sábado, 30 de outubro de 2004

SESSÃO TAPANAKARA


Filmes de artes marciais sempre trilharam um caminho à parte do esquemão cinematográfico. O estilo sempre rendeu muito assunto (ou boas desculpas) para alguma produção sair do papel, em larga escala. Historicamente também é revelante, pois promove o embate entre o velho e o novo, ao traduzir - ou ao menos tentar - para a linguagem contemporânea a cultura e filosofia milenares desse pessoal de olhinhos puxados. Quando alguém leva um chutão no meio da boca, não se trata de violência gratuita, e sim de 3.000 anos de aperfeiçoamento espiritual. Yááá!

Mas então, por que desse véu de subcultura que sempre predominou aí? Filmes de artes marciais são uma excelente idéia comercial que não foi inventada por Hollywood. O embargo se tornou inevitável. Pô, os caras criaram uma nova maneira de espancar seres humanos. Que graça tem o velho estilo Starsky & Hutch de bater? Chega daquele esquema desgastado de soco-no-estômago/soco-no-queixo. O lance é chutar traseiros com estilo. O resultado é contagiante, praticamente imediato. No meu caso, foi nos idos de 83-84, assistindo aos episódios reprisados de Faixa Preta. Pela primeira vez, eu passei a ouvir o "creck" dos ossos se partindo, os lutadores espirrando sangue em bicas, saltos inacreditáveis, tombos idem, o barulho das porradas que mais parecia o som de uma chicotada, aquele sonzinho de velocidade mesmo quando o personagem apenas vira o rosto abruptamente, etc.

Hong Kong era o Paraíso dos filmes de artes marciais, e eu já queria até aprender cantonês. Mandarim também (mudei de idéia logo no primeiro caractere).


O furacão Kill Bill já passou, mas abriu um rentável precedente. Embarcando na onda, algumas relíquias da 7ª arte marcial estão sendo relançadas em DVD, como A Câmara 36 de Shaolin (The 36th Chamber of Shaolin/1978). Considerado um dos maiores precursores do estilo, o filme traz muitos elementos familiares, para fãs tanto de animês (principalmente Dragonball, Samurai X e Cavaleiros do Zodíaco) quanto de filmes de luta mais recentes.

A história é básica ao extremo, como já é de costume no gênero. Durante a supremacia dos Manchus, um grupo de anarquistas disfarçados de professores monta uma base em Cantão. Descobertos, eles são massacrados e o único sobrevivente, San Te (o veterano Gordon Liu), busca refúgio no Templo Shaolin. Meio a contra-gosto, os monges acabam o aceitando. Obstinado, San Te se torna um aprendiz perseverante, e é aí que começa o foco do filme: o treinamento Shaolin.


Cada aluno deve atravessar 36 câmaras, cada uma com um desafio diferente, e se tornar mestre em cada especialidade. Como o filme é de 78 e portanto o SPOILER já prescreveu, já adianto que apenas algumas câmaras são mostradas. Mas pena mesmo foi a exclusão do treinamento na 36ª câmara, a mais avançada.

Lá existe apenas um grupo de monges anciões (parecem os irmãos mais velhos do mestre Pai Mei, de Kill Bill vol. 2), que derrubam o adversário apenas com a força do pensamento.

A Câmara 36... é tecnicamente impecável. É o que há de melhor em termos de coreografia marcial. Só a luta do início (sem ser o belo solo de abertura de Liu) já vale o filme. Aliás, trata-se de uma trilogia. Após esse, seguem Retorno à Câmara 36 (Return to the 36th Chamber/1980) e Discípulos da Câmara 36 (Disciples of the 36th Chamber/1984) - todos devidamente digitalizados. As continuações elevam à 9ª potência o já alto nível técnico das seqüências de luta, assim como elevam na mesma proporção a nulidade do roteiro. Mesmo assim, são altamente recomendáveis para amantes da porradaria em grande estilo. E, em Discípulos..., existe uma cena imperdível envolvendo a mãe de um personagem. Ela, mestra, aposta com um oficial que, se ele conseguir abrir as pernas dela, se casa com ele. Adivinha se o cara consegue... a mulé é foda!


Esse carinha já está na estrada há um bom tempo. Considero Jet Li o grande nome dos filmes de artes marciais da atualidade, embora ainda não tenha "acontecido" adequadamente no grande circuito (situação que deve mudar com a carreira mundial do badalado Hero). Após uma bela estréia em Hollywood (Riggs e Murtaugh que o digam!), a poeira abaixou legal com sucessivos e agüados filmes-americanos-de-artes-marciais. Tudo bem, alguns ficaram um pouco acima da média, mas pra cada O Beijo do Dragão existem dois Romeu tem que Morrer ou Contra o Tempo. Ali não havia cheiro de arroz frito com badejo cru, e sim de McChiken com Coca-Cola.

Jet Li já fez uma porrada de filmes legais (assisti um agora que é um verdadeiro luxo: Punhos de Dragão, produção de 1984 em que ele atua, dirige e ainda desce o cacete em soldados americanos - bem oportuno e, da metade pro final, realmente FODA), como esse Lutar ou Morrer (Fist of Legend/1994).


Remake do mega-clássico A Fúria do Dragão (Fist of Fury/1971), Lutar... não se limita a repetir o brilhantismo do filme estrelado por Bruce Lee, mas cria uma nova história sob o mesmo contexto da situação anterior. O filme conta a trajetória do chinês Chen Zhen (Jet Li), que está estudando no Japão quando recebe a notícia da morte de seu antigo mestre, que foi derrotado num combate suspeito com um lutador do clã japonês Dragão Negro. O mestre Huo Yuanjia realmente existiu (e também morreu sob circunstâncias similares), e nas duas versões aparece uma fotografia real dele.

Da mesma forma que o original, aqui também é feita uma boa descrição da conturbada situação social da república chinesa na década de 20. Pressionada por uma ocupação e embargo ostensivo do Reino Unido e Japão, um dos reflexos mais notáveis foi o caos urbano e a crescente tensão social, principalmente entre chineses e japoneses. O Chen Zhen de Bruce Lee foi um rolo compressor de selvageria irracional, não se furtando em trucidar japoneses onde e quando bem entendesse. Já o Zhen do Jet Li é mais... "zen" (podre, eu sei). Bem mais racional e comedido, ele pertence à um universo onde nem todos os japoneses são assassinos cruéis e impiedosos - elemento personificado por Mitsuko, sua namorada japonesa (a gatinha Nakayama Shinobu).

As lutas são demais... esqueça as bobagens CGÍsticas de Matrix e congêneres. Antigamente, os caras até usavam fios, mas batiam e se socavam de verdade. Além do quê, Lutar... tem um dos vilões mais monstruosos que já vi em filmes desse estilo: o General Fujita. O cara é do tamanho do Kareem Abdul-Jabbar e tem a cabeça mais dura que o Richard Kiel. Imagina isso usando uma farda militar estilo M.Bison (só que verde). Sinistro...!






BWAHMUAMUAMUEHUEUEAHUE!


O Grunge, cara... ele é um completo sem-noção... um Joselito meta-humano... acho que o verdadeiro "superpoder" dele é pensar, falar e fazer besteira. E em 90% dos casos tem a ver com putaria. Igual eu. A diferença é que suas companheiras de aventura são as melzinho-na-boca Caitlin Fairchild, Roxy e Sarah, vulgas "o que há em matéria de gostosura super-heroística".

Essa HQ foi escrita, produzida e dirigida pela fera Adam Warren, disparado o melhor desenhista não-japonês de mangás do Universo (aliás, ele é melhor até do que muito japa também!). Adam é dono de um estilo em que não falta nada e até sobra - sobra velocidade, porradaria, humor escrachado e garotas ultra-gostosas à beira de um hentai escancarado.

