domingo, 14 de dezembro de 2014

MAX LOUCO!

No 1º trailer me bateu uma sensação meio "sim, tudo bem, legal, mas o Mad Max que conheço é..." e viúva e tal.

Mas esse trailer novo, meu São Patrick do Crepúsculo de Aço...


Vamos esquecer por um segundo que trailers de grandes produções geralmente são montados por terceiros.

Parece até que George Miller ficou inspirado pela sua participação no imperdível doc Além de Hollywood: O Melhor do Cinema Australiano, onde relembrava os tempos em que tinha um timing psicótico para cenas de ação e um time de dublês sem um pingo de amor à vida.

E porque esse trailer me parece uma epifania de auto(re)descoberta comparável ao de Sam Raimi quando fez o divertidíssimo Arraste-me para o Inferno.

Serei o 1º na fila do cinema. Tomara que outros cineastas da velha guarda também tenham suas "recaídas". Porque se depender dessa nova geração de franguinhos...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Quarteto Bombástico

Então a Marvel explodiu o novo Quarteto Cinematográfico.


E eu morri de rir.

Antes de tudo, sou da geração que ficou estarrecida com a falta de escrúpulos da Microsoft ao sabotar sistematicamente a Netscape, criadora do melhor browser do final dos anos 90. Parece que foi ontem. Tudo bem, sou mais velho que isso: que tal quando a ex-gigante do tabaco Brown & Williamson ameaçou quebrar a CBS por causa de uma entrevista comprometedora? E quando - esse já não é da minha época - a Detective Comics engoliu a pequena Fawcett por causa do Shazam!?

Histórias de canibalismo corporativo sempre causaram indignação geral. É o clichê de sempre - um Davi contra um Golias e um resultado invariavelmente ruim para o público. Sou o primeiro a receber o espírito do Meiaoito nessas ocasiões.

Mas existem exceções. E no caso The Walt Disney Company vs. 21st Century Fox torço sinceramente para que Mickey Mouse esmague seus inimigos, os veja caídos diante de seus olhos e ouça os lamentos de suas mulheres.


Recapitulando: a Marvel começou a chamar atenção quando omitiu o Quarteto Fantástico e os X-Men em um pôster de seu aniversário de 75 anos. Em seguida, veio o vazamento de um suposto memo onde a editora exorciza os 4 Fantásticos do nanquim de seus artistas. Entre uma coisa e outra, foi anunciado que o título do Quarteto será cancelado. E assim chegamos à ironia da explosão fantástica.

Não sou analista econômico nem nada, mas parece bem óbvio o que acontece aqui. É campanha de guerra. Ainda não chegou ao próximo nível, mas aguardemos.

Nos últimos meses li relatos e reações de todos os tipos. Grande parte repudiando tais manobras e cobrando uma conduta de fair play por parte da Marvel/Disney. E que "não é assim que se faz", "concorrência só traz benefícios", "a briga deveria ser pelo melhor filme", piriri, pororô. Tudo muito sensato e civilizado.

Só que é difícil continuar sendo sensato e civilizado enquanto transformam Victor Von Doom em Doom69, o rei das salas de bate-papo do UOL.


Claro que aí existe uma linha tênue que eu gostaria muito, mas muito mesmo, de não ultrapassar: a que separa gente normal de fanboys. Não sou nenhum iconoclasta... ainda... mas quanto mais velho fico, mais acho poucas coisas tão chatas quanto fãs incondicionais. Então não é um simples caso de protecionismo em relação ao meu querido Quarteto Fantástico.

Trata-se daquele tipo de revolta de quando se está diante da vandalização de algum patrimônio histórico ou alguma obra de arte em via pública. O sentimento é o mesmo. É dessa forma que vejo o Johnny Storm no sistema de cotas, a Sue adotada, o Doom@IronCock98cm, o Reed McLovin e os indícios claros de que decidiram pretensamente "melhorar" o material.

Sobre isso, Guillermo Del Toro já disse tudo o que precisava ser dito lá nos idos de 2002.


(categórico, ainda que ele mesmo tenha abandonado essa cartilha 1 Hellboy mais tarde)

Outro fato, inegável, é que a Marvel acabou sentindo a falta do Edifício Baxter em seu universo compartilhado. Já vimos chitauri, xandarianos e krees, mas não skrulls. Vimos até um Celestial, mas não Galactus. A grosso modo, todos os personagens da Marvel Studios são solitários ou renegados, não há laços familiares mais profundos ou alguém da ciência-pela-ciência. Nenhum geek adulto, nenhum Egon Spengler.

Mas o pior é que perdem-se aí 50 anos de referências, conexões e ideias que a Fox nunca poderá utilizar, já que tem em mãos um Quarteto isolado. Enquanto isso, os fracassos se acumulam. E cada erro desse me custa uns cinco anos de espera até o próximo frango.

O problema é que a partir dos 35 a vida vira uma planilha de prioridades. O dia é mais curto. Só quero saber do que pode dar certo. Não tenho tempo a perder. Após dois filmes meia-boca com bilheterias aquém do esperado, acho mesmo que a Fox devia:

1) Desencanar desse negócio de gibi e apostar tudo em um novo Predador com os retornos triunfais de Schwarza, Elpidia Carillo e John McTiernan;

2) Devolver o Quarteto e todo o seu canon para a Marvel com um pedido de desculpas;

3) Aproveitar o embalo e devolver os X-Men também, que já passou da hora - e olha que gosto dos filmes.

Tudo isso é só uma saudável especulação entre um cafezinho e outro. Apenas levei em consideração as alterações pavorosas em personagens clássicos da cultura pop. Mas o outro lado da moeda também precisa ser lembrado: o diretor e roteirista Josh Trank tem uma ótima reputação, mesmo entre os fanboys, via Poder Sem Limites (Chronicle, 2012). Talvez seja a única coisa que impeça uma turba de nerds furiosos com tochas e forquilhas em riste se aglomerando em frente ao seu castelo - ou n'alguma localidade virtual correspondente.

Dessa forma, como diria o Vigia, que provavelmente está preso à Fox também, "O que aconteceria se... 


...O Filme For Bom?"

Nó, isso seria péssimo.


Porque seria um filme bom de um supergrupo que não é o Quarteto. Lógico!

E eu juro que não sou radical.