In their first mission together as a team, Danger 5 must stop the Nazis from stealing the world's largest holding of black diamonds, which are kept in the Swiss World Bank. Seems like a piece of cake... served with gas and punishment.
Danger 5 have scored themselves a free trip to the Bahamas, but it turns out this holiday package has hidden fees. Looks like Danger 5 will have to make a down payment in bullets.
After a quick round of Marconis at the Nassau airport bar, Danger 5 rendezvous with their Nazi liaison and embark on a road-trip to Göring's island getaway. However, Nassau roadways are a dangerous place and Danger 5 soon fall victim to the "Terror of the Streets" ...Italians.
In the final instalment of The Diamond Girls, Danger 5 go head-to-head with Herman Göring and his posse of invincible She-Nazis. Apes and trains ensue.
If you can't watch SBS One, then please be assured we're working on bringing Danger 5 to a TV screen in your country. If not, there is bound to be a torrent out there soon enough... but if you want to support our work then buy the DVD as well!
"O povo não deve temer o seu governo, o governo deve temer o seu povo" - em 2011 essa máxima foi executada na prática em proporções quase surreais. Ditaduras de décadas desmoronando como castelos de areia, mobilizações populares organizadas via Facebook, informações sigilosas atiradas no ventilador com um simples tweet... Mas esta semana o mundo teve um exemplo ainda melhor de como andam as regras do jogo. Isso graças a um anão sociopata com delírios de grandeza e tesão por ogivas nucleares. É quase inconcebível nos dias atuais que a morte de um dos maiores tiranos do planeta tenha demorado dois dias para ser divulgada - e por canais oficiais, como manda o figurino do miniditador moderno. É uma vitória do fascismo nesses tempos de democracia Jobs-Zuckerberguiana. Estaria comemorando efusivamente, fosse eu viúva do Mussolini ou do Costa e Silva. Heil!
Como quase tudo na vida, a coisa não funciona em preto e branco. O ser humano tem uma verve fascista natural que aflora ao primeiro sinal de problema. É um traço perigoso que, felizmente, é controlável. E um autêntico guilty pleasure quando projetamos cenários "E se...?". Na cultura pop tem aos montes: Dirty Harry, D-Fens, Tropa de Elite, Star Wars, Juiz Dredd, Justiceiro e, um dos meus preferidos, 24 Horas. No universo de Jack Bauer não existe fair play. Limite é só mais um obstáculo a ser superado, todos são inimigos em potencial, os fins justificam os meios e nice guys finish last. Me vendi fácil. No vício por adrenalina eu queria mesmo era ver o circo pegando fogo.
Em minha defesa, o contexto de 24 não deixava espaço para hesitação, trâmites burocráticos e amenidades microscópicas, como ética. 24 era a série pop dos republicanos e, por Deus, os caras sabiam se divertir. Até hoje reverbera em minha mente a cena em que enterraram uma faca no joelho de um terrorista durante um interrogatório.
Se 24 era uma imersão num extremo da América, então Homeland é o meio-termo. A série da Showtime lida com as mesmas situações em tons cinzentos e deadlines iminentes, mas faz questão de mostrar que limite não é só uma linha no chão. É um muro de dez metros com proteção eletrificada, seguranças G.I. Joe e cães furiosos à espera do primeiro infrator. O que não impede eventuais invasões em nome do bem comum, de forma bem menos frequente e sempre com graves consequências. De quebra, a série não faz vista grossa: enquanto Guantánamo e Abu Ghraib seriam só mais um dia no escritório em 24 Horas, aqui são vistos como constrangedores fracassos dos Estados Unidos no combate ao terror.
A premissa não é menos incendiária. Na história, a agente da CIA Carrie Mathison descobre que um militar norte-americano não-identificado teria se convertido à al-Qaeda. Curiosamente, a info vem à tona no mesmo período em que o sargento da Marinha Nicholas Brody é resgatado no Iraque após 8 anos de cativeiro. Recebido com glórias na volta pra casa, Brody vira uma espécie de ícone midiático, uma reafirmação da fé no sonho americano - que logo é capitalizada politicamente, afinal, o Salão Oval é logo ali. Carrie por sua vez, mergulha numa cruzada pessoal para saber se Brody foi corrompido. Na maior parte tempo, ela opera abaixo do radar e ninguém compartilha de suas suspeitas. Nem mesmo eventuais colaboradores, como seu mentor, Saul Berenson.
