sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

ATÉ QUE NÃO SERÁ MAL




























...e que o rubro-negro não fique tão pendurado, que eu acerte a garota certa dessa vez, que me apareçam mais notas que não sejam de R$1, que eu consiga ser uma pessoa melhor, mais paciente e produtiva.

Mas eu duvido que a diretoria do Fla será renovada, que eu não corra atrás das malvadas, que eu não gaste milhões de dólares por semana em baladas, que eu pare de pagar altos micos, que eu deixe de querer tudo ao mesmo tempo agora e que eu não dê mais ninjas no serviço. :D

Galera... a gente se vê no ano (semana) que vem.


Muito rock'n'roll e diversão pra todo mundo em 2005!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2004

Meu amigo... chapei. Esse Natal rulez. Aproveite minha presença enquanto estou vivo, pois o reveillon promete ser ainda mais sinistro.

Agora, voltando à programação normal...


"SHOW ME THE MONEY!"


Lembra desse lance? Isso saiu na Marvel MAX #1, na versão dirty uncut do Luke Cage. Essa verdadeira saga urbana de Brian Azzarello e Richard Corben, foi uma das melhores coisas que li esse ano. Belíssimo trabalho de resgate/atualização de um dos personagens mais legais e mais mal-aproveitados da Marvel. Tirando um ou dois furos (como o Cage se machucando feio na briga com o Marko), o arco foi simplesmente perfeito.

Aliás, eu sempre me perguntei de onde veio aquela má-vontade titânica do herói de aluguel com relação ao Homem-Aranha. Tudo bem, o cara é naturalmente seco e mal-humorado pacas, além de ter aquela típica pose gangsta do Bronx, Compton e outras quebradas. Mas descontando esses detalhes, ficou um cheiro de rancor antigo no ar.

E não é que, nos primórdios, os dois caíram dentro mesmo? A treta rolou na dinossáurica Amazing Spider-Man #123, publicada em agosto de 1973 (wow!). O cabeça de teia sempre começou com o pé esquerdo na maioria de seus encontros com outros heróis. Tanto é que ele já brigou com o Hulk, com o Wolverine, com o Capitão Britânia, e até mesmo com o Namor, berrando "Imperius Rex" a plenos pulmões. Com tanto peso-pesado, o Luke Cage era figurinha fácil no rol dos desafetos.

Motivo da peleja: cinco mil doletas, num freela pro famigerado J.J. Jameson (na época, mais anti-aracnídeo do que nunca). Bem no início de carreira, Cage era bem mercenário. Ele levava ao pé da letra a sua fama de "herói de aluguel" e terceirizava qualquer serviçinho sem pestanejar. Mesmo que fosse algo contra os mocinhos - ou as mocinhas. Só pra situar, a 1ª vez que Cage se encontrou com seu futuro sócio, o Punho de Ferro, foi para assassinar a sua namorada (tudo bem que ele foi coagido, mas...).

Depois falam por aí que o personagem era uma referência direta ao blaxploitation, que ele era uma representação da nova cultura negra, etecétera. Coitado do mundo se existissem "super-heróis" negros então. Cage era o próprio Alonzo Harris* da nona arte.

Mas descontando a polemização social, foi porradaria das boas. Também, a line-up era de cair o queixo: Gerry Conway no roteiro e a dobradinha Gil Kane e John Romita Sr. nos desenhos (sinistro...). Como o spoiler perdeu a validade lá pelos anos 80, vão aí alguns momentos de amizade terna e solidária.






Opa, opa, peraê... essa foi foda. "Você é o palhaço que vende seus poderes"...? Nossa, humilhou.














"Alguns momentos" mesmo, pois a revista inteira é assim, que nem final entre Palmeiras e Corinthians, com o Edilson doido pra fazer embaixadinha. Na conclusão, o Aranha dá uma seqüência matadora de ganchos à Roy Jones Jr., e tem uma daquelas "revelações" que o acometem de vez em quando. Percebe que está furioso além da conta porque vê em Cage o seu passado de defensor do próprio bolso. Aí ele prende o cara com a teia e começa aqueles papos tipo "no começo eu estava nisso por grana também... houveram conseqüências...", e tal. Há a inevitável reconciliação, cada um segue o seu caminho e o J.J.J. paga o pato. Mas ficou o precedente, bem lembrado pela MAX. Será que nas futuras edições de The New Avengers (onde os dois estarão lutando lado-a-lado) pode rolar um tira-teima? Esse é um recurso pouco usado por roteiristas de super-equipes, mas que na época dos Defensores dava muito certo. Ver o Namor encarando o Surfista Prateado era demais. Os dois se odiavam!

