terça-feira, 27 de setembro de 2022

Ele foi o Mayor

Chegou o 3º e último volume de Alvar Mayor, da editora Lorentz...


...e só consigo pensar: "porra, bicho, o Ota morreu".

É mais um daqueles momentos em que a vida nos pega de supetão, nos lembrando o quanto ela passa rápido.

Na verdade, já fez um ano dia 24 último. E a obra da genial dupla Carlos Trillo e Enrique Breccia foi um de seus últimos trabalhos — quiçá o derradeiro. No volume anterior, ele fez a supervisão, a diagramação e o texto complementar. Aqui, ele é creditado apenas como responsável pelas letras (não especificado se o letreiramento em si ou as fontes digitais que ele mesmo criava), ao lado de um cerimonioso "em memória".

Ota sempre foi bastante ativo em seu perfil no Facebook. Era divertidíssimo acompanhar e interagir com ele por lá. Ainda hoje, bate uma sensação surrealista de que, a qualquer momento, vai pipocar uma tirinha nova ou uma foto dele tomando uma cerva em algum pé-sujo. E que, entre uma coisa e outra, um post com algum causo desconhecido e sensacional dos bastidores do mercado nacional de quadrinhos.

E ele tinha muitos pra contar.


Cara... que saudade do Ota.

domingo, 25 de setembro de 2022

As 13+ da Rádio BZ FM


Não sei bem porquê, mas ontem, vendo tevê, bateu a vontade irresistível de embarcar nessa de #desafio13livros ou #13livrosvermelhos ou sei lá o nome.

Ps: gentileza ignorar os gibis ao fundo. Eles não têm lombada vermelha (vacilo, Comix Zone!).

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Helltrailer!

EsaiuotrailerdeHellraiser...


Não é um red band trailer, o que é ótimo. Muita estética, cinematografia e a apresentação dos novos Cenobitas, pra quebrar o gelo. Tudo muito agradável, mas fiquei particularmente emocionado com o Leviatã de soslaio e a Configuração do Lamento... configurando lamentos.

A expectativa por bons sofrimentos está lá em cima!

Crush verde-urânio

A série da Mulher-Hulk é problemática, fato. Mas, a despeito de ser um típico produto dessa fase sorvete-na-testa da Marvel Studios, é um guilty pleasure diliça. Dropzinhos de meia-hora pra relaxar com a Tatiana Maslany cheia de graça. Quero muito mais não. Só uma xícara de café e um... bom número de encadernados com a injustiçada fase inicial da personagem na íntegra.

Colocando as HQs na ordem para uma maratona light, só agora vi que o título The Savage She-Hulk viu a luz do dia por aqui até a edição #10 (de 25). Tudo pela descontinuada RGE, via Almanaque Premiere Marvel e O Incrível Hulk, há 42 longos anos. O que é lamentável, visto que está tudo compiladinho e ok-to-go em dois volumes marotos da Marvel Masterworks dedicada.

Outra coisa que revisitei com as edições velhuscas foi a colorização das edições nacionais num verde fluorescente capaz de contrair as pupilas por uns três dias. Comentei sobre isso num post de 2018 — e que reposto abaixo.


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Parece que foi ontem. Início da década de 1980 e lá estava eu devorando a Almanaque Premiere Marvel #1, meu primeiro contato com a saudosa RGE. Uma das coisas que mais curti - além da maravilhosa Mulher-Hulk - foram as "cores radioativas" usadas pela editora. O verde da heroína era tão aceso e vibrante que quase brilhava no escuro.

Algum tempo depois, quando a Abril assumiu o título da Jess (como nós, íntimos, chamamos a Mulher-Hulk) e corrigiu a tonalidade das cores, demorei muito pra aceitar a mudança.




Na verdade, acho que detestei. Senão não lembraria disso, 35 anos mais tarde. Puta merda.


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Na RGE, aquele padrão de impressão de cores brilhantes sempre se manteve, até mesmo após sua reformulação na Editora Globo. Era um diferencial e tanto. Paradoxalmente, nas edições gringas, o verde mais escuro da versão original foi substituído pelo verde-explosão gama na reedições posteriores. Uma tremenda justiça tardia.

Bons tempos de beldades radioativas em seus formatinhos atômicos.

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

40 anos de Love and Rockets


Tecnicamente, Love and Rockets estreou em 1981. Era um esquema quase-zine com 800 cópias produzidas pelo trio Jaime, Gilbert e Mario Hernandez. No ano seguinte, a Santa Fantagraphics deu a benção ao trio chicano e assim nasceu a 1ª edição de Amor & Foguetes.

Era setembro de 1982. Logo ali.

Por alguma razão, a publicação de Love and Rockets no Brasil, infelizmente, ainda é pífia. Alguma coisa que o Ota editou pela finada Record, algumas histórias incluídas no mix da Animal e dois brochurões de Lôcas publicadas pela sumida Gal Editora. Quase nada. Tanto que tenho tudo. O mercado brasileiro ainda está no débito com os Hernandez Brothers e com o quadrinho de alto nível.

Love and Rockets e Lôcas são feitas da matéria-prima dos sonhos. Clássico demais. Lindo demais. Perfeito demais.

