Quando soube que o
Soundgarden finalmente lançaria seu primeiro álbum ao vivo, pensei que seriam registros extraídos de shows pós-reunião. Nada mais natural, já que o grupo se concentrou bastante nos grandes festivais (Lolla, Big Day Out, Download, Voodoo Experience) e estes fornecem um quórum de luxo pra qualquer disco ao vivo. Contudo,
Live on I-5, lançado em 2011, traz performances de shows da turnê do
Down on the Upside, registradas entre novembro e dezembro de 1996. Seria lançado na mesma época, mas a banda resolveu fechar o boteco sem nem liberar uma saideira.
Sempre achei que o fim do Soundgarden teve a questão financeira como principal gatilho, embora estivesse em seu auge técnico quando encerrou as atividades. A performance registrada em
Live on I-5 demonstra bem isso. Graças ao trabalho do produtor
Adam Kasper, também o responsável pela captura dos shows (num trampo com 16 anos de gap!), o álbum mostra o grupo mais evoluído e coeso do que nunca. Mesmo a sempre problemática performance
on stage do
Chris Cornell se sobressai sem grandes chamuscadas.
Do
set list, meu Jesus Christ Pose, tenho nem o que falar. É um desfile de hits da antologia Soundgardeana, com
"Spoonman", "Let Me Drown", "Slaves and Bulldozers", "Head Down", "Fell On Black Days", "Ty Cobb", "Black Hole Sun", a maravilhosa
"Rusty Cage" e muitas outras... sem falar na histeria coletiva provocada por
"Outshined" (o produtor se empolgou na masterização aí, mas ainda assim...). De quebra ainda tem dois covers descoladões:
"Helter Skelter", do Fab Four, e o clássico Stoogeano
"Search and Destroy".
Mesmo sendo parte da reabilitação pública do grupo (missão iniciada pela coletânea
Telephantasm, de 2010),
Live on I-5 acaba saindo melhor do que a vil encomenda. É um discaço pra ouvir até furar o CD/DVD/BD/HD. E, sem dúvida, de uma das melhores bandas daquela safra.