Agora, uma pequena chafurdação nerd. Cage levanta cerca de 1 tonelada de peso, e o Aranha cerca de 10. Mas em nenhum momento a história atravessa esse detalhe, visto que Cage sempre acerta o Aranha quando este se encontra em posições de desequilíbrio. Além do mais, mesmo tendo 10 vezes a força de Cage, o Aranha não é invulnerável - exceto pela resistência natural de quem tem esse nível de poder. Diferente dos dias de hoje, onde vemos os maiores absurdos envolvendo a força física dos personagens. Até hoje eu encontro vacilos monstruosos em A Morte do Super-Homem. Pelo visto lá, só o Clark é que era vulnerável ao Doomsday...

*Alonzo Harris é o tira corrupto interpretado por Denzel Washington no filmaço Dia de Treinamento.


"THE STRANGE FACE OF LOVE"
(Tito & Tarantula)


Essa canção, que entrou na trilha de From Dusk Till Dawn, seria perfeita também no set list de Sin City. Ali, o amor é descrito como uma força estranhamente agradável (ou agradavelmente estranha). E Sin City está cercado de amor. Amor ao Cinema, às HQs e também o amor paternal de um artista pela sua obra. Pois, por mais capitalista que Frank Miller seja (e dizem que ele é), nada me tira da cabeça que ele deve se encontrar num estado de nirvana contínuo, nesse exato momento. Pelo menos, até o filme estrear e fazer carreira nos cinemas, mundo afora.

Miller conseguiu algo muito difícil, que foi estabelecer uma conexão direta com a produção (ele é co-diretor, ao lado de Quentin Tarantino - também "colaborador" de FDTD). Sem contar o fato que o diretor Robert Rodriguez mantém com ele uma relação ainda mais estreita do que Guillermo Del Toro e Mike Mignola em Hellboy, por exemplo. "Fidelidade" aqui será o menor dos problemas.


O universo bizarro/urbanóide de Sin City influenciou uma carreirada de gente, sendo que o mais notório está lá (Q.T.). Mas após os dois previews acachapantemente 'megafodônicos' (homenagem ao Alcofa, que não vai mais embora, aêê!), pode-se notar também algumas fontes pré-Tarantinescas e pré-Millerescas (nó). O choque entre o monocromático e aplicações em cores (O Selvagem da Motocicleta, de 83, do Coppola), ultraviolência seca e estilizada (típica do mestre Sam Peckinpah), ruídos distorcidos de guitarra, atmosfera dark/surrealista/abstrata e perspectivas sufocantes em plongée (ângulo de cima para baixo, David Lynch rasgado), sem contar o amor, novamente, só que mais ordinário e conturbado do que a intenção original (Coração Selvagem... do Lynch também - vou fazer o quê, o cara é genial mesmo). E pode até ser uma certa forçação, mas a cena das viaturas quase voando me lembrou na hora o cultuado Repo Man, aquela piração punk de 84, dirigida pelo insano Alex Cox.

E já a famosa fidelidade ao original... Lassie perde. Não quero menosprezar o grande Robert Rodriguez, mas está claro que Miller é co-diretor só nos créditos mesmo.


Mickey Rourke/Marv


Bruce Willis/Hartigan


Clive Owen/Dwight

Mickey Rourke está numa situação parecida com a de John Travolta, anos atrás. Após uma eternidade mergulhado no ostracismo total, caiu no seu colo um grande personagem, feito sob medida. Já foi o tempo em que Rourke era o number one lá em L.A., através de hits como Orquídea Selvagem, Coração Satânico e 9½ Semanas de Amor. Esse pode ser o seu melhor momento na telona, em muito tempo. Quanto ao Bruce Willis (que já foi um sub-Mickey Rourke...), eu sempre o considerei o cara certo apenas para os papéis certos. E isso corresponde a... o quê...? ...uns 90% do que ele já fez na telona, com exceção de um ou outro Hudson Hawk da vida. E o Clive Owen é um bom ator, apesar do maneirismo sociopata. Isso já o atrapalhou em papéis que não pediam essa postura, mas aqui cairá como uma luva.