Homeland é baseada na série israelense Hatufim (aka Prisoners of War) e desenvolvida por Howard Gordon e Alex Gansa. A dinâmica é de um tenso thriller psicológico. Nada de ação vertiginosa e perseguições mirabolantes. Ganha quem tem mais bom senso, sutileza e capacidade para saber quando recuar. E apesar de não ter o body count insano de 24, a narrativa é igualmente impiedosa. Não por acaso, Gansa foi um dos roteiristas do 7º dia mais punk da vida de Jack Bauer.
A série tem um cast fantástico. Particularmente, acompanho a carreira de Claire Danes desde a bacanuda Minha Vida de Cão (série de drama teen: um dia todo mundo assistiu uma) e, desde então, ela nunca parou de evoluir. Carrie é um formidável desafio pra qualquer atriz que tem amor à profissão. Corajosa, intensa e tão cerebral quanto impulsiva - isso pra não citar seu pequeno segredo que deixa o cenário ainda mais complexo. Danes administra todas essas nuances de forma magistral.
Damian Lewis por sua vez está no topo da forma. E teve um belo laboratório para compor o sargento Brody. Na extinta série Life ele fazia um policial que passou 12 anos em cana por um crime que não cometeu e sentia na pele as agruras da ressocialização. Sua atuação não podia ser mais impressionante. Especialmente nas cenas em que Brody é colocado em situações-limite, o que rende sequências antológicas.
Não surpreende que tanto Danes quanto Lewis tenham sido indicados ao Globo de Ouro 2012. Merecidíssimo. No entanto, o melhor em cena na minha opinião é o veterano Mandy Patinkin, como Saul. Político e racional, ele é profundo conhecedor do sistema e o único que sabe como controlar e filtrar os extremos de Carrie, sua mais talentosa protégé. O tom paternal adotado pelo ator funciona até mesmo durante as cenas de interrogatório. Um bom exemplo é o sétimo episódio, onde ele escolta uma suspeita do México até Langley e faz uma pequena trip pessoal enquanto ganha a confiança da prisioneira.
É na relação dele com Carrie que fica evidente o grande trunfo da série: a química entre os atores.
A afinidade cênica entre Danes e Patinkin é algo que saltou aos olhos logo na première. Em contrapartida, a relação entre Lewis e Morgan Saylor, que interpreta a filha adolescente de Brody, foi uma grata surpresa construída lentamente ao longo dos episódios - e que pontua nada menos que o clímax do season finale numa sequência arrasadora de mandar legiões de cardíacos direto pro IML.
O elenco secundário também é afiadíssimo. É bom ver que a carioca Morena Baccarin não ficou chorando as pitangas após o cancelamento da fraca V. Aqui ela faz a esposa de Brody, a ex-viúva Jessica. Está mais linda do que nunca, by the way.
David Harewood está ótimo como David Estes, chefe de Carrie e um tremendo carreirista pé-no-saco, bem como Jamey Sheridan como o Vice-Presidente dos EUA (um retrato assustador do pensamento republicano) e o excelente ator iraniano Navid Negahban, como Abu Nazir, um dos líderes da al-Qaeda e o captor de Brody.
Não sei se será a série que substituirá 24 Horas, mas até aqui tem sido um paliativo de primeira linha. Homeland foi renovada para mais uma temporada de doze episódios. E a julgar pelo cliffhanger deixado no ar, será imperdível.
Poderia ter sido um daqueles eventos que tornam o fim de ano um pouco mais melancólico, mas não. É uma das raras despedidas em que não há qualquer resquício de tristeza. O lendário Joe Simon teve uma grande vida (e uma vida grande!). Dono de uma carreira respeitabilíssima, foi o primeiro editor da seminal Timely, socou a cara do führer enquanto os EUA ainda faziam chapa branca e teve pelo menos uma criação icônica a constar na cultura pop desde sempre.
Do lado pessoal, melhor ainda: o rapazinho foi o patriarca de uma família enorme. Tudo bem, houveram alguns percalços, sendo o processo contra a Marvel o mais representativo. Mas quem nunca acionou a safada da Marvel na justiça?
Parece que o bromance entre David Fincher, Trent Reznor e Atticus Ross vai longe. Junto com o lançamento digital da trilha do filme The Girl with the Dragon Tattoo foi liberado um vídeo com uma inesperada cover de "Immigrant Song", do Led Zeppelin. Os vocais são de Karen O, do Yeah Yeah Yeahs. É provavelmente a melhor versão que já ouvi do clássico zeppeliniano.
A montagem foi feita pelo próprio Fincher e é justamente a intro do filme. Dark, bizarro e assustador. Como convém.
