terça-feira, 30 de abril de 2019

Retrospec Abril/2019

5/4 - Deadshot was dead by shot.

8/4 - Shazam! 2 a caminho.


10/4¹ - Divulgada a 1ª imagem de um Buraco Negro da História. Será que essa entra na categoria "fotos ou nunca aconteceu"?

10/4² - Sue Richards vai ganhar série solo, também pela 1ª vez na História. Que dia!

11/4 - Preparem suas vitaminas: Druuna voltará ao Brasil pelas mãos peludas da editora Pipoca & Nanquim. Valei-me, São Onan!


12/4¹ - Peter Milligan, Mike e Laura Allred se reúnem para um novo capítulo de X-Táticos, um dos melhores quadrinhos mutantes dos anos 2000 (os melhores, vai). O retorno será em julho na edição especial Giant-Sized X-Statix #1. Urrú!

12/4² - Alvar Mayor, de Carlos Trillo e Enrique Breccia volta ao Brasil pela pequena-mas-valente editora Lorentz (que fez um pequeno-mas-memorável run de Dylan Dog em 2017). A última vez que o quadrinho saiu aqui foi em Aventura e Ficção #14 (Abril), há 30 anos.


13/4 - Paul Raymond se vai, aos 73. Ao longo da carreira, o tecladista e guitarrista inglês integrou ao menos três bandas clássicas: Savoy Brown, UFO e Michael Schenker Group. Fraquinho o homem.


17/4¹ - A chama de Kazuo Koike se apaga, aos 82. Ele foi um dos mais influentes e reverenciados autores do século passado, com obras como Lady Snowblood, Crying Freeman e, principalmente, Lobo Solitário sendo referências absolutas no mundo inteiro.

17/4² - Jim Starlin também é inevitável: KS do Omnibus de Dreadstar alcança sua meta em 12 horas. E eram quase 70 mil trumps.


22/4¹ - Pôster da turnê brasileira do Dead Kennedys toca o terror na política de extrema direita canarinha.

22/4 ²- Após a imensa repercussão, os integrantes do Dead Kennedys divulgam uma nota afirmando que não autorizaram o pôster da turnê brasileira ilustrado pelo artista Cristiano Suarez. E depois apagaram a nota. Ah, mas o Jello Biafra faz uma falta...

23/4 - O ilustrador Cristiano Suarez printa a prova e mostra o pau, digo, mostra que o Dead Kennedys havia sim autorizado o polêmico pôster.


24/4 - Swamp Thing, a série produzida por James Wan, ganha seu primeiro teaser. É realmente um monstro do pântano que se vê ali - e com cameo do Demônio Azul. Mas esse visual, essa fotografia, esses filtros... acho que já vi algo parecido antes, hein.

26/4¹ - E a novela hardcore não acaba: em nota oficial, o Dead Kennedys cancela a turnê brasileira visando "a segurança do público". Uau, o Jello Biafra realmente faz falta.

26/4² - Google também é afetado pelo estalar de dedos de Thanos. É só clicar na Manopla à direita.


28/4 - Capitã Marvel ultrapassa Mulher-Maravilha na bilheteria doméstica. E os anti-Brie Larson pira.

29/4 - O fim de semana de estreia de Vingadores: Ultimato bateu tantos recordes que ganhou até um artigo no Wikipedia.


30/4 - Se vai Peter Mayhew, o eterno Chewbacca, de Star Wars. Cheguei a fazer um pequeno tributo ao Mayhew no BZ certa vez. Ele era meu herói particular, já que além do simpático wookie, ele também foi o temível Minoton, no clássico da Sessão da Tarde Simbad e o Olho do Tigre (1977). Inesquecível Mayhew!

domingo, 28 de abril de 2019

Amo Vingadores: Ultimato 3000



Se eu dissesse para aquele moleque embasbacado com a inesquecível Grandes Heróis Marvel #1 que um dia o mundo inteiro conheceria Thanos... provavelmente ele acreditaria, já que sua visão de mundo, ainda relativamente inocente e sonhadora, permitiria tal devaneio. Mas nada que durasse muito.

Thanos, cara. Thanos.


Como disse o Dr. Estranho na reta final de Vingadores: Guerra Infinita, "estamos no fim do jogo agora". Errado duas vezes: estamos em Vingadores: Ultimato - numa das maiores vaciladas de adaptação de títulos em português; e não estamos só no fim do jogo, mas numa final de campeonato.

