Ambition foi produzido em parceria com a Agência Espacial Europeia para celebrar o pioneirismo da Missão Rosetta. Dirigido pelo polonês Tomek Bagiński, o filme é cheio de futurismos e metáforas - meio jedi - conduzidas pelos atores Aidan "Petyr Baelish" Gillen e Aisling Franciosi.
E tem alguns dos mais bonitos efeitos especiais que já vi num curta.
Quase tão fantástico quanto foi a missão na vida real. O pessoal da ESA sem dúvida fez por merecer.
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
Eu sou a Lenda
Exists (EUA, 2014) me trouxe algumas daquelas reflexões que dificilmente temos oportunidade de externar por aí numa terça-feira. Exemplo: existe algum subgênero de terror mais esculhambado que o dos lobisomens? Existe. O do Pé-Grande. Também conhecido como Sasquatch, Yeti, Wendigo e derivados regionalmente corretos, todos enjaulados em produções trash ou terrivelmente datadas/envelhecidas. Talvez impulsionado pelo status folclórico que a criatura tem no país do cinemão pop, o tema manteve uma sobrevida modesta em filmes, ainda que exclusiva do circuito independente. Mas a cada longa temporada, uma dessas gemas Z escapa de sua reserva florestal com objetivos um pouco mais ambiciosos.
Da 1ª vez foi um estrondo: The Legend of Boggy Creek, de 1972. Custou uma mixaria e abarrotou as contas bancárias dos realizadores - provavelmente um reflexo da polêmica "filmagem Patterson", de apenas cinco anos antes. Nada mais natural então que um novo ciclo fosse inaugurado por outra sumidade do custo-benefício: Eduardo Sánchez, co-diretor de A Bruxa de Blair, como todos sabem, um dos filmes mais bem-sucedidos de todos os tempos.
Sánchez não hesitou em combinar sua expertise found footage com os elementos clássicos da filmografia Pé-Grandense. O arsenal varia de câmeras hand-held com visão noturna, GoPro's e smartphones sem a menor cerimônia. Hoje, a vida é um found footage. E funciona perfeitamente no contexto, descartando inclusive a carochinha inicial do "um filme foi encontrado e editado, etc" por motivos bem esclarecidos até a cena final.
Não que o roteirista e habitual colaborador Jamie Nash seja o Mario Puzo da criptozoologia. Na trama, cinco jovens - dois casais e um douchebag - estão na estrada em busca do Graal da diversão segundo Hollywood: uma velha cabana esquecida no meio de uma floresta remota. Isso, num ambiente povoado por sequestradores alienígenas, assassinos mascarados imortais, livros em latim escritos com sangue humano e, pior, cajuns tocando banjos, é mato.
Um incidente estranho no caminho é o primeiro sinal de que a viagem será peculiar. Mas a turma não se deixa abater, apesar da evidência empírica e peluda filmada por um dos aventureiros. Apenas um personagem fica intrigado com o fato; os demais, inertes num confortável ceticismo, preferem ignorar o registro. São bons detalhes de um roteiro requentado. Ao mesmo tempo em que nunca tivemos tantas infos à disposição, nunca tivemos tão pouco discernimento em relação a elas.
Essa impressão de torpor e passividade fica ainda mais latente conforme o filme vai trazendo novas revelações.
A bem da verdade, a grande reviravolta de Exists - sim, ela existe - é previsível. Porém... e aí credito inteiramente à habilidade de Sánchez... seu impacto consegue sobreviver quase ileso à clicherama slasher que o precede. Isso graças à narrativa concisa até a raiz, à direção eficiente de atores de várzea e, principalmente, ao climão macambúzio que impera após o terço inicial. Ao exemplo da nova safra de filmes de horror norte-americanos, como Invocação do Mal, A Entidade e Os Escolhidos, Exists também é filme-atmosfera, privilegiando mais o perigo iminente do que os sustos em si.
Há uma cena emblemática, em que o único "falso susto" do filme é atropelado pelo verdadeiro terror que se anuncia, como se isso representasse um racha com as antigas convenções. Dali pra frente é só ladeira abaixo. Mensagem mais direta que essa, só se Sánchez explicasse numa narração em off.
E já que estou enchendo a bola do hermano como se não existisse amanhã, vou continuar por aí. As ótimas locações, além de terem o mesmo bioma dos supostos avistamentos reais e provocarem um mix de déjà vu com calafrio, também são utilizadas sem moderação à luz do dia. E funcionam ainda melhor. A criatura realmente parece ter o usucapião eterno do lugar, se confundindo facilmente com o cenário e destoando furiosamente dele quando bem entende.
É neste ponto que o formato found (big)footage faz toda a diferença e samba bonito na avenida.
