sexta-feira, 31 de maio de 2019

Retrospec Maio/2019


2/5¹ - O crossover entre o Quiróptero das Trevas e os Quelônios Ninja migra das HQs para a animação. Difícil vai ser distinguir as ruivas (naturais?) April O'Neil e Barbara Gordon. Cowabatman!

2/5² - Estreia em 24 de junho a 3ª e última temporada de Legion pela FX. Segundo a network, o showrunner Noah Hawley havia mesmo concebido a série para fechar em 3 temporadas. Acredite se quiser.

2/5³ - O trailer e o visual do live-action Sonic the Hedgehog ficaram tão ruins que o diretor Jeff Fowler até agradece a sinceridade.


3/5¹ - Carol Danvers e Vampira agora são M.A.P.S. (melhores amigas para sempre).

3/5² - A morte de Rahne Sinclair, a Lupina, em Uncanny X-Men #17 inicia um bafafá transfóbico dos diabos. Em pânico, o roteirista Matthew Rosenberg twitta correndo uns panos quentes com óleo de amêndoas e massagem Nuru. Ps: a morte de um x-man não é spoiler!

3/5³ - Druuna, da editora Pipoca & Nanquim, sai em pré-venda por R$ 109,90 cada volume (mais caixa) e por R$ 120,00 no valor de capa. Desse jeito vai ser difícil estimular algum volume com esses volumes.

5/5 - Vingadores: Ultimato vira um iceberg no sapato de Titanic e se torna a 2ª maior bilheteria de todos os tempos. Agora "apenas" 600 milhões de trumps o separam de Avatar e do posto de King of the Wooorld!!.


6/5 - Tom Holland adverte todo mundo sobre spoilers de Vingadores: Ultimato antes do trailer de Homem-Aranha: Longe de Casa. É a teia lançando a aranha. Inversão de valores issaí, talquei.


9/5¹ - James Cameron se mostra bom esportista, mas não parabeniza os Russos diretamente. Eu vi o que você fez aí, Jim.

9/5² - Jason Aaron e Goran Parlov estão tramando algo. E eu quero.

10/5¹ - Se vai Miguel Angel Repetto, aos 90. Fumettista emérito, o argentino trabalhou com Héctor Germán Oesterheld e estudou arte com o próprio Alberto Breccia, além de ilustrar Secret Agent X-9, de Alex Raymond. A partir dos anos 1990 passou a colaborar com a Sergio Bonelli Editore e se tornou um dos artistas mais celebrados de Tex. Um mestre da 9ª Arte.

10/5² - Nem os pards resistiram aos caras-pálidas da Salvat: segundo o Tex Willer Blog, a Coleção Tex Gold será encerrada no volume 40, faltando uns 20 volumes pela frente e sobrando uma bela ilustração incompleta na lombada. Quando alguém consegue fracassar vendendo Tex no Brasil é porque a coisa está feia mesmo.


11/5 - Se vai o ator e comediante Lúcio Mauro, aos 92. Dono de uma longeva carreira, Lúcio foi um dos artistas mais prolíficos da velha guarda da televisão brasileira. Da minha geração, são inesquecíveis os personagens Da Júlia (o assessor do "divo" Alberto Roberto, de Chico Anysio) e o eterno Aldemar Vigário, da Escolinha do Professor Raimundo. Gênio.


13/5 - Doris Day faz a sua passagem, aos 97. Atriz, cantora, ativista pelo bem-estar dos animais e talvez a mais famosa All-American Girl do cinema - ou namoradinha da América, se preferir. É parte essencial da história cultural do Século 20. E uma das melhores aliterações da paróquia.


14/5¹ - O sumido Genndy Tartakovky (Samurai Jack, Star Wars: Clone Wars) retorna (do inferno?) com Primal, via [adult swim]. É sangue nos zóio!

14/5² - Jello Biafra se manifesta sobre a polêmica amarelada do cover do Dead Kennedys no Brasil. E arregaça tanto que dá até pena dos ex-companions. Nah, brincadeira... dá pena não.

14/5³ - Jonathan Hickman estala os dedos e toda a linha mutante da Marvel é reiniciada.


15/5 - A Renault finalmente lança sua ação publicitária Caverna do Dragão e coloca fim à interminável boataria sobre um filme live-action da sacrossanta (para os brasileiros) série animada oitentista. E eu me pergunto como neguinho é tão cabaço a ponto de acreditar que uma superprodução hollywoodiana sairia do papel com divulgação zero.