Daquelas pra ficar na história.

sábado, 20 de abril de 2019

O salmo da Wax Trax!

Pra quem foi tomado de assalto por aqueles loucos de Chicago no fim da década de 1980, o trailer de Industrial Accident: The Story of Wax Trax! Records é puro deleite de bad trip boa. E "com simpatia".


Só mesmo um doc longa-metragem para descrever a importância da Wax Trax! para a cena alternativa americana. A loja/gravadora fundada por Jim Nash e Dannie Flesher foi seminal durante a efeverscência do pós-punk, da new wave, da eletrônica e do industrial do início dos anos 80. Seus padrões artísticos, estéticos e comportamentais transgressores e anti-establishment se estenderam muito além da seara musical - e continuam até hoje, ironicamente inseridos até no universo pop, ainda que a esmagadora maioria do público (e dos artistas) sequer se dê conta disso.

Em terra brazilis, onde as informações chegavam com alguns anos de atraso e à conta-gotas, o selo teve até certa exposição. Principalmente através da revista Bizz e das matérias do jornalista André Barcinski, incluídas também em seu livro Barulho: Uma Viagem pelo Underground do Rock Americano.

Meu 1º contato com a Wax Trax! foi justamente pela icônica revista. O marco zero foi a capa do Sepultura circa Arise levando um corta-luz das verdadeiras estrelas da edição: o Ministry. "Massacre eletrônico"? Já me ganhou só pelo conceito - lembrando que, naquela época, Internet só existia em filmes, livros e gibis; e como importar discos era para ricos, o jeito era viver de conceitos.

Depois vieram os artigos da célebre turnê Ministry/Helmet/Sepultura e do lançamento dos clássicos The Mind Is a Terrible Thing to Taste e Psalm 69 em terra, oh, brazilis. Finalmente. E assim meu salário de office-boy foi pro sal numa tacada só.

Houveram outras convergências pelo caminho, mas o trecho da estrada com tijolos de ouro foi esse. Embora sejam mais do que raros, tenho certeza que existem por aí outros brasileirinhos sobreviventes que ainda curtem Ministry, Lard, Revolting Cocks, Pailhead, Chris Connelly, KMFDM, My Life with the Thrill Kill Kult, Laibach, The Young Gods e outras pérolas WaxTraxianas que trilharam um caminho semelhante. Isso se as vicissitudes do dia a dia - também conhecidas como família, filhos, plano de saúde, aluguel, IPVA, etc. - não expurgaram essas lembranças e sensações à fórceps, deixando no lugar só um toquinho útil pagador de contas.

Se for o caso, uma sessão de Industrial Accident poderá reativar alguns neurônios há muito adormecidos e causar um grande estrago no seio familiar...

terça-feira, 9 de abril de 2019

Big Guy & Rusty sonham com ovelhas elétricas?


Deu no Guia dos Quadrinhos: há 10 anos, Big Guy & Rusty, o Menino-Robô era publicado no Brasil. Criado por Frank Miller e Geof Darrow em 1995, o título teve vida relâmpago, se bastando em duas edições fininhas lá na gringa via selo Legend, da Dark Horse. Mas rendeu uma moralzinha cult com direito a remasterização em hardcover, action-bonequinhos e uma série animada espetacular.

Mesmo com o hype há muito perdido - se é que teve algum naquela era pré-Internet - a microssérie acabou saindo por aqui 14 anos mais tarde. Provavelmente, a Devir deve ter visto ali a chance de uma capitalizadinha com a (acredito) boa receptividade da HQ mais conhecida da dupla, Hard Boiled - À Queima-Roupa, republicada aqui um ano antes. Com isso, fecharam em duas graphics os trampos do power duo em formatão magazine. Grandes caras.

E por que o formatão foi importante? Essa é fácil.




A arte de Geof Darrow é um show à parte, isso até a minha bisavó sabe. Mas com esse detalhismo obsessivo nem mesmo as dimensões 21 x 28 cm da brochura parecem segurar o rojão visual; e provavelmente nada menos que as medidas de um Wednesday Comics ou de um King-Size Kirby fariam justiça ao seu TOC preciosista-micronauta.

Era a trincheira perfeita para Miller sair metralhando suas críticas curtidas em humor negro-vantablack ao american way, ao capitalismo e ao consumismo desenfreado. Tudo no mesmo balaio do sci-fi militarizado de Hard Boiled, Bad Boy, Martha Washington e, Milton Friedmans me mordam, suas colaborações na franquia RoboCop. Só lembrando que se tratava daquele Miller recém-saído da DC cuspindo marimbondo contra a censura e o establishment - mas ainda não era aquele Miller pós-11/9, danificado e cheirador de napalm pela manhã. Ainda era um meio-termo anárquico, divertido e combinando genialmente panfleto com escapismo.

