Inglês, vivendo atualmente entre Toronto e Nottingham, pintor, roteirista e agora cineasta. Dan Seagrave foi uma figurinha bastante notória durante os anos 90. Periga até de você conhecer também.
Recentemente Seagrave escreveu e dirigiu seu primeiro filme, Shadowline (finalizado em maio último). Trata-se de um curta-metragem de 10 minutos, atualmente em circuito de festivais alternativos. A premissa é um mix de drama e suspense psicólogico. Na história, um andarilho se abriga numa fábrica abandonada e lá encontra um sobretudo com um caderno de notas e a foto de uma garota. Mais tarde, descobre que a jovem foi dada como desaparecida e então ele inicia uma cruzada particular em sua busca. O trailer revela um thriller bem instigante com uma fotografia sensacional.
No momento desta postagem, o curta ainda não havia dado as graças no YT. Damn.
O recém-cineasta é bem mais reconhecido por seu background. E que background.
Basta uma breve olhada na seção "metal" de qualquer loja de discos pra ver ao menos um dos trabalhos de Seagrave, estampado em algum CD ou camisa. Sua arte refinada, mesclando arquitetura, pespectivas e um detalhismo impressionante ilustrou muitas capas de álbuns death metal da época. Em meio à logotipos ininteligíveis, grafismos abarrotados de satanismo de fim de semana, seu estilo único conferiu uma classe até então inédita no gênero.
Como capista, se destacou fácil na multidão. Há tempos havia deixado para trás a fase "capetão-rangendo-os-dentes" inicial - da qual tenho a capa de Subconscious Release, do britânico Desecrator, como símbolo máximo.
Abaixo, a capa de Mower Liberation Front, do Lawnmower Deth (o 1º trabalho de Seagrave), e a de Subconscious Release, ainda bastante genérica, mas já demonstrando a pegada ultra-detalhista.
Clique para ampliar.
Foi nesta época em que ele fez um de seus trabalhos mais conhecidos, a arte para Altars Of Madness, do Morbid Angel, considerado um clássico do estilo. O disco foi um megasucesso comercial (em se tratando de metal extremo), vendendo consideravelmente bem até hoje. O trabalho de Seagrave ganhou o mundo, estampando material promocional, pôsteres e camisetas, virando uma verdadeira referência para outros artistas.
Foi um divisor de águas e a partir daí ele se tornou um dos profissionais mais requisitados da cena. No início dos anos 90, quem soube administrar o hype fez muita grana. Banda death metal que se prezasse tinha de se radicar em Tampa (Flórida), ter Scott Burns produzindo e mr. Seagrave ilustrando suas capas.
Felizmente, a demanda over não afetou a qualidade de sua produção, logo evoluindo para um outro nível, mais abrangente e complexo. Ele passou a criar pequenos universos em suas pinturas. Ambientes estranhos, com uma atmosfera ameaçadora, sem ser explícita, e trazendo uma simbologia bizarra, lovecraftiana. Para o consumidor era um incentivo visual e tanto, não raro superestimando o conteúdo musical de muitos daqueles discos. Aliás, aqueles eram mesmo tempos românticos, paradoxalmente até para o death metal.
Na época, artes de capa com lay digital não tinham a proporção que têm hoje. Em entrevista à Stylus Magazine, Seagrave conta que não aderiu ao formato, pois o resultado em média é bastante superficial e não prende a atenção, ao passo que a pintura tradicional (no seu caso, em guache e acrílico) inspira uma apreciação mais profunda. Disse também que a transição quadro-capa continua nos moldes antigos: tem de ser fotografado, escaneado e ajustado por computador - o que eleva muito os custos de mão-de-obra, fora seu honorário de US$ 1,000 por peça.
A seguir, um pequeno tributo ao 'Grave, em ordem mais ou menos cronológica. A evolução é nítida.
Variantes
Demon Hunter - Triptych (Solid State Records, 2005)
Exclusivas
Capa do CD Feral Creation, do Thorium, previsto para janeiro; estampa de camisa do Trivium, foda aliás, já a venda
Pestilence
O grupo gostou da idéia e quis reeditar o mesmo esquema para o álbum seguinte, Spheres. Seagrave propôs um tipo diferente de esfera, porém a banda queria exatamente a mesma e num contexto pré-definido por eles - o cenário de um sistema solar com um buraco negro tragando tudo à sua volta. Pra tanto, chegaram a enviar fotos para ele com a disposição que desejavam. O resultado final, com intervenção da banda, obviamente é considerado por Seagrave como um de seus trabalhos mais fracos.