Apesar daquele primeiro teaser esgulapante de foda, ainda não sei a que veio a presença de Josh Hartnett aqui. Se você, um sujeito antenado que visita o BZ regularmente, sabe, por favor, me ilumine com o seu conhecimento. Já o hobbit Elijah Wood eu só fui perceber da segunda vez que vi o trailer. Ele está com o rosto imerso nas sombras, só dá pra ver os óculos. Benicio Del Toro, um cara legal pra cacete, aparece lá, mas bem menos do que deveria, no papel de Jackie Boy. As maravilhosas Carla Gugino e Brittany Murphy também marcam presença, como Lucille e Shellie, respectivamente. E ainda têm Devon Aoki como Miho, Rosario Dawson como Gail... putz.

Recentemente, foi divulgado que o replicante Rutger Hauer interpretará o Cardeal Roark (no ano que vem ele deve bombar, pois estará também em Batman Begins). Os onipresentes Michael Madsen, no papel de Bob, e Michael Clarke Duncan, no papel de Manute, também estão no elenco, mas não devem passar de pontas.

De resto, dois detalhes que me chamaram a atenção...


Nick Stahl no papel de Junior e do Bastardo Amarelo. Só agora a ficha caiu. O mesmo Nick Stahl que fez o John Connor, no ótimo O Exterminador do Futuro 3 - A Rebelião das Máquinas.

Interessante. Geralmente chamam o John Leguizamo para esses papéis... :D


E a esfuziante Jessica Alba e sua Nancy Callahan, repetindo aquela inacreditável rebolada stripper, em versão semi-colorida, com direito a piscadela no final. Coisa de profissional mesmo. Promete superar o show da vampiraça Satanico Pandemonium, de From Dusk Till Dawn (ops, de novo!).

Gostaria de dizer que vou assistir esse filme só por causa dela, mas, pelo andar da carruagem... acho que vou lá é pra ver um filme perfeito mesmo.

Trailer, agora em resolução decente


"VOCÊ É A DOENÇA, EU SOU A CURA"


Precisou uma tragédia familiar para transformar o pacato arquiteto Paul Kersey em uma máquina de fazer justiça. A violência chegou arrombando o seu mundinho perfeito e foi embora levando tudo, mas deixou algo em troca: a natureza selvagem do ser humano. É, somos assim. Às vezes, precisamos de entrar em contato com o "lado negro" para assumirmos a nossa verdadeira face. E quem atirou a primeira bala de calibre 45 foi o Kersey, o emblemático personagem de Charles Bronson no filme Desejo de Matar. Dali, veio um exército de soldados urbanos que perderam suas famílias, em busca de justiça cega. Isso no universo pop, claro. Principalmente em filmes e HQs.

Vou confessar uma coisa. Não faço a mínima idéia se o Batman, quando foi criado, em 1939, tinha a mesma origem que conhecemos hoje. Não sei se naquela época, ele já era motivado pela perda brutal de seus pais, tendo em vista a sua abordagem mais leve. Seja como for, ele é a referência nº1 para personagens desta estirpe. Mas mesmo após DK, o morcego sempre teve um limite intransponível, um código de honra consciente que serve até mesmo para a auto-preservação da sua sanidade frente a toda loucura criminosa que permeia Gotham City. Ele não mata. O que não acontece com Frank Castle, o Justiceiro, curiosamente criado em 1974, o mesmo ano em que Desejo de Matar estreou nas telonas. Ex-combatente no Vietnã, Castle já era napalm pronto para explodir. Muito da violência desenfreada que o vemos cometer hoje vem acompanhando o personagem muito antes dele perder a sua família. E é essa a fina linha que separa o Bruce do Frank.


Entre 95 e 96, foram lançados dois crossovers entre Batman e o Justiceiro. Apesar de bem simplistas, chegam a tocar nessas questões éticas entre os vigilantes. Mas o grosso mesmo são os tiroteios, explosões, galpões em chamas e pancadaria cheia de golpes baixos. E os vilões são bacanas: Coringa e Retalho. O primeiro crossover foi produzido pelo cast da DC: Dennis O'Neil no roteiro e a dupla Barry Kitson/James Pascoe nos desenhos. Na época, Bruce estava fora de ação e quem assumia o manto do morcego era o alucinado Jean Paul "Azrael" Valley. Já no segundo, com o Bruce de volta, foi produzido pela Marvel, com Chuck Dixon no roteiro e John Romita Jr./Klaus Janson nos traços.