Ao vender o Pé à prestação em enquadramentos parciais ou fora de foco, o diretor assume um risco considerável, mas a estratégia se mostra certeira. Vemos o suficiente para nos situar ao nível dos personagens, realçando o efeito de sugestão e o desespero respingante na tela. Além de manter a curiosidade, claro.
O bichão foi "interpretado" pelo veterano Brian Steele - que traz no currículo uma galeria impressionante de criaturas - e filmado com visível paixão pelo personagem e seu mythos. Estão lá os movimentos pesados e angulares do tal Sasquatch de Roger Patterson e também a postura mais animalesca do Sasquatch de Rick Jacobs. Só o fino do hoax.
Eventualmente, nos deparamos com a criatura por inteiro, ou quase, pontuando o belíssimo clímax do longa. Carregada de inesperado subtexto, sua figura vira o jogo sobre o espectador e transforma toda a história até ali numa experiência ainda mais perturbadora.
Sem exagero: é uma cena que vale o filme.
Em tempos idos, Exists seria aquela VHS relegada ao canto mais empoeirado da locadora. Apenas para um dia ser redescoberta e, na base do boca-a-boca, ganhar uma merecida moralzinha cult. Na atual conjuntura, já fico feliz em ter um filme decente de Pé-Grande pra rever de vez em quando.
domingo, 9 de novembro de 2014
Papua New Galactus
Stormbreaker: The Saga of Beta Ray Bill é um arco em 6 partes com roteiro do ótimo desenhista de Powers, Mike Avon Oeming, e traços de Andrea Di Vito. A história traz o conhecido enredo envolvendo um planeta numa desesperada corrida contra o tempo e, claro, Galactus, o rei dos kickboxers. No caso, trata-se do planeta natal do korbinita mais famoso da Marvel... e apenas lá... Bill Raio Beta. A saga foi publicada num já distante 2005 e, pelo que sei, não viu e nem verá a luz do dia em terra brazilis. É uma pena, mas neste caso até entendo ter ficado na malha fina da priorização.
Apesar da tensão e do empolgante delivery de UFC cósmico, padrão em qualquer narrativa envolvendo Galactus na hora do almoço, o nível da trama vai caindo vertiginosamente nas curvas finais. E, pior, culminando numa conclusão sem sal e nitidamente feita sob encomenda. Contudo, o saldo final ainda é positivo, no que considero como sendo o highlight um recurso há muito esquecido pelo Depósito das Ideias: a mítica e a representação visual de Galactus variando de acordo com cada povo desse universão afora.
Galactus é conhecido pela cultura korbinita como Ashta, o deus da destruição. Esteticamente, é a personificação dos medos primais e subconscientes daquela raça: um pesadelo lovecraftiano espacial.
Nada como um pouco de abstração. Nunca enxerguei Galactus como um dos seres conceituais da Marvel. Apesar de ser membro honorário do clubinho da Conflagração Astral, o devorador de mundos tem uma agenda menos gerencial e mais empreendedora. Mas certamente é uma entidade que existe em incontáveis níveis de complexidade acima da leitura informacional que nossa percepção consegue dar conta. Demais para o sensorial humano, assim como é demais para o de qualquer outra raça de mortais inferiores. O que fica até barato, visto que esse mero vislumbre poderia desencadear uma total reversão protônica ® no meio dos bagos do observador. Até Ann Nocenti, na época viciada em chá de Santo Daime com guaraná Dolly, sugeriu essa sacada quando escreveu uma luta entre Mefisto e o Surfista Prateado numa aventura do Demolidor (!).
Seguindo mais adiante nessa linha, não só a visão, mas basicamente qualquer ato de um ser dessa magnitude deveria ficar muito além da compreensão humana. Da mesma maneira rotineira e impessoal com que lidamos com gravidade, atrito e aceleração, ele lida com antimatéria, buracos de minhoca, retrocausalidade, Entrelaçamento Quântico, Flecha do Tempo, Efeito Túnel, Teoria-M e dá-lhe quarks e bósons. Tudo isso e muito mais seria altamente aplicável no confronto entre Galactus e o Esfinge naquela história clássica de Marv Wolfman. Mas esse pênalti ele chutou lá pra arquibancada.
Seja como for, a ideia em si é acima de tudo providencial. Só assim pra explicar como uma entidade cósmica anterior ao Big Bang não só é antropomórfica, como também tem a aparência de um opressor caucasiano de meia-idade.
Créditos históricos para John Byrne, que propôs esse artifício em 1984, durante sua antológica passagem pelo título do Quarteto Fantástico.
Pena que não combinaram com o pessoal da editora Abril, que apagou justamente os dois recordatórios que explicavam a porra toda.
Complicar pra quê, não é mesmo?
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
Felicidade gótica
Mas que coisinha catita era a Felicity na fase dark, hm? Smoaking hot.
Além de referenciar uma encantadora mocinha que ninguém quer ver nem morto...
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