sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Captão por opção



Enquanto o planeta ferve com o trailer de Capitão América: Guerra Civil, eu acabei de ferver com questões outras relacionadas ao bom soldado. Culpa da Salvat e suas reedições de fases clássicas da Marvel dos anos 70 e 80. E da Panini, que faz vista grossa a tudo que não leve o nome de Frank Miller e Grant Morrison. Mas principalmente da massa de leitores velhuscos sedentos por versões íntegras, em capa dura e com papel bom das épocas áureas de feras como Jim Steranko, Gil Kane, Roy Thomas e Gerry Conway.

Daí que a Salvat vem com essa coleção em capa vermelha, algumas sem relação com o conteúdo e com vários tropeços de revisão, ou falta de. E calhou do highlight dessa tosqueira editorial ser justamente o especial do Capitão América de Roger Stern e John Byrne - na época, o mais próximo de Midas que os quadrinhos mensais de super-heróis tinham.

O encadernado - com capa do Ed McGuinness... - assumiu status folclórico mesmo pelo erro inacreditável e em letras garrafais da contracapa. Algo do tipo que antigamente se guardava a sete chaves, como raridade, antes da editora respeitar seus consumidores e anunciar um recall. Atitude que nunca veio e nunca virá.

Em suma, um material que eu nem cogitava chegar perto.

O problema é que a distribuição e o recolhimento caóticos do mercado nacional de HQs conferiu à edição não apenas o milagre da multiplicação nas bancas, mas também da durabilidade nas mesmas. A cada semana, aportavam novas edições vindas de algum mini-buraco negro nerd aberto pelo LHC da Salvat.

Eu, em abstinência de Byrne há mais tempo do que a Convenção de Genebra permitiria, fui vencido pelo cansaço.

Cedi felizão.



Pode me chamar de verminóide que eu atendo.


Ps: e que fique registrado que um dia a Mythos Editora colocou tudo do site com 50% de desconto. Até onde vi, foi a única que realmente incorporou o espírito da Sexta-Feira Negra. Louvável.

Claro que... analisando a longo prazo... a editora sempre manteve uma margem de lucro nababesca, então a coisa fica apenas mais justa no saldo final. Nada mais, nada menos. Seja como for, já passei o rodo no que queria, sem grandes prejuízos para a cerveja natalina.

Pps: aquela American Flagg vai enfeitar mais estantes nesse fim de ano do que lombadas com o nome do Alan Moore.

domingo, 8 de novembro de 2015

"O último X-Men é lixão", "Dimensão X", "Sexo sobre as mesas" & outras histórias


E vamos à digerida suicida de Quarteto Fantástico de Josh Trank & Equipe de Contenção de Danos da Fox Studios...

"Ainda isso?", você vai perguntar. E eu, pimpão, replico: pois é! Já me fiz entender em posts-protesto aqui e acolá, inclusive pré-julgando a 200 por hora, sem as mãos e com os faróis apagados. Lógico que não fui ao cinema e pretendia ignorar a existência disso ad eternum, mas grupos de e-mail e arquivos torrent são como a máfia: você tenta sair, mas eles sempre te puxam de volta.

Só que dessa vez a coisa será diferente. Merece ser. Afinal, essa foi uma das produções mais caóticas da História do Cinema. Seguindo a tradição das análises já bem pernetas dos filmes anteriores e prestando tributo ao seu aspecto mais singular (a edição à Frankenstein), vou apenas desovar a conversa que me trouxe até aqui, em versão nua, crua e tranker.

Estiveram presentes no experimento Ludovico 2.0: Sandro, do Reverberre!, o tricolor em recuperação Fivo e um elemento suspeito que, por questões de segurança (do leitor), vamos simplesmente chamar de Guimba.

Olho no lanceeeee...!


SANDRO - Aqui eu vou apanhar e vão tirar sarro da minha cara eternamente nível Liga Extraordinária, mas eu gostei do filme. Reitero novamente que não conheço os quadrinhos da família, então a história da origem me pareceu bem estruturada (com falhas, obviamente), principalmente o relacionamento deles com o governo. A coisa vai bem até a primeira metade, inclusive os poderes adquiridos por uma viagem dimensional funciona legal e o Doom estar próximo deles é uma motivação interessante e plausível. Mas é aí que tudo começa a ruir: antes da transformação, você até entende o Doom. Depois, fica uma coisa tão insossa e corrida que vc pensa "espero que todos morram" e acabe aí. Os atores foram bem escalados e funcionam como equipe. As cenas de ação até funcionam, mas são poucas. O Coisa, mesmo pelado, está muito bom. Mas nota-se que da metade pra frente (onde a necessidade de efeitos aumenta) o diretor perdeu a força e alguns efeitos são risíveis. Achei melhor que o último X-Men. Sério mesmo. Mas X-Men eu conheço, Quarteto, não.