Ps: o que não livra a produção do status de presepada hollywoodiana. Mas se alguém pode tornar esse remake relevante, é o Fincher.
Chegamos à meia-temporada de The Walking Dead e não foi nenhuma evisceração, nem algum zumbi carcomido que me deixou mais aterrorizado. Foi o artigo do Hollywood Reporter sobre a saída misteriosa de Frank Darabont da série e as desastrosas intervenções da AMC para esticar a margem de lucro. Algo polemizador, mas com análises e especulações bastante pertinentes, o texto pinça um cenário de horror nos bastidores. Elenco atônito com a dispensa do showrunner, cortes radicais no orçamento e polêmicas em torno da equipe criativa. Nem parece que a série é o maior hit da casa, superando até os números mais otimistas - os outros dois grandes da AMC, Mad Men e Breaking Bad, nem arranharam a lataria. Ao que tudo indica, a raiz do problema parece ser os imbróglios financeiros da própria network que entraram em conflito com Darabont e resultaram na saída do mesmo. E nesse ponto, a malversação de verbas no final da primeira temporada não contribuiu em nada.
O que me leva a concluir que a adaptação teve que se adequar ao modelo enxuto de produção imposto pela AMC. A primeira medida foi cortar direto na carne necrosada: menos zumbis povoando os episódios, mais drama e tensão entre os humanos. Pular o arrepiante arco no condomínio Wiltshire States e antecipar a estadia dos sobreviventes na fazenda de Hershel Greene foi o passo seguinte para diminuir custos. Sem mais aquele grupo de desesperados pegando a estrada enfurnados num trailer fedorento, passando fome e sede, sem dormir, sempre fugindo de hordas de mortos-vivos e ainda penando num inverno de lascar - que aliás, seria um detalhe importante (e caro) na trama do condomínio.
Ainda que esse arco não seja essencial para a saga, é importante sob o aspecto psicológico. É um intensivão de tudo aquilo que The Walking Dead trata e do que os protagonistas tanto temem: sobreviver em condições subumanas e zumbis doidos por um naco de carne. Eles deviam passar por isso antes de chegarem à fazenda. Tornaria sua angústia em permanecerem lá mais palpável, tridimensional. Ou, no mínimo, colocaria nosso amigo Shane mais próximo de seu fatídico ponto de ebulição. Fora que evitaria a barrigada narrativa que eventualmente se formou ao longo desse primeiros 7 episódios.
Mas deixando de lado a panfletagem e o radicalismo fanboy, rapaz... a temporada estreou em alto nível.
Pelo visto, colocar o protagonista se esgueirando embaixo de algum veículo abandonado é uma constante promissora na série. Dessa vez foi o elenco principal inteiro ralando o peito no asfalto enquanto uma manada de zumbis fazia sua marcha pela fome. A sequência é de jogar o miocárdio num barril de Red Bull e desde já uma das mais nervosas e divertidas já produzidas por uma série de TV. Mesmo que você me pergunte "mas peraí, de onde vieram todos aqueles zumbis?", eu daria ao menos umas três alternativas bem satisfatórias e seguiria para o próximo tópico.
O episódio segue criando cenas de forte apelo, novamente superando o material original com o cliffhanger trágico do Carl e definindo o perfil de alguns personagens dali em diante - mais notadamente o presunto ambulante T-Dog (se machucando sozinho e sangrando em bicas) e o senhor de todas as fodezas, mr. Badass-Redneck-with-a-Fucking-CrossbowDaryl.
O segundo capítulo é quase todo calcado no drama da família Grimes e a taxa de zumbis/m² despenca. Só aumenta no clímax eletrizante com Shane e Otis encurralados na escola por uma turba putrefacta. Para os leitores da HQ, o episódio também reservou uma redenção em especial: Hershel e Maggie, em carne e osso. E aí bate novamente aquela sensação meio onírica e surrealista, provavelmente a mesma de ver justas personificações de Yorick, 355, agente Graves, Jesse Custer, Leo Patterson. Jessica Jones. É um espetáculo à parte ver personagens marcantes transpondo as dimensões ficcionais. Quase dá pra ver as rachaduras na 4th wall. E isso não tem nada a ver com atuações dignas da Palma de Ouro. É a empatia que conta.
