Já começou. Ashley J. Williams, Ash para os íntimos, os putrefactos Deadites e o "Ancião Livro Sumeriano dos Mortos", vulgo Necronomicon, voltaram a aterrorizar este plano da existência. Aliás, este plano não... outro, tão mórbido e apocalíptico quanto: o mundo zumbificado dos superpoderosos Marvel Zombies. É como se escancarassem os portões do inferno, vociferassem "tomem o que é de vocês... e não façam prisioneiros!!", e os pobres humanos ficassem contando aqueles minutos intermináveis que precedem a carnificina iminente. Este é o feeling desta primeira edição de Marvel Zombies vs Army Of Darkness, uma belezinha de crossover em cinco partes que junta a surpresa cadavérica de 2006 com a cria máxima de Sam Raimi. Fico feliz só em lembrar que tem mais quatro pela frente.
Talvez o maior problema que poderia surgir aí - uma eventual descaracterização de Ash [anti-herói por excelência] e dos elementos-chave de Army Of Darkness - foi sabiamente evitado pela qualidade do material escrito por John Layman, que acabou contando com a providencial assessoria do zumbiólogo Robert Kirkman (Zumbis Marvel, Os Mortos-Vivos, comparecendo aqui como consultor criativo - ou "recreativo", pois é evidente que o cara está curtindo muito tudo isso).
A arte também me preocupava um tanto, já que eu estava totalmente rendido à crueza tétrica de Sean Phillips em Zumbis Marvel. Mas o talentoso Fabiano Neves (de Americana/SP!) se mostrou uma escolha certeira, mantendo uma dinâmica eficiente e criando uma esperta variação do estilo clean de Greg Land, em particular nas expressões faciais.
A capa - uma adorável subversão slasher de Uncanny X-Men #141, edição da clássica Dias de um Futuro Esquecido - mais uma vez ficou a cargo do necromaster Arthur Suydam. É um espetáculo à parte.
A história é suculenta. Ash chega ao universo Marvel bem ao velho estilão fui-cuspido-por-uma-fenda-interdimensional, ativa o seu Politically Incorrect Full Mode (a primeira piada é até meio cruel) e se depara com um quebra-pau entre Demolidor e o super-vilão Maça, da Gangue da Demolição. Após interceder, em nome da Lei e da Ordem, a favor do Maça, Ash topa com o primeiro evil dead naquele mundo. A entidade demoníaca anuncia o fim de todos os seres vivos e dá uma boa pista do por quê nosso herói foi parar lá.
Percebendo que o tempo não tardará a fechar, o calejado Ash tenta se acostumar à idéia de que está num planeta lotado de "palhaços fantasiados" e imagina que até viria a calhar uma ajudinha turbinada contra o famigerado Exército da Escuridão.
Claro que não é tão fácil: o eterno predestinado bate na porta da mansão dos Vingadores, mas o máximo que consegue é arrancar algumas risadas do supergrupo. É quando chegam notícias dando conta que algo estranho está acontecendo no centro da cidade...
O roteiro bem sacado de Layman revela vários trunfos escondidos na manga. Traz, inclusive, vários detalhes novos sobre a mortificação generalizada vista em Zumbis Marvel - a história aqui é ambientada antes mesmo da estréia dos zumbis-marvetes em Ultimate Fantastic Four #21 (publicada no Brasil em Marvel Millennium Homem-Aranha #56). Neste sentido, é o que parece ser o ponto alto da série. Principalmente em cenas pra lá de intrigantes, como uma em que um determinado herói é apontado como sendo o primeiro da prole maldita. Ou mesmo insinuando que este foi o causador de todo o megadeath living-dead.
Nada é explicado efetivamente, mas é sugerido que as próximas edições reservam algumas reviravoltas bem interessantes (além da pororoca de sangue e vísceras!). O certo é que o que está acontecendo aqui é absolutamente empolgante e, além dos méritos próprios, Marvel Zombies vs Army Of Darkness é um saboroso aperitivo para o banquete que será Marvel Zombies: Dead Days, projeto de volta com Kirkman/Phillips, que promete dissecar esta desgraceira toda.
Agora deu até fome.
Uma última raspinha de miolo neste crânio:
"...seu nome era Morte e o inferno o seguia"
O ótimo remake Madrugada dos Mortos, dirigido por Zack "Trocentos" Snyder, inspira opiniões bem antagônicas. A grande maioria relacionadas à simples falta de empatia com o gênero imortalizado por George A. Romero. Outras, mais passíveis de discussão, reclamam da ausência das críticas sociais constantes no filme original - aqui limadas no processo de adaptação.
Seja como for, a intro é território neutro. Ou deveria. Com um clima de desordem social e pesadelo urbano, a abertura do filme tem como trilha a canção "The Man Comes Around" - um pequeno e aterrador vislumbre do Apocalipse, segundo o man in black Johnny Cash (*1932 †2003). Não poderia ser mais adequado.
O dia que um cavaleiro chamado Morte cruzar o seu caminho, saia correndo. O inferno vem logo atrás dele!
8 comentários:
Putz... li esta ontem! Muito bem sacado dar a origem da praga num crossover! Inédito, inclusive!
Na verdade não sei porq as criticas ao filme madrugada dos mortos.