Na história, Grunge (clone do Stifler, de American Pie), empolgado com uma sessão básica de filmes de kung-fu, começa a alugar o ouvido da gracinha Roxy com um pseudo-roteiro de cinema. Aí começa a bobagem referencial... aldeias destruídas, mestres assassinados, gangues à Yakuza, citações, citações e citações... putz, as "traduções mal-feitas" são hilárias... Cara, eu li essa porra à uns dois dias e ainda tô rindo.

Scans by: doggma (sim, eu confesso...) - Arquivo cbr atualizado em 01/09/2017

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Te aconselho usar a velocidade Shaolin para essa HQ. O Photobucket anda com um papo muito estranho ultimamente... :P

Aliás, quem achar a referência ao Star Wars ganha um "muito bem" da minha parte...

E agora, a difícil técnica da "chamadinha-com-o-dedo"... por favor, não tente isso em casa.







dogg, só alegria com o disco do Neurotic Outsiders rolando. 

quinta-feira, 21 de outubro de 2004

O EFEITO DARKO


É... nunca diga nunca. A última vez que lembrei disso foi através do dublê de ator Ashton Kutcher. Achei que não havia vida pra ele fora de That 70's Show, um sitcom até bacaninha. Pelo menos, não algo que realmente valesse a pena de ser visto tanto por homens quanto é pelas mulheres (nota: jamais, jamais assista algum filme dele acompanhado por uma mulher - é um porre). E, quem diria, os elogios não páram por aí. Estou pra te dizer que Kutcher está ensaiando um quê de "visionário" também. Bem, pode ter sido uma daquelas felizes coincidências, uma espécie de Lei de Murphy ao contrário. Um gol de placa sem querer. Seja o que for, acabou dando certo aqui, e eu, movido pelo mais puro preconceito anti-galã teenager, acabei não conferindo isso na tela grande. Mas deu tempo de me redimir por módicos $ 3 na locadora mais próxima.

O Efeito Borboleta (The Butterfly Effect/2004) tem lá as suas referências (já vou falar delas), mas caminha com as próprias pernas. E é surpreendente. É do tipo do filme em que você não sabe onde vai dar a próxima esquina. Do início até a metade é cheio de nós, que - aí que mora a diferença - serão deliciosamente desatados até o final. E - outra diferença, a principal - de maneira plenamente satisfatória.


A história acompanha a vida de Evan Treborn (Kutcher), começando pela sua atribulada infância. Desde cedo, Evan sofre de uma espécie de acesso, que, do ponto de vista do espectador, é retratado como um lapso de tempo. Através de uma recomendação médica, ele passa a escrever diários relatando toda a sua rotina, com o intuito de instigar o seu subconsciente. Os anos se passam e, acidentalmente, Evan descobre que através da leitura de seus antigos diários pode transportar sua consciência para aquele momento específico que foi descrito. Como Evan tem uma coleção de erros e desventuras de fazer inveja a este que vos escreve, ele decide então consertar algumas coisas. No processo, ele dá sentido ao título da produção.

Em teoria, ao matar uma borboleta, você causará um efeito dominó que pode culminar num desastre sem precedentes - não se preocupe, no início do filme tem uma definição bem melhor. Essa é a premissa do filme e, mais do que simplesmente "viagem no tempo", existe o conceito de transposição de realidades alternativas. Sempre há uma co-relação qualquer entre as realidades criadas a partir das intervenções de Evan, o que acaba por minar suas seguidas tentativas de criar um "universo perfeito" para os seus padrões e para o daqueles a quem ama - afinal, sua felicidade depende intimamente da felicidade destes. Na tentativa de identificar e corrigir a "falha", Evan acaba criando realidades falsamente paradisíacas, realidades decadentes ou até realidades onde a sua total infelicidade parece ser a única saída viável.


Os filmes De Volta Para o Futuro e, principalmente, De Volta Para o Futuro 2, são o Alcorão do efeito borboleta via trangressão das leis da Casualidade. Talvez sejam os filmes que melhor exploraram as possibilidades desse conceito (e um dos que menos erraram, considerando a facilidade disso acontecer nesse contexto complicado). É uma das influências do filme, mas não a principal. Quando Evan começa a brincar de Deus, alterando a linha temporal para criar a realidade que melhor lhe convinha, a lembrança é imediata: Donnie Darko, com certeza sua maior referência. Existe outra, pouco lembrada e bem mais rebuscada: Em Algum Lugar do Passado, antigo sucesso em que Christopher Reeve transmigra a sua consciência para o passado através de uma perigosa técnica de auto-sugestão. Um procedimento bastante similar é utilizado em O Efeito Borboleta.

Nessas idas e vindas, só encontrei um erro sério no argumento, mesmo que puramente técnico. Quando uma nova realidade é criada por Evan, flashbacks simulam a anulação dos eventos da linha temporal anterior, destoando do fato de que Evan ainda se lembra deles na nova realidade. Se eles foram apagados, tecnicamente, Evan não deveria se lembrar de nada relacionado àquele universo "deletado", o que não ocorre. Perdoável, afinal, até Marty McFly pisou nesse tomate.


Claro que o filme não se destacaria meramente por essa temática - que muito me agrada, por sinal. Escrito e dirigido pela dupla Alec Bress e J. Mackye Gruber (a mesma do bom Premonição 2), o filme traz atuações de esforçadas e razoáveis até muito boas. Por "esforçadas", entenda como sendo a performance de Kutcher. Sinceramente, após algumas cenas, parei de associá-lo aos habituais personagens estilo garanhão-burrão (todos iguaizinhos ao Kelso, seu papel em That 70's Show). E lembra do "visionário"? Ok, alguns minutos já se passaram desde então. Confesso que exagerei. Mas pelo menos um tapinha nas costas o cara merece. Se não fosse ele, o filme não teria nem saído do papel (daí o seu crédito como "produtor executivo").

Melora Walters (interpretando Andrea, a mãe de Evan) está ótima como sempre, mesmo com uma pequena participação. Já a gracinha Amy Smart, no papel de Kayleigh Miller (o interesse amoroso de Evan), me surpreendeu numa atuação quase perfeita (chegando a ser perfeita na Kayleigh "versão decadente"), sem dúvida a vice-campeã do filme. Mas a medalha de ouro vai para os moleques que interpretaram os personagens principais aos 7 e aos 13 anos de idade. Impecáveis.

O Efeito Borboleta ainda teve o penacho de ter um final feliz - opção esconjurada por aí, o que eu acho bastante curioso. Será que filme bom tem que ter final deprimente? Isso é oficial agora? Se fosse assim, eu dedicaria o resto da minha vida a reprises de Papillon e Irreversível...

Aliás, eu escrevi "feliz", mas calma lá... Esse é um "feliz" sacana, daquele que dá na boquinha e tira na última hora. Chega mesmo a cortar o maldito coração, e ao som de "Stop Crying Your Heart Out" (que covardia), meus olhos quase se afogaram. Nem lembrei da velha desculpa do cisco.

Agora dá licença, que, depois desse filme, eu tenho de dizer uns "eu te amo" por aí.

...ouvindo Everywhere with Helicopter, do Guided by Voices, pra ver se anima um pouco...

quarta-feira, 20 de outubro de 2004

NEED FUCKING SPEED: PROGRAMA PARA MUDAR AS MÚSICAS


Need for Speed: Underground provavelmente é o game que eu mais joguei na vida. Já zerei umas 100 vezes, de tudo quanto é jeito. Viciado mesmo. Só tinha um detalhe que estava se tornando um pé no saco: a trilha sonora. Não agüentava mais o Andy Hunter, o Static-X, o Jerk, o Overseer, e, puta-que-o-pariu, até o Rancid ficou enjoativo.