16/5 - Chris Rock está desenvolvendo um reboot da franquia Jogos Mortais. Se Danny McBride co-criou uma ótima sequência para o clássico Halloween, porque não o Chris? Parece que já estou vendo a chamadinha: Be careful, nigga, Jigsaw will bust a cap on your ass!

17/5 - Em entrevista ao site Torre de Vigilância, a Salvat (é pessoa física?) afirmou que não tem "nenhuma informação oficial sobre um cancelamento ou pausas na coleção" Tex Gold. Ok, então vamos perguntar à EBAL se ela está sabendo de alguma coisa.

19/5 - Keanu Reeves quer fazer John Constantine de novo. A hora pra pedir é agora, sr. John-acabei-de-tirar-Vingadores-do-topo-Wick.


20/5 - A Panini relança Sandman - Edição Especial de 30 Anos vol. 1 em edição corrigida pero no mucho. Mr. Gaimaaaaaannn!!

21/5 - Parte ao grande desconhecido o ex-repórter e artista Larry Carroll, que ilustrou algumas das capas de discos mais icônicas, polêmicas e sombrias da história: Reign in Blood, South of Heaven, Seasons in the Abyss e Christ Illusion, do Slayeeeeerrr!! Bons tempos quando uma simples capa de LP arrepiava a molecada.

24/5 - Em Cannes, Sylvester Stallone revela que está tentando trazer Stallone Cobra de volta com outro ator e em formato de série streaming. Cobretti vai terceirizar a largação de aço pra cima da vagabundagem.


25/5¹ - Rob Halford dá uma bicuda no celular de um mané durante uma missa do Judas Priest no Rosemont Theater, Illinois. Mais tarde explicou o porquê, mas nem precisava. Ele merece é uma medalha!

25/5² - O Charlie Brown Jr. anuncia turnê comemorativa produzida pelo filho de Chorão com vocalistas convidados. Tcharroladrão.


28/5 - O trailer final de Swamp Thing é a fase Raízes se tivesse sido escrita por um jovem Alan Moore. Abby morena dá pra passar, mas não gostei do swamp-roar do final.

30/5¹ - Todo Dia um Erro em Sandman - Edição Especial de 30 Anos vol. 1 Diferente.


30/5² - Sai o teaser trailer de Rambo: Last Blood (ei, entendi a referência!). Bem family-friendly, se você me perguntar. Quando Sly liberar o Red Bloody Genocide Band Trailer a gente conversa.

30/5³ - Disney e Disney Marvel estão preparando novas refilmagens para The New Mutants, que a esta altura já deve ter sido adiado para o ano 2487 - só Buck Rogers assistirá agora. Lembra quando tudo parecia promissor?

31/5¹ - Após idas e vindas, a Warner confirma Robert Pattinson como o novo Batman do cinema. O quê, achava que seria Jon Hamm, Armie Hammer, Michael Fassbender? Esqueceu que a Warner opera no padrão Bizarro #1? Pattinson é bem mais que o purpurinado de Crepúsculo, é verdade, mas a hora é de recuperação da BatMarca, pelo amor dos morceguinhos. A Warner tinha a obrigação de jogar no seguro e agradar a multidão...

31/5² - Se vai Roky Erickson, aos 71. Solo e com o lendário The 13th Floor Elevators, Erickson foi a personificação do artista maldito e também um herói do rock psicodélico e do garage rock americano. Levou uma vida realmente transgressora. E muito louca. Literalmente.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Um


Dizem que a jornada é mais importante que o destino. Só esqueceram de avisar aos cineastas Joe e Anthony Russo. Vingadores: Ultimato entrega tudo que o público médio não-estúpido espera de um blockbuster de qualidade (e mais), além de concluir espetacularmente as três primeiras fases do universo cinematográfico da Marvel Studios. É o auge de um trabalho ousado e faraônico que levou onze anos num projeto inédito até aqui em dimensão, capital humano e conquistas técnicas.

Para um velho leitor de gibis, a recompensa maior é ver na telona vários daqueles conceitos malucos e infilmáveis até há alguns anos funcionando como se tivessem nascidos pra isso. Neste sentido, é o filme mais eficiente já realizado no gênero, com um Taa II de vantagem sobre os demais. Acima de tudo, por entender que não se trata apenas de som e fúria, mas também de coração, altruísmo e sacrifício, a quintessência dos quadrinhos de super-herói desde sempre. Ultimato não cede um milímetro desses fundamentos, em maior parte, veja só, de raiz marvete.

