Só mesmo um doc longa-metragem para descrever a importância da Wax Trax! para a cena alternativa americana. A loja/gravadora fundada por Jim Nash e Dannie Flesher foi seminal durante a efeverscência do pós-punk, da new wave, da eletrônica e do industrial do início dos anos 80. Seus padrões artísticos, estéticos e comportamentais transgressores e anti-establishment se estenderam muito além da seara musical - e continuam até hoje, ironicamente inseridos até no universo pop, ainda que a esmagadora maioria do público (e dos artistas) sequer se dê conta disso.
Em terra brazilis, onde as informações chegavam com alguns anos de atraso e à conta-gotas, o selo teve até certa exposição. Principalmente através da revista Bizz e das matérias do jornalista André Barcinski, incluídas também em seu livro Barulho: Uma Viagem pelo Underground do Rock Americano.
Meu 1º contato com a Wax Trax! foi justamente pela icônica revista. O marco zero foi a capa do Sepultura circa Arise levando um corta-luz das verdadeiras estrelas da edição: o Ministry. "Massacre eletrônico"? Já me ganhou só pelo conceito - lembrando que, naquela época, Internet só existia em filmes, livros e gibis; e como importar discos era para ricos, o jeito era viver de conceitos.
Depois vieram os artigos da célebre turnê Ministry/Helmet/Sepultura e do lançamento dos clássicos The Mind Is a Terrible Thing to Taste e Psalm 69 em terra, oh, brazilis. Finalmente. E assim meu salário de office-boy foi pro sal numa tacada só.
Houveram outras convergências pelo caminho, mas o trecho da estrada com tijolos de ouro foi esse. Embora sejam mais do que raros, tenho certeza que existem por aí outros brasileirinhos sobreviventes que ainda curtem Ministry, Lard, Revolting Cocks, Pailhead, Chris Connelly, KMFDM, My Life with the Thrill Kill Kult, Laibach, The Young Gods e outras pérolas WaxTraxianas que trilharam um caminho semelhante. Isso se as vicissitudes do dia a dia - também conhecidas como família, filhos, plano de saúde, aluguel, IPVA, etc. - não expurgaram essas lembranças e sensações à fórceps, deixando no lugar só um toquinho útil pagador de contas.
Se for o caso, uma sessão de Industrial Accident poderá reativar alguns neurônios há muito adormecidos e causar um grande estrago no seio familiar...
2 comentários:
Salve...qm pegou essa época e ouviu o q eles jogaram na fogueira descobriram pq o industrial n e so uma batida de martelos numa placa (Depeche Mode ja tinha feito e Bowie antes) e sim uma revoluçāo propriamente dita. O video c/ bandas a gravadora foi legal mas o cover do Queen ....abraço.
Verdade, Marcelo! O industrial remonta à década de 70 e início dos anos 80, com bandas carne-de-pescoço como Suicide, Throbbing Gristle, Einstürzende Neubauten, o povo do Krautrock, Bowie fase "Lodger" e por aí. O experimentalismo ali comia solto!
O que a galera da Wax Trax! - e Interscope, Mute Records, etc - fez foi pegar a zoeira toda e dar uma atualizada, tornando mais "acessível" pra molecada. E olha que estamos falando de Ministry, Laibach, Murder Inc... Sinistro!
Abraços!
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