Depois de muito penar nos zilhões de fóruns dedicado ao NfS:U, finalmente encontrei o Graal motorizado: o NFS:U Music Importer ("Tabajara", hehe...), programinha da hora que converte qualquer arquivo mp3 para os arquivos asf do jogo. Levezinho e fácil de usar, ele pode ser baixado aqui. O nome do arquivo é AstImp.zip. Só um detalhe... eu sei que brasileiro não é muito chegado a ler manual, mas aconselho ler o readme.txt com atenção pra não fazer merda e ter de reinstalar o jogo.

Agora sim. Jogar Underground ao som de Ace of Spades, Paranoid, Be Quick or Be Dead, Painkiller, Angel of Death e outras pauladas é outra coisa... As arrancadas, os cavalos-de-pau e jatos de N.O.S. nunca mais serão os mesmos. :P

terça-feira, 19 de outubro de 2004

TOP 5... destrinchado!

Ministry - Houses Of The Molé
(Sanctuary/2004)


Os reis do rock industrial lançam seu melhor álbum desde o estourado Psalm 69. Pra falar a verdade, Houses... é tão bom quanto o clássico de 92. Nos últimos tempos, o Ministry estava imerso em bad trips cabeçonas e intermináveis, num reflexo direto da vida loca regada a álcool e drogas pesadas, e dos inúmeros quebra-paus entre Al Jourgensen e Paul Barker. Ironia caótica: uma banda descontrutivista se desconstruindo.

Mas Jourgensen (re)assumiu a liderança, chutou Barker pra escanteio e, logo em seguida, se enfiou num estúdio de última geração - seu habitat (sobre)natural. A comparação com Psalm 69 é quase automática. Musicalmente, soa como uma continuação e, num capricho esquisito do destino, a sua temática também. Naquele álbum, as letras de Jourgensen destilavam um sarcasmo e ódio intrínsecos ao então presidente dos EUA, George Bush (vide o hit N.W.O). Dessa vez, a banda dedica o álbum inteiro à mais um notável daquela família. Houses... está lotado de samples com discursos de W. Bush, e letras que renderiam facilmente um processo de calúnia e difamação. No target também entram assuntos igualmente explosivos, como a intervenção norte-americana no Oriente Médio e os "efeitos colaterais" da aclamada globalização. E pra quem quer apenas curtir um som forte e agitado, Houses... é um prato cheio.

Na abertura, No "W" manda ver num tecno hardcore com um recorte muito bem sacado de Carmina Burana (que já foi utilizada N vezes por bandas heavy, mas nunca dessa forma). Logo após, Waiting nos traz de volta aquele industrial alucinado do fim da década de 80 (é o irmão mais novo da clássica Thieves). Worthless é uma paulada acachapante com vocal distorcido, bem próxima de Just One Fix (do Psalm 69). Wrong é thrash metal tradicional, só que movido a maquinária digital. Warp City é um rockabilly turbinado com guitarras de tremer o chão. WTV é um concerto desconexo de samples com a missão de explodir o Texas e todos os descendentes da família Bush. World é estranhamente fácil. Pesadona e com um refrão superbonder, ela lembra bastante a fase tecnopop da banda (lá pelos de idos de 84/85), só que com guitarras manhosas e esparsas. WKYJ é rock garageiro, torto e barulhento à Devo/Big Black (que o Jourgensen não saiba disso - ele e Steve Albini, líder do BB, se odeiam). Já Worm é um autêntico pós-punk oitentista, naquela pegada soturna e melancólica do PIL e da 1ª fase do Killing Joke - acrescido do fator "monstro canibal" do Ministry, claro.

O álbum ainda traz duas faixas escondidas: Track 23, um ótimo remix de No "W", com um solo nuclear de guitarra, e Track 69 (claro...), um ambient repleto de mensagens subliminares que eu nem me preocupei em desvendar, mas que me deu uma vontade enorme de quebrar um aparelho de televisão.

Ps.: Não por acaso, todas as faixas têm a inicial W, excetuando-se No "W" ("Não ao W"). Em outras palavras, anti-Bush total!

Slayer - Decade Of Aggression - Live
(Def American/1991)


Cena metálica, segunda metade dos anos oitenta. Com o fim da invasão thrash metal, muitos grupos do estilo foram parar no limbo, mas ainda haviam alguns de pé. O Metallica era algo grande demais, construído pelos fãs e para os fãs - pelo menos até o momento em que lançou o Black Album. Já o Slayer era a fera indomável, que nem propostas indecentes de grandes gravadoras conseguiram arrefecer. Sempre correndo ao largo do que é considerado "acessível", os thrashers da Bay Area arrebanharam uma legião de admiradores fanáticos e influenciou 100% do que foi feito no metal extremo dali por diante. Também não era pra menos. A banda era mitológica. Eles criaram uma mescla tão coesa de música, imagem e simbolismos, que era impossível dissociar uma coisa da outra.

Mas essa característica foi trabalhada com esmero, na forma de uma seqüência matadora de álbuns (todos pós-Live Undead, de 1985): Hell Awaits (1985), Reign In Blood (1986), South Of Heaven (1998) e Seasons In The Abyss (1990). Está tudo lá, começando pelas capas maravilhosamente mal desenhadas, o satanismo de história em quadrinhos, o clima de horror B, até as guitarras rasgantes da dupla Jeff Hanneman/Kerry King, o vocal e o baixo sorumbáticos de Tom Araya, e - meu amigo... - a batera DEVASTADORA de Dave Lombardo...

E enquanto o Metallica dava o golpe do século (BA), o Slayer celebrava uma missa no inferno: Decade Of Aggression é um dos álbuns ao vivo mais intensos já lançados. Clássico. A produção, a cargo do figurão Rick Rubin, deu a amplificação exata para a banda executar a trilha sonora do Apocalipse. A mixagem deixou as guitarras ultra-secas, com solos de furar qualquer twiter. A bateria, um show de engenharia, ficou claríssima, muito bem captada. Ao fundo, o baixo metálico de Araya ainda mais distorcido e os vocais sinistros, entre o gótico e o tétrico.

Sobre o set-list, eu nem me atrevo a escrever. Eu só sei que começa com Hell Awaits e segue adiante, arrancando cabeça, tronco e membros. War Ensemble, South Of Heaven, Raining Blood, Dead Skin Mask (que é em homenagem a Hannibal Lecter!), Seasons In The Abyss, Angel Of Death, Hallowed Point, Black Magic, Postmortem, Chemical Warfare, e muitas, muitas, muitas... é CD duplo, pô. Um dos raros que ainda valem a pena. Custo-benefício de primeira.

Clássico! clássico! cláááássico!!

Megadeth - The System Has Failed
(Sanctuary/2004)


Confesso que eu sempre tive uma certa má-vontade com o Megadeth. Não é nada contra a música (no mínimo, competente e ultra-profissional), nem contra qualquer contexto deles enquanto músicos. Talvez eu tenha acompanhado por tempo demais a história da banda e acabei me influenciando.

Tudo começou em algum ponto de 1982, quando o jovem drogadito Dave Mustaine foi colocado dentro de um ônibus com destino a San Francisco. Totalmente chapado. E quem o colocou lá? James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammet, do então recém-formado Metallica. Eles já não agüentavam mais as cheirações e confusões do diabo loiro, que na época era o guitarrista do grupo. Expulso, e com uma gigantesca marca de coturno no meio da bunda, o vingativo Dave montou o Megadeth, declaradamente como forma de retaliação aos ex-colegas de banda.