Heróis que são pessoas antes de tudo e com cada um fazendo a diferença no resultado final; uma admirável preocupação pelo estado psicológico geral; tempo e espaço para cada personagem respirar e se redescobrir; narrativa que sabe onde enxugar e o que priorizar; trama imprevisível no ponto de partida, na condução e na conclusão sem reviravoltas mágicas; e tridimensionalidade: cada integrante do núcleo principal, seja herói, vilão ou zona cinza/azul/verde, tem suas motivações pessoais e age de acordo.

É notável como os roteiristas de Christopher Markus e Stephen McFeely, que também assinam Vingadores: Guerra Infinita, conseguem administrar tantos personagens e variáveis. E ainda manter o foco numa premissa complexa para os padrões mainstream e, por isso mesmo, potencialmente desastrosa. De forma sucinta, o roteiro exerce sua lógica interna apoiado em extrapolações simples, cobrindo assim os pontos cegos enquanto leva o espectador para a brincadeira.

No fim, Ultimato não só se apresenta como uma sequência digna para Guerra Infinita, como expande seu conflito e aumenta as apostas.

O filme tem três atos divididos por um exercício de estilo brutal. O 1º terço amarra as pontas deixadas pelo longa anterior em tempo recorde e investe com mão pesada no drama. Num clima funesto, os sobreviventes tentam juntar os estilhaços de um mundo com 50% a menos de seres vivos e todos os estragos decorrentes disso. A 2ª etapa sobe o tom partindo de um princípio bem difundido na ficção pop - mas com uma dinâmica deliciosamente... quadrinhos - e faz uma verdadeira celebração para quem acompanhou os filmes da Marvel todos esses anos. Já o arco final é a experiência Splash Page de George Pérez definitiva. É todo o pay-off e o fanservice que existem no final do arco-íris. Sangue de Kirby tem poder.

Quase todo o elenco principal está integrado ao seu personagem-avatar num nível Christopher Reeve-é-o-Superman de conversação, além de apresentar suas melhores performances até aqui: Jeremy Renner zera o até então subaproveitado Gavião Arqueiro num bem-vindo acerto de contas com o roteiro, Karen Gillan extrai ainda mais camadas da hermética Nebulosa, Paul Rudd precisa fazer muito em muito pouco tempo e o Homem-Formiga dá conta, Scarlett Johansson se atira, literalmente, na evolução de "Nat" Romanoff, o Capitão América de Chris Evans é a melhor personificação do herói clássico que poderíamos ter hoje e Robert Downey Jr. fecha o ciclo com a redenção do personagem de sua vida.

Chris Hemsworth, por sua vez, tirou a sorte grande. Thor foi um dos poucos que mantiveram uma saga própria nos dois filmes. Em Ultimato, confesso, o susto inicial foi grande, porém coerente. Plus: agora sim o loiro está parecendo um Viking.

E a Situação-Hulk. Personagem que a Marvel Studios penou para achar o tom na telona, algo que só aconteceu em Thor: Ragnarok, quando já era tarde demais para qualquer pretensão cinematográfica do Golias Esmeralda & mitologia. A expectativa por uma virada foi lá pro caixa-prego após a ignorada sistemática em Guerra e agora, em Ultimato.

Pensando bem, isso já vinha sendo estabelecido desde Vingadores: Era de Ultron (2015), com a infame derrota do Verdão para o Hulkbuster (Hulkbusters e esquadrões Caça-Hulk existem para serem esmagados pelo Hulk, oras!). Seus poderes nos gibis nunca foram adotados pelo UCM: nada de saltos quilométricos, palmada sônica, fator de cura e o mais importante e muda-vidas, o "quanto mais furioso, mais forte o Hulk fica". O que sobrou é um Hulk limitado e em estado de calma - em Ultimato, em estado de calma baiana. Mark Ruffalo é um sujeito boa-praça, mas nem de longe é um Dr. Bruce Banner. A trama ainda dá alguma continuidade à sua cronologia nas HQs, despejando o personagem direto na fase do Hulk inteligente, o que resulta apenas e tão somente num Ruffalo Verde. Um Hulkffalo.