FIVO - Mermão... se tu achou quarteto melhor que Xmen, vou ter que ver.  Vou esperar um BRRip.

SANDRO - Ah, cara, sei lá se vai curtir. Eu fui com a expectativa -1, então o que viesse era lucro. Ao meu ver, inclusive, é um filme que estaria facilmente ambientado no universo X-Men/Fox.

GUIMBA - Melhor que o último X-Men? Vou ver só pra manter o score das suas indicações. TRDV (trad.: "Tô Rindo De Verdade")

SANDRO - TRDV. O último X-Men é lixão.

DOGG - Também verei FF. Sandro, contamos com você! rs

SANDRO - Meu, eu acho que vc vai acabar com o Quarteto. Mas tudo bem, eu pensei bastante antes de escrever.


DOGG - Vou não... rs

O filme se autossabota a partir da metade, quando vira um remendo de cenas nitidamente refilmadas, mas nem de longe é aquele lixo que apregoaram. Fica na média minus.

Agora, como leitor dos gibis:


- o build-up, tomando todo o terço inicial, é uma boa adaptação do Quarteto Ultimate. A abertura, em particular, é... fantástica. Coisa linda mesmo. Mas para por aí;

- perderam deixas inacreditáveis para referenciar o cânone clássico da equipe... nada de Latvéria... falam em "4ª Dimensão" e "Planeta Zero", mas nada de chamarem aquele mundo de Dimensão X (sic!), o lugar preferido do Quarteto e de onde saíram grandes vilões;

- o Coisa pode até agradar visualmente, mas ficou totalmente sem alma e o ator, que é dos bons, sacaneado com um script de 10 linhas - Fivo... ele lembra mais o Coisa calado e assassino de Planetary que o velho e bom Ben Grimm;

- Victor Von Doom... inexplicável.

- a equipe não tem a menor química. Nem mesmo os irmãos Storm.

Em tempo... ótima:

Re: Has anyone played the Fantastic Four drinking game?

image for user TrollInTheDungeon
by 
 » 13 hours ago (Mon Nov 2 2015 17:16:59)Flag ▼ | Reply |  
IMDb member since March 2015
Every time Kate Mara's wig appears, take a shot.

Every time it reverts to her normal hair, take two.

Pela frequência que isso aconteceu, todo mundo ia sair bêbado.

GUIMBA - Vc não foi direto ao ponto: afinal, é melhor que Dias de um Futuro Esquecido?

DOGG - heh... Futuro eh problemático, mas nao da nem pra comparar. Eh como se fosse o Barcelona, e F4 o Ibis.

FIVO - Melhor não é, mas tá longe de ser ruim. Vou te dizer que gostei muito. Comparando com os outros quartetos, esse é muito, mas muito melhor. Aliás, é melhor que o superman do Singer, que os dois wolverines, que o terceiro aranha McGuire e os dois recentes, todos os motoqueiros fantasmas, Batman antigo e mais alguns que devo estar esquecendo.

Problemas:


A. cagaram o final com aquele destino.
B. O coisa pareceu um cameo, de tão inexpressivo (mas os efeitos dele ficaram ótimos)
C. O filme inteiro é minimalista no trato do que está rolando. Parece mais um piloto muito bom de série do que um filme fechado em si.
D. O Victor não se encaixa no filme. Tá perdido. Em todos os sentidos. Mais perdido que ele, só o militar arrogante e canastra.

Pontos fortes:
A. Gostei da Química reed e Susan. Mas só deles.
B. Os efeitos do tocha estavam muito bons.
C. A construção toda até eles ganharem os poderes, apesar do Victor e do minimalismo, foi ótima.

DOGG - Em azul-da-cor-do-mar:

"Melhor não é, mas tá longe de ser ruim. Vou te dizer que gostei muito. Comparando com os outros quartetos, esse é muito, mas muito melhor. Aliás, é melhor que o superman do Singer, que os dois wolverines, que o terceiro aranha McGuire e os dois recentes, todos os motoqueiros fantasmas, Batman antigo e mais alguns que devo estar esquecendo."

