Peso, lisergia e lirismo diretos de Estocolmo, Suécia. O Siena Root poderia ser mais uma banda de garotos que amavam Zeppelin, Purple & Sabbath, não fossem as relações realmente estreitas com o dito "classic rock" - e o talento necessário para tal. O grupo foi criado no fim dos anos noventa pelo baixista Sam Riffer e pelo baterista Love H Forsberg ("Love", para os íntimos), que já tocavam juntos há quase dez anos. Logo arrendaram KG West (guitarra, órgão, cítara [!], backings e clone do Urso do Cabelo Duro) e Oskar Lundström (vocais). Com essa formação, gravaram o excelente debut, A New Day Dawning, de 2004. Pouco depois, Oskar saiu da banda e foi substuído pela cantora Sanya. Com a vocalista, eles lançaram seu segundo disco, Kaleidoscope, de 2006. No ano seguinte, ela deixou o grupo, dando lugar a Sartez, que cantou no novo álbum, Far From The Sun - e que, até onde sei, ainda continua na banda.
As constantes mudanças de frontmen seria algo desastroso em qualquer grupo, mas o que acontece com o Siena Root é a profusão de um fenômeno raro. Quantas vezes na história do rock'n'roll um cantor cedeu espaço a outro tão bom ou até melhor? E que compreende exatamente o que a banda precisa naquele momento? Os casos são poucos e notórios - de cabeça, vou aí de Bon Scott/Brian Johnson (AC/DC), Ozzy/Dio (Sabbath), Gillan/Coverdale (Purple), Di'Anno/Dickinson (Maiden) e Halford/Owens (Judas). No grupo sueco isto aconteceu três vezes em três discos (100% de "reaproveitamento"!), sempre com resultados excepcionais.
O trio de vocalistas é peculiar ao extremo. Cada um tem um estilo bem diferente dos demais. Oskar Lundström, o primeiro pródigo, tem influências de soul, inclusive com timbre e alcance próximos do lendário Glenn Hughes. Quem conhece, sabe o que isso significa (e deve estar me acusando de heresia agora). Já a gatinha Sanya ouviu muito o Robert Plant dos áureos tempos e deve cantarolar "Since I've Been Loving You" em casa sem fazer feio. É uma cantora incrível. E Sartez... é glam. Mas glam, glam mesmo, com um estilo espetacularmente andrógino. Tenha em mente Ian Hunter (Mott The Hoople), Marc Bolan (T. Rex) e Bowie fase Ziggy Stardust. Mais uma vez, a banda foge do lugar comum e mantém o alto nível.
Apesar do trampo nivelado dos três à frente do Siena Root, Sanya é de longe a mais cultuada entre os admiradores do grupo. Muito marmanjo ainda choraminga pela saída da moça e é fácil entender porque.
No vídeo a seguir, ela faz uma releitura sensacional de "Coming Home", faixa de abertura do primeiro disco, cuja linha vocal (de Oskar) é dificílima.
Impossível não lembrar de Plant no filme The Song Remains The Same, mais precisamente nas cenas ao vivo no Madison Square Garden.
Como de praxe, os três álbuns do Siena Root continuam inéditos por aqui. Espero que não por muito tempo. Discoteca básica para qualquer stonerhead ou simplesmente fãs de Música.