Batman/Justiceiro - Lago de Fogo - Link com o cbr, atualizado em 30/08/2017
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Justiceiro/Batman - Cavaleiros Mortíferos - Link com o cbr, atualizado em 30/08/2017
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dogg, ouvindo o álbum Scarlet's Walk, da Tori Amos, sem parar. Essa mulher é perfeita.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2004

/ / COMO DESMANTELAR UMA BANDA ATÔMICA / /

(Faixa-a-faixa)


Eles não são apenas A banda-símbolo dos anos 80. O U2 é, por excelência, A banda-sobrevivente dos anos 80. E, convenhamos, pra eles isso não foi uma tarefa das mais fáceis. Tudo bem, na época houveram todos aqueles mega-eventos beneficentes, como o Live Aid, o Mandela's Day, o hit/cesta-básica We Are The World, etc. Mas a marca d'água dos 80's foram mesmo o individualismo over, o fenômeno yuppie (ex-hippies que montaram na grana), a new wave, a coca & aditivos, e uma acirrada competição sócio-canibal via capitalismo selvagem. No dial, The Power of Love (Huey Lewis & The News), Relax (Frankie Goes to Hollywood), Success (Sigue Sigue Sputnik), Walking on Sunshine (Katrina & The Waves), It's My Life (Talk Talk), Addicted to Love (Robert Palmer), Right Between the Eyes (Wax), 99 Red Balloons (Nena), e outros incontáveis hit singles que refletiam uma vida bela, ensolarada, com crédito ilimitado e tomando um dáiquiri na beira da piscina. Trilha sonora para gente fina, elegante e sincera.

O U2 e mais alguns poucos grupos eram o extremo oposto de tudo isso. Mas nem todos resistiram ao passar dos anos: o Joy Division morreu junto com Ian Curtis, o Simple Minds sumiu no limbo, o The Smiths acabou antes do tempo e o R.E.M. tem hoje a sua reputação intocável e uma insuspeita vocação pra mega-banda - mas travada pela timidez exagerada do vocalista Michael Stipe. Já o U2 era diferente. Eles tinham um background bem particular.

Pra começar, eles vieram dos guetos decadentes de Dublin, Irlanda (o Brasil da Europa), em meio à violentos embates entre católicos e protestantes. O cotidiano proletário era de constantes genocídios urbanos, frutos da guerra entre o exército de ocupação inglês e a milícia terrorista do IRA. E o U2 era apenas uma banda de rock'n'roll, certo? Certo. Mas do jeito deles: com simplicidade, cumplicidade, empatia, religiosidade, contestação, uma boa dose de intimismo e um frontman carismático, envolto em uma aura messiânica.

Esses operários do rock trabalharam bem, arregimentaram um grande número de fãs, e assim foi até 1988, quando eles "descobriram" a América no álbum Rattle and Hum. Algo mudou a trajetória do grupo ali. Seja lá o que tenha sido, foi o suficiente para um belo susto. Achtung Baby, de 1991, elevou a sonoridade da banda para um conceito mais sujo, claustrofóbico, industrial e liricamente mais intenso. E ainda foi a ponte para experiências mais radicais: Zooropa, de 1993, era uma bad trip apocalíptica, lisérgica e lotada de informação. Chegou ao (sem-)limite de trazer o redivivo Johnny Cash em uma das faixas. E foi daí para as pistas de dança.

Pop, de 1997, foi talvez a maior virada de 180º já realizada por uma mega-banda (e que eu sempre associei à virada de Lulu Santos, no disco Eu e Memê, Memê e Eu - seria o Lulu um legítimo precursor?). Depois de uma mega-coletânea no ano seguinte (estilo "ei, ainda somos nós, lembra?", para acalmar os fãs em choque), um pouco de suspense até 2000, com o álbum All That You Can't Leave Behind. Ali, o maior susto foi a banda trazer de volta todo aquele clima instrumental garageiro, melódico e energético do início de carreira. Mas não no todo, claro. Ainda havia muita bagagem do "lado obscuro", e hits como Elevation foram direto para as danceterias. Mas foi um disco extremamente necessário.

Finalmente, em 2004, How To Dismantle an Atomic Bomb expurga todas as amarras experimentalistas e dicotômicas que a banda adotou nos anos 90. Apesar disso, esse álbum está sendo sistematicamente malhado pela crítica internacional, sempre em busca de novidades (bandas "maravilhosas" como Super Furry Animals e Cooper Temple Clause). Aparentemente, o gado foi na onda - afinal, essa é a função do crítico - e o disco chegou com dificuldade ao seu primeiro milhão de cópias, o que para o U2 é muito pouco. É uma pena, pois o álbum resgata o espírito juvenil de uma das bandas mais relevantes dos últimos tempos. One by one:

Vertigo - Esse é o álbum do U2 mais U2 desde The Joshua Tree, de 87. Não se engane com a faixa de abertura, repleta de guitarras punk-salafrárias.

