terça-feira, 15 de abril de 2008

MEME: filmes subestimados

A Thalita, do blog Pipoca no Edredom, me indicou para este MEME irresistível. Pô, listas e filmes? Já é. Cinco filmes subestimados pela crítica e/ou público. Tentei evitar superproduções e ser um pouco mais sutil.



Matador em Conflito (Grosse Pointe Blank, 1997)
Direção: George Armitage.

Top 3 de uma lista dos melhores do John Cusack. Aqui ele é Martin Q. Blank, assassino profissional de primeira linha e um dos mais requisitados no ramo. Na sua cola estão um concorrente traiçoeiro (Dan Aykroyd) e dois agentes da NSA, mas nenhum deles o irrita tanto quanto o convite para uma reunião de sua classe do colegial. Segundo seu terapeuta (Alan Arkin, impagável), podem haver questões mal-resolvidas aí - como o fato dele ter abandonado sua namorada e sua cidade logo após a formatura, sem aviso prévio.

A grande sacada do sumido diretor Armitage foi contextualizar essa gama distinta de linhas narrativas (ação, romance, comédia) com a delicadeza de dois trens em rota de colisão. Com diálogos afiadíssimos e uma trilha sonora espetacular (produzida por Joe Strummer), Matador em Conflito, senão subestimado, merecia ser superestimado.

Assim como o script, o título original ("Grosse Pointe Blank") está abarrotado de trocadilhos que se perdem na tradução. Point Blank (À Queima-Roupa, no Brasil) é um filme de 1967, estrelado por Lee Marvin e dirigido por John Boorman, sobre um matador de aluguel que revisita seu passado. Grosse Pointe é a cidade natal (e verídica) do protagonista Martin Blank. E o termo "point-blank" é usado pra designar a distância entre uma arma de fogo e seu alvo.



O Preço da Ambição (Swimming with Sharks, 1994)
Direção: George Huang.

Imagine uma mistura dos piores chefes com os quais você já o desprazer de trabalhar. Os mais egocêntricos, arrogantes, hipócritas, imorais e exploradores. Os de pior caráter. Ainda assim, não deve chegar aos pés de Buddy Ackerman, produtor cinematográfico interpretado desumanamente por Kevin Spacey. O esporte favorito de Buddy é massacrar o psicológico de seu assistente, Guy (Frank Whaley). A rotina de abusos e humilhações segue impiedosa, até que um belo dia, Guy resolve revidar...

Filme bastante tenso e recheado de humor negro. A vingança de Guy vem no mesmo valor (mas não na mesma moeda), culminando num interessante paradoxo caça/caçador. A moral da história seria algo como "não façam isso no escritório".

Foi adaptado para o teatro no ano passado, com Christian Slater no papel de Buddy.



Miracle Mile (idem, 1988)
Direção: Steve De Jarnatt.

Esse era hors-concours nos clipes do finado Cinemania, da igualmente finada TV Manchete. Anthony Edwards (o Dr. Mark Greene, de Plantão Médico) revira a cidade atrás de sua namorada numa corrida contra o tempo: mísseis nucleares soviéticos estão a caminho e, em 70 minutos, Los Angeles será varrida do mapa. Ou pelo menos é isto que ele acha, após atender um telefonema assustador.

Thriller surpreendente que dividiu a crítica e passou batido pelo público. Encabeçou a lista dos "filmes mais depressivos" da revista britânica Neon.




Alone in the Dark - O Despertar do Mal (Alone in the Dark, 2005)
Direção: Uwe Bo...

Brincadeira, brincadeira.

Este já foi devidamente pulverizado aqui, até com uma certa moderação, eu diria.


Próximo!



Sucesso a Qualquer Preço (Glengarry Glen Ross, 1992)
Direção: James Foley.

Uma firma imobiliária atravessa uma fase negra e estabelece novas metas e premiações para quatro de seus corretores. Quem vender mais, ganha um Cadillac, o segundo colocado ganha um conjunto de facas (ginsu?) e os demais ganham um pé na bunda. Obviamente, o que vem a seguir é um banho de sangue administrativo - incendiado ainda mais após o roubo de uma lista com dicas de clientes em potencial. Os corretores: Al Pacino, Jack Lemmon, Ed Harris e Alan Arkin, gerenciados de perto por Kevin Spacey.

Baseado numa peça teatral de David Mamet e adaptado pelo próprio, Sucesso a Qualquer Preço é um deleite cênico e performático. Como é de se esperar, as atuações são de níveis muito acima do standard hollywoodiano, mas Jack Lemmon está insuperável (e arranca até uma gargalhada involuntária de Pacino em uma cena).

Filmaço de atores, artístico per se. Até Alec Baldwin faz bonito aqui.



Os Matadores (1997)
Direção: Beto Brant.

A estréia de Beto Brant impressiona até hoje pela segurança e independência da estética Globo Filmes de se fazer cinema no Brasil. Filme com cara de filme mesmo, de cinema. Talvez tenha sido o primeiro de uma nova geração de cineastas transgressores e descentralizadores - geração que, anos depois, reproduziria os mesmos conceitos nos hits Cidade de Deus e Tropa de Elite.

O filme acompanha dois pistoleiros, o novato Toninho (Murilo Benício) e o veterano Alfredão (Wolney de Assis), virando a noite num bar na fronteira Brasil-Paraguai, aguardando um alvo. Enquanto esperam, eles conversam sobre a vida que escolheram e sobre o assassinato de Múcio (o ótimo Chico Diaz), o melhor pistoleiro da região. Wolney de Assis (foto) numa excepcional atuação, com um personagem de extremos dramáticos bastante complexos. Destaque também para a rápida e memorável participação de Stênio Garcia.

