Já há um bom tempo ando com o nariz enterrado nos arquivos do Cartoonist Kayfabe, dos quadrinhistas Ed Piskor (X-Men: Grand Design) e Jim Rugg (Afrodisiac). Além da "folheada proibida" (quem nunca levou um puxão de orelha do dono da banca?), eles elaboram um exame página a página da HQ da vez com o melhor papo de boteco possível.
Uma das minhas folheadas prediletas é a da COLOSSAL e BOOOMBÁSTICA X-Force #1 (jun/1991), da dupla quintessencial do zeitgeist massavéio noventista Rob Liefeld & Fabian Nicieza. É uma maravilha. Mas não pelos motivos de sempre.
Sabiamente, os dois evitam a manjada malhação do(s) Judas. Até por quê, para aqueles que têm o mínimo de critérios —e sabemos que fanboys são muito criteriosos, não é?— seria como chutar cachorro morto.
Liefeld e Nicieza não valem um copo de Paratudo, o que é ponto pacífico (espero). Mas também é visível que, no meio do chorume, co-existia ali uma profusão de ideias promissoras, novas e/ou rearranjadas, ironicamente sabotadas pela própria imaturidade e inaptidão narrativa do par, sem um único filtro de bom gosto (ou bom senso) para administrar a sobrecarga de cultura pop. O que não impediu a edição de vender seus 5 milhões de exemplares só nos Estados Unidos da América Fuck Yeah.
Piskor/Rugg destrincham o blockbuster de Liefeld/Nicieza com uma lupa quântica. E em cada quadrinho amplificado saltam aos olhos as fagulhas de genuíno entusiasmo e dedicação pelo que eles estavam fazendo e que não é outra coisa senão a expressão máxima da experiência quadrinhística. E que, por sua vez, acabou recarregando a minha arriada bateria de gibizeiro das antigas.
Sim, chegou o dia que tanto temia: fiquei inspirado após ver um gibi do Rob Liefeld.
Claro que achei graça das romantizadas e hipérboles efusivas (disparadas, em sua maioria, pelo empolgado Piskor) em cima de sequências que são, em última análise, apenas quadrinho ruim com força. O mesmo para as insistentes analogias relacionando o "estilo" Liefeldiano ao do Fletcher Hanks, criador do Stardust the Super Wizard e da Fantomah. Ah, por favor. Onde o venerável Hanks era pura virulência e idiossincrasia (por sinal, ele também era um completo vida loca que bem merecia um filme ou uma série biográfica naqueles padrõezinhos HBO-filé), Liefeld é só um manqueta descendo a ladeira durante um terremoto. Mas é legal desopilar por alguns momentos e compreender melhor por que aqueles quadrinhos mexeram tanto com os corações e mentes da piazada da época.
No fim da viagem, antes de retornar ao meu Northrop Frye (pfff), um último espasmo foi inevitável: X-Force #1 é massa, velho.
8 comentários:
Acredita que vi só agora seu comentário na minha frustrada tentativa de retorno aos blogs? Pois é, não consegui... quem sabe agora? Não sei... ainda existe o grupo de X-Cluídos? Se ainda existir... ou ao menos um grupo de WhatsApp talvez? :D
Meu...... Sei que é do Liefield, mas AMO o fim de New Mutants e esse começo de X-Force, pelo menos até a edição 4, com o crossover com o Aranha de McFalarne (edição 16). Sei que hoje isso é considerado material ruim, mas é o tipo de material que leio sempre, e me coloca um sorriso no rosto.
O Liefeld nunca fez minha cabeça, nesse tempo aí eu era vidrado no Jim Lee, Todd McFarlane, Whilce Portacio e ROMITINHA. Mas realmente o cabra transmitia ENERGIA nas páginas, ao menos nesse início.
Curiosidade: essa splash page de invasão de base (e a página anterior) é idêntica a do Pérez nos Titãs na entrada do QG da Colmeia. O cara tinha seus problemas com anatomia, mas era esforçado.
Salve, grande Ricardo ".:Logan:."! Rapaz, quem é Carcaju sempre aparece...
Então, foram 5 anos até você fazer um reply. Low profile ao extremo, rs. A essa altura, é melhor tentar um Twitter ou um Instagram. Blogger é terra arrasada. Estou aqui só esperando os últimos saírem para apagar a luz.
Por incrível que pareça, o X-Cluídos existe até hoje em grupo de e-mails (x-cluidos@googlegroups.com) e agora também no WhatsApp. Eu, Sandro, Fernando Ivo, Guimba Lutti, Claudio Cebola, Kel, Danielle Tomate e, sazonalmente, Drax e a Buca. Dookan e KK deram linha há muitos anos. E Dude (x-dude) e Junior sumiram do mapa.
Abração e espero que esteja tudo bem aí em 2026!
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Alexandre, do Liefeld gostava (ainda gosto) daquela estreia dele aqui, "O que aconteceria se Wolverine fosse agente da SHIELD?", que saiu na Hulk #83. Só que coincidiu justamente com meu período de 10 anos afastado das HQs - ou seja, a década de 1990 inteirinha. Aí quando voltei a ler e fui conhecer o que se produziu na época, sem ter vivenciado isso na época, já viu...
Mas pretendo revisitar esse material que você citou com essas lentes aí do Piskor e do Rugg. Valeu pela dica.
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Do Vale, putz, Romitinha tava no auge. Pena que foi tão maltratado (=recortado) pelas edições da Abril.
Sim, ENERGIA. Esse era o ponto.
Esforçado e com grandes referências. Pérez, Byrne, Davis foram os pais e as mães da geração Image.
"Sei que hoje isso é considerado material ruim,..."
Considerado ruim por quem? Pelo povo que compra as panfletagens atuais da Marvel? Vindo desse povo, isso é até elogio.
Cara... essa escalação é praticamente uma seleção de 70 dos fórums/fanfics hein? Que belezura!
Pode me incluir no grupo por favor? kanashirologan@gmail.com
Muito thanks irmão!
Ou então no grupo do Whatsapp.... 11|94581|4940
Abraço!
Mandei a solicitação pra galera lá (no grupo de e-mails, acho que o Cebola é o administrador). Deve chegar por aí.
Abração!
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