Miracle Drug - Esperançosa, vem carregada daquela emoção e entrega. Como nos bons tempos.

Sometimes You Can't Make It on Your Own - O início é bem soturno e depois fica mais ambient. Tem um refrão profundamente tocante.

Love and Peace or Else - Veio definitivamente dos anos 80. Produto típico daquela safra pop, em andamento e textura. Parece uma jam imaginária do U2 com o Depeche Mode. Essa faixa traz uma mensagem subliminar: "Esqueça as pífias tentativas de bandas pseudo-oitentistas como o Interpol. Vá direto à fonte".

City of Blinding Lights - Gosta de Travis? Adora Clocks, do Coldplay? Aqui o U2 mostra como se faz uma canção perfeita que sobe num crescendo melódico e emocional. Irretocável (e insuperável).

All Because of You - Forte e ritmada, com a guitarra de The Edge lá no topo das Marshals. O legal é que é uma canção porrada de amor. Volume 10 nessa.

A Man and a Woman - Título suspeito, mas o U2 tem um approach confiável. Bom gosto técnico e aquela guitarra "din-don" que o Dado Villa-Lobos sempre quis fazer igual.

Crumbs for Your Table - Essa já está tocando nas rádios? Deveria. Bono passeia fácil por difíceis nuances melódicas, "conversando" com os acordes de guitarra. Total interação entre ele e The Edge. Chega a doer de tão harmoniosa. Lembra muito em eficiência a dupla bonitinha-mas-ordinária Morrissey/Johnny Marr, do The Smiths.

One Step Closer - Não, não é um cover da canção homônima do Linkin Park, graças à Deus. Essa é uma música para você se rebootar após um fundo do poço amoroso. Para ouvir justamente nessas horas. É "um passo mais perto" da redenção.

Original of the Species - Melancolia buscando a felicidade, quando o tempo dá uma estiada após uma chuva interminável. É mais ou menos com se o Jesus & Mary Chain esboçasse um sorriso. Show particular do batera Larry Mullen Jr. E trilha pra sair na rua após um longo período trancado.

Yahweh - Música de despedida, mas por uma boa causa. Bem alegre, passional e impulsiva, e ao mesmo tempo, deliciosamente cuidadosa. Coisa que só a experiência proporciona, tanto na vida quanto nessa música. Dessa banda.


MAIS DO MESMO, SÓ QUE DIFERENTE


Aê... clica em cima...

Acho que já é a 3ª ou a 4ª vez que publico isso aqui. Parece até um vício. Sempre fica a impressão de que não fui eloqüente o suficiente. Aquele lance... "vou falar mais alto pra ser escutado".

Sendo assim, vamos lá: mapa cronológico Marvel, desde a era Stan Lee/Jack Kirby até a era Hugh Jackman/Toby Maguire (?!). Está tudo lá. Datas de criação, concepções originais, evoluções, e as adaptações atuais. Muito instrutivo. Também, não é pra menos, visto que foi elaborado pela revista Superinteressante, na edição #191.

Mas nem tudo é repetição... de bônus, um mapa cronológico da Detective Comics, dividido por "Eras", tragédias e suas dezenas de reformulações. Por sinal, saiu na Superinteressante também, na edição #195. É só clicar em cima.



Mês que vem eu publico as duas de novo... :)

Vou ver se até lá eu descolo um mapa da Dark Horse ou da Top Cow. ;D


O HOMEM DAS CAPAS PRETAS


Nunca fui fetichista com edições super-luxuosas de quadrinhos. Nunca tive vontade (nem grana) de adquirir Superman - Paz na Terra, Shazam - O Poder da Esperança, e salgadinhos do tipo. Meu recorde absoluto foram os 25 contos do RdA encadernado - devidamente orçado. Mas esse era imprescindível... eu perderia a minha carteirinha de fanboy se eu não arrumasse. E corro o risco de perdê-la de novo, com o lançamento de Batman - Cover to Cover, um item altamente consumível.

Trata-se de um livrão de capa dura que não traz história nenhuma, e sim as 250 melhores capas já feitas para o morcego. Muita gente boa participa da festa, entre eles, Neal Adams, Neil Gaiman, Alex Ross, Mark Waid, Brian Bolland, Bob Kane, Gil Kane, Mike Mignola, Mark Hamill, Frank Miller, e muitos, muitos outros. Acho que todo mundo que presta no ramo está lá.

