quarta-feira, 10 de março de 2021

Longa vida ao Mago


Quando soube da partida do veteraníssimo quadrinhista Frank Thorne, domingo último, me senti como o cara de Cinema Paradiso. Foi a primeira notícia que tive dele desde moleque. E justamente a derradeira.

Igual à maioria, cresci encantado pela arte singular do mago barbudo em seu trabalho mais icônico: Red Sonja. ❤️ ❤️ ❤️

Impossível falar da personagem sem lembrar da passagem dele pela revista solo da heroína no período 1977-1979 (mais a Marvel Feature #2, de 1976). Muito além de desenhar a intempestiva e voluptuosa guerreira ruiva, Thorne redefiniu a titular da "armadura-biquíni metálica" (cortesia marota de Esteban Maroto), influenciando tudo o que veio depois na categoria mulherada-chutando-bundas-na-quebrada-sword-&-sorcery.

Meu 1º contato com o trabalho do mestre foi há exatos 36 anos (putzgrila), mas ele já peregrinava por terras brazilis desde meados dos anos 1950. Sua carreira começou aos 18 anos, em gibis de romance. Logo após a formatura, aos 20, tirou a sorte grande. Bateu à porta da King Features com seus esboços debaixo do braço e saiu de lá contratado para desenhar as populares tirinhas do Perry Mason, abocanhando uma pequena fortuna.

O que seguiu foi um mergulho de cabeça nos universos pulp de editoras como Dell, Warren, Gold Key, Seaboard e Archie. Desenhou histórias do Besouro Verde, Jim das Selvas, Flash Gordon, Às Inimigo, Drácula, Tarzan, Fantasma, Tomahawk e incontáveis outros. Retornava às tiras sazonalmente, como Dr. Guy Bennett/Dr. Duncan, desenhando barbaridade até evoluir para o famoso traço que o eternizou à frente da guerreira hyrkaniana.

Após o furacão Sonja, Thorne trilhou o caminho de todo grande quadrinhista, preterindo as grandes editoras em favor de uma carreira 100% autoral e 200% engajado na fantasia erótica. Nessa fase, estão quadrinhos sensacionais como Ghita of Alizarr, The Iron Devil, Moonshine McJugs para a Playboy, Lann para a Heavy Metal e Danger Rangerette para a National Lampoon, entre outros — todos esses criminosamente inéditos por aqui.

Fez de tudo um pouco. Mas, com exceção de um Espectro furtivo nos anos 70, nunca desenhou super-heróis, que detestava.

Se Robert E. Howard alucinava que escrevia vigiado por um gigante de bronze com um machado, Thorne sofria uma marcação cerrada de algo bem mais aprazível (e real!).


Às vezes penso que os quadrinhos eram só um pretexto: o negócio de Thorne era mesmo personificar Thenef, o Mágico (ou Shard, o aventureiro espacial!) (ou Grampy, o veinho caipira safadão!) e badalar por aí com suas Thornezettes.






Além disso, nunca existiu animador de Comic Con melhor do que ele...

6 comentários:

Marcelo Andrade disse...

....e mais uma lenda se vai para o hall dos FODASTICOS desenhistas. E que Ymir o carregue. Abraço.

Scant disse...

de ter sido uma boa vida

Scant disse...

* deve

doggma disse...

Marcelo, acho que o barbudo foi carregado por um batalhão de bem alimentadas ninfas...

👼 👼 👼 👼 👼

Scant, não foi boa, foi a MELHOR!

VAM! disse...

"... os quadrinhos eram só um pretexto..."

Esse daí soube usar a criatividade a seu favor, nunca comprou uma bola de baseball por um milhão, mas em compensação...

"... Thornezettes..."

Um dia você tem que publicar um glossário de Insight Doggmanianos!
Quem sabe nos 20 anos do BZ, (se chegar né)?

Abs,
VAM!

doggma disse...

Faltam só mais 3 anos, VAM! Que comecem as apostas. Ou o bolão pé-na-cova...

Vou lançar os Insights Doggmanianos ao estilo da Gorrion: pego o adiantamento das lojas e vou ali na esquina comprar um cigarro!

Abração!