Os episódios seguintes se dividem entre a recuperação de Carl, o início do relacionamento de Glenn e Maggie, o segredo de Lori, o clima desconfortável entre Hershel e o grupo de sobreviventes, a crescente desestabilização de Shane e, claro, as incessantes buscas por Sophia. Muito do clima de terror agregado ao tema da série é colocado em 2º ou até 3º plano, dando lugar à extensos build ups dramáticos e alívios cômicos ou emocionais. Todos relevantes e bem conduzidos, mas com uma consequência imediata que remete à sangria orçamentária explicitada lá no início: a escassez de zombie action.
A economia ficou evidente no episódio 4, "Cherokee Rose", com o surgimento das criaturas se dando de forma singular e, digamos, concentrada, numa espécie de compensação em moeda splatter.
O que é um deleite para os olhos durante uma lauta refeição em algum boteco pé-sujo - porém não o suficiente para espantar a sensação de que a fazenda por vezes se torna um improvável oásis para os personagens.
Só pra ficar num exemplo recente, uma das (várias) coisas negativas da série Falling Skies - ambientada no mesmo formato pós-apocalíptico com ameaças monstruosas à espreita - é justamente ver os protagonistas convivendo, brincando e fazendo planos num território neutro (no caso, uma escola), tranquilos, à luz do dia. É uma zona de conforto que destoa das circunstâncias e que se repete em The Walking Dead.
Talvez a narrativa do arco simplesmente não deslanche na TV tão bem como na HQ, onde tudo é minimalista por natureza. Ou talvez eu esteja mal-acostumado com os humanos vivendo como ratos (e comendo ratos) na franquia do Terminator.
Se na 1ª "temporada" as impressões já haviam sido positivas, nessa 2ª, Daryl está sendo a grande revelação. Interpretado à perfeição pelo ator Norman Reedus (o Scud, de Blade II, é mole?), o personagem, além de ser o mais esperto no trato com mortos-vivos, tem ganhado uma bem-vinda complexidade. Não por acaso, o episódio "Chupacabra" foi um dos melhores até aqui. Com um cameo especialíssimo de Michael Rooker, Daryl mergulha numa autêntica bad trip hillbilly pontuada pela aparição de seu irmão, o Governad... aham, Merle Dixon. Um excelente e intenso momento-solo. Ou, nas palavras do próprio Reedus, "Amargo Pesadelo encontra Motörhead".
Alternando um pouco o ângulo sobre o personagem, cabem algumas considerações. Daryl é um caçador e rastreador, um sobrevivente nato. Come esquilos crus como se fossem doritos. Obviamente é o tipo de pessoa que qualquer um iria querer ao seu lado numa situação daquela. Também é um personagem criado especialmente para a série, ao passo que um elemento muito importante nos quadrinhos ainda não deu qualquer sinal de vida na telinha: Tyreese.
Aos que acompanham a HQ, desnecessário dizer o quão Tyreese é um dos personagens mais queridos e carismáticos criados por Robert Kirkman. A despeito da boa probabilidade que o autor havia dado para sua inclusão ainda nessa temporada, nada é muito certo desde que as coisas andaram tumultuadas na coxia. No cast publicado no IMDb para esta temporada, por enquanto, nada feito.
Responsável por várias sequências de cair o queixo, Tyreese faz o tipo badass motherfucker na mesma escala de Daryl. Caso ele apareça, certamente irá arrancar elogios dos espectadores incautos. Caso nunca apareça por uma união de fatores (redundância + corte de orçamento), Daryl poderia naturalmente assumir os seus passos na série, como vem fazendo, aliás. Quem sabe até concluir a sua saga de maneira ainda mais perturbadora que o próprio Tyreese na HQ.
Daryl, de joelhos em frente à prisão... será?
Jeffrey DeMunn e Jon Bernthal renderam um dos embates mais bacanas da série como Dale e Shane, respectivamente. O veterano DeMunn, presença assídua na filmografia de Darabont, não só consegue capturar todas as nuances do sensato Dale, como o sintoniza ao seu próprio método de atuação. Literalmente roubou o personagem. Do outro lado da balança, o ótimo Bernthal faz um destilado de puro instinto e reação. É notável a degradação moral de Shane indo sistematicamente de encontro a Dale, sua antítese imediata. É algo que nunca ocorreu nos quadrinhos e que certamente deve ter sido um dos grandes arrependimentos de Kirkman - que, na função de produtor executivo, está ganhando a chance inacreditável de lapidar a sua obra enquanto bate recordes de audiência. Sem brincadeira, o sujeito deve achar que está num sonho.