Tem muita critica social lá só que no meio da pancadaria as pessoas não percebem.
porra não é foda quando o cara fala pro outro porq os zumbis estão indo para o shoping center e ele fala talvez sintam nosso cheiro ou talvez venham porq já estão tão acostumados.
outra foda é quando a galera no shopping ta brincando de matar zumbis parecidos com celebridades porra isso é um total chute na bunda do culto a personalidade tão em voga.
Sem falar no chefe dos seguranças que apenas segue ordem mesmo com o mundo desmoronando ao lado dele.
etc etc tem muito mais de critica social basta a pessoa em vez de só criticar prestar um pouco de atenção.
valeu seu blog é massa.
obs: assisti aos filmes do romero quando adolecente nos anos 80 (é lógico menos o primeiro em preto e branco) e sou fã do genero só não curto as pessoas que vivem só de passado falando que só o que foi feito nos anos 80 é que presta.
Dogg, recentemente falei de Marvel Zombies lá no Pulse e me ocorreu uma dúvida, que até explicitei por lá na ocasião. Como ninguém se manifestou à respeito, ó nobre escolástico zubiólogo, poderias me dizer por que raios a Janet ainda manteve-se "viva" após sua decapitação (carregada à esmo por Tchalla)?
Outra, achas que Thor, Hércules ou o Motoqueiro Fantasma, dada a natureza mística de cada um, serem passíveis de contaminação?
Abração, e aparece mais lá no blog, pô.
ZM x AD é simplesmente duca e deveria ser leitura obrigatória!
E graças a deus pelo "politicamente correto", porque ultimamente a coisa anda bem chata.
O remake de Madrugada dos Mortos é foda, não por conter as críticas sociais que uma criança de 10 anos faria, mas pela moral podre e cristã que está inserido no meio do filme. Quem tiver algo mais do que dois neurônios é só notar: quem é mau morre; quem é libertino morre; a policia sempre está certa e é quem vai colocar ordem no mundo; as crianças são sagradas e - imaginem - nuca sofrerão nada e por aí vai.
Até arrastarem uma de carro, é claro.
O mesmo vale para "Fomos Heróis", que é fascista ao extremo, não o melhor filme sobre a guerra do Vietnã, como dizem por aí.
[ ]'s
Ops, esquecí de falar: é só prestar atenção para ver que "Terra dos Mortos" foi uma crítica tanto para Bush e os EUA, quanto para "Madrugada dos Mortos".
Dogmma, você já viu a versão "un-cut" dele, a chamada "versão do diretor"? Vale a pena correr atrás, ele pega bem mais pesado, tanto nas críticas, como nas cenas.
[ ]'s
é, de defuntos e trupas pra todo lado, eis aqui o homem que entende do riscado!
mais legal foi que tu começou o post com uma imagem que em seu texto que poderia facilmente figurar em algum refrão d ebanda de metal famosa por ae, né não?
tudo que tem o Ash vale a pena, esta é a verdade. O cara é o mais canastrão ´qto possível e, além do mais, ver ele encarando tudo que para na sua frente, deixa ele quase no top da posição "O" cara.
vou pegar o scan disto ae já!
abração!
PS: valeu os links lá no AM!
Fivo: tu tem de atualizar aquele aplicativo esperto e mandar pros amigos...
"Anônimo" = valeu a presença aí. Vamos fundar uma brigada zombie qualquer dia.
Luwig > rapaz, ao que parece, os Marvel Zombies são indestrutíveis. Iguais aos zumbis do Lucio Fulci e aqueles de "A Volta dos Mortos-Vivos". Mesmo se forem picotados, os pedacinhos vão rolando atrás das vítimas, hehe... Já o fato dos personagens de origem mística/divina serem contaminados... tudo depende da natureza desse "vírus" (se é que é um vírus biológico). O que sei é que os pormenores foram respeitados. A marreta que o Thor está segurando, p.ex, é improvisada, pois o Mjolnir ele não pode empunhar naquele estado de espírito. Esta é grande questão que deverá ser respondida em Dead Days - indo totalmente contra os preceitos de Romero em não explicar porra nenhuma e deixar a galera no escuro.
Hazza!! - então cara... é complicado mesmo. Só sei que no remake todo mundo se fodeu... heróis e vilões viraram desjejum de "cannibal corpse". A proposta da adaptação foi privilegiar a tensão e a ação, mas houve espaço para certas observações. E sim, já vi todos os director's cut da quadrilogia do Romero. Tanto o de Dawn of the Dead original quanto o Land of the Dead são imperdíveis!
Acolfa // faaaaaaaala véi! Rapaz, pra você ter uma idéia, o texto saiu à base de Autopsy, Benediction e Johnny Cash! :D
(...) with the end of issue #1, Ash was left encased in Spider-Man’s webbing, his rescuer, Spider-Man had just been infected, and he’s at the mercy of three zombified “heroes.” What’s a guy to do?
“Well, you’ll have to wait and read to see how he gets out of that,” Layman said. “But I can tell you that Ash dies at the end of issue #2. No joke. And no, he does not come back as a Deadite. Or a zombie. How's that for a cliffhanger?”
John Layman, no Newsarama. Caraca... o que este maluco terá em mente?! :§
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