quarta-feira, 28 de julho de 2004

"FOI TUDO TÃO DE REPENTE... EU JAMAIS IRIA ESPERAR..."


...que o teaser mais comentado dos últimos tempos fosse liberado hoje...! Num puta capricho do destino, fiquei sabendo através do Guimba (e pra quê diabos estou linkando?), que assumiu que é freqüentador assíduo do Omelete. Nada de "antes de I, Robot", nem de "antes de Cat-Woman". Nada de intervalo milionário na Oprah ou no Superbowl. Foi sem ninguém esperar. Adorei isso.

Já havia lido descrições do teaser antes, mas vê-lo de fato foi uma emoção única. A impressão inicial é de que segue à risca os primórdios do texto original e um cuidado todo especial com as fontes. Nada de imagens impressionáveis e bombásticas, e sim, de citações com conhecimento de causa, construção de caráter e motivações. Está tudo lá: a amargura estampada nos olhos de Bruce ainda criança (após a morte dos pais), a presença zelosa - e quase paterna - de Alfred, a descoberta de um horizonte de possibilidades e... justiça poética.












Sem comentários. Normalmente eu analiso, faço uma piada... mas agora não consegui. Tô que nem o João Saldanha na Copa. É a 1ª vez que verei um FILME DO BATMAN (saca o conceito?) e estou sem palavras. Aliás, tenho certeza que a maioria não verá "nada demais" no teaser. É foda ter 27.

Ps.: Um dia ainda escreverei um análise tão intrincada de Amnesia, que pra entender será preciso a leitura de A Metamorfose, O Universo em uma Casca de Noz, A Insustentável Leveza do Ser e Menino de Engenho.

Teaser do futuro filmaço (já decidi que vai ser)
Site oficial


MILIONÁRIO E ZÉ RICO
(hoje eu tô um pândego com esses títulos)


Narc (a.k.a. Narco, EUA/2002), é um melhores filmes de suspense policial dos últimos 10 anos. Escrito e dirigido por Joe Carnahan, Narc traz seqüências de tensão pesada e visceral (os primeiros 5 minutos são de quebrar o encosto do sofá) e uma trama que, se não tão original, é muito bem estruturada. E também traz um trabalho nada menos que excepcional de dois atores que têm um histórico filmográfico bastante complicado: Ray Liotta e Jason Patrick.


Pra mim, Liotta sempre foi um bom ator - basta conferir filmaços como Os Bons Companheiros (1990) ou The Rat Pack - Os Maiorais (1998 - produção da HBO onde ele interpretava Frank "Old Blue Eyes" Sinatra). Como ele é um profissional altamente prolífico (tá em tudo quanto é filme!), é natural que suas escolhas nem sempre acertem o alvo. É a única teoria - minha, por sinal - que explica sua presença em buscapés como Turbulência e Fuga de Absolom (que até vale uma Sessãozinha da Tarde), e é justamente um dos fatores que torra o seu filme com os críticos.

Voltando ao assunto (e vocês nem imaginam aonde quero chegar...), aqui, no papel do tenente Henry Oak, Ray faz o tipo que sabe melhor: ele mesmo. Quando quer ser bonzinho, ele parece até político em final de campanha. Os olhos azuis e o sorriso sincero praticamente reluzem no escuro. Você compraria um carro usado da mão dele, sem pestanejar. Mas quando ele começa a rosnar, sai da reta. O cara fica ameaçador, e aquele olhar angelical do começo cai por terra.


Jason Patrick já foi um aspirante à cadeira que Brad Pitt ocupa hoje (e que pertenceu à Tom Cruise). Após um promissor início de carreira (iniciado pelo filme Garotos Perdidos), o rapaz deve ter ido morar lá pelas bandas do Oiapoque. Ele sumiu. Mas vez ou outra ele dava as caras, tanto em filmes interessantes (Incognito, 1997), quanto em bombas nucleares (Velocidade Máxima 2, também de 97).

A despeito de sua cara de galã de quinta, ele sempre demonstrou fôlego no que diz respeito à cenas de ação e, como ator, é um canastrão até razoável. Narc traz a sua melhor performance até hoje, na pele do policial Nick Tellis. Ele está bem transtornado, amargurado e um tanto psicótico. Cheguei à conclusão de que ele é o tipo de ator que depende 100% da natureza do personagem que vive, ao contrário de um Edward Norton ou um Johnny Depp da vida, que têm a manha (e o talento...) de se encaixarem em qualquer contexto.

