terça-feira, 25 de março de 2025

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Abrupto como uma aparição no meio de uma estrada deserta: divulgado o pôster de They Follow, sequência de It Follows, a sensação indie de 2014. E que sensação. Sem nenhuma major por trás, o filme de David Robert Mitchell arrecadou 23 milhões de doletas de bilheteria, dezoito vezes o seu valor de produção. Além do público, também ganhou as graças da crítica, um cult, hã, following dedicado, além de catapultar a Maika Monroe para o estrelato, quase. Mas, como bom aprendiz de iconoclasta, não curti.

Nunca entendi como o filme conseguiu notas tão boas. Parecia alguma fissura americana em ter seu próprio Deixa Ela Entrar original, o seu próprio mythos cult. O filme trai suas regras internas seguidamente e a sensação de tempo jogado pela descarga no final é incrível. Fora as tecnicalidades ectoplásmicas. Pra começar, é um espírito maligno que se machuca quando leva tiro na cabeça (e sai sanguinho). E se tem uma entidade assassina que só você vê e que nunca para de te seguir (tá, a ideia é boa), que tal reunir os amigos, ir à praia, dar as costas ao mundo e sentar de frente para o mar?

Sem contar a apatia da geração Y empesteando o filme inteiro. Foi a parte mais difícil de aguentar. Haja Prozac. Este é meu post-pra-falar-mal. Já posso dormir sossegado.

Mesmo com tudo isso, fiquei surpreso pela volta ao conceito após longos 11 anos. O figura David Robert Mitchell, diretor, roteirista e produtor, resistiu bravamente à tentação. E aos boletos.

As filmagens estão previstas para este ano. Por enquanto, não há muitas infos. Originalidade não parece despontar no horizonte, tanto pelo retorno de Maika Monroe ao papel quanto pelo próprio pôster, com latente inspiração poltergéistica, além, é claro, do batismo desavergonhadamente carpentesco.

E se o original desenvolvia uma metáfora ao medo do HIV, HPV e outras doenças sexualmente transmissíveis, o título da continuação cai como uma luva no atual medo do cancelamento. Outros tempos.

Seja como for, It Follows e They Follow (interessante como o "S" do nosso plural age em sentido inverso aí) é mais um caso de trapalhada da versão brasileira. Aguarde por um Corrente do Mal 2, o título mais burocrático e tedioso de todos tempos – ao passo que em Portugal deve sair com um polivalente e fidedigno Vão Seguir-te. E novamente os lusas vão se sair melhor.

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