Na verdade uma one-man-band, o Megadeth nunca chegou de fato a alcançar o seu objetivo (Destruir Metallica!! Destruir Metallica!!), mas adquiriu moral e respeito com o público mais ortodoxo do heavy. Tudo isso, graças a uma discografia inicial pra lá de carniçeira - Killing Is My Business... And Business Is Good! (1984), Peace Sells... But Who's Buying? (1986) e So Far, So Good... So What!? (1988) - seguida de uma incontestável credibilidade como excelentes músicos, e de Dave, como um grande compositor e letrista - Rust In Peace (1990), Countdown To Extinction (1992) e Youthanasia (1994).

O Mega cresceu, lotou turnês, vendeu discos a rodo, ganhou muito dinheiro e acabou esquecendo (ou arquivando) a revanche contra o primo rico do thrash metal. Mas a história não acaba aí, e Dave ainda amargou uma péssima recepção dos álbuns seguintes. Cryptic Writings (1997, um bom disco) e, principalmente, Risk (1999, o Mega tentando tocar nas rádios, já viu né), venderam como bronzeador no deserto e foram marcados por barracos homéricos entre Mustaine, o guitarrista Marty Friedman e o baixista Dave Ellefson. Sem contar que o batera Nick Menza já tinha caído fora à essa altura.

Após uma ligeira reação, com The World Needs A Hero (2001), e um ao vivo, Rude Awakening (2002), o Mega foi à lona. Desgastado pelas mudanças de formação, Dave ainda enfrentou um drama pessoal: os nervos de seu braço sofreram uma estranha paralisia, o incapacitando de tocar guitarra. A banda oficialmente acabou e Dave sumiu do mapa. Parecia o fim.

Mas, assim como o futebol, o rock'n'roll também é uma caixinha de surpresas. Dave se recuperou (muita fisioterapia!) e anunciou o canto do cisne do Megadeth: The System Has Failed - um puta discaço de rock pesado. A sonoridade do Mega está além da qualificação meramente "heavy" ou "thrash". Dave engendrou uma sonzeira de respeito, com um trabalho cirúrgico nas bases e nos inspirados solos de guitarra (já escrevi que ele é um excelente músico?), e uma bateria marcante e cadenciada. Tudo bem, The System... remonta ao peso metálico oitentista, mas com concepção e equipamentos muito mais modernos e poderosos. Praticamente gravado com músicos contratados (Chris Poland, um ex-Megadeth, na guitarra, Jimmie Sloas no baixo e Vinnie Colaiuta na bateria), a nova formação facilitou a vida de Dave, totalmente liberto das amarras anteriores.

The System... é rock pesado profissional, sonzeira de macho, trilha sonora estradeira e o certificado da maturidade de um artista experiente. Ouça Kick The Chair, The Scorpion, Truth Be Told, Tears In A Vail e a destruidora Back In The Day no volume 11.

Mega-Ps.: A experiência adquirida e a boa impressão causada pelo álbum não impediu Mustaine de continuar falando merda. A capa do álbum traz o velho mascote Vic Rattlehead dando propina a Bill & Hillary Clinton, Yasser Arafat, Tony Blair, W. Bush, e mais alguns filhos da puta. Até aí tudo bem. Mas em entrevista para a Rock Brigade (ed. #219), ele fez a seguinte declaração:

"Veja Al Jourgensen, do Ministry, dizendo por aí: 'Foda-se o Bush'. Eu sempre fui fã do Ministry, mas todo mundo sabe que Al é um sujeito com graves problemas relacionados às drogas, então é difícil levar a sério o que ele diz. Eu vou votar no Bush (...) (John) Kerry é um grande erro, ele vai arruinar o nosso país (...)"

Em outras palavras, é melhor votar em Bush e deixar que o mundo se estrepe, do que pôr em risco o totalitarismo yankee. E outra: Al Jourgensen, drogado? Tudo bem, é verdade. Mas olha só quem está falando...


Anthrax - Music Of Mass Destruction: Live in Chicago
(Sanctuary/2004)


Arrasador serviço ao vivo da banda californiana com nome de arma biológica. O Anthrax sobreviveu aos anos 80, mas houveram momentos em que eles mergulharam tão fundo no anonimato, que só faziam show no CBGB's, em New York (berçário do punk e templo da cultura underground mundial). Como sempre há apenas um nome por trás desse tipo de façanha, lá vai: Scott Ian, guitarrista-base e o único membro original. A influência do cara não fica só nas guitarradas e, apesar de não ser o frontman, ele tem a mesma importância para o Anthrax que o Steve Harris tem para o Iron Maiden, por exemplo. Ou seja, é um patrão disfarçado de empregado.

Scott já viu e fez muita coisa nesses quase 25 anos de vida pública (parece texto político). Encarou tanto estádios lotados, no auge do boom do heavy oitentista, quanto apresentações matadas em pubs vazios. Fundou o cultuado e memorável S.O.D.. Enquanto todo o cenário metal só falava em demônios, sanguinolência e fim do mundo, ele gravou o hit (lá fora) Bring The Noise, ao lado do Public Enemy, num dos primeiros crossovers da História. Excursionou em algumas das turnês mais rentáveis de todos os tempos, ao lado do Metallica, Iron Maiden, AC/DC, Ozzy Osbourne, Kiss, e por aí vai. Sujeitinho rodado.

Ao contrário de seus contemporâneos, o Anthrax não vinha com aquela nuvem negra carregada de desolação e más notícias. Eles não usavam tachinhas, nem jaquetas de couro, nem jeans rasgados. Eles detonavam um speed metal rápido e contagiante, com refrães chicletes e letras relatando as maravilhas de ser antissocial. E usavam bermudas e camisetas coloridas. Quem vê uma foto antiga deles hoje, pensa até que é o Red Hot Chili Peppers. O Anthrax é uma banda divertida por excelência, com guitarras altas, bateria "bumbante" e músicas que são "um verdadeiro convite ao mosh" (já li isso em algum lugar).

Em Music Of Mass..., o Anthrax está afiadíssimo como sempre, e ainda com uma excelente line-up - incluindo aí o vocalista John Bush (que não tem nada a ver com...). Ainda encarado com certa reserva pelos fãs, Bush já tem mais de dez anos de casa e, embora não chegue a ser um Joe Belladonna (e muito menos um Neil Turbin... yeaahh!!), ele continua mandando muito bem. Longe de ser um novato, ele era vocalista do veterano Armored Saint, ou seja, já é uma puta velha. Completam o time, o baterista Charlie Benante (num trampo realmente cavalar, ele abusou dos pedais), o baixista Frankie Bello, Rob Caggiano na guitarra-solo e, claro, Scott nas bases.

Showzaço, pesado, rápido e com o público em cima. Pedradas atemporais como Got The Time, Caught In A Mosh, Antisocial, I Am The Law, Bring The Noise, Fueled, Metal Thrashing Mad, a hiper-mega-clássica Indians, e muitas outras, turbinam qualquer evento social e antisocial.

Isso sem falar na capa, ilustrada por um fã bem especial: Alex Ross. Obrigatório!

Leaves' Eyes - Lovelorn
(Sanctuary/2004)


Eu gosto da Amy Lee, do Evanescence. Aprecio sua desenvoltura como cantora lírica, seu insuspeito timing pop, e seus belos olhos também. Maaas - desculpa Amy - ela é uma mera aprendiz, e ainda tem muito, muito chão pela frente. Pelo menos, até conseguir passe livre pelo seleto clube de deusas góticas como Tarja Turunen (Nightwish), Cristina Scabbia (Lacuna Coil), Anneke Van Giersbergen (The Gathering), Floor Jansen (After Forever) e a sensacional Liv Kristine Espenæs, ex-Theatre of Tragedy, atual Leaves' Eyes.