No filme, Patrick e Liotta são parceiros em cena na maior parte do tempo. Surpreendentemente, conseguem uma boa química juntos - o que o diretor Carnahan espertamente explorou em longas seqüências de interação dramática entre os dois.

Analisando mais de perto, vemos uma certa "cadeia de comando" nessa dupla. Liotta tem a natureza de um líder, seja pela sua presença intensa, experiência de campo, ou mesmo pelo seu comportamento irascível. Diferente de Patrick, que demonstra ser uma pessoa introspectiva e pragmática - apesar de igualmente anti-social. Curiosamente, eles se complementam, mesmo tendo um modus operandi oposto. Essa é uma das (grandes) surpresas de Narc.

- - Daqui pra frente as imagens são de Grayson, curta realizado por John Fiorella - -
(uns 10 minutos depois de ver o quanto são parecidas...)


Agora, de volta pra casa: navegando pelo Cag@mba (tá arrebentando, hein Luiz), vi o teor do preview de Grayson - um curta do-it-yourself dirigido por John Fiorella. Eu já havia lido à respeito no grupo de discussão Somos X-Men (que de mutante só tem o nome...), o qual participo, e também no onipresente Omelete.

Agora, prepare-se para uma fragmentação gramatical irresponsável da minha parte: Ok, passada a primeira impressão (nada boa: oportunismo condescendente, produto "B" fake, alpinismo video-maker, sub-Collora, etc.), vi que tanto o personagem principal, Dick Grayson (o Robin, parceiro do Batman, pra quem se trancou em um bunker nos últimos 40 anos, achando que a Crise de Cuba iria culminar na 3ª Guerra Mundial), quanto o conceito da narrativa - abandonar os entes queridos por uma vingança, em uma guerra praticamente perdida - lembram muito a idéia básica de Narc (ufaaaa, cheguei ao ponto...!).


E agora, mais relaxadamente, por pontos: Dick (o próprio Fiorella - isso que é botar o seu na reta!) é cagado e cuspido o personagem do Jason Patrick em Narc. E não falo de leves semelhanças não, é o contexto inteiro do personagem, inclusive o visual! Aparentemente, ele está casado e tem uma filhinha com Barbara Gordon, ex-Batgirl. Há muito tempo ela abandonou as orelhinhas de morcego postiças e agora quer ser apenas uma dona-de-casa padrão.


Com o assassinato de Bruce (no curta... putz, isso é um elseworld então!), Dick não aquieta o faixo até ir atrás do culpado - aparentemente uma conspiração engendrada pelo Coringa, envolvendo Charada, Pingüim, Selina Kyle, Clark, Diana e até Hal Jordan (...!!). Com isso, o menino-prodígio, em sua obsessão, acaba abandonado por mulher e filha, o que é uma ótima desculpa para treinamentos, investigações e porradaria. Igual-à-Jason-Patrick-em-Narc².

Isso acaba sendo um excelente diferencial de Grayson. Durante muito tempo, sempre foi questionada a validade de uma "dupla" nesse universo fictício. Em especial a clássica Batman & Robin, prejudicada ainda mais pelo teor "Clóvis Bornay" do seriado dos anos 60. Acho que se houvesse uma abordagem mais ríspida e menos subliminar (como em Grayson, e na relação de Liotta e Patrick, em Narc), o formato de "parceria" poderia ser resgatado sem traumas. Afinal, originalmente, é uma ótima idéia, mas extremamente defasada nesses dias cínicos em que vivemos. Tenham em mente Vince Vega e Jules Winnfield... Dupla dinâmica é isso aí!


Sem contar que Dick é espancado que nem boneco de Judas em dia de Páscoa. Jason Patrick também levou na cara impiedosamente durante as duas horas de Narc.


...e é isso que eu chamo de Mulher-Gato... esse vídeo já é obrigatório só pelos sussurros e "quebradinhas" da gatinha Kimberly Page... meow... ;)

Grayson - -

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