Paradoxalmente, é dali que sai uma das referências mais bacanas aos quadrinhos - a clássica imagem do Hulk em Guerras Secretas. E outras, que não sei bem se foram referências de fato ou apenas dissonâncias em minha cachola de gibizeiro: o Verdão doando o braço em Planeta Hulk, a aventura espaço-tempo-apoteótica de Vingadores Eternamente, o "1" do Dr. Estranho para Tony Stark paralelo ao timing de Adam Warlock para o Surfista Prateado em Desafio Infinito, Steve Rogers e Gail no final de Supremos 2 e por aí vai. Essas vieram fluídas e precipitadas como lembranças de velhos amigos. E eu agradeço ao filme por isso.

Surpreendente mesmo foi o resgate de dois grandes personagens por dois atores maiores que a vida: Tilda Swinton reprisando a Anciã e Robert Redford novamente como Alexander Pierce. Redford já havia encerrado a carreira em meados de 2018, mas voltou atrás no final do mesmo ano. Esqueça a mera condição de filme-pipoca. Isso já é cinema grande, meu chapa.


Josh Brolin pode não ter percebido ainda (ou é modesto demais para admitir), mas acabou por personificar um dos maiores vilões do cinema. Thanos é fascinante, perspicaz, tem a sua cota de honra distorcida e acredita piamente que está do lado certo da História. Ameaçador e absurdamente poderoso, Thanos protagoniza, fácil, as melhores e mais engenhosas lutas super-heroísticas já feitas até aqui. Mesmo a Capitã Marvel de Brie Larson - um tanto deslocada pelos cameos pontuais - teve seus melhores minutos numa telona, incluindo aí seu filme solo. O ponto alto, claro, é sua frenética e nervosíssima luta com o Titã Louco.

Há pelo menos uns três ganchos antológicos durante a luta de Thanos contra a "Trindade" - também conhecida como Vingadores Primordiais. E fazia tempo que não via uma sala de cinema virando uma arquibancada em final de campeonato. Especialmente no momento "Capitão, o Digno". Memorável.

Quando Jim Starlin criou Thanos no início da década de 1970, a gênese do Titã não indicava uma carreira muito promissora. O autor mesmo comentou: "Você pensaria que Thanos foi inspirado em Darkseid, mas não era o caso quando eu o apresentei. Nos meus primeiros desenhos de Thanos, se ele parecia com alguém, era com Metron. (...) Roy (Thomas) deu uma olhada no cara com a cadeira ao estilo Metron e disse: 'Aumente esses músculos! Se for para roubar um dos Novos Deuses, então roube Darkseid, o único realmente bom!'"

45 anos depois, Thanos está mais vivo do que nunca, coletando Jóias do Infinito em blockbusters bilionários e se tornando uma referência pop no mundo inteiro. E o que é mais incrível: adaptado sem comprometer sua personalidade. Pra mim, que li e reli as sagas de Thanos infinitas vezes, isso é muito além de um presente.

Toda a sequência final reservada ao personagem é sob medida. O momento da transição do Thanos ambientalista para o Thanos niilista é de arrepiar. Era o passo que faltava para o... Dark Side. E ainda corrobora os pensamentos de Jim Starlin sobre uma futura abordagem da Senhora Morte, a convidada que faltava. Promissor como parece.

Já se vão onze anos desde que saí daquela sessão de Homem de Ferro com um enorme sorriso no rosto e a cabeça fervilhando em pensamentos. Alguns viraram texto; outros, atrelados a uma certa melancolia por tempos idos, foram para o mesmo cantinho da memória que já serviu de palco para grandiosas batalhas emprestadas das páginas dos gibis. Eu sabia que ali era o máximo que o cinema real se aproximaria dos quadrinhos e estava mais do que satisfeito com aquilo. Filme após filme, desafio após desafio, a Marvel Studios foi superando aqueles limites - em maior ou menor grau e com resultados variáveis, mas sempre com bom senso, respeito às duas artes e, principalmente, coração.

Vingadores: Ultimato é sangue, suor e lágrimas. O ápice de uma autêntica odisséia cósmica (epa!) e o registro de que um dia duas formas de arte chegaram tão perto que quase convergiram.

Mesmo sendo o mais épico, ambicioso e visualmente deslumbrante, claro, não é um filme perfeito. Capitão América: O Soldado Invernal (2014) segue no topo da minha lista. E ainda tenho um carinho todo especial por Os Vingadores (2012) pelo impacto sobre este leitor ad eternum de Heróis da TV. Junto com Guerra Infinita, Ultimato habita n'algum lugar no éter entre esses dois.