Subscrevo todos, menos o SuperSinger (coisa minha) e o Batman antigo (o do Burton, né?), que acho sensacional. Muita vontade de incluir nessa lista Vingadores 2, mas não é pra tanto... :)

"Problemas:

A. cagaram o final com aquele destino."

Pra mim a cagada já começou na caracterização bad-boy.


"B. O coisa pareceu um cameo, de tão inexpressivo (mas os efeitos dele ficaram ótimos)"

Textura tava ótima, só preferia menos irregular. E de cueca. Reparou que o escondiam sempre que podiam? Bicho ficava tanto nas sombras que parecia um Dark Coisa. Grana tava curta.

"C. O filme inteiro é minimalista no trato do que está rolando. Parece mais um piloto muito bom de série do que um filme fechado em si."

Aí sim teria contornos expressivos, mesmo com o efeito da fuga do grupo pelo portal, ao final, parecendo feito pela equipe de mkt do Dollynho. Já como produto para cinema, é fragmentado e defeituoso além do suportável. Os cortes novos e diálogos expositivos aparecem em neon da metade pro final... e qualquer dúvida era só olhar pra cabeça da Kate Mara. Uma vergonha pra Fox e pra Hollywood no âmbito técnico. Mesmo o Quarteto do Corman teve a hombridade de ser engavetado.


"D. O Victor não se encaixa no filme. Tá perdido. Em todos os sentidos. Mais perdido que ele, só o militar arrogante e canastra."

O engravatado? Se for, não me incomodou não. É um estereótipo apenas. Victor sem nenhuma razão de ser ali e não podia estar mais distante da essência original e da Ultimate, na qual o filme se aproxima.

"Pontos fortes:

A. Gostei da Química reed e Susan. Mas só deles."

Só gostei da conversa na biblioteca e dela curtindo Portishead. De resto, não vi nenhuma conexão entre os dois. Em tempo... ridícula a fuga do Reed. Nada adicionou à história, à unidade do grupo ou à diversão do espectador. E totalmente contra a postura lógica dele. Largar a base de última geração pra revirar sucata em ferro-velho... Pior quando volta, 1 ano depois. Parecia que tinha ido ao barzinho da esquina tomar uma.

"B. Os efeitos do tocha estavam muito bons."

Bem à frente do Tocha Evans e Motoca, mas ainda longe de convencer. Fogo é osso.

"C. A construção toda até eles ganharem os poderes, apesar do Victor e do minimalismo, foi ótima."

Tava indo bem e garantindo o passe das liberdades criativas sobre os quadrinhos. Única coisa que não desceu mesmo da "parte boa" foi construírem uma máquina que lida com buracos negros num prédio no centro da cidade. No gibi Ultimate, a mesma máquina foi construída no meio dum deserto.

FIVO - No e-mail do celular não dá para comentar no texto, então vai aqui mesmo.

Me referi aos Batman do Burton, Schumacher e o quarto que não lembro quem dirigiu. Os dois últimos nem se discute, enquanto os dois primeiros tem fãs de verdade e fãs nostálgicos. Já eu acho aquilo um Carnaval.

Problemas


A- sim, concordo. Meio que joguei a crítica à fase "humana" dele para a letra d. Além disso que vc destacou, o personagem Bad boy, descolado e genial simplesmente não tem aderência com os perfis que de espera para aquilo. Veja bem... Ele não é um geek, nem um funcionário sinistro do Google... O cara estava desenvolvendo fringe Science, porra.

B- a falta de cuecas não me incomodou. Me pareceu até lógico, assim como a textura. O movimento da boca dele ficou natural, até.  Não tinha me tocado que tinham escondido ele, mas agora que vc falou, é vero.

C- a questão dos cortes me deixou curioso para ver como era o filme no primeiro corte, antes de ser retalhado. Não entendi a cabeça da Kate Mara. Do jeito que vc fala sobre a hombridade de ser engavetado, vc rebaixa o filme ao nível de merda malcheirosa.

D. Sim, estereótipo, mas ainda assim mal interpretado.

Pontos fortes:

A. Gostei da parte em que ficam conversando e o Victor fica com ciúmes (o que tb não teve nenhuma utilidade no filme). Quando à fuga, pode ter sido roteiro remendado. Ou só fizeram aquilo para mostrar que ele podia moldar o rosto. Naquele momento, a fuga faria sentido se ele estivesse tentando tirar todos de lá, não apenas o Ben.


B. Acho que só os olhos e boca ficaram esquisitos, muito embora seja semelhante à representação dos quadrinhos. De resto, o fogo ficou muito natural e curti o lance de o uniforme servir para conter o fogo.