Ps: ainda está em tempo de me presentearem com aquela caixa sensacional com as 55 primeiras edições. Sem pressa, eu espero!

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Parabéns, Seu Vetillo!

8.1 hoje, amigos ...

Publicado por Eduardo Vetillo em Quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Me sinto meio gaiato parabenizando alguém que me encheu de presentes durante minha molequitude. Eduardo Vetillo foi a peça-chave nos quadrinhos d'Os Trapalhões e do Spectreman publicados pela editora Bloch na década de 1980. Superbaratinhos, os gibis podiam ser adquiridos com superfaturamento do troco da padaria — sem aquela chatice de pedir dinheiro pro pai/mãe/irmãos mais velhos "pra comprar revistinha". Diversão garantida na saída da banquinha.

Spectreman era tecnicamente a extensão livre do seriado japonês, que adorava (sempre fui mais Spectredude do que um Ultradude). Mas na HQ o ácido comia solto e o paladino dourado — que no papel era azul — saía do telecatch kaiju típico para enfrentar múmias, um rip off paraguaio do Darth Vader e até o Mago Merlin. Isso sem contar as incompreensíveis cenas de voo do herói. Uma iguaria, para melhor degustação depois de velho.

E o quê dizer de Os Trapalhões, um dos quadrinhos mais hilários e politicamente incorretos já publicados? Pra mim, estava pau a pau com qualquer coisa da MAD e da Chiclete com Banana.

Parabéns e obrigado pelos presentes, Seu Vetillo!

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Shenobita


Missão cumprida para a Spyglass e o Hulu. Reverberou bastante a 1ª imagem oficial da atriz transgênero Jaime Clayton personificando Pinhead, o ícone de Hellraiser. Gostando ou não (sem fazer juízo de valor, ainda), a franquia retorna ao interesse público após seu sucateamento na última década. Primeiro, pela Dimension Films, que, para segurar os direitos, rodou um longa em questão de semanas, resultando no pavoroso — no mau sentido — Hellraiser: Revelações, de 2011. Depois, pelo curioso, mas mambembe Hellraiser: O Julgamento, de 2018, que nem o Clive Barker deve ter assistido.

A verdade é que a série sempre foi problemática. Parte disso é a dificuldade em traduzir a carga conceitual dos livros para a dinâmica cinematográfica.

Tudo em Hellraiser é sobre conceitos e abstrações (prazer, dor, inferno, dualidade, existencialismo). A falta, na época, de uma "percepção Hellraiserverse" limitou o desenvolvimento nas telas, com justa exceção aos dois primeiros filmes. Neste aspecto, as quadrinizações se saíram bem melhor, em particular as brilhantes HQs da Epic.

Essa percepção já existia nas obras originais. Vide as histórias do "detetive do oculto" Harry D'Amour, da série Livros de Sangue, situadas no mesmo universo de Hellraiser. Ou as várias conexões com o livro/filme Raça da Noite/Raça das Trevas. Fora as suspeitas — alerta de fan theory — de que ninguém menos que Candyman seria um Cenobita. Candyman, um Cenobita sem mestre... o quão foda é isso?

Voltando ao novo Padre do Inferno (ou seria Madre do Inferno?), é seguro afirmar que segue à risca a deixa do livro, onde Pinhead é descrito como um ser andrógino com uma "excitada voz feminina". E pelo visual, arrisco que aqueles tais conceitos não estão apenas integrados, mas literalmente estampados no rosto dela.

As trilhas de sulcos que ligam os pregos estão mais pronunciadas, como se remetessem ao mundo labiríntico dos Cenobitas.



Um tributo à dimensão infernal direto na própria carne. Pareidolias me mordam.

E não só: a nova Pinhead também tem adornos metálicos crivados no pescoço. Parece uma reverência saudavelmente blasfema a Leviatã, o deus dos Cenobitas e o senhor supremo daquele mundo. Algo relativamente simples, mas creepy as hell.

E falando em creepy, uma novidade promissora é o estreante The Masque. Com um visual perturbador e bizarro, o Cenobita lembra o fruto de uma transa louca dos autômatos do Kraftwerk com o jurássico Jogo da Operação, da Estrela®.


Vukašin Jovanović como The Masque

No mais, vale sempre destacar a opinião do Príncipe Sombrio da Dor em carne, couro e pregos, Mr. Doug Bradley:
“Tudo sobre Hellraiser sempre foi transgressor. Tudo, sempre, do início ao fim. Não é uma ideia nova nesse sentido, mas estou intrigado. Estou na mesma posição que todo o resto de vocês, eu acho, para ver onde isso vai.”
Hellraiser estreia pela Disney Platform Distribution via streaming exclusivo para o Hulu dia 7 de outubro. Odessa A'zion, que por sua vez também não é uma nova Kirsty, protagoniza. O roteiro é co-escrito pela dupla Ben Collins/Luke Piotrowskido e, ave mãe, David S. Goyer. Direção de David Bruckner.

Admito que as imagens me deixaram pilhado em devaneios. E, por que não, empolgado até.

Se não corresponder... aí, a Configuração do Lamento vai gemer pra cima dos envolvidos.