Liv é uma das pessoas mais experientes do canto lírico/erudito dentro do rock. Com um passado memorável à frente do Theatre, essa norueguesa também mantém sua carreira solo. Em Deus Ex Machina, de 1999, ela estava mais chegada à new age, embora ainda com os inevitáveis resquícios rock (vide 3AM, um dueto soberbo com Nick Holmes, do Paradise Lost). O relativo sucesso do álbum deixou os rapazes do Theatre nos cascos. Eles passaram a vetar qualquer trabalho solo dos integrantes, numa crise braba de ciúmes. Ela, claro, deu no pé. Passada a confusão com o grupo (os caras não queriam nem deixá-la sair!), Liv finalmente retorna com banda nova, para alegria dos fãs - e eu incluso!

Lovelorn, o debut do Leaves' Eyes, é talvez o lançamento mais acessível da carreira de Liv. Base bem simples, próxima do hard rock, ondas de teclados e orquestrações discretas, melodias agradabilíssimas e aqueles vocais. Liv está ainda mais doce, suave, sensual e etérea... mas como canta essa mulher! As músicas são de uma simplicidade franciscana, e acertam em cheio.

Norwegian Lovesong, a faixa de abertura, tem uma melodia altamente assobiável, demora apenas alguns segundos para colar permanentemente no cérebro. Aliás, eu já vou logo avisando: essa música, mais Tale Of The Sea Maid, The Dream, Secret e a belíssima For Amelie colam imediatamente - e nunca, nunca mais se soltam. Se você não gosta de música tatoo, não passe nem na frente da loja. Melhor ainda, feche o browser do Black Zombie até a próxima atualização. Ocean's Way e Temptation são os momentos mais pesados, mas nada que lembre um Syns of Thy Beloved da vida. Já a faixa-título é bastante introspectiva e sombria, enquanto Into Your Light e, principalmente, Return To Life têm um alto potencial radiofônico - isso se rádio fosse lugar pra se ouvir boas músicas...

Leaves' Eyes é a trilha perfeita pra relaxar, transar (com quem mereça tal honraria) ou simplesmente curtir uma música de qualidade. Espero ansiosamente pelo próximo full lenght.

E como um apaixonado pela Liv, uma foto em homenagem...



dogg... ouvindo tudo isso aê.

segunda-feira, 18 de outubro de 2004

ÁGUIAS, MORCEGOS, GOTHIC ROCK E SELEÇÃO NATURAL


Primeiro superboato forte desde a rescisão de McG: Brandon Routh, é o atual novo Clark. Gostei não. Mas essa é apenas a velha primeira impressão, aquela mesma que me enganou tantas vezes.

Jovem demais, falta maturidade, presença física, aura benevolente, semblante heróico e corajoso, olhar que transmita confiança e amizade. Em outras palavras, alguém que seja ao menos a metade do que Christopher Reeve foi. Michael O'Hearn, o Clark de World's Finest, do Sandy Collora, seria um sujeito muito mais próximo da concepção ideal. E olha que o único "defeito" dele é moleza de corrigir: só tinha de perder um pouco de massa muscular.

Por outro lado, eu sempre fui a favor de convocações de ilustres desconhecidos para papéis de personagens emblemáticos da cultura pop (sejam de HQs ou não). Isso funciona que é uma beleza, desde Hugh Jackman e Bruce Thomas (dos comerciais da OnStar e do piloto do seriado Birds of Prey - o melhor Batman que já vi), até Clark Barthram (dos curtas de Sandy Collora - o 2º melhor) e Ray Park (Darth Maul, Groxo e futuro Punho de Ferro).

E só o fato do Bryan Singer - supostamente - ter dado o sinal verde pro rapaz, já denota uma certa credibilidade. Ele pirou quando viu o teste de vídeo de "um certo candidato", o que reforça a boataria. Bem, se for verdade mesmo, ou o garoto vai ficar excelente, ou veremos a primeira grande roubada do ex-x-diretor.

Falando em Singer e em testes de vídeo... X-Men 3. Os chefões da Fox limitaram a escolha do novo x-diretor à apenas 3 nomes, sendo que dois desses já trabalharam na casa. Logo em seguida, em entrevista para o site IESB, o produtor Avi Arad confirmou que Joss Whedon é mesmo um forte indicado para o cargo.


Agora, o porquê dessa foto aí cima? Este é Glenn Danzig, vocalista da banda Danzig, e um dos maiores ícones underground do rock americano. Com um passado memorável à frente dos cultuados Misfits e Samhain, Danzig sempre foi associado à uma certa atmosfera dark cinematográfica. De fato, ele já andou enveredando por algumas produções.

Lá pelos idos de 93/94, quando surgiram os primeiros boatos sobre um live-action dos mutantes, a ser dirigido por James Cameron (o tempo é um troço que eu vou te contar...), ele foi o primeiro a ser cotado para o papel de Wolverine, antes mesmo de Dougray Scott. Como o filme demorou horrores, ele partiu pra outra e acabou fazendo uma pequena - mas impressionante - participação em Anjos Rebeldes 2 (God's Army 2 ou Prophecy II/1998), no papel do anjo Samuel.

Ficou ótimo, pode conferir.


Em entrevista à Rock Brigade (na última edição, #219), Danzig revelou que, na época do 1º X-Men, ele esteve em algumas reuniões com a produção e conversou bastante com Bryan Singer. Infelizmente, a grade de filmagem cancelaria toda a tour de Satan's Child, seu álbum recém-lançado na ocasião. Uma pena, ele seria um Logan bem menos "bonzinho" que Hugh Jackman.


Mas a adiada incursão do cara pela 7ª arte ainda não caiu totalmente por terra. Seguindo o exemplo do maluco Rob Zombie (A Casa dos 1000 Cadáveres/2003), ele vai produzir e dirigir um filme - de terror, é claro. Ge Rouge contará a história de um ataque de zumbis em Nova Orleans, no início do século 20. Promissor...

A propósito, navegando pelo site do cara... que belo material de divulgação!


Clique nas imagens pra ver bem, bem de perto...


Ps.: essa semana será promíscua no que diz respeito à freqüência de posts... E na faixa, The System Has Failed, novo do Dave Mustain... digo, Megadeth, em fase de pré-julgamento. :P

quinta-feira, 14 de outubro de 2004

DOR DE DENTE HORRÍVEL


É isso aí, amigo. Resident Evil 2: Apocalipse é o primeiro filme que assisti que me deu dor de cabeça (ps.: alterei o local da dor em prol da analogia). Imagina você, no sono dos justos, lá pelas 5:30 da matina, e um filho de Deus dá uma martelada numa bigorna a um palmo do seu ouvido. RE2:A tem ao menos uns 30 "sustos" seguindo essa cartilha. E rapaz... que filme barulhento. Superou até a ópera das arapongas que foi Van Helsing. Assistir isso em DVD com o DTS ativado é suicídio auricular. De qualquer forma, essa via crucis movida a decibéis teve uma certa satisfação: ao meu lado, estavam uns três ou quatro guris se borrando de 5 em 5 minutos. E eu me acabava de tanto rir. Acho que ali aconteceu a primeira explosão de esfíncter anal provocada pela 7ª arte. Momento histórico.