C. A questão da máquina no centro é o que chamei de tratamento minimalista. Um empreendimento daqueles e eles tratavam como mais um dia no escritório. Mandam um macaco para outra dimensão e beleza, ok, keep up with the good work. Porra, era para estarem todos fazendo sexo sobre as mesas, em puro êxtase.

DOGG - Em verde-Hulk:

"No e-mail do celular não dá para comentar no texto, então vai aqui mesmo.

Me referi aos Batman do Burton, Schumacher e o quarto que erro não lembro quem dirigiu. Os dois últimos nem se discute, enquanto os dois primeiros tem fãs de verdade e fãs nostálgicos. Já eu acho aquilo um Carnaval."

Os BatBurton são isso mesmo. Eventos pop. Kim Basinger, trilha do Prince, etc. Um dos poucos que curti. Já hoje, vejo que eram mais filmes de freaks do Burton que qualquer outra coisa. Também acho o Bruce do Keaton dos mais intrigantes. Não há ponte visível entre o playboy yuppie e o vigilante sisudo. Isso chega a ser meio perturbador.

"Problemas
A- sim, concordo. Meio que joguei a crítica à fase "humana" dele para a letra d. Além disso que vc destacou, o personagem Bad boy, descolado e genial simplesmente não tem aderência com os perfis que de espera para aquilo. Veja bem... Ele não é um geek, nem um funcionário sinistro do Google... O cara estava desenvolvendo fringe Science, porra.

B- a falta de cuecas não me incomodou. Me pareceu até lógico, assim como a textura. O movimento da boca dele ficou natural, até.  Não tinha me tocado que tinham escondido ele, mas agora que vc falou, é vero."

A falta de cueca não vinha me incomodando tanto, mas no final, quando caminham até uma sacada da base, aparece a bundinha pedregosa do cara... aí incomodou, rs...

"C- a questão dos cortes me deixou curioso para ver como era o filme no primeiro corte, antes de ser retalhado. Não entendi a cabeça da Kate Mara. Do jeito que vc fala sobre a hombridade de ser engavetado, vc rebaixa o filme ao nível de merda malcheirosa."

Me referi apenas aos aspectos técnicos da montagem. Colocar na praça um filme tão mal editado - e a parte técnica é a única que Hollywood ainda pode se vangloriar sem reservas - é como a Volkswagen colocar automóveis defeituosos no mercado conscientemente (o que acabou fazendo dia desses, por sinal). O resultado final não ser uma merda malcheirosa foi acertar um 1 em 1 milhão.

Cabeça da Mara:


Me tirava do filme toda vez.

"D. Sim, estereótipo, mas ainda assim mal interpretado.

Pontos fortes:

A. Gostei da parte em que ficam conversando e o Victor fica com ciúmes (o que tb não teve nenhuma utilidade no filme). Quando à fuga, pode ter sido roteiro remendado. Ou do fizeram aquilo para mostrar que ele podia moldar o rosto. Naquele momento, a fuga faria sentido de ele estivesse tentando tirar todos de lá, não apenas o Ben."

Se foi remendado, não sei. Mas dá pra saber verificando a cabeça da Mara quando ela triangula a localização do Reed. Se estiver normal, a culpa é do Trank, rs.


O problema mesmo é esse perfil do Reed. Ele negociaria algumas condições sim, mas ganharia pela lógica (pense na mecânica dessa cena - https://www.youtube.com/watch?v=5_m_ggToC2I). Tiraria todos daquela prisão e voltaria às pesquisas na base do gogó. É uma pena que não pescaram esse personagem das HQs.

"B. Acho que só os olhos e boca ficaram esquisitos, muito embora seja semelhante à representação dos quadrinhos. De resto, o fogo ficou muito natural e curti o lance de o uniforme servir para conter o fogo.

C. A questão da máquina no centro é o que chamei de tratamento minimalista. Um empreendimento daqueles e eles tratavam como mais um dia no escritório. Mandam um macaco para outra dimensão e beleza, ok, keep up with the good work. Porra, era para estarem todos fazendo sexo sobre as mesas, em puro êxtase."

Se já penso nisso nas minúsculas vitórias do dia-a-dia, imagina diante desse marco científico e uma Kate Mara nas redondezas...


Cena pós-créditos:

DOGG - Pedido... Sandro e Fivo, posso copiar e colar esse papo no blog, assim mesmo, sem edição?