segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Os cavalheiros do apocalipse

Em geral, os catálogos da plataforma musical NoiseTrade são recheados de muito folk, americana e cantores indie/songwriters com banquinho e violão e depressão. Às vezes, a coisa pesa e velhas guitarras roncam furiosas de alguma garagem forrada com pôsteres do MC5, Black Sabbath e Motörhead. E tem aquelas ocasiões em que não rola nem uma coisa, nem outra e é sensacional, como o grupo The Texas Gentlemen.


O divertido vídeo da música "Pain!" traz um humor negro que normalmente seria associado a sons mais fuleiros e barulhentos, mas é conduzido pela pegada acústica de um certo soft rock vintage. No fim, os rapazes de Dallas abraçam mesmo é o country rock de raiz. No perfil do Facebook (que moderno) eles fazem menções apaixonadas a Willie Nelson, Johnny Cash, Kris Kristofferson, The Band e outros.

Analisando por outro espectro, o improvável mix da imagética gore e cínica do vídeo com o pop rock agridoce e anacrônico da música também remete à clássica cena de Laurel Canyon, Los Angeles - que ganhou fama e (muita) grana no final da década de 1960 e durante toda a década de 1970.

O lirismo e o perfeccionismo musical de Eagles, Carole King, The Byrds, Buffalo Springfield, Crosby, Stills, Nash & Young e outros ilustres locais só eram superados pelo seu ritmo industrial de sexo, drogas e quebra-paus homéricos nos bastidores. Não por acaso, há um verdadeiro cult following àquela louca geração, que inclusive foi tema de livros, como Hotel California, de Barney Hoskins, e filmes, como Laurel Canyon - Rua das Tentações, que usa a mística barra-pesada do lugar como pano de fundo.

Nos primórdios, essa turma - mais Steely Dan, Cat Stevens, Elton John, Seals & Crofts, America e lá vai AOR - passava longe do meu dial. Do alto do meu subterrâneo punk-metal, achava isso tudo o suprassumo da cafonice. Puro preconceito. Mal sabia que os bem comportados é que eram os verdadeiros maus exemplos. E a música era demais - principalmente depois dos 35.

Hoje tenho os primeiros discos de Elton John como discoteca básica. The times they are a-changin', mesmo.

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