Dirigido pelo estreante Alexander Witt, o filme é a última palavra em montagem music television. Aquelas coisas: edição a 300.000 km/s, efeitos de distorção a rodo, cortes mil, enfim. MTV puro. Na maior parte das cenas de ação mal dá pra ver quem está na tela. Isso é filme pro Barry Allen. Não vou dizer que a escola videoclípica só teve formandos incompetentes, afinal, David Fincher, Guy Ritchie e Zack Snyder estão aí pra honrar a camisa. Mas quando dá errado, o resultado é Witt, o Extremo.


Quem rabiscou o roteiro foi Paul W. "Ainda-vou-bombar" Anderson, que trocou duas de vinte por uma de quarenta. Inicialmente era ele quem ia dirigir RE2:A, mas preferiu assumir o comando de AvP, só pra sentir o gostinho de ser podado por um grande estúdio. Não digo que o filme seria melhor com ele, pois o roteiro também exagerou na massa. A história começa exatamente aonde o primeiro filme parou, com Alice (Milla Jovovich, ainda tirando de letra as cenas de nudez... êlaiá!) despertando no hospital e percorrendo uma Raccoon City totalmente devastada - tudo obra da gananciosa Umbrella Corporation e seus zumbis infectados com o T-Virus.

Ok, quem conhece o game Resident Evil, sabe que esse é o enredo básico do jogo, ao contrário da história anterior. E as peças que faltavam estão lá: os soldados da S.T.A.R.S. abandonados por seus superiores - entre eles o fodão Carlos Olivera (Oded Fehr, fodão), a agente Jill Valentine (Sienna Guillory, gostosa até a última célula-tronco), e o taxista comédia L.J. (Mike Epps, mais um coadjuvante cômico talentoso - acho que devem existir linhas de montagem de coadjuvantes cômicos em Hollywood).

Muito bem. A cidade em quarentena, um muro rodeando todo o perímetro, a mídia no cabresto, e alguns milhares de seres vivos e mortos-vivos descartáveis. Local propício para a Umbrella testar sua mais nova arma: Nêmesis (uma mistura de Monstro de Frankenstein e Rambo, usando a roupa do Pinhead, de Hellraiser). Sua missão é fazer uma queima de arquivo geral e isso inclui os nossos heróis, que estão tentando resgatar a filha do dr. Ashford (Jared Harris, chato pra cacete e igualzinho aquele paralítico de Todo Mundo em Pânico 2), que, em troca, irá retirá-los da cidade.


RE2:A, como toda experiência ruim, tem o seu lado bom. A princesa atordoada Milla Jovovich, por exemplo, é apenas razoável como atriz, mas tem uma atitude de entrega muito interessante em relação à sua personagem. Já a destrói-família Sienna Guillory foi um achado, e deveria ter aparecido logo no primeiro filme. Além de ser a própria Jill Valentine, ela também conseguiu ser boa atriz, mesmo com uma nesguinha de participação - a microssaia contribuiu, claaaro. Desejo toda a sorte para Oded Fehr (de A Múmia) em filmes de ação com heróis mais inteligentes que o de costume, e o mesmo para Mike Epps (parente do Omar?) em algum Saturday Night Live da vida.

Ativando programa de boas seqüências de ação isoladas: a ótima cena do fechamento da barreira, condenando milhares de civis inocentes; o ataque dos tenebrosos lickers na igreja (antes de Alice atravessar o vitral com uma moto); Nêmesis metralhando uma loja cheia de soldados da S.T.A.R.S. e logo depois, perseguindo Alice com uma bazuca; a presença intangível da "entidade" Umbrella. Nunca vemos os gerentes, apenas os supervisores (aparecem dois no filme), o que dá uma maravilhosa sensação de estarmos enfrentando um inimigo sem rosto. Provavelmente de forma inadvertida, foi criado um conceito aprimorado da sinistra Firma, da franquia Alien.


E Alien é justamente o link para o primeiro ponto ruim: tal qual Ellen Ripley em Alien 4, Alice agora tem poderes. Ela está melhor, mais rápida, mais forte, essas coisas. Palha até não poder mais. Os cães-zumbi também estão lá, e são responsáveis pelos momentos mais ruidosos do filme. Antes deles alcançarem as vítimas, elas já morreram de dor nos tímpanos. Já Nêmesis é miseravelmente desperdiçado depois daquelas duas cenas. E o roteiro tem tantos rombos que até os guris borrados notaram (num deles, nossos heróis vão para um cemitério pra fugir do ataque dos zumbis).

Aliás, esse não pode ser considerado um filme de mortos-vivos. Esse é um filme que "por acaso" tem mortos-vivos. A importância dada aos monstros é tão pouca, que, dado momento, eles simplesmente somem da história. E se for pra vê-los sendo surrados a golpes de caratê, é melhor que nem apareçam mesmo. RE2:A também me confirmou uma horrenda suspeita. Existe um filão de filmes sanguinolentos que estão vindo sem uma única gota sangue. Parece até defeito de fábrica.

Eu poderia até enaltecer as citações ao game (como os soldados jogando granadas e metralhando os zumbis, Alice entrando na loja de armas, o reflexo dos monstros num capacete policial, etc.), mas isso não é mérito do filme, e sim do jogo. E para os amantes do game, a conclusão não poderia ter sido mais decepcionante. Totalmente aberta pra mais uma seqüência, ela arremessa todo o conceito original pra vala. O que quer que venha a ser Resident Evil 3, dificilmente terá algo a ver com o argumento que popularizou o jogo.

Cara... eu não paguei ingresso, mas quero o meu dinheiro de volta.


HOMEM-ARANHA #136


Interessante edição "genérica", onde o bom aracnídeo toma uma carroçada sinistra do Venom. Não sabia que o Mancha Negra cover era tão superior assim.

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Ou: arquivo cbr re-upado em 05/09/2017 - scan com a mesma resolução arcaica de 2004



SUPER POWERS #01


Recordar é viver. A revista Super Powers foi uma tentativa da Abril de repetir na DC o mesmo sucesso da saudosa 1ª fase de Grandes Heróis Marvel. Como o universo decenauta sempre foi inconstante, a esforçada SP acabou se limitando a lançar fins de sagas. Isso já era característica desde sua estréia. Em Saga das Trevas Eternas, a Legião dos Super-Heróis enfrentou seu primeiro desafio realmente grande: Darkseid, senhor de Apokolips. Na época, o Dark era aterrador pra valer, não esse freguês de hoje em dia.

Uma bela aventura cósmica com argumentos de Paul Levitz e Keith Giffen, que também desenha. Essa história influenciou muita gente boa (como Jim Starlin) e gente mais ou menos (como Kurt Busiek). Lembrando que a Legião tem esse nome não é à toa: são 25 integrantes (a edição traz a ficha de 23 deles).

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Ou: arquivo cbr re-upado em 05/09/2017 - scan com a mesma resolução arcaica de 2004

dogg, quebrando tudo ao som de Indians, do novo ao vivo do Anthrax! HUUUUH!!

sexta-feira, 8 de outubro de 2004

KILL BOURNE


Com o fim da Guerra Fria (e o início da "Guerra Quente"), os filmes do gênero ação/espionagem foram arquivados por Hollywood. Querendo ou não, é essa meca de sonhos pré-fabricados quem dita quais serão as próximas tendências do mercado. Daí que reassistindo hoje filmaços como O Dia do Chacal, A Traição do Falcão, Os 3 Dias do Condor ou Operação França, você percebe que os mesmos envelheceram bastante no quesito "temática". Os dias são outros, não podemos exigir dessas velhas pérolas mais do que a sua condição de serem grandes filmes. James Bond é um exemplo clássico. Sua licença 00 foi revogada no momento em que a União Soviética dançou. Tudo bem, existiram alguns elementos pós-Connery bacanas, mas isolados (o melhor deles foi no último filme, quando o 007 Pierce Brosnan foi preso, torturado e, certo de que ia ser executado, protagonizou uma das melhores cenas de toda a franquia). Em outras palavras, o resgate desse filão é um trabalho para os jovens.