Tecnicamente, o filme é impecável. A montagem é um arraso, redesenhando a história à base de flashbacks, e a fotografia se mostra riquíssima, numa paisagem interiorana e terra-de-ninguém, ainda pouco explorada por cineastas brasileiros e hermanos. Não por acaso, a produção varreu os principais Kikitos de Gramado naquele ano - fora o sucesso atingido em outros festivais.

A crítica não subestimou, mas os que fariam este filme atingir um público maior, com certeza o fizeram.



Bom, é isto. Pelo que entendi, este MEME começou no Assistimos Muito e chegou até aqui via Blog do Vinicius, Cinéfila por Natureza, Caminhante Noturno Cinema e, finalmente, o Pipoca no Edredom.

E agora, repassando a corrente para os próximos cinco blogs, escalarei... hã, deixa eu ver os laureados... o bróder Sandro, do All Star Velho, o Luwig, do Pulse, o Rodolfo Castrezana, do OMEdI, o Érico Assis, do Parênteses, Inc., e a Ana Maria Bahiana, do blog dela mesma. :)

Vamos lá pessoal, animem-se. Este é mamão-com-açúcar e uma delícia de escrever. Notem que fiz a gentileza de não incluir O Gigante de Ferro. :P


Na trilha: o novo do Bob Mould.

15 comentários:

Sandro Cavallote disse...

Tô dentro. E Iron Giant com certeza estará na minha lista... :)

Anônimo disse...

Vindo de você, meu caro... não é um chamado, é uma ordem!

Logo mais providencio minha lista quíntupla de incompreendidos.

Da sua, confesso que só assisti ao 'Matador em Conflito' e 'Sucesso a Qualquer Preço' (por sinal, duas pérolas!).

Quanto aos outros, já que os antibióticos de uma cirurgia ferraram com a birita nesse feriadão, o jeito é me virar estes três.

Grande abraço.


...e assim que estiver pronta, dou um toque.

Anônimo disse...

Cara, só tô escrevendo pra agradecer essa tua lista!!! Do que já consegui escutar não dá para dispensar nada!!! As bandas New Model Army e The NAtional são perfeitas. Instiga é muito show também. Valeu.
Abraço!

Luwig disse...

Pronto! Aparece por lá pra conferir!


Abraço.

doggma disse...

Opa! Há luz no fim do túnel, rs. Valeu cara, já tô indo lá.

Baroli, só o fato de você ter ouvido o NMA porque leu aquele texto, já é uma puta recompensa pra mim.

Em tempo: o Instiga continua fazendo bonito lá fora. Olha a banda saindo em matéria de revista nova-iorquina - http://blog.myspace.com/index.cfm?fuseaction=blog.view&friendID=26797993&blogID=376289588

Sandro Cavallote disse...

Depois dá uma passada por lá pra ver o meme...

Sandro Cavallote disse...

Caracas... o lance do meme é interessante mesmo... o contraposto entre meus 5 e os do seu camarada l.u.w.i.g. são dissonantes até demais... :)

Pô, mas ele lembrou de "Enigma do Horizonte", um puta filme que ninguém lembra, que me fez relembrar daquele "Life Force" que nem deve ter em dvd no Brasil.

Putamerda, lembrei de "O Invasor", mas aí ia ficar muito puxasaquismo pro Beto Brant... :)

tha disse...

Ótima lista.
Ainda não sei como deixei de fora De Olhos bem Fechados da minha!!!!

doggma disse...

Sander: hahahah... o Luwig mergulhou no Lado Negro na lista dele... Cara, "Força Sinistra"! Saiu em DVD sim - http://www.submarino.com.br/dvds_productdetails.asp?Query=ProductPage&ProdTypeId=6&ProdId=140087&ST=SE - mas já saiu de catálogo. Tô há décadas esperando.

Tha: fechou os olhos pra "De Olhos Bem Fechados" hein!

Ai, ai, eu sou um pândego.

Ricardo kanashiro disse...

Opa! E aí velho Zumbi! Bom andei um tempo sumido... espero que eu consiga me manter um pouco mais ativo nesse mundo blogueiro...
Parabéns pelo post, pelo que vejo, você está escrevendo cada vez melhor!
Grande abraço!

.:vitalogy:. (ex- .:Logan:.) rs

Luwig disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luwig disse...

A propósito, qual seria o teu ranking de filmes do Cusack (já que Matador ocupa a 3ª posição)?

No meu é 'Alta Fidelidade' na cabeça, seguido de 'Os Imorais', 'Quero Ser John Malkovich', 'A um passo do poder' e, claro, 'Matador em Conflito'.

doggma disse...

Quase o mesmo.

1. "Os Imorais"
2. "Alta Fidelidade"
3. "Matador em Conflito"
4. "Garota Sinal Verde"
5. "Minha Vida é um Desastre"

Sandro Cavallote disse...

Esse "Minha vida é um desastre" é 80ntão??? Eu acho que vi com o nome de "Better off Dead". Lembro que pirei no filme na época que vi.

Os melhores dele eu acho que fico na mesma lista que você, mas o pior sem dúvida é "Con Air"... :)

doggma disse...

Esse mesmo. Marcou pra caramba.

"Con Air" não é bem um Cusack-movie...