quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Kneel before Thor


Nem sempre são as grandes produções que nos marcam. Às vezes, esse papel é assumido por filmes com ambições mais modestas, escapistas, não raro beirando o guilty pleasure. Foi mais ou menos meu caso com Uma Noite de Aventuras (Adventures in Babysitting, 1987), com a adorável Elisabeth Shue no auge de sua adorabilidade. A história era um Depois de Horas adolescente safra anos 80, levando o(s) título(s) ao pé da letra. Figurinha fácil na Sessão da Tarde até uns anos atrás. E eu, telespectador fácil do filme, sempre que podia. Por uma inesperada afinidade.

Por exemplo: um dos garotos é apaixonado pela personagem de Shue, a tal babá (leia-se garota mais velha-quase mulher), que se mostra compreensiva, lisonjeada, doce e totalmente demais ao lidar com esses sentimentos (por causa dessas coisas que ele se apaixonou em primeiro lugar) antes de tentar dissuadí-lo com pretextos do calibre de você-tem-a-vida-inteira-pela-frente e o destruidor a-nossa-amizade-é-muito-mais-importante e se voltar para o seu verdadeiro target romântico, que é independente, descolado e está na mesma faixa etária que ela... ai... alguém mais precisa uma bebida?

Se isso bateu forte, o que dirá da irmãzinha caçula do rapazote de coração partido: um autêntica fanboyzinha do Thor, colecionadora de gibis e pôsteres do herói, e que usa roupas com as cores dele - com direito à elmo com asinhas e um Mjolnir de plástico!

Logicamente, ela e seu ídolo são zoados o tempo todo pelo irmão mais velho, mas isso até ela e o próprio "Deus do Trovão" salvarem a pátria numa cena emocionante...


Confesso que só um tempão depois percebi que era o Vincent D'Onofrio ali. Ator improvável, atriz improvável e até herói improvável (Thor, referenciado numa comédia juvenil em plena década do neon?). Mas de alguma forma a química aconteceu e até a essência do que é ser um herói está lá, fazendo o que os heróis fazem: a diferença.

Uma das homenagens mais bacanas que o cinema já prestou aos quadrinhos.

Um comentário:

queiroz disse...

E até hoje ela deve ser perguntar, onde está o Elmo do Thor. Terias se perdido na Convergência?