Os elementos certos no lugar certo, boas interpretações, história envolvente, charme indiscutível e voilá: Jogo de Espiões, com Brad Pitt e Robert Redford (sempre ele), fez a alegria de ex-agentes da KGB. Mas essa alegria teve vida curta: logo em seguida, Vin Diesel e seu Triplo X (não confundir com uma certa seção do BZ) soaram tão comerciais e pasteurizados quanto uma propaganda da Nike na MTV. Aquilo foi um "Velozes & Furiosos All Over The World" - e olha que eu torcia pelo dito cujo.

Voltamos ao 0x0, mas esse filme pelo menos nos mostrou o caminho da luz: faltava O Ícone. Aquele mesmo que Tom Cruise foi em Missão: Impossível, e que tentou nos enfiar goela abaixo em M:I-2 (perdeu a vez, mané). Faltava um herói, um sujeito que exibisse desenvoltura, precisão cirúrgica, raciocínio cruelmente lógico, e moral suficiente pra sair batendo em todo mundo - e nos fazer acreditar que ele pode fazê-lo.


Doug Liman já tinha um certo respaldo comigo (como se isso fosse lá grandes coisas). Seu trampo atrás das câmeras em Swingers e Vamos Nessa! chegou a ser comovente de tão bom. Moderno sem soar comercial, espirituoso sem soar pretensioso, e, principalmente, um talento nato para escolher os atores mais improváveis para determinados papéis e acertar em cheio. Baseado no livro de Robert Ludlum, A Identidade Bourne (The Bourne Identity, 2002) foi uma grata surpresa por correr por fora do que andava na moda em Hollywood, e por trazer um Matt Damon surpreendente na pele do agente Jason Bourne.

Por partes: Bourne é ex-agente de um projeto ultra-confidencial que visava aparar as pontas soltas do mapa geopolítico mundial. Ou seja, seu serviço era eliminar figurões "para manter a estabilidade das coisas". Numa dessas missões, a Lei de Murphy pegou mais pesado, e ele foi encontrado à deriva no mar, com um tirambaço no lombo, sem idéia de quem é, ou de como foi parar lá. Os únicos que o reconhecem querem vê-lo morto. Se esse background já lembra o de um certo ex-agente do Projeto Arma X, as semelhanças não param por aí: Bourne é um assassino frio e muito eficiente, capaz de transformar uma simples caneta numa arma letal. A excelente performance de Matt Damon o diferenciou dos zilhares de brutamontes a que estamos acostumados em filmes de ação. Em combate, ele é extremamente racional, analisando e registrando todos os movimentos de seu adversário e antecipando o próximo. Ele não luta, ele joga xadrez. O resultado é impressionante - e muito legal!


Em A Supremacia Bourne (The Bourne Supremacy, 2004), Doug Liman não comparece, mas Paul Greengrass assume o comando e segue adiante com um belo serviço. Dessa vez, uma operação da CIA para compra de documentos russos fracassa quando o assassino profissional Kirill (Karl Urban, a cara do Kricek, da série Arquivo X) elimina todos os envolvidos. Claro que ele incrimina nosso herói e vai atrás dele para completar o serviço. Bourne, recluso em Goa, Índia, vive com Marie (Franka Potente), e após uma seqüência eletrizante de perseguição (e com um final inesperado, mas necessário), decide voltar à ativa para limpar o seu nome. O que vem a seguir é uma senhora varrida por baixo dos tapetes da CIA.

Mostrando um absoluto respeito ao material, o diretor Greengrass relembra, por meio de arquivos, todos os principais personagens da trama original. Estão lá até os que morreram, como o grande Chris Cooper. Muito inteligente. Também voltam a ex-assistente de logística Nick (a gracinha Julia Stiles), e o supervisor da CIA Ward Abott (Brian Cox), de quem eu continuo não comprando um carro usado.


E uma ótima surpresa foi a bela atuação de Joan Allen, no papel da agente Pamela Landy. Dona de um cérebro que funciona a 5000Ghz, ela até deixa Bourne passar, mas sempre joga uma casca de banana em seu caminho (putz, preciso trabalhar mais essas analogias).

Mas nem tudo são flores, e Greengrass chuta pra fora com o goleiro no chão em uma seqüência muito importante (pra mim, a mais importante até). Na hora, você saberá a que cena estou me referindo, mas posso adiantar que envolve falta aguda de coordenação motora.

No fim, fica a impressão de que eu vi foi um autêntico spy-thriller - com direito à locações globalizadas, perseguições de carro demolidoras, e tudo mais. Saí da sala hipnotizado e com aquela sensação de uma conspiração a cada esquina, desconfiando até do cara que vendia pipoca.

Jason Bourne é O Cara. Não sei se ele ganha do Jack Bauer na porrada, mas que ele arrebenta o Ethan Hunt, arrebenta.


A SUPREMACIA BILL
(ou "The Bride Will Kill Bill Vol.2")


Finalmente aporta em terras brazucas a segunda parte do novelão chinês de Quentin Tarantino. Kill Bill: Vol.2 (2004) vem carregado de promessas a serem cumpridas, mesmo se tratando não de uma continuação, mas da "outra metade" do mesmo filme. O final do 1º volume deixou um gancho digno de Janete Clair. A ex-Noiva e atual Beatrix Kiddo (Uma Thurman, interessante, gostosa e convincente - Ethan Hawke é mesmo um vacilão) continua a sua jornada de dilacerações, desmembramentos e... desglobalizações oculares. Logo no início, Tarantino finalmente mostra tudo o que rolou na igreja e o porquê da traição. O que eles fizeram foi mesmo uma puta sacanagem e dá mais dimensão ao ódio de Beatrix.

E a menina tem é serviço pela frente. Além dos já detonados O-Ren Ishii (Lucy Liu), Vernita Green (Vivica A. Fox), o Exército dos 88 Loucos (que de 88 só tinham o nome), e mais alguns stunts, ainda existem mais dois remanescentes do chamado Deadly Viper Assassination Squad: a má como uma pica-pá Elle Driver (Daryl Hannah, inspiradíssima e anos-luz de Splash) e o bad, bad motherfucker Budd (Michael Madsen, numa versão cowboy de Vic Vega, de Cães de Aluguel). Isso sem contar o próprio Bill (David Carradine, se acostumando com a vida pós-criogenia).


Kill Bill: Vol.2 é menos over que o volume 1. A ação está muito menos caricatural e mais realista. Bem mais. Que eu me lembre, só tem umas duas ou três "voadas" e "flutuadas" sobre-humanas, e absolutamente nada daqueles esguichos de sangue que pareciam um hidrante aberto. Muito pelo contrário, a violência aqui está mais seca e tátil. Diferente do anterior, onde os golpes apenas passavam de raspão (normal), dessa vez eles estão acertando bem no meio da cara, do tórax, onde for. A impressão é de que doeu mesmo.

Com essa abordagem mais comedida, as referências pop estão mais discretas também. Tudo bem, "discretas", segundo o manual de discrição tarantinesca. KBv2 (agora ficou mais fácil) é cheio de zooms que quase atravessam a cara dos personagens, trilha sonora esperta à Sergio Leone/Peter Gun, cortes inesperados na continuidade (com música rolando e tudo - proposital, claro), e aquelas pausas dramáticas antes de cada luta, típicas de duelos western. Pra bom conhecedor, as referências em KBv2 são tão discretas quanto dois elefantes em pleno coito, mas, no geral, a coisa está melhor particionada, mais fluída. Existem mais conversas e situações, e isso é legal. Por outro lado, não teve nenhuma genialidade tresloucada, como foi aquele Killnimê que contava a origem de O-Ren Ishii.