Andrea, por sua vez muito bem representada por Laurie Holden, chegou a protagonizar uma cena de sexo com Shane num lance inexistente nos quadrinhos, mas ao meu ver muito bem sacado (afinal, foi a gota d'água para Dale). A forma como a atriz transita por sentimentos diametralmente opostos, como fragilidade/frieza, é impressionante. Preciosismo cênico de encher o olhos, embora não seja surpresa pra quem se lembra dela como a inesquecível Marita Covarrubias, dos bons tempos de Arquivo X, e como a agente Olivia Murray, em The Shield.
Sobre o sul-coreano Steven Yeun há pouco a se comentar. O cara é o próprio Glenn esculpido em cerâmica oriental. Parece até que Kirkman se baseou nele para o personagem da HQ. E é o ator mais sortudo da série, visto que Maggie é interpretada pela delícia cremosa Lauren Cohan (a mercenária Bela, de Sobrenatural). A química dos dois ainda é apenas razoável, já que seus personagens têm perfis muito diferentes. Bela... ou melhor, Maggie tem um gênio bem mais forte que nos quadrinhos, enquanto ele mantém o mesmo tom passivo do original.
Apesar disso, a dupla tem se afinado nas cenas mais recentes e alguma evolução já desponta no horizonte, com direito a Glenn no zombie massacre mode.
Ah, o amor pós-apocalipse zumbi é lindo.
A atriz Sarah Wayne Callies, em contrapartida, carrega um enorme fardo nessa série. Lori Grimes é a típica personagem sofrida de drama pesado, enrolada numa teia infinda de segredos, conflitos maritais e maternais e outros dilemas sem qualquer solução razoável. Era exatamente assim na HQ e no entanto foi dela o momento mais chocante de toda a saga. Nos créditos finais de cada episódio deveria haver uma menção especial abaixo do nome da atriz: "há um build up em andamento aqui, fellas. E o payoff vai te deixar com as pernas bambas".
Na mesma tocada, Melissa McBride também lida com sentimentos pra lá de tortuosos como Carol, a mãe de Sophia. É um papel difícil, visceral, não tão fácil de assistir, mas que ela conduz com perícia ímpar. Como ela mesma disse, interpretar Carol "é como presenciar uma batida de carro". No mínimo.
Já IronE Singleton tem poucas ferramentas à disposição. Seu Theodore "T-Dog" Douglas é um personagem irrelevante que precisa morrer violentamente o quanto antes. O mesmo vale para os coadjuvantes da família Hershel, praticamente invisíveis.
Quanto ao garotinho Chandler Riggs, o Carl, parafraseio um amigo: "não dá pra esperar muito de um ator criança assim, mas pra mim tá ótimo". Leia num tom menos rabugento e é isso aí.
Já expressei minha admiração pelo trabalho do britânico Andrew Lincoln antes, mas não dá pra não repetir a babação. Muito magro neste mid-season, o ator está imerso no protagonista Rick Grimes. Mesmo descontando os suportes de make-up, efeitos, luzes e o escambau, é visível o estado precário de Rick. Especialmente após ele doar 99% do sangue para salvar a vida do filho. Parecia que o homem ia desmontar a qualquer momento em cena. Performance entregue e impressionante, na escola punk rock de De Niro e Christian Bale. Narrativamente, porém, acabou sendo apagado pelo pró-ativo Shane. Rick continua sendo um líder?
E Hershel Greene. É quase certo que o experiente Scott Wilson nunca nem passou na frente da revista (estou no aguardo pela entrevista no blog da série), portanto é fabuloso como um ator com esse perfil tradicionalesco tenha comprado a premissa com tanto fervor. Soa um tanto menos rústico e austero que na HQ, mas a elegância e sobriedade que ele empresta ao personagem justificam qualquer coisa. Quem não se emocionou com o seu semblante arrasado no clímax do episódio 7 é porque teve o coração devorado por um zumbi há muito tempo.
A fazenda de Hershel também foi palco de uma das grandes questões de The Walking Dead: a real condição dos zumbis. Estariam mortos de fato ou gravemente enfermos? Há cura? Kirkman assimilou esse item da mitologia comum em torno das criaturas, que remonta ao folclore haitiano original. Homens sendo envenenados com extrato de datura, declarados clinicamente mortos, enterrados vivos, desenterrados e, induzidos a um estado de transe, escravizados por algum mestre bokor - Wes Craven fez um filme ótimo sobre isso, A Maldição dos Mortos-Vivos.
Da mesma forma que na HQ, a discussão é apenas superficial. Compreensível, já que sobrevivência é a ordem do dia. Mas recapitulando o polêmico arco do CDC, algumas das críticas apontavam que aquela explicação científica acabaria com a ambiguidade da questão, que seria abordada mais tarde no plot do celeiro de Hershel.
