quarta-feira, 18 de outubro de 2023

A Quebra de Murdock

Resetaram a série do Demolidor...

Marvel has let go of writers and directors of 'Daredevil: Born Again' after being less than enthused by what had been shot so far

Publicado por The Hollywood Reporter em Quarta-feira, 11 de outubro de 2023

"A série não estava funcionando."

Foi a impressão do próprio Kevin Feige e que foi repercutida no The Hollywood Reporter. Graças a Odin pela greve dos roteiristas e atores (ou não), que viabilizou o gap para o mandachuva da Marvel Studios e um combo de executivos avaliarem a produção que já superava a metade dos 18 episódios previstos.

O artigo é fascinante por descrever mais claramante o funcionamento das engrenagens do broadcasting americano – ou, conforme mencionado, da "cultura de TV tradicional". Coisa que parece do tempo da Telefunken preto e branco da sua querida vovozinha, mas não é e ainda tem muito a ensinar à era do streaming.

Alguns trechos curiosos e estarrecedores:

“Apesar de tudo, a Marvel Television evitou o modelo tradicional de produção de TV. Ela não contratou pilotos, mas em vez disso filmou temporadas inteiras de TV com mais de US$ 150 milhões em tempo real. Não contratou showrunners, mas dependeu de executivos de cinema para dirigir sua série. E assim como a Marvel faz com seus filmes, ela contou com a pós-produção e refilmagens para consertar o que não estava funcionando.”

👿 A receita para o desastre. E, salvos Loki, WandaVision e Falcão e o Soldado Invernal, foi mesmo.


“Estamos tentando casar a cultura Marvel com a cultura da televisão tradicional”, diz Brad Winderbaum, chefe de streaming, televisão e animação da Marvel. “Tudo se resume a: ‘Como podemos contar histórias na televisão que honrem o que há de tão bom no material original?’”

👿 O formato serializado sempre foi o mais adequado para adaptar HQs, bem mais do que longas para o cinema. Simplesmente porque 99,9% das HQs são... serializadas. Acho que nenhum desses caras assistiu Batman - The Animated Series ou Justice League ou Justice League Unlimited.


“O seriado é o primeiro da Marvel a contar com um herói que já teve uma série de sucesso na Netflix, com três temporadas. Mas fontes dizem que (os roteiristas-chefes Matt) Corman e (Chris) Ord elaboraram um procedural que não lembrava a versão da Netflix, conhecida por sua ação e violência. (Charlie) Cox nem apareceu fantasiado até o quarto episódio.”

👿 O pior é que sou louco por filmes e séries procedural e dramas de tribunal. Seria interessante numa série "Nelson and Murdock: Attorneys at Law". Mas não é esse o caso...


“Em Cavaleiro da Lua, estrelado por Oscar Isaac, o criador e escritor do programa Jeremy Slater saiu e o diretor Mohamed Diab assumiu as rédeas. Jessica Gao desenvolveu e escreveu Mulher-Hulk: Defensora de Heróis, mas foi deixada de lado quando a diretora Kat Coiro entrou no projeto.” (...)

“Kyle Bradstreet, escritor e produtor executivo do vencedor do Emmy da USA Network, Mr. Robot, estava trabalhando nos roteiros de Invasão Secreta há cerca de um ano quando foi demitido depois que a Marvel decidiu seguir uma direção diferente. Entra em cena o novo escritor Brian Tucker, que escreveu o thriller policial Broken City. Thomas Bezucha, que dirigiu o thriller Let Him Go, e Ali Selim, que trabalhou no drama do Hulu sobre o 11 de setembro, The Looming Tower, estavam a bordo como diretores e para ajudar a desvendar a história.” (...)

“Até agora, tudo normal, pelo menos para os padrões de desenvolvimento criativo da Marvel. Os detalhes são obscuros, mas o que aconteceu a seguir, no verão de 2022, debilitou a produção à medida que as facções se entrincheiravam e os líderes competiam pela supremacia durante a pré-produção de Invasão Secreta em Londres. ‘Foram semanas em que as pessoas não se davam bem e isso explodiu’, disse uma fonte. A Marvel se recusou a comentar diretamente sobre o assunto.” (...)