A respeito de Big Guy & Rusty, muito se comenta sobre a patriotada impressa por Miller na história. Mais especificamente, sobre o fator Complexo do Salvador Branco/Narrativa do Salvador Branco, explícito numa sequência em que autoridades do Japão delegam aos EUA o status de xerife do mundo. Isso rola, exato e previsível como um relógio suíço. A diferença é que os perdedores têm o seu lado da história contado por eles mesmos; e o lado dos vencedores é conduzido num tom conciliador e amigável, não superior ou sectário.

Em contrapartida, já desarticulando minha própria defesa, uma das melhores coisas de Big Guy & Rusty é justamente seu ufanismo americanóide. Tudo à moda antiga, cheio de valores morais ("Agora é matar ou ser morto! ...Não! Tem que haver outro jeito!"), cristãos ("Eu só tenho um Deus, meu chapa e, com certeza, ele não é um iguana supercrescido!") e todos aqueles anacronismos deliciosos convivendo com cenas frenéticas de ação em toda a sua glória chuta-bundas/yippee-ki-yay-motherfucker.

Dá pra ver quanto o Mark Millar bebeu daqui para compor seu Capitão América Ultimate. E até mesmo o Universo Cinematográfico Marvel recente - mas aí é só suspeita minha.


Fuck yeah.

Ao contrário do que geralmente ocorre, soube da existência de Big Guy & Rusty anos antes da HQ sair aqui, pela série animada. Foi co-produzida pela Columbia TriStar Television e Adelaide Productions - o mesmo pessoal das divertidas Men in Black: The Series e Godzilla: The Series - em conjunto com a Dark Horse Entertainment e exibida pela Fox Kids. Coisa linda de joint venture.

Na TV aberta, o desenho passou na Globo na década de 2000, ou seja, nos últimos suspiros da sua faixa infantil matinal. Nem imagino em qual programa - seria aquele com a ruivinha marota, a TV Globinho? Àquele ponto, eu já era um autêntico Sargento Rock de guerra civil brasileira, então é certo que conheci pela tevê de alguma repartição pública, enquanto me decompunha em vida com uma senha de atendimento na mão; por sinal, o mesmo cenário desolador que me fez descobrir o igualmente maravilhoso desenho Avatar: A Lenda de Aang. Como um alívio em meio a tamanha tortura, foi amor à primeira assistida.

O conceito era, basicamente, os ícones do cânone pop-animê (Astro Boy/Jet Marte, Gigantor, Pirata do Espaço) e da cultura kaiju (Godzilla, Gamera, Rodan) colidindo com a ficção-científica americana do pós-Guerra. Irresistível.

Uma das grandes sacadas do cartoon foi adotar a ingenuidade e bom-mocismo dos 50's, apesar de se passar num futuro próximo - e isso inclui a patriotada, assumida de forma ainda mais incisiva e paródica que na HQ. Sempre há uma bandeira tremulando em algum lugar, os valores americanos são repetidos como mantras, a propaganda da máquina de guerra yankee é massiva, a trilha tem várias passagens em ritmo marcial e até o tema de abertura lembra um orgulhoso e grandiloquente hino militar.

A galeria de vilões era esparsa e variada: robôs, alienígenas, aberrações genéticas (e nucleares e químicas), mais robôs, monstros interdimensionais, evil cientistas e ainda mais robôs. Dos poucos recorrentes, meus favoritos eram os masterminds terminators da Legião Pró-Máquina (Legion Ex Machina), que mereciam até um desenho solo. Apesar de censura livre, o desenho era generoso em gore e grafismo sugeridos. Por várias vezes pesquei referências às nojeiras de O Enigma de Outro Mundo, The Hidden - O Escondido, A Mosca e até Do Além. O simples design de alguns monstros já parecia quase demais para um desenho voltado para crianças.