Ah sim, tem gente aí que não desenha né. Essa bat-bíblia trará comentários, artigos e opiniões de celebridades diversas sobre o personagem. Tem até o Christopher Nolan no meio. E a coisa será dividida por temas: "Família Batman", "Inimigos Terríveis", "Armadilhas Mortais" e "Cenários Bizarros".

Agora, de volta à vida prática. Esse sonho de consumo custará proibitivos US$ 39,99. O lado bom é que só sairá em maio de 2005, lá fora. Se eu fizer bastante hora-extra...


E no mais, galera...









dogg... até empolgado com esse Natal, como há muito tempo atrás.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2004

IT'S ONLY ROCK AND ROLL... BUT I LIKE IT!


Em julho do ano passado houve uma celebração de Rock'n'Roll de tremer o chão. Um show beneficente em Toronto, Canadá (na época, penando com a SARS - a tal gripe do frango), reuniu uma turba de 490 mil sortudos diante de um cast quase dos sonhos: The Isley Brothers, Guess Who, Rush, AC/DC e Rolling Stones. E o "quase" fica por conta da presença do The Flaming Lips e do deslocado Justin Timberlake. Entre uma coisa e outra, o divertido The Have Love Will Travel Revue (já explico).

Esse DVD é uma bela coletânea de rock'n'roll (principalmente na atitude rocker), que acaba sendo um tanto frustrante, visto que algumas apresentações são tão boas que mereciam o seu próprio especial. E o destaque também fica por conta das senhoritas da platéia... todas lindas e maravilhosas. Aparentemente não existe mulher feia no Canadá. Deve ser culpa da miscigenação francesa. Ulálá.


Eddie Isley, muuuiito bem acompanhado

Como todo mega-show, o evento começou com o sol à pino, então os grupos tinham mais é que chegar rasgando pra animar a geral. Mesmo assim, o idolatrado Flaming Lips não emplacou, mandando ver num repertório fraquim, fraquim. Muito fraca a banda, naquela linha melódica-alternativa chorosa. Mais uma razão pra eu não confiar em certos críticos musicais. Na seqüência, o fodão The Isley Brothers. Big-band seminal veteranaça de soul e funk pesado, mano. A negritude baixou no palco e mandou um swing tonelada de rachar o assoalho. O guitarrista dos caras - a cara do ator Ving Rhames - dá um show à parte, arriscando escalas hendrixianas, tocando com a guitarra nas costas, com a boca, invertida e o escambau. Como se não bastasse, eles ainda me colocam um pessoalzinho sinistro rebolando lá na frente. Bailão black de primeira, bróder.


Randy Bachman, do Guess Who (lembram do Bachman Turner Overdrive?)

The Have Love Will Travel Revue é a banda pós-Blues Brothers do ator Dan Aykroyd, agora acompanhado de Jim Belushi, irmão do John. Quem já assistiu Os Irmãos Cara-de-Pau já conhece o riscado. "Blues, man..." - - e uma turma de loirudas de resPeito na coreografia. J.Timberlake vem a seguir, e prova que é o sonho molhado das moçoilas do lado de lá. Popzinho inofensivo com um pé no soul. Não chega a ofender os ouvidos, mas o mérito maior foi trazer a mulherada pra frente do palco. E diga-se passagem, que mulherada!

Cenário propício para o Guess Who entrar matando a pau com uma versão arrasadora do mega-clássico American Woman, o que causou uma comoção no público feminino. As primeiras garotas de camiseta molhada e de biquíni com a bandeira americana estampada começam a aparecer na multidão. O Lenny Kravitz pode voltar pro laboratório que o criou, pois nem em mil anos ele executaria essa música com o clima de tesão original. Profissionais do rock, o Guess Who evidencia os anos de estrada tanto na postura de macho quanto nas caras enrugadas. Os velhões detonam!


Geddy Lee, do Rush, me lembrando daquele showzaço no Maraca

Já o Rush é canadense, está em casa, e a recíproca veio da multidão turbinada, que só faltou fazer uma ôla quando a banda entrou. Eles começam com um Limelight básico, emendam com a rapidinha Freewill e provam que o seu maior hit por lá ainda é Spirit Of Radio - espertamente precedida de uma citação do clássico stoneano Paint It Black. Rever as viradas supersônicas da batera de Neil Peart foi uma emoção só. O cara é o verdadeiro Dr. Octopus!


Brian Johnson e Angus Young, do AC/DC... "Rock and Roll Ain't Noise Pollution"!