O melhor momento de KBv2, na minha opinião: o cruel treinamento de Pai Mei. Só essa parte já vai me render uma volta à bilheteria. Pai Mei é um mestre ancestral de artes marciais (lá eles falam em kung fu, mas acho que não é só isso não), antigo sanssei de Bill, e que agora está treinando Beatrix.

Reverência à um sem-número de "mestres" de antigos filmes de artes marciais - inclusive utilizando o mesmo visual clássico, com o cavanhaque quilométrico e as enormes sombrancelhas - ele é severo, marrento e, de fato, cruel em uma primeira impressão, mas acabou sendo uma das melhores sacadas de Tarantino. A seqüência em que Beatrix o encontra pela primeira vez ainda está latejando na minha cabeça. Memorável.


Na verdade, há pouco o que se falar de KBv2 sem que se revele o desfecho de algumas cenas. Existem falhas? Yep. Graves? Nope. O que eu posso dizer, com segurança, é que fiquei triste quando o filme acabou. Poderia agüentar mais um volume 3, 4 ou 5, mole, mole. Esse lance de matar Bill tava bom demais.

Ah, e prestem atenção na ponta cool de Nick Fur... digo, Samuel L. Jackson, logo no início de KBv2. Ele interpreta Rufus, o pianista da igreja.



Agora, um SPOILERzinho de leve. Lembre-se que eu nunca escrevo um spoiler, mas gostaria de comentar sobre algo e era impossível fazê-lo sem comprometer a integridade do filme. Não leia se não quiser saber o final.

Para ler, marque o comentário logo abaixo das imagens.




Ei, não leu lá em cima não? Já avisei que vou revelar o final. Depois não reclama não... pô.

Essas imagens são previews de divulgação liberados já na época do 1º Kill Bill. Como se vê aí, Bill detona alguns ninjas e mostra o seu virtuosismo empunhando um legítimo sabre Hattori Hanzo. Desde então, fiquei curioso pra ver o Carradine de novo em ação depois de tanto tempo. Desde a série Kung Fu, pra ser mais exato. Bem, nada disso constou em Kill Bill, e para a minha surpresa, nem em KBv2. É isso aí, Bill não mata nem mosca nesse filme! Toda a pancadaria de Beatrix no mano a mano só rolou com O-Ren, Vernita e Elle, ninguém mais. O encontro entre ela e Bill, se eficiente no sentido de amarrar o roteiro, foi lamentável no quesito "ação". Simplesmente não há luta, apenas um golpe letal, desferido por Beatrix. Decepcionante, visto que Bill supostamente seria seu adversário mais formidável.

Claro que foi uma opção consciente de Tarantino, que, a despeito da irregularidade do formato de Kill Bill (um filme dividido em dois), se tornou uma bela desculpa para incrementar o DVD em futuras edições especiais. Extras não faltarão.



dogg, que acabou de baixar o duplo Live in San Francisco, do Joe Satriani, e trocando juras de amor ao DC++...

segunda-feira, 4 de outubro de 2004

BONS "OFF RECORD"




Traduzindo: boas histórias ou seqüências de HQ sem vínculo direto com a cronologia normal. Às vezes, a partir de uma idéia rala, são criadas citações ou homenagens muito bacanas. Se são sem querer eu não sei, mas tudo indica que se tratam de felizes obras do acaso. Foi justamente isso que rolou em Super-Homem #146, quando a revista ainda era editada no Brasil pela Abril Jovem.

Ela fazia parte de uma ultra-hiper-mega-over-power-saga chamada Zero Hora - a trilionésima reformulação do Universo DC, que tinha como propósito zerar todas as edições da casa (e arrecadar uma graninha extra também). Com os zilhões de universos paralelos da DC colidindo, diversas anomalias temporais começaram a pipocar nas histórias. Em outras palavras, uma premissa tão porquinha que lembrava a pasmaceira Marvel vs DC ou algo vindo da mente de Kurt Busiek em dias de ressaca braba. Não cheguei a acompanhar a coisa de perto, pois a saga se estendia por todos os títulos da DC, obrigando o sofrido fanboy brazuca a comprar tudo que saía deles. Vai roubar a mãe. Hoje, com o encalhe a um módico R$ 1,00, já dá pra comprar. :D

Super-Homem #146 se destacou do mar de lama por oferecer mais uma palhinha do inesquecível Bruce DK (preciso explicar?). Foi muito legal rever o velhão novamente, ao lado do escoteiro Clark e destilando seu sarcasmo consigo próprio em uma outra versão. Sem contar a quase reedição da maravilhosa seqüência de batalha contra os mutantes em DK. Nessa, além dele e do Clark, participam "Batmen" de várias fases, inclusive da Era de Ouro.

Ó:






















Maneirinho. Ótimo para ler antes de Os Piores do Mundo.

Agora saca só:






Alguém de Sin City? Nem... essa aí é a Mulher-Hulk.

Seguindo a mesma lógica, ela ganhou uma senhora despedida da memorável fase John Byrne. A história Ele Morreu?!, publicada em Hulk #140 também pela AJ, tem a participação do próprio Byrne, e é de rachar o bico. É engraçada pra cacete, ri muito mesmo, e olha que eu sou um cara sério, praticamente o Kurt Russel de Soldado do Futuro, ou Bruce da JLA do Keith Giffen (Deus tá vendo).

O melhor de tudo é que essa festa de despedida teve mulher bonita e champanhe caro: participam Dave Gibbons, Walt Simonson, Frank Miller (claro), Howard Mackie, Adam Hughes (numa beeeela seqüência...), entre outros. Essa eu vou até botar na fita:

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Reup em arquivo cbr em 05/09/2017

The next:


Também não pensei que sairia coisa boa de um conto de fadas contado pela mutante Kitty Pryde. Misturando um pouco com a seção "Resgate", a história Conto de Fadas (duh!), saiu na jurássica SAM #55, e é de um primor adaptativo digno de nota.

Kitty inventa uma historinha de ninar para Illyana, irmã de Piotr "Vou-retornar-e-ganhar-mais-um-troco-pro-titio-Quesada" Rasputin, vulgo Colossus, e acaba criando uma bela fábula em cima da mitologia dos mutantes. O ponto alto foram as transposições dos personagens, sendo que 3 deles ficaram fuderosamente legais: Noturno, que virou Bamf, um duende preto parecido com aquele babaquinha que se escondia nos desenhos da She-Ra - mas nem de longe tão chato; Pássaro Negro, o estiloso x-jato que virou o dragão Lockheed; e, principalmente, Wolverine, que virou Demônio, ou melhor ainda... Tacanho.






Da época em que o Chris Claremont sabia exatamente com quantos personagens mortos se faz um clássico. O traço de Dave Cockrum segue a tocada genial e dá saudades de revistas antigas e bem-desenhadas.

Pena que acabou por aí (pelo que eu saiba*). Essa bem-humorada versão matinê e "anti-ultimate" dos X-Men merecia mais. Segura:

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Reup em arquivo cbr em 05/09/2017

* (ou não)

dogg, que não sabe se deixa ou tira os banners (pô, mais de 500kb já é tijolo pra mim!). Aliás, quero agradecer e me desculpar a todos que já comentaram aqui, pois mudei pro HaloScan (e automaticamente zerando os coments). Levei o capenga Blogger Comentários até onde deu, mas após a 4ª pane seguida em pouco mais de 1 semana... mandei catar coquinho. E completando a bilionésima audição de No Quarter, da dupla Jimmy Page/Robert Plant.