quinta-feira, 20 de junho de 2024

A Saga do Surfista Cromado


Houve um tempo em que perfumarias em gibis eram raridade. Coisas como hot stamp dourado/metalizado, reserva de verniz, capas em acetato e afins passavam longe das mentes (e orçamentos) das editoras. Quando vinham, eram como um merecido afago no fiel leitor. Mas mesmo com todo o deslumbre e boa vontade, foi difícil identificar o que era aquela massaroca cromada à frente do Thanos na capa de Superaventuras Marvel #153, da Abril Jovem (março/1995). Não reconheci o Surfista Prateado nem de 1ª, nem de 2ª. E ainda hoje tenho que me lembrar do que se trata quando olho pra ela.

É triste a comparação com a The Silver Surfer #50 original (junho/1991). A gringa tinha uma capa laminada com relevo simples-pero-eficiente em cima da arte do Ron Lim. Já a nossa queridona e saudosa SAM, até trazia um relevinho, mas usava aquele filme com efeito holográfico, o BOPP (polipropileno biorientado). Isso deixou a textura do Surfista muito uniforme e que, depois, foi "melhorada" com uns retoques/riscos feitos pelos artistas da redação. E ainda ficou caolho.

De todo modo, fazer os recortes no logo e no corner box do gibi deve ter sido um teste de paciência e perseverança. O Jotapê já comentou algumas vezes como era complicado fazer qualquer brincadeira nas edições, pois o departamento de arte e as gráficas simplesmente não acompanhavam. Deve ter sido uma loucura nos bastidores para acertar essa arte de capa e com aquela tiragem ainda enorme para os padrões atuais. O Claudio Carina, então editor da SAM (hoje, diretor da Wordplay Serviços de Tradução), deve lembrar bem desse gibi. Mesmo que na forma de TEPT.

Sendo justo, mesmo lá fora o projeto não foi exatamente uma uva. Na prensagem, choveram erros de laminação – todos superfaturados como $ouvenirs, lógico. Esses caras são mestres na arte da limonada.

Tenho um fraco por esses mimos. Durante um período, eles saíram bastante por aqui. Minha massaveística Super-Homem Versus Apocalypse: A Revanche reluz num canto da estante até hoje. E me arrependo de ter passado pra frente as edições de O Reino do Amanhã, da Abril.

Nada que se compare à enxurrada de capas metalizadas publicadas lá fora, contudo.



Claro, existe sempre a possibilidade de meter a mão nas HQs antigas e aplicar aquele do it yourself maroto.


Mas aí já é nível Nerdmaster Ômega.

5 comentários:

lendo à bessa disse...

Essa SAM é das poucas que ainda tenho. Todo ano ensaio uma releitura de Desafio Infinito partindo delas, e todo ano empurro para o próximo. ACONTECERÁ EM ALGUM MOMENTO.

doggma disse...

É muito bom! Numa delas tem a história do Surfista sem poderes e preso num lugar ultramegaburocrático (e não é o Brasil!). Puta crítica política e social.

https://blackzombie.blogspot.com/2018/04/A-danca-cosmica-do-desempregado.html

Marcelo Andrade disse...

Essas edições do inicio da Saga do Infinito foram determinantes quando saiu e estava na minha "pequena" pilha de quadrinhos na epoca. Bons tempos e otimos arcos.

doggma disse...

Elas preparam o palco para a saga, mas foram além. Alguns dos melhores diálogos escritos pelo Starlin estão ali. A discussão em que Thanos mostra ao Surfista o terrível destino de um planeta superpovoado é fantástica.

Marcelo Andrade disse...

Sim, além da batalha de poder teve a filosofica. O nosso querido Surfista foi escovado literalmente falando. Epoca que o espetaculo não era so os desenhos e sim os dialogos. Abraço!