Galera em êxtase, bonézinho de caminhoneiro e uniforme de estudante entram em cena. AC/DC é A banda de arena por excelência. Eles fazem música GRANDE, para GRANDES ESPAÇOS, para GRANDES AGLOMERAÇÕES, e já entram apelando mesmo, com Back In Black logo de cara, colada com a levanta-estádio Thunderstruck. Na muvuca crowdeada e sold-outeada, zilhares de garotas pagando peitinho começam a pipocar por todos os lados. Ah eu lá.


Keith Richards, aparentemente imortal

De repente, a noite cai sem aviso, aos primeiros acordes de Start Me Up. Os cavaleiros das trevas do rhythm'n'blues, a maior banda de rock'n'roll de todos os tempos, Sua Majestade Rolling Stones entra em cena com a mesma energia de, sei lá, trezentos anos atrás (quantos séculos tem o RS?). Chega a ser surreal ver Charlie Watts (batera), Ron Wood (guitarra), Mick Jagger (fudião) e, principalmente, a instituição Keith Richards ainda arrancando sangue do palco. Na performance você reconhece de onde veio o DNA de U2, Duran Duran, Guns 'N Roses, Iggy Pop, Sex Pistols, Metallica, Aerosmith, Queen, Led Zeppelin, e todas as bandas de pop rock que fizeram sucesso nos últimos 30 anos. Tudo veio dali, das pedras rolantes. É um troço inexplicável, vai ser seminal assim lá longe. Ruby Tuesday ainda é trilha sonora para amassos fervorosos e Miss You (com J.Timberlake) faz até o machão mais duro requebrar na discotéque.

Agora, um parágrafo da História foi escrito naquela noite. À certa altura, eles resgatam o ultra-mega-clássico Rock Me Baby, de B.B.King, numa jam-monstro com os "aprendizes" do AC/DC. Quê quê isso, meu cumpádi. Angus Young duelando com Keith Richards...? Arpejos bluesísticos demoníacos e rock'n'roll sacana vazando pelos ladrões...? Se você acha que conhece rock, assista isso aqui. Obrigatório.


H.G. WELLES


"Através do golfo do espaço, mentes que estão para as nossas como as nossas estão para as feras da floresta, intelectos poderosos, frios e sem simpatia observavam esta Terra com olhos invejosos e lenta e inexoravelmente traçavam seus planos contra nós."

Em 1898, o escritor inglês H.G. Wells já antevia no clássico A Guerra dos Mundos um apocalipse aterrador (como se existisse apocalipse não-aterrador...), onde hordas de naves alienígenas devastavam a Terra e a civilização como a conhecemos. Parece até o roteiro de ID-4. E foi mesmo uma grande injustiça essa produção não ter se assumido como uma adaptação do livro, principalmente por ter cumprido razoavelmente bem o seu papel na transição para uma premissa mais pop.

"Pânico nos Estados Unidos. O país está sendo invadido por hordas de marcianos. Eles já chegaram a Nova York, a bordo de suas naves futuristas. Não há como resistir: a superioridade dos alienígenas é incontestável."

O mais interessante da mitologia ao redor do clássico é que ela se estende por mais 40 anos - até 30 de outubro de 1938 (em pleno Halloween) pra ser mais exato - graças ao bizarro episódio protagonizado pelo genial Orson Welles. O Cidadão Welles adaptou a obra de H.G. Wells para um formato rádio-jornalístico, que, ao ser veiculado num dos programas de maior audiência na época, causou um verdadeiro frisson (pra não dizer cagaço) nos ouvintes. Relatos davam conta de que as pessoas saíam apavoradas de suas casas atirando em caixas d'água, certos de que eram discos voadores (putza... confundir caixa d'água com disco voador é muita lesêra). Na transmissão, ele anunciava que naves imensas pairavam sobre o edifício da rádio CBS, em Manhattan. Entrevistas com falsos especialistas e testemunhas davam um verniz de realismo na coisa toda.

Ao final, Orson Welles entregou o jogo e disse que "essa é a nossa maneira de comemorar o Halloween". Nunca a palavra "motherfucker" foi tão repetida na História. :)


Guerra dos Mundos (War of the Worlds, 2005), o filme, conta com um dream team: o Peter Pan Steven Spielberg no manche, o brat-pack-que-deu-certo Tom Cruise no outdoor e menina de ouro Paula Wagner envolvida na produça, ao lado de Cocktail Cruise (estamos sarcásticos hoje hein).

