V – A Batalha Final (V – The Final Battle, 1984) foi uma série que a Globo passou por aqui em 1985 ou 1986 (caceta... eu tinha entre 8 e 10 anos... de onde eu tirei esta lembrança?) na esteira do sucesso de Contatos Imediatos do Terceiro Grau (Close Encounters of Third Kind, 1977) e E.T – O Extraterrestre (E.T.- The Extra-Terrestrial, 1982), filmes blockbuster que consolidaram a imagem de Spielberg e provocaram a ressurreição do gênero "eles estão entre nós", cuja última chama de apelo ocorrera na geração anterior com os clássicos Guerra dos Mundos (The War of the Worlds, 1953) e O Dia que a Terra Parou (The Day the Earth Stood Still, 1951).
Entretanto, ao invés da postura boazinha dos ETs Spielberguianos, os Visitantes de V tinham objetivos um pouco mais egoístas, querendo acabar com a espécie humana e dominar o mundo. Na verdade, a mini-série original que passou nos EUA chamava-se apenas V e foi produzida em 1983, sendo que no ano seguinte foi produzida a continuação que, por mostrar os esforços da resistência contra os lagartões invasores, recebeu o subtítulo "A Batalha Final". Aqui no Brasil as duas foram unidas e passaram de uma só vez na TV Globo, anos depois reprisados no SBT.
Esta produção serviu de debut para Robert Englund. Não que já não tivesse atuado em outros filmes, mas aqui ganhou destaque e no mesmo ano foi imortalizado na pele de Freddy Krueger, sendo o único ator do elenco a ganhar algum renome no futuro.
Se eu pudesse dar só uma dica sobre o futuro seria esta: usem o filtro solar!
V nos apresentava as primeiras imagens realmente convincentes de dominação, com efeitos especiais bem competentes para a época e uma nave-mãe de respeito, praticamente copiada em Independence Day. As metáforas ao Macartismo e fascismo por trás das atitudes alienígenas, assumo, passaram em branco por mim, que só fui tomar conhecimento anos depois lendo a respeito. Aliás, seria demais esperar que um moleque pré-púbere soubesse isto; nerdice além do aceitável. À época eu estava muito mais preocupado em assombrar-me com as peles saindo e revelando os lagartos comedores de ratinhos. Ainda hoje tenho a lembrança do sentimento de repulsa que tive ao ver a Diana comendo aquela ratazana gigante, só deixando o rabinho (heh... ela não come o rabinho... aham... hummm... voltando ao assunto:), apenas aplacado pela semelhança absurda que os módulos de transporte tinham com meu Playmobil Space.
Igualzinho ao Playmobil Space
Em 1995 ainda outra continuação em forma de mini-série foi feita, mas não passou no Brasil. Em 2004 e 2005 nova continuação tomou corpo com o elenco original (os que estão vivos, claro), mas sempre que pesquiso no IMDB, o negócio está em post production.
Diana não come o rabo dos ratinhos
O DVD das 3 séries oitentistas vendeu como água nos Esteites, pena que não lançam aqui. Cerca de um ano atrás consultei o Submarino acerca da possibilidade de importação, mas recebi a resposta de que não há sequer prazo.
Certamente posso estar chovendo no molhado ao resolver falar sobre estes programas já tão abordados em sites do gênero, mas a percepção da não planejada datação de uma época através dos temas abordados pelos programas abordados a seguir merecem uma abordagem conjunta. Pirata do Espaço, Patrulha Estelar e Ultraseven foram três ícones do entretenimento infantil surgidos no final dos anos 70, com sucesso nos 80, que diferem muito de alguns contemporâneos e de todos os que o sucederam. Dois animes e um live action que foram originariamente voltados para o público infantil, mas os dramas vividos nas três produções encontraram eco no coração de muitos adultos e jovens da época, abordando assuntos de difícil digestão para o público original. Isto fez com que, à exceção de Pirata do Espaço (ignorado no Japão, mas com sucesso retumbante na Itália e considerável no Brasil), tenham sido encarados como obras cult e formaram uma legião de fãs na faixa da juventude.
As três séries compunham o primeiro movimento de retorno dos programas japoneses à TV desde National Kid. Pirata do Espaço (Groizer X) não primava pela qualidade técnica, mas era uma desgraça atrás da outra, fazendo com que os espectadores lidassem com aspectos de vida/morte diferentes da forma leve como outras produções infantis apresentavam. Claro que o visual do robozão, suas armas e a música-tema (botão direito e "salvar destino como") favoreceram muito a aceitação dentre o grande público brasileiro, mas os aspectos de roteiro é que constituíam a verdadeira novidade. Mais informações sobre Pirata do Espaço podem ser encontradas aqui.
A série não teve o sucesso esperado no país de origem, motivo pelo qual não foi muito longa, mas foi inspiração para o surgimento de diversas variações sobre o mesmo tema. Uma das mais famosas, a ponto de criar frisson nos EUA e iniciar a influência da cultura televisiva japonesa naquele país, foi Patrulha Estelar (Ushuu Senkan Yamato). Esse sim ganhou reconhecimento amplo, recebendo inclusive nomes ocidentais ao entrar na indústria americana.
Mais informações sobre Patrulha Estelar podem ser encontradas aqui.
Já Ultraseven foi o terceiro membro da família Ultra que passou por nossas terras. Sucesso estrondoso no Japão, passou aqui aproveitando a ótima repercussão que Ultraman e O Regresso de Ultraman (além do genérico Spectreman) tinham à época. Entretanto, enquanto seus primos protagonizavam aventuras lineares, mais do mesmo, Ultraseven e seu alter ego (que não era humano) Dan Moroboshi diferia dos outros por motivos e conflitos já identificados neste texto. Não sei dizer se é o único Ultra-membro que tinha esta abordagem, já que devia haver para mais de dez ultra-primos em exibição no Japão, mas certamente foi o personagem que mais se destacou, alcançando a maior longevidade com suas séries. Clicando aqui (botão direito e "salvar destino como"), você baixa a música da abertura.
Mais informações sobre toda a família Ultra podem ser encontradas aqui.
Clique na imagem para uma versão um pouco maior da família reunida
Aqui e aqui há dois artigos do Omelete que esgotam o tema "Ultraseven".
À exceção de Pirata, as outras séries foram transformadas em boxes de DVD lá fora. Surpreende-me que até hoje não tenha sido lançado no Brasil. É o tipo de coisa que vende fácil.
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