Abaixo, a capa oficial e a mesma concepção, seguindo a idéia de renovação proposta pelo artista.
Alguém (David Horn, da revista SOD) fez uma transparência da arte do álbum e vendeu para a Pulverised Records, sem a permissão de Seagrave. A ilustração acabou parando na capa do disco Kingdoms Of Greed (que ironia), do sueco Unmoored. Como o artista inglês mantém todas as pinturas originais guardadas num arquivo metálico, muitos acharam que ele reaproveitou a arte e a revendeu.
Dan Seagrave - site oficial
Shadowline - site oficial
Entrevistas:
Voices From The Dark Side
Stylus Magazine
Lista de capas (desatualizada, mas muito útil!)
Na trilha: Doomsday-X, o novo do velho Malevolent Creation, com capinha padronizada feita por computador.
12 comentários:
Tipo, "meu blog não morreu" ?
:)
"Bota na conta do Papa, porra!"
Ei, tava ruim da Asia Argento sair de cima da mesa, hein ?
Sandramato, tu não é caveira, tu é moleque. Moleque!
Mario, a mesa quebrou. Terminei o serviço no chão mesmo.
E porra... sobre o post mesmo, nada. 100% de não-aproveitamento. Gostei de ver.
Oi cara. Aqui quem escreve é o seu parceiro Philipe Kling, do Mundo Gump.
Eu mudei recentemente do Blogger para o Wordpress, e isso acarretou a mudança do meu link para www.mundogump.com.br
Queria pedir pra você alterar lá nos perceiros. POde ser? Valeu mesmo. Um grande abraço. ( desculpa colocar isso no post. Não achei nem um email nem um Cbox)
lembro que o Mario mandou aquee email para a gente pedindo uma avaliação sobre banda, acho... e lembro ter respondido que nunca conseguiria analisar este assunto no nível que tu faz... este post só comprova isso. A parte do "Banda death metal que se prezasse tinha de se radicar em Tampa (Flórida), ter Scott Burns produzindo e mr. Seagrave ilustrando suas capas" mostra que tu vai muito além do simples "ouvir". Aliás... tu dissecou o cara. Não sei se ele tem apelo para ser abordado em blogs americanos como vc abordou aqui. A impressão que tenho é que, se por algum motivo o cara aparecer por aqui, provavelmente achará estranho que o texto que mais respeita e entende seu trabalho é tupiniquim.
De resto, já conseguiu o curta?
Fivo
Salve Doggma!!!
Renascido das trevas, literalmente, hehehehe...
Cara, é sempre bom conhecer certos universos mais profundamente, e foi isto que rolou comigo ao ler este post.
"Banda death metal que se prezasse tinha de se radicar em Tampa (Flórida), ter Scott Burns produzindo e mr. Seagrave ilustrando suas capas"
Bem lembrado, hehehehe...sobre o Scott Burns, o cara era a "podreira" em pessoa, em termos de produção. Já o Seagrave eu só saquei agora no teu post. E eu tenho o "Spheres", do Pestilence!!! Disco no mínimo intrigante para o mundo do death metal c/ uns arranjos diferentes, muito malucão mesmo.
***
Mudando de assunto:
acabei de (re)ver "Videodrome", do Cronemberg, cheio de podreiras splatter e lembrei de seus posts mais gosmentos, hehehehe... Já resenhaste este filme?
O mais louco é que tem um diálogo ali que foi sampleado pelo Skinny Puppy. tudo a ver, hehehe...
abração!!!
cara, se este não foi um dos posts mais interessantes relacionados a metal que vi por aqui, que meu blog mude de nome (de novo!).
gostei mesmo, e pior é que já tinho visto a grande maioria destas artes ae, mas nunca reparado de verdade em como eram bacanas ...
Minha frase de efeito a partir de hoje: "Caveira Capitão!" ... "Então senta o dedo nessa porra" .... hauhauahuaha
Tropa de Elite é o filme mais badass do ano!!
abração!
Cara essa capa do Entombed me fez comprar o vinil, desenho fudido da porra! Pra mim um dos melhores do metal.
Pff..
"NEWS FROM THE DOGGMA?"
Dogg, fala sério, nem curto muito isso aí não, mas esse post ficou ducarai. Só acabei de ver as capas hoje, prá vc fazer idéia...
Cri Cri Cri Cri...
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