Esse filme promete. Em certos casos a gente já pode esperar um certo nível de qualidade, ao menos na parte técnica. Spielberg tem a ILM no bolso e pode facilmente criar os melhores efeitos visuais desde a franquia Matrix. Conceber naves-mãe, robôs gigantescos, explosões dantescas, combates aéreos e monstrões cabeçudos cheios de tentáculos sugando a energia vital dos humanos seria bico. Aposto que só o palm top dele já dava conta do recado. Já Tom Cruise - um bom ator - é uma espécie de herói do sonho americano. Os caras lá gostam dele de verdade. Nunca o vi se dando mal em um filme e creio que não será dessa vez.


A concepção de H.G.Wells sobre a natureza dos marcianos é altamente maniqueísta. Parece até a visão norte-americana do comunismo, nos anos da Guerra Fria. Os marcianos têm toda uma carga de selvageria, antagonismo e negativismo, realçadas ainda mais pela sua origem. Marte é o deus romano da guerra (equivalente ao Ares grego), a personificação do aspecto sanguinário e selvagem das batalhas. Os marcianos eram maus mesmo. Viajaram essa distância absurda só pra sacanear com a nossa família. E talvez sejam esses detalhes que farão a maior diferença entre Guerra dos Mundos e ID-4.

No filme de Emmerich/Devlin não ficamos sabendo de onde os aliens vieram, nem o porquê da sua opção de colonizar o nosso já detonado planetinha. A única coisa que soubemos foi que eles precisam fazer um upgrade urgente no firewall da nave-mãe. Já em GdM, Spielberg tem algumas coisinhas a explicar. Ah, os caras são de Marte? Pô, legal, mas onde eles estavam que não os vimos durante todo esse tempo de observação? Se o filme fosse ambientado no século 19, igual ao livro, tudo bem, mas...

Seja como for, a megaprodução (US$ 128 milhões) está em ritmo de cruzador estelar durante uma dobra espacial: até seu lançamento nos EUA, em 29 de junho de 2005, serão parcos 8 meses desde o início das filmagens.


No primeiro teaser poster já podemos ver a mão de um dos monstrengos, e ao que parece o design deve ser bem parecido com o visto no clássico filme de 1953. Já o teaser trailer é bem econômico, mas traz uma atmosfera bastante sombria e intrigante. Se tudo der certo (leia-se: "boa bilheteria"), talvez possamos esperar por um futuro revival de ficção-científica cinqüentista. Remakes de clássicos do gênero com os efeitos visuais que sempre mereceram.

Já pensou, rever em grande estilo pérolas como o assustador Invaders from Mars, a tosqueira-mor Plan 9 from Outer Space, e o meu preferido, O Dia Em Que A Terra Parou?

E para homenagear a obra original e o vindouro blockbuster, nada melhor que um elseworld de leve.

Bem, na verdade existe coisa melhor sim, mas em termos de alcance imediato é isso aqui mesmo. :D




Esse aqui é interessante. O Clark desse especial não é aquele Clark "megafodônico" que conhecemos. É quase. Na verdade, o Super aqui ainda está em seus primeiros dias de capa vermelha, nos primórdios da Era de Ouro. Ou seja: "forte como uma locomotiva, rápido como uma bala e resistente como uma parede de concreto". Literalmente. Pra você ter uma idéia, ele ainda nem sabe que voa, e por isso se vale de saltos quilométricos, com toda a margem de erros que isso possa acarretar (e acarreta).

Superman - A Guerra dos Mundos não tem segredos, é simplesmente uma versão do clássico de H.G. Wells, com um kryptoniano no meio. Logo que Clark chega em Metrópolis, a Terra é invadida pelos marcianos comunistas, que destroçam as forças terrestres como se fossem o time do Botafogo. Obviamente, Clark - mais escoteiro do que nunca - sai no braço com os martian-boys, que rapidamente se interessam pela superioridade física do kryptoniano (que, aliás, desconhece sua origem kryptoniana).

Uma excelente HQ que retrata uma fase bem curiosa do maior ícone pop dos quadrinhos. E o final é bastante imprevisível, diga-se de passagem. Mérito do trampo "arqueológico" do roteiro de Roy Thomas e do traço providencialmente old school de Michael Lark. Até a lenda ambulante Eudes/The OutsiderZ já comentou sobre ela certa vez, então pode ir que é da boa. :P

Scans by: doggma - Link para o arquivo cbr, atualizado em 30/08/2017

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Klaatu Barada Nikto!


dogg... "rock me babeee... rock me aaaall night looong..."