E lá estava eu, há uns dez anos atrás, comprando um Aiwa NSX 520, junto com quatro amigos do escritório que optaram por outros modelos da mesma marca. Meu primeiro aparelho de som de gente grande. Que sonzeira porrada sensacional. Até que enfim eu ia ouvir o Back in Black num volume decente. Nem imaginava que após seis maravilhosos meses, o micro-system dos meus sonhos seria possuído pelo demo.
Nunca vi um carrossel de CDs girar tanto. Parecia que ia levantar vôo. E o display, outrora tão muderno, virou um estroboscópio epiléptico. Poltergeist digital. Idas às autorizadas viraram uma constante. Mal passavam duas semanas do exorcismo e logo ele estava lá, abrindo e fechando o carrossel à revelia, girando em sentido horário, anti-horário e arranhando CDs novinhos que ficavam atravancados entre um prato e outro. Só se salvou o sistema de som, com propagação impressionante e realmente pauleira. Fora isso, era só Raiwa.
Os aparelhos dos meus colegas também apresentaram os mesmos sintomas de infecção, em idêntico ou maior grau. Ouvi muitos outros infelizes proprietários reclamarem também. Corria uma lenda dizendo que aquele lote de aparelhos estava bichado. Acho que foi a maior rasteira em massa já aplicada no mercado. Após uma saga tragicômica de idas e vidas em autorizadas, migrei exausto e conformado para outras praias, deixando pra trás aquele que um dia foi sinônimo de apuro sonoro. Mas não totalmente: ainda tenho o maldito até hoje, exclusivo para o som do PC. É o meu demônio na garrafa.
Só agora fui saber que os aparelhos Aiwa foram fabricados no Brasil pela CCE, durante o período 1996-2002. Ora puxa. Isso explica muita coisa. A reputação da Cansei de Comprar Errado nunca foi das melhores e nem em mil anos ia imaginar que existisse tal conexão sórdida. Seja como for, depois da recente compra da "Áiua" pela Sony, a famigerada marca japonesa ganhou mais uma chance de sobrevida.
Por muito pouco, meu aparelho escapou de ter este destino pelas minhas mãos, sorte não compartilhada por uma impressora Epson matricial e um videocassete JVC, devidamente pulverizados no paredão.
Começou a segunda temporada do Área Azul, projeto não virtuoso na regularidade, mas referência na destreza, inteligência, sagacidade, modéstia e na arte de terminar não explicando porra nenhuma.
No target desta vez, Heroes, a aclamada série super/dramática da NBC. Pra quem curtiu a geral na primeira fase publicada anteriormente pelo Fivo (que deve ter um TiVo), obrigatório.
E viu o último episódio? Rapaz...