A parte técnica era um primor, com animação acima da média e arte mimetizando, à medida do possível, os traços originais - tanto que impressionou o próprio Darrow. O elenco de dublagem era um dream team: Jim Hanks (irmão do Tom) como o Tenente Dwayne Hunter, o piloto de Big Guy; o saudoso R. Lee Ermey como o General Thornton; o veterano ator M. Emmet Walsh como Mac, o mecânico mais velho de Big Guy; Stephen Root (de Corra!) como o ganancioso Dr. Axel Donovan; Gabrielle Carteris (a Andrea de, opa, Barrados no Baile) como a Dra. Erika Slate; o grande Clancy Brown (a voz definitiva do Lex Luthor!) fazendo quase todos os integrantes da Legião Pró-Máquina; o mestre Tim Curry como o Dr. Neugog; e fazendo a voz estridente de Rusty, a talentosa Pamela Adlon - a impagável Marcy, de Californication.

Já a relação gibi-desenho era curiosa, considerando o minimalismo típico do Miller noventista. Além do trabalho de adaptação, o desenho desenvolveu todo o background da HQ, criando do zero quase todos os personagens, cenários, motivações e objetivos a médio/longo prazo. A única grande convergência é o episódio de estreia, que começa do ponto onde o quadrinho parou (Big Guy e Rusty salvando vacas de uma abdução alienígena!), mas na verdade é uma adaptação livre do gibi inteiro, com alguns diálogos e cenas adaptadas ipsis literis. Muito legal.

A grade de cartoons americanos sempre foi competitiva e implacável. Assim, Big Guy & Rusty, o Menino-Robô foi uma pérola de vida curta, durando apenas 26 episódios em 2 temporadas - e nenhum home video para a posteridade. Tive que me contentar com aquele pack TV-rip em baixa resolução da Baía do Pirata. Sem grandes revisionismos da velha geração ou reverências da nova, segui resignado com a certeza que a viagem terminava ali.

Contra todas as (minhas) expectativas, em julho de 2016 veio a quase-redenção: Big & Rusty, the Boy Robot finalmente foi lançado em DVD.


Não foi um home video per se, mas um DVD MOD (made on demand) exclusivo da Amazon. A prática é corriqueira da gigante americana e mostra que: 1) mesmo obscuras, algumas séries tem sim uma demanda expressiva, saudosista que seja; 2) é uma das maneiras mais fáceis de fazer grana investindo uma merreca: o DVD é o cúmulo do básico, com a capinha impressa em HP Deskjet e autorado sem extras de qualquer tipo, constando apenas o menu de seleção com o nome dos episódios. Consumidor de DVD MOD é second-class citizen na visão das distribuidoras.

Mesmo assim, estava disposto em converter meu desvalorizado, mas suado dinheirinho nos 27 Trump$ e 99 + shipping para ter em minhas mãos putrefactas este item superlativo da minha coleção pop por ordem autobiográfica®. Mas bucaneiro véio nunca se endireita, então resolvi fazer pequenas escavações atrás de um lendário baú do tesouro em forma de arquivos matroska/container do DVD da série. Ou ao menos um DVD-rip em mp4. E nada.

Fui procrastinando e enrolando o carrinho da Amazon-US igual noivo fujão. Até que, há algumas semanas, sob um ímpeto fecha-compra ferrado e com a página amazônica escancarada, fiz uma última busca no Yandex. Dessa vez, com um resultado novo por ali: uma página japonesa - com tudo o que isso representa - trazendo a lista dos episódios em mkv e um magnet link solitário lá no finzinho.

Colei no µTorrent sem grandes expectativas e... não é que milagres acontecem?

Hooray!

Clique aí no Tetsujin 28-go - o Gigantor, pô - para copiar o magnet link.


O torrent agora está na Baía do Pirata também. E em outras fontes.

Sobraram poucos seeds, é verdade. Demorei uma vida pra completar esse download. Então vou manter os arquivos semeando ainda por um bom tempo. Não direto 24/7, mas ao menos algumas horas, todos os dias à noite. E quase direto nos fins de semana.

E a quem colaborar possa: que tal degustar esse torresmo, subir os episódios em alguma conta do Mega ou Mediafire e espalhar a palavra? O espírito público agradece.

Maratonei o desenho reservando certa condescendência para um possível envelhecimento técnico e narrativo. Felizmente, foi desnecessário: a série continua tão espirituosa, eletrizante e divertida quanto da primeira vez. Pode até ser uma Síndrome de Peter Pan (é provável), mas já quero conferir mais uma vez os "golpes movidos a plutônio" de BGY-11, vulgo Big Guy, e os "poderes núcleo-protônicos" de Rusty - que, lembrando, não tem "receptores de dor".

O tiozão do Anime Abandon concorda comigo.


Ps: é tarde demais pra sonhar com aquele live-action?