Bobagem. Se a ideia inteira do CDC foi ruim, não foi por isso. Nenhuma das informações divulgadas pelo cientista representou uma reviravolta na mitologia dos mortos-vivos.
Na verdade, foi apenas uma versão moderna daquilo que George A. Romero já havia exposto (literalmente) numa cena didática do filme Dia dos Mortos, seu clássico de 1985.
Pra mim parece mais um dos tributos de Darabont ao Godfather of all Zombies. Não sei quantos mais destes serão presenciados até seus derradeiros trabalhos frente à série, mas tomara que Glen Mazzara, o novo showrunner, mantenha a tradição. E o respeito.
E que conclusão surpreendente. Nem me importa que tenha se afastado, e muito, do que aconteceu nos quadrinhos. Aquele clímax foi The Walking Fucking Dead até a medula. Minha maldita ficha só caiu mesmo quando a trama assim o quis. E isso é mais do que posso dizer da maioria dos roteiros que pululam por aí. Sem redenção às portas do inferno, deixai toda a esperança vós que entrais, quando não houver mais lugar no inferno os mortos vagarão pela Terra, dance with the dead in my dreams listen to their hallowed screams e tudo o mais. Compensou? Pra caralho.
A série retorna no episódio "Nebraska", no dia 12 de fevereiro, em pleno carnaval, a festa da carne. As apostas estão estratosféricas. O caldo que tinha que entornar na fazenda já entornou. Shane já está "no ponto". E alguns ajustes não fariam nada mal. Minha sugestão: mais Rick Grimes, mais zumbis, mais urgência, mais baixas.
E se não for pedir muito, uma pequena escala num certo condomínio antes do provável cliffhanger final dessa temporada...
Set in a bizarre, 1960s inspired version of World War II, action comedy series DANGER 5 follows a team of five spies on a mission to kill Hitler. Danger 5 is the finest group of special operatives the allies have to offer; Jackson from the USA, Tucker from Australia, Ilsa from Russia, Claire from Britain and Pierre from Europe. Each episode Danger 5 unravels another of Hitler’s diabolic schemes and travels across a myriad of exotic locations spanning the globe. The action and offbeat humour never relents as Danger 5 mounts a series of thrilling missions which include discovering Josef Mengele’s perverted Antarctic death circus, busting down Erwin Rommel’s golden murder casino and posing as exotic dancers in an attempt to take out Hitler at his own birthday party.
"Folheando" a edição #19 de Star Wars Tales, uma pequena história se destacou no meio do catadão colaborativo. Escrita por Haden Blackman (roteirista de longa data do universo Star Wars) e desenhada por Sean Murphy (de Joe, o Bárbaro), "Into the Great Unknown" marca o encontro de dois dos maiores ícones do cinema: Han Solo e Indiana Jones. Respectivamente, o maior anti-herói de todos e um dos maiores heróis desde sempre. E ainda traz um belo e triste epitáfio para um deles.
Legal o modo como Blackman brinca com as duas mitologias num curto espaço sem soar forçado. Méritos também para Murphy em sua perfeita cartunização facial do Harrison Ford.
São possibilidades como essa que me fazem agradecer ao Mestre Yoda pelo universo expandido. Será que existe algum crossover de Darth Vader com o Thulsa Doom por aí?
Hora Fatal é uma pequena série brazuca sobre um apocalipse zumbi. O projeto é levado a cabo por Leonardo Barbedo e, além dos vídeos horror survivor em 1ª pessoa, também traz uma espécie de diário de guerra acompanhando os passos de algum candidato a ração de mortos-vivos. Promissor...
Bem que tentei, mas não deu pra permanecer muito tempo indiferente. Odiado do fundo da alma pelos guerreiros true e insensado pela escória mortal sem honra - incluindo gente como James Hetfield e Phil Anselmo (que literalmente vestiu a camisa no recente SWU) -, o grupo sueco Ghost parece pronto pra reinar com fogo e enxofre no cenário do pop pagão. Justiça seja feita, seu debut Opus Eponymous, do ano passado, é Satã em forma de chiclete. Baalbaloo. Macaco véio que sou, fazia tempo que não ouvia uma armação tão bem articulada vinda da casa do capeta. Desde o Antichrist Superstar para ser exato - e com uma nesguinha daquele investimento.
