Com um espirituoso título, "O Inferno não pode esperar" é a clássica história onde os X-Men são divididos e conquistados pelo altivo Clube do Inferno. A trama era um trem descendo a ladeira sob o comando de dois maquinistas insanos no auge do descontrole: Chris Claremont e John Byrne. Não é exagero afirmar que esse foi o O Império Contra-Ataca da equipe mutante (lançado no mesmo 1980, o ano das convergências vilânicas instauradas no poder). Para os heróis, aquele momento foi amargo, humilhante e tudo indicava que o futuro era negro, baby.
Porém, na cena derradeira, a hora da retribuição se avizinhava no horizonte - e na história dos quadrinhos.
(trilha redentora do Morricone aqui)
Wolverine se reerguendo no fundo do poço (do esgoto, aliás) foi, valorizando o trocadilho, o divisor de águas. Já tínhamos visto o baixinho enfrentando problemões e caçando confusão antes, mas nunca daquele jeito. Eu não iria querer ser sócio do Clube "nem por todo o whisky da Irlanda".
Referenciada e reconstituída ao longo dos anos, a imagem teve seu inegável apelo subestimado tanto pelos editores aqui do Brasil quanto pelos editores americanos. Mas, prevalecendo, adquiriu status icônico e contribuiu e muito para criar o personagem-produto que ele é hoje. Isso foi há 25 anos (30, considerando The Uncanny X-Men #132 original).
Em 1993, Byrne incluiu uma reinterpretação da imagem em seu portfolio, no que parece ser o instante seguinte da cena original.
Fazer esse tipo de coisa sem soar auto-indulgente não é pra qualquer um.
1993 também foi o ano do "Wolverine Blues", pedrada death'n'roll clássica do Entombed.
Era uma época onde a música e a literatura falavam mais ao coração.
Post descarada e miseravelmente inspirado por Elijah Price. Dê um desconto... tudo isso faz parte de um grande plano de reabilitação blogueira.
7 comentários:
Eu tinha essa edição.
Clássico supremo, era um piá e fiquei empolgadissimo quando li!
Agora fiquei curioso para saber se o payoff fez jus a esse buildup...
Eu tenho a edição,(depois comprei o encadernado),e realmente essa imagem define bem o Wolverine que conhecemos hoje em dia!!!
Essa imagem é icônica. Pra mim, junto com o Batman porrando o Super no final de Cavaleiro das Trevas, é parte fundamental da minha adolescência.
Bela memória, cachorro! :)
"O Império Contra-Ataca dos Mutantes". Exato.
Superaventuras Marvel é sem sombra de dúvida um marco no que diz respeito a revistas mix de super-heróis no Brasi. Eu diria até de regularidade acidental, dada a expressiva quantidade de bons títulos que passaram por aqui, principalmente na segunda metade da décade 1980 e início da de 1990. Como bem disse, os irretocáveis X-Men de Claremont & Byrne viveram aqui seu período mais consagrado, chegando ao ápice daquele duo na inebriante #45 com 'Dias de um Futuro Esquecido'. Mas fica também pra História aquela #71, dedicada exclusivamente aos mutantes, naquele que eu acredito que seja até hoje o mais brutal confronto que os pupilos do Sr. Xavier já tiveram com a Ninhada.
Aliás, vale dizer, ninguém daquela formação sobreviveu a infestação dos aliens, se "sobreviveram" foi graças a tecnologia de clonagem dos Shiar, realocando suas memórias para os novos corpos. Inclusive, ouso dizer (falando bem baixinho) que Paul Smith em vários momentos chegou a eclipsar a mémoria afetiva residual que nutria pelo Claremont. Outra edição (aos meus olhos) fetiche é a #49, que continha aquele conto redondinho do Demolidor, ilustrado por David Mazzucchelli, em que Matt come o pão que o Mefisto amassou numa mansão repleta de armadilhas mortais.
Cara, por 5 minutos inteiros pensei que Marvel Max da Panini seria a "Superaventuras Marvel" dessa geração, mas daí pensei melhor: aquela porra mal editada e repleta de cortes é hors concours.
Essa scary tale do Demolidor em SAM #49 foi antológica mesmo. Um mix de "Vidas em Jogo" com "Westworld". E é pouquíssimo lembrada por aí. Bem que merecia uma revisitada na Marvel + Aventura.
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