Nessa sexta-feira, dia 6, São Paulo será palco de um teste nuclear: o Ministry vai tocar pela 1ª vez no Brasil. Al Jourgensen e sua quadrilha de cyborgs tarados irão desfilar a trilha sonora do fim do mundo no Audio, que por sinal está se saindo com uma semana no mínimo inspirada (The Sonics na quinta!). Pra deixar a coisa ainda mais instigante, essa será provavelmente a primeira e última apresentação do Ministry por aqui.
Não é de hoje que Jourgensen fala em pendurar os samples do Sgt. Hartman. Há alguns dias ele até anunciou um novo projeto. Com a morte do guitarrista Mike Scaccia e o estado geral do cara transparecendo a conta dos anos de excessos químicos, a coisa parece que vai mesmo por esse caminho. Mais uma vez. Então, a menos que você esteja empolgado com o Rock in Rio, não há dúvida de que esse será o evento musical do ano no país.
Imperdível...
...a não ser que se perca, como eu. Pois é. Fã de carteirinha desde que a banda foi apresentada pelo jornalista André Barcinski numa Bizz de tempos idos, vou deixar essa passar. Sem disposição pra morrer num valor triplicado (com sorte) de um ingresso já caro n'alguma excursão local salvadora e, até agora, inexistente. A recente aquisição de vários encadernados do Juiz Dredd no site da Mythos ajudou a remover qualquer esperança.
Eu não vou ao show, mas a minha filha foi e achou muito bom. Em termos de ação in loco, o Ministry é unanimidade até entre os críticos mais turrões. Em anos/décadas! de leitura de resenhas pro, alguns lugares-comuns parecem obrigatórios - som mais alto do que o humanamente suportável, clima de pesadelo apocalíptico e a capacidade de rearranjar e transformar até as músicas menos pungentes em Leviatãs sedentos por sangue. O show é um massacre físico e psicológico brutal, disputadíssimo lá fora e aclamado universalmente.
Pra quem vai, sugiro ir aquecendo os motores com os discos da trilogia anti-Bush (Houses of the Molé, Rio Grande Blood e The Last Sucker) e do último, From Beer to Eternity. As músicas desses álbuns compreendem uns 95% do atual setlist, segundo o, hã, Setlist. Os clássicos devem ficar mesmo no combinadão "N.W.O." - "Just One Fix" - "Thieves" - "So What".
Mas bem que eles podiam surpreender e montar um set mais old school. Sacumé, pra compensar a demora... Onde já se viu uma banda que tinha dois bateristas - fora a eletrônica - nunca ter pisado na terra das baterias, tambores, percussões e afins?
Duas dicas vêm do antológico registro ao vivo In Case You Didn't Feel Like Showing Up: "Burning Inside", numa versão ainda mais delirante e febril do que em estúdio, ganhando uns gritos de filme de horror que são de gelar a alma; e "Stigmata", um tornado sônico de 10 minutos com synths, guitarras massivas e uma batida que ao vivo deve até quebrar costelas.
Outra excelente pedida seria a inclusão da música "Scarecrow", uma aterradora bad trip Sabbáthica do álbum Psalm 69. Na versão ao vivo do EP Just Another Fix, a simples adição de uma harmônica a transporta sem escalas para a blueseira heavy de "When the Levee Breaks", do Led Zeppelin. Sensacional.
Por fim... quem sabe... a incendiária "Jesus Built My Hotrod". Esse country-metal-eletrônico maníaco psicopata é o verdadeiro Graal do Ministry, sendo negligenciado nos shows desde sempre, com Al repetindo a mesma ladainha: "Gibby Haynes é o único que consegue cantá-la".
Mas parece que ele fez um esforcinho em 2004, na tour do Houses of the Molé...
Enfim, um excelente show para todos que vão.
E me contem tudo logo depois, se o estrago sensorial permitir!
4 comentários:
Showzaço! Rock in Rio já era! Mais do mesmo sempre. Faltou o Sepultura com os tambores do Bronx, pela milésima vez. :)
Pois é, meu amigo Luiz. Fosse ao menos a dobradinha Zé Pultura da edição anterior. Bem melhor.
Metallica e Slipknot já estão lá, batendo ponto. E Katy Perry Xou da Xuxa também. Totalmente rock 'n' roll.
http://pdrock-sergipe.blogspot.com.br/2015/03/ministry-porra.html
Caralho!!
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