A banda, que também é chegada num teatrinho, está lotando shows na atual turnê norte-americana, tem merchan espalhado em tudo que é canto e já tem quase 1 milhão e meio de execuções no LastFM desde 2010. Mesmo com a popularidade ascendente, a banda sabe que o segredo é a alma do negócio (ou, no caso, o negócio da alma). O jogo é escondido cuidadosamente e nem mesmo suas identidades são entregues: quem responde pelos vocais é o ilustríssimo "Papa Emeritus" e os demais músicos (dois guitarristas, um baixista, um baterista e um tecladista) são creditados como "Nameless Ghouls". Boa sacada para driblar o imposto de renda.
A poesia é aquela podreira. Saca a letra de "Death Knell":
Say, can you see the cross? Inverted solemnly Symbol for the goat Of a thousand young
Six six six Evoke the king of hell Strike the death knell Death knell
Say, can you hear the chimes? Tolls now for the end Bells call out their doom As victor reaches womb
Sex sex sex Recieve the beast of evil Of evil…
Can you say his name? Carrier of the light Legions of this seed A child a spouce will feed
S-A-T-A-N Under spell of death knell Death knell
Uma belezura esse satanismo de gibi. Lembra até o Sarcófago de tempos idos (embora este seja insuperável!). E tudo isso sem levantar a voz ou partir para a cacofonia instrumental, ao contrário do que a estética tipicamente black metal sugere. Até o padre Marcelo poderia cantar essa música.
Outra coisa que chama a atenção é a capa do álbum...
..."levemente inspirada" no pôster do filme A Mansão Marsten, do nosso sempre estimado Tobe Hooper.
A marketagem não podia ser mais diabólica. Ainda assim, alguns detetives de horas vagas (24-7) já identificaram o líder do bando como sendo Mary Goore, do Repugnant (?), via reconhecimento facial chutométrico.
O som do Ghost investe no chamado occult rock do final dos anos 60/início dos 70 - um negócio tão segmentado e outsider que não tem nem verbete no Wikipedia. A tônica soturna e macabra, sem necessariamente ser heavy, vem de bandas seminais como Pentagram, Coven, Salem Mass e até certos números do Blue Öyster Cult e do Pink Floyd dos primórdios. Algo da NWOBHM também perambula por ali, tipo Witchfinder General e Holocaust.
Mas talvez a influência que mais salte aos ouvidos seja mesmo o Mercyful Fate dos primeiros dias, o que é negado com som & fúria pelos detratores. Mas é só checar o clássico Melissa e o catadão Return of the Vampire. Melhor ainda, ouça o Black Rose, a banda pré-Mercy do King Diamond. Não tem erro. Especialmente na inflexão vocal. Alguém está perdendo royalties.
Posto isso tudo, não é surpresa afirmar que Opus Eponymous é um caldeirão de referências rockeiras. Algumas obscuras, outras nem tanto. O fato é que não é apenas déjà vu: você já ouviu mesmo boa parte dos riffs, bases, linhas de teclado e das indefectíveis melodias presentes no álbum.
Minhas favoritas são o refrão de "Satan Prayer" com melodia Yes/Deep Purple em suas respectivas fases pop com levada de bateria disco (!), a instrumental "Genesis" trazendo o tema do Terminator semi-impresso nos acordes e, claro, o hit "Ritual", cujos riffs introdutórios (opa!) se passariam fácil como de alguma banda indie-fofa do festival Planeta Terra.
Queria era ver a cara do Dave Mustaine ao ouvir essa base de guitarra.
Zumbis, bruxaria, espíritos demoníacos, Donovan cantando "Season of the Witch"... Sozinhos, já garantiram a minha presença na sala de cinema. Nem precisavam citar o trabalho anterior dessa turma.
Há apenas oito anos atrás, Superman: Legado das Estrelas dividia opiniões sobre a necessidade de recontar uma conhecidíssima história - no caso uma já muito bem recontada por John Byrne em Superman: O Homem de Aço, de 1986. Felizmente, em nome da globalização e de um projeto muito bem cuidado pelo roteirista Mark Waid e pelo desenhista Leinil Francis Yu, a empreitada acabou se justificando. Mas como os melhores inimigos do Superman, o famigerado relaunch sempre retorna. Ele está para a DC assim como a "morte" está para a Marvel. E em ambas as editoras, conceitos como bom-senso e continuidade parecem ter retornado pra caixa de sugestões.
