sexta-feira, 15 de julho de 2005

ONE-TWO-THREE-FOUR

(considerações rapidinhas)


Imagine aquele certo tipo nerd que chegou à maturidade, atingiu o status quo nerdiano, que vive compenetrado em um mundo de Ciência invisível aos olhos comuns e que, miseravelmente, é confrontado a todo momento com o mundo "real". Esse era pra ser o Reed Richards, no filme Quarteto Fantástico (Fantastic Four, 2005), mas o ator Ioan Gruffudd não arranha nem a lataria. Cada década tem o Harold Ramis que merece. Esse ponto é meramente ilustrativo. Arriscar uma olhada mais séria do filme é brincar de tomar pedala Robinho!! no meio da nuca.

Esqueçam as aventuras no universo subatômico, viagens em worm-holes, explorações em dimensões paralelas e todo o combo sci-fi que vem atrelado aos heróis nos quadrinhos. Esqueçam também aquele monstrão que sai do solo - obrigatório nas reprises da origem do Quarteto. O tom aqui é rasteiro, solto e, acima de tudo, pop. Mas isso não é demérito. Os Incríveis é melhor? Em todos os aspectos. O roteiro tem buracos? Parece a Régis Bittencourt. O vilão é bacana? Visualmente sim, mas ainda fico com Dr. Destino daquela produção de Roger Corman (embora seu... hã... "destino" tenha sido uma variação bacanuda do final de Os Caçadores da Arca Perdida). E nunca vi uma caríssima e aguardada viagem espacial ser desenrolada tão rápido!


Mas - olha só a virada, óia, óia - o Coisa ficou legal? Ficou sim, entre altos (Michael Chicklis é O Cara) e baixos (a corcunda esquisita e as mãos muito grandes), e me deixou com pena de quem o comparou a um coliforme ambulante (se a única referência que você tem se parece com ele, recomendo uma dieta à base de fibras, muitas fibras). E Chris Evans como o Tocha Humana? É um scene robber son of a bitch (a cena do espanador foi a melhor!). E finalmente, a toda-poderosa Mulher-Invisível Sue Storm... a girlie Jessica Alba é mais deliciosa que Kirsten Dunst e Katie Holmes juntas e a cena dela só de calcinha e sutiã já faz valer a sessão.

Que fique claro: ninguém nunca salvou New York de maneira tão cool quanto os Caça-Fantasmas do primeiro filme. Mas o Quarteto fica ali, bem naquela esquina do pop nonsense, pueril, escapista, que já rendeu uma porção de crássicos involuntários. É bem divertido - às vezes divertido bagarái - e se não consegui te convencer disso, quem dirá fazer o mesmo em relação à obras do calibre de Bill & Ted 1 e 2, Godzilla vs Megalon, Spider, Westworld, A Maldição de Quicksilver...



WRESTLING DE ESCOTEIRO


Superman e Capitão Marvel. Clark e Billy. De cara, são os dois maiores "bebedores de leite" das HQs (conceito dugarái de autoria do Alcofa - que está [re]pendurando as chuteiras...). A história desses dois é engraçada. Criado em 1939 por C.C. Beck e Bill Parker para a Fawcett Comics, o velho Capitão foi logo acusado de ser plágio do Super, seu predecessor da Detective Comics. Apesar dos conceitos próximos (dois super-humanos utópicos por excelência), Billy tinha lá as suas idiossincrasias que o distingüiam do Clark. Óbvio que isso não comoveu a DC, que engoliu a concorrente, levando-a à falência e, em seguida, saqueou o personagem para o seu cast. E dá-lhe situação inusitada: a editora ficou com dois super-homens invencíveis na casa.

Coincidentemente, o background do Capitão era originado de uma das únicas fraquezas que afligiram o Super durante um bom tempo: a magia. Isso nivelava um pouco as suas diferenças, visto que o Cap era uma contradição. Apesar de ser o detentor da Sabedoria de Salomão, ele mantinha a mesma índole à Oliver Twist de seu alter-ego. Já o Super era (muito) mais calejado e há tempos parou de destroçar carros para deter ladrões de banco. Só enfrentava de Mongul e Bizarro pra cima. Essa equiparação acabou gerando umas vias de fato memoráveis entre os dois, ao melhor estilo "dois paralelos se enfrentando". Também influenciou uma carreirada de situações dentro do universo pop, fornecendo inclusive a matéria prima para o duelo final entre Neo e o Agente Smith, em Matrix Revolutions. Que Dragonball Z que nada!

Tudo isso pra falar do maravilhoso episódio Clash, da excelente Justice League Unlimited. A luta em si durou breves e acachapantes cinco minutos, mas valeu por um longa metragem. O Capitão Marvel/Billy Batson está perfeito, com aquele olhar inocente e ainda mais escoteiro que o Clark. Este, aliás, está quase um herói à Image nesse episódio - bem mais super do que herói (justificado pelas maquinações certeiras de Lex Luthor).












Rolou até referência ao clássico Reino do Amanhã... Imperdível. Tinha de ser exibido nas TVs abertas. É um crime omitirem um material dessa qualidade.


Na trilha: Queen - Live At Wembley Stadium... weee are the champions... my frieeeend... :P

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