), tampouco a resolução provável da equação Mas-o-Visão-não-foi-defenestrado-pelo-Thanos-em-Guerra-Infinita-pô?. Mole pra qualquer sommelier marvete de longa data:

Será tudo culpa da Wanda.

Com a real extensão dos seus poderes malandramente evitada nas produções da Marvel Studios, é quase certo que WandaVision trará sua capacidade de alteração de probabilidade, realidade, matéria e tempo at full throttle. E voilá, tá aí nossa geradora delivery de realidades alternativas.

Então, nada mais oportuno que me adiantar e mandar um daqueles textos for idiodummies que pipocarão por toda a internet ao fim da série, tipo "WANDAVISION: ENTENDA" ou "FINAL DE WANDAVISION EXPLICADO!". Que a Felicia Hardy me coma se um dia não bombo essa bagaça aqui.

Normalmente, recorreria a algum excerto clássico, mas como Agatha Harkness parecia mais interessada em transformar a Wanda no Mickey de Fantasia, é melhor buscar a nossa modelo de oráculo em outra realidade. No caso, na Terra 31916, com a Srta. Arcanna Jones.


Mais simples que isso, só desenhando igual ao Liefeld.

Em pese o fato de que a própria Arcanna pareça uma Garota Maravilha® de outra realidade, essa opção quântica deve cobrir as possíveis inconsistências que estarão em WandaVision – mais umas raspinhas de Visão do Tom King aqui e acolá – e, de quebra, irá reintroduzir o andróide, ou melhor, sintozóide à ordem do dia.

Além disso, o céu é o limite. Wanda ainda nem foi apresentada às delícias da supergravidez psicológica. E as mutações que estirpará em massa num dos futuros alternativos do MCU. Sem querer menosprezar a série, mas esses sim, serão verdadeiros wandalismos!

Mas o que sei eu. Ainda estou tentando decodificar as desventuras do casal Wisão (eu shippo) naqueles escalafobéticos formatinhos da Abril.


Sério, que cogumelos ingeriram Steve Englehart e Bill Mantlo?

Parece que foram para a Montanha Wundagore, se jogaram numa rave da DJ Bova (também parteira nas horas vagas), tiveram uma bad trip de ácido e mezcal com verme matrixiano no fundo da garrafa e saíram de lá balbuciando "Eu vejo Sem-Mentes" enquanto rolavam pela encosta.

Hmm... que dia acaba a quarentena mesmo?

WandaVision estreia em 27 de novembro. Há uma grande probabilidade, pelo menos.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Tudo sobre minha mãe


O release do filme de Almodóvar trazia uma passagem intrigante:

"Um ditado grego diz que apenas as mulheres que lavaram os olhos com lágrimas podem ver claramente".

Isso descreve bem a personagem Mother em Raised by Wolves, série recém lançada pela HBO Max. Mother é uma andróide (termo também originado do grego) e o tempo todo tem a lógica inflexível de sua programação bombardeada por experiências perturbadoramente humanas. Uma metáfora-tempestade-perfeita sobre a natureza da maternidade. E as metáforas não param por aí.

Na literatura, é comum autores recorrerem a outros planetas ou realidades alternativas para falar de suas visões políticas, sociais, filosóficas, etc. Ridley Scott sempre inseriu o artifício em suas incursões sci-fi e sempre se utilizando dos andróides como pivôs. São os seus peregrinos enviados a terras estranhas.

Apesar de criados à nossa imagem e semelhança, não são reféns dos mesmos princípios éticos e/ou religiosos – sendo a clássica regrinha de três nada mais que linhas de comando obsoletas prontas para serem reescritas. Foi assim com Ash (Alien), que classificou tais princípios como "ilusões de moralidade", com o replicante Roy Batty (Blade Runner) e seu resignado monólogo "Tears in the Rain" e com o David e sua necessidade de transcender a condição de filho/criatura (Prometheus) para se tornar também pai/criador (Alien: Covenant).¹

1 – Mitologicamente falando, praticamente um remake. Malditos gregos.

Foi uma jornada e tanto. E continua sendo.