Ciente de que não estou revelando o mistério da energia escura aqui, lá vai: relaunch é uma merda. Ruim se for de um único personagem, pior se for de todos excetuando o que é conveniente. Decisão editorial do tipo que me faz lembrar que leitores de Tex, Zagor, Mister No, Dylan Dog, Martin Mystère, Júlia Kendall e Mágico Vento nunca reclamam. Nada, nem um pio. Taí um clube que eu gostaria de entrar. Mas as coisas são o que são. Metallica e Lou Reed gravaram mesmo juntos, colocaram o Kelso no lugar do Charlie e o Flamengo foi espancado na Sul-americana. "Keep calm and..."
Ao menos a nova proposta para o Azulão é original. Ou quase. É inovadora pra quem tem menos de 60 e não acompanhou outro perfil do Clark que não aquele ideal americano encarnado - a um mícron do übermensch fascistóide explorado em abordagens mais ousadas, como Superman: Entre a Foice e o Martelo (queria eu ter uma foice e um martelo pra acertar na moringa de quem criou esse título) e até a inesquecível série animada Liga da Justiça Sem Limites. Sendo assim, parabéns aos editores da Panini pelo timing afiado: DC+ Aventura #3 é uma modesta porém bela introdução para esse recomeço do Superman.
Na história "A Cara do Autor", um jornalista da velha guarda inadvertidamente dá vida ao velho Superman dos anos 30. O problema é que seu ideal de justiça límpida e efetiva não se aplica à complexidade dos dias atuais. O roteirista Joe Casey sabiamente evita situações apelativas (como um embate físico entre dois Supermen) e faz uma singela homenagem aos valores que o herói defendia em seus primeiros dias. Confesso que essa história me emocionou um tanto mais do que eu esperava, particularmente na resolução do entrevero. Muito bom. De bônus, a edição finaliza com a origem do Superman por Jerome Siegel & Joe Shuster, em duas páginas da mais pura síntese narrativa. Minimalista é pouco.
Action Comics #1 mostra que o novo Superman bebe na fonte primordial de Jerry Siegel, Bill Finger (co-criador não-creditado do Batman) e Don Cameron. Sem mais guerra dos mundos, hipervilões-deidades e space operas em 89 capítulos e 52 tie-ins (por enquanto). Clark voltou a ser o herói dos oprimidos, o defensor da classe operária, o sal da terra. E o escolhido para guiar o novo rumo do personagem talvez seja o mais apto em todo o cenário dos quadrinhos atuais.
Traça que é, Grant Morrison deve ter salivado com a possibilidade de usar tudo o que sabe após todos esses anos de acesso ilimitado aos Arquivos DC. E também deve ter chorado de amargura quando percebeu que nem tudo funcionaria de acordo com o objetivo comercial do relaunch. A coisa toda teria que ser adaptada aos novos tempos. Tempos de Zeitgeist, WikiLeaks, Anonymous, Occupy Wall Street. Tempos de recessão mundial. Estados Unidos e Europa pulando juntos para o abismo. Máscaras de Guy Fawkes dobrando as esquinas.
Desde o nada discreto título da história, "Superman versus The City of Tomorrow", até a dinâmica re-re-repaginada do herói, agora com os pés atolados no chão (literalmente, já que não voa, apenas salta), tudo está em plena sintonia com as pessoas que defende - todo o proletariado que uma grande metrópole como New York, ou Metrópolis, pode comportar. Já de cara, Superman detona um mega-empresário corrupto que celebrava seus novos ativos em seu luxuoso prédio, com direito a champanhe na sacada. Ficção? Talvez o título mais adequado para a história fosse "Superman versus The 1%".
Esse populismo todo provavelmente não vai durar. A 2ª edição já traz um gancho que sugere a volta do antigo background com ênfase no ficcional. Mas a mensagem da estreia não deixa dúvidas.
Narrativamente, porém, Morrison lança mão de alguns recursos bem previsíveis. Cidadãos comuns defendendo o Superman num momento de aperto e a vidinha suburbana do Clark praticamente reedita a fórmula consagrada pelo Homem-Aranha/Peter Parker. Uma operação militar tentando capturar o "monstro" também lembra a rotina de um certo grandalhão esverdeado. Se não depõe contra, muito menos a favor.
E o mais importante: o novo Superman, badass? Acalmai-vos, nerds exaltados de Midgard. Mais reacionário, talvez. DaquelagrosseriadaEradeOuro pouca coisa foi mantida, mas nada que lembre a saudável (e visceral) rivalidade com Fletcher Hanks nos áureos tempos. Morrison se segurou, por motivos óbvios.
Ainda não será dessa vez que ele fará o "escoteirão" escapar de uma perseguição sem deixar testemunhas.