O melhor jeito de apreciar Ruptura (Severance, 2022) é de forma humilde, penitente e resiliente. Nada de sinopses marotas e trailers sem noção: mergulhe direto na fonte. A série da Apple TV+ traz uma construção em camadas e não entrega nada tão fácil, mas faz valer o... salto de fé.
Criada pelo escritor e produtor executivo Dan Erickson, a série é uma aula de roteiro slow burn executado à perfeição. Mas nada seria o mesmo se não fosse a direção cirúrgica de Ben Stiller, que responde por seis dos nove episódios. Sua condução precisa dentro de uma cenografia mesmerizante, asséptica e carregada de rigor simétrico chega a remeter a Playtime: Tempo de Diversão (1967), o clássico injustiçado de Jacques Tati.
Sem exagero. Acho.
Também pode ser exagero meu a existência de uma certa metáfora à Cientologia — impressão reforçada pela semelhança física do ator Adam Scott com o endorser Tom Cruise. Vai saber.
O que não é exagero é que Ruptura é a série do ano. Provavelmente.