“À medida que avança, a Marvel está fazendo mudanças concretas na forma como produz TV. Agora tem planos de contratar showrunners. O trabalho de pós-produção de Gao em Mulher-Hulk ajudou a Marvel a ver que seria útil para seus programas ter uma linha criativa do início ao fim.”


👿 Uma dança das cadeiras no olho de um furacão e a Marvel conduzindo as séries sem showrunners. Isso explica muita coisa.

Ps do copo meio cheio: sei lá o que vão arrumar daí pra frente, mas pelo menos pegaram essa no voo...

5 comentários:

Alexandre disse...

Desde que foi anunciada, essa série não me cheira bem.
Quando comentaram que não teríamos Foggy e Karen..... tava na cara que a coisa estava estranha.
De cara insistir em Echo, personagem que está sendo enfiada goela abaixo do público, pois nos quadrinhos ela nem fez tanto sucesso assim, era certo que o caminho não estava ol.
Depois de ver a versão do DD em She-Hulk, era óbvio que a abordagem do MCU para o personagem não teria nada a ver com o que fez sucesso e foi usado pela Netflix.
Agora.... quando pipocou essa noticia da demissão dos roteiristas, ficou claro que assim como está acontecendo com os filmes, DD está indo pra mesma vala comum do resto do MCU.
Pra mim, acabou, só esperar o reset e torcer pro futuro ser melhor.

Marcelo Andrade disse...

Salve Dogma! O importante em refazer e ter a consciencia de que n da + p/ colocar a mesma formula em personagens adultos onde a realidade ate na porta. A serie da Netflix foi uma das melhores coisas que aconteceu pois mostrou como o Demolidor pode ser usado mesmo c/ algumas alterações a estrutura do personagem se manteve ali.
Parte do que vi na She Hulk ja me deixou cismado. N falta material nas HQs p/ por um material de primeira linha.

doggma disse...

Alexandre, até acho que a Eco tem/conquistou sua relevância nos gibis. Pra mim, aquele arco da estreia dela, escrito pelo David Mack (!) e desenhado pelo Quesada, é espetacular. Mas também acho que, em termos de prioridades, poderiam ter dado à Natchios o tratamento que ela merecia. Uma coisa (=personagem) não anula a outra, porém.

E, realmente, sem Karen e, principalmente, o Foggy não dá... que corrijam isso pelo mínimo de bom senso.

* * * *

Marceleza, entendi que, em She-Hulk, abordaram aquele aspecto mais gaiato e leve do DD pré-Miller. Respeito isso. Mesmo defasado, é parte do mythos do personagem e, de vez em quando, ressurge nas HQs - vide a fase Mark Waid/Chris Samnee.

Se por um lado, Netflix "darknizou" demais o herói, a Marvel agora tem a chance de colocar os outros elementos na balança. Mas tem que saber fazer, senão a moral dele vai terminar mais arrebentada que naquela história clássica, "Sinais Vitais".

Abrações!

Alexandre disse...

Doggma, tenho problemas com a Echo....
A série do Mack/Quesada, nem discuto, mas acho a personagem chata e superestimada demais. Até hoje não me desce terem colocado ela como receptáculo da Fênix.
E ver a MCU querer enfiar ela no público só me dá mais asco.
Podiam ter feito introduzido (ui! - alá!) Elektra, mas foram pelo caminho mais fácil e..... inclusivo.....
Sobre o lado rufião do DD, concordo contigo, mas problema é Netflix colocou o patamar do personagem lá em cima, e agora a Disney quer trazer ele pro criaredo.... não dá.
Tô ficando velho, não tem jeito.
Acho que daqui pra frente, não vai ter mais produção do MCU pra minha geração.

doggma disse...

Parafraseando-te, a tosqueira que fizeram com ela e a Fênix nem discuto. :)

Mantendo no campo urbano/vigilante, tá ótimo pra mim. O que concerne à diversidade/inclusão sempre recebo como um bônus extra, como nos bons tempos dos quadrinhos dos anos 1970 e 1980. Ajuda o fato de serem fiéis às fontes (finalmente!), sem mudanças de gênero, cor, etc. Porém, isso por si só não é garantia de qualidade, vide a série da Kamala.

No geral, acho que o "risco Disney/PG 13" é um fator bem mais preocupante. Essa notícia do DD, apesar do viés catastrófico, foi muito boa.