Já nos primeiros três episódios, Raised by Wolves traz Ridley Scott em sua experiência mais intensa de humanidade sob os olhos de um andr... uma "pessoa artificial". E também a 1ª gynoid da vida do cineasta. Foi mal, Pris.


Ele é um dos produtores executivos e dirige os dois primeiros episódios. Seu filho, Luke Scott, dirige o terceiro. Mas apesar dos temas e da ambientação bem familiares, a série é criação de Aaron Guzikowski, que roteiriza os 4 primeiros episódios.

Em se tratando de HBO, é até redundância mencionar o alto nível da produção, mas vamos lá assim mesmo: efeitos especiais grandiosos, cinematografia que sobrecarrega a retina e muita inspiração na estética eternizada na franquia Alien, incluindo aí as artes do mestre H. R. Giger, ainda que ligeiramente diluídas pra não dar muito na cara.

Descontando o fato de que Ridley Scott segue em sua fixação de destruir naves espaciais gigantescas, não dá pra evitar certas conexões. Várias, aliás.

A premissa é um exercício de futurismo sombrio e, ao meu ver, uma extrapolação flagrante do que vivemos na atualidade. No ano 2145, a Terra foi devastada por uma guerra entre religiosos e ateus. Os poucos sobreviventes ganham o espaço em busca de um novo lugar para recomeçar.

Em segredo, os andróides Mother (Amanda Collin) e Father (Abubakar Salim) são enviados com um grupo de crianças a um planeta promissor e aparentemente desabitado. A missão é estabelecer uma colônia humana regida pelo ateísmo e com valores estritamente científicos. Os anos passam com uma cota acachapante de percalços que é pontuada pelo maior deles: uma nave com um contingente de religiosos chega ao planeta.

Comentar mais é desnecessário, mas já dá pra perceber o caminho arriscado – e riquíssimo – que Raised by Wolves escolhe trilhar.


Mesmo sem travar uma hard talk entre religião e ciência, o roteiro consegue deixar claro o que está em jogo ali. Tão interessante quanto observar a predisposição (genética?) de uma criança à crença em um poder superior invisível é acompanhar a incansável retórica de Mother. Sentenças como "a crença no irreal pode confortar a mente humana, mas também enfraquecê-la" ou "nunca avançaremos, a menos que resistamos ao impulso de buscar consolo na fantasia" parecem extraídas de anotações do Richard Dawkins.

Se o modelo Hyperdyne 120-A-2 era disfuncional, o caso de Mother é a completa experiência materna on crack. Um elo perdido entre a precursora Maria (com referência no design em seu modo Necromancer/Mamãe É de Morte), a Banshee do folclore celta (embora tenha me lembrado mesmo a Banshee Prateada!) e, obviamente, a zelosa Sra. Norma Bates. Ainda assim, Mother é capaz de emocionar em momentos de notável sensibilidade ao lidar com questões como luto, culpa e redenção. Como toda mãe tridimensional que se preze.

Amanda Collin brilha. Sua atuação é visceral e performática, evidente em cada pêlo eriçado e veia saltada de seu rosto. Sistema Stanislavski adaptado de algum tablado hardcore dinamarquês, com certeza. Este post é dela, por obséquio, mas um grande jogador precisa de um grande time. E isso ela teve.

Abubakar Salim executa com perícia um trabalho dificílimo como o passivo e circunspecto Father, que, ao mesmo tempo em que administra os excessos de Mother, evita sucumbir à força da natureza que ela representa. Impossível não lembrar daquele antológico James Woods de As Virgens Suicidas.

O garotinho Winta McGrath como o relutante Campion também é uma grata surpresa. Travis Fimmel e Niamh Algar como o casal de ex-guerrilheiros e impostores Marcus e Sue estão corretos. A cena das cirurgias feitas por um andróide semicarbonizado (2º episódio) é ótima.

Assistir Mother defendendo no grito (literalmente) a santidade de seu dever – e frequentemente assumindo o inglório manto de anti-heroína – é uma análise do quão traiçoeira é a linha que separa o amor e o ódio. Ou o céu e o inferno.

Definitivamente, ser mãe é padecer no paraíso.