Algo a se avaliar com o tempo. E com sessões infinitas.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

A saída da zona é a zona do euro

Ou "Decidindo aprender novos idiomas após os 3 primeiros volumes de Lendas do Universo DC: Novos Titãs".


Há uns 2-3 anos, num belo dia de sol, tive uma epifania de colecionador:

"Construirei um muro ao longo da fronteira da minha coleção; só serão admitidas as passagens de clássicos US-UK incontestáveis e/ou materiais europeus crèame de la crèame como os elencados da Métal Hurlant, da Les Éditions Dargaud, da Les Humanoïdes Associés e franco-belgaiadas afins ou qualquer coisa vinda da Norma Editorial. As raras exceções serão investigadas, avaliadas e baculejadas minuciosamente pelos implacáveis agentes da temida KGBZ, mas, a grosso modo, materiais pop-mainstream serão sumariamente deportados - sendo Marvel/DC regulares abatidos à vista."

Afinal, é pra isso que o DC++ (ainda) está aí.

Eu queria uma coleção física sóbria, modal. Uma coleção de gibis de adulto (adultos lêem Thorgal? Pô, espero que sim), por contraditório em termos que isso soe. Melhorar o espanhol, aprender a ler em francês e italiano. Por mais doloroso que fosse, eu precisava romper com a língua da Krissy Lynn.

Mas, acima de tudo, precisava... ou melhor, preciso enxugar a coleção. Urgente. Já perdi de vista o fim da pilha de leitura. Nesse ritmo, não vou mais ler aquilo tudo. Baphomets, provavelmente não conseguirei ler aquilo tudo nem com uma expectativa de vida de 120 anos.

O que me faltava era a motivação. Mas uma boa, boooa motivação. Uma motivação-pé-na-bunda-toma-tento-vagabundo. E a Panini, ah essa Panini, me deu. Não apenas uma, mas duas, três.

A primeira foi salpicada paulatinamente ao longo dos últimos anos em parceria sórdida com a Amazonos preços. Oh, me perdoe, esqueci um adjetivo aqui: os extratosfericamentefilhosdaputa preços. Graças à Panini e aos cowboys amazônicos agora temos um cenário de dumping para chamar de nosso. Lindo. E agora aguenta aquele material que você aguarda há 15, 20 anos sendo lançado pelo preço de dois rins. 120 reais é o novo 9,90 das Super-Heróis Premium.

A bem da verdade, a pernada que a Saraiva e a distribuidora da Abril deram na praça foi a facada com giratória definitiva. Facada esta sendo amortizada, sem amor, nas costas do público com mensais de 60 páginas por quase 11 mangos e historinhas mequetrefes editadas em papel couché e capa dura com detalhes em hot stamp dourado. A bolha estourou, sim. No colo dos leitores.

Outra boa razão é a questão do quê precisar das atuais Image, Dark Horse, Marvel e DC. Acompanhei a coleção das branquinhas da Nova Marvel. Fabulosos/Novíssimos X-Men, Magneto, Deadpool são bacaninhas. Mas tirando o Gavião Arqueiro de Matt Fraction, o Foderoso Thor de Jason Aaron/Esad Ribic e, talvez, os Vingadores de Jonathan Hickman (que não entendi bulhufas, mas um dia quero), não vejo nenhuma delas figurando em minha seleção de releituras sazonais pra vida toda. Acorda, dogg.

Tudo isso aí só pra chegar aos erros de revisão, adaptação, diagramação e virou passeio pra cima da Panini, insistentes e aparentemente integrados à editora por alteração contratual. Dizem que foi sabotagem interna. E que o assunto já foi resolvido sendo que seus reflexos terminam este mês de maio. Pelos novos posts na página Todo Dia um Erro nos Quadrinhos Diferente, o terror ainda continua - incluindo na edição corrigida de Sandman - Edição Especial de 30 Anos vol. 1, após a já antológica chamada do próprio Neil Gaiman na editora.

Mas o pior, pior mesmo, foi a merda cair em algo que me importa muito. Algo que, sempre que releio, me transforma num Anton Ego menininho gibizeiro. E foi com a muito aguardada reedição dos Novos Titãs de Marv Wolfman e George Pérez. Para mim, necessária e imprescindível - mesmo com o tiozão seboso do Terry Long bangeando a Donna a cada duas páginas. Aí foi demais pra mim.

Como dizia o Millôr: "O grande erro da natureza é a incompetência não doer".

É, realmente Gar. Não é justo que isso esteja acontecendo de novo!