segunda-feira, 23 de setembro de 2024

A mágica de Oz


Normalmente comento séries só quando acaba a temporada. Por melhor que possa parecer no início, a coisa pode virar e terminar de uma maneira bem diferente. Mas vez ou outra é preciso abrir uma exceção: a estreia de Pinguim, da HBO, foi uma das premieres mais bacanas que já assisti. E não apenas no segmento das adaptações de HQs, mas no geral. Pura mágica narrativa da velha Hollywood.

O episódio "After Hours" se passa imediatamente após Batman (Matt Reeves, 2022). A trama se concentra no novo status quo de Gotham City após sua trágica inundação e a morte do chefão do crime Carmine Falcone, interpretado aqui por Mark Strong. O roteiro da showrunner Lauren LeFranc e a direção de Craig Zobel são cirúrgicos. Grim & gritty com gordura zero, o episódio segue a pegada dos grandes thrillers de crime e máfia. Tem uma estrutura meio Os Sopranos, é verdade, mas também bebe na jornada dos underdogs de Al Pacino em filmes do Brian De Palma como Scarface e O Pagamento Final.

Tudo nos seus devidos limites, evidente, mas sempre honrando as referências.

Colin Farrell, excepcional, mais uma vez desaparece em seu Oswald "Oz" Cobb. Se o episódio fosse apenas seu diálogo na antológica cena de abertura já sairia com o jogo ganho. A história também traz boas surpresas como o jovem dominicano Rhenzy Feliz no papel de Vic Aguilar e a participação especialíssima de Clancy Brown como Salvatore Maroni, antigo rival de Falcone.

Mas o grande trunfo neste início foi a Cristin Milioti assustadora no papel da psicopata Sofia Falcone. Uma força da natureza e uma ladra impiedosa de cenas.

Até aqui, uma horinha e pouco de um crime perfeito.

5 comentários:

Marcelo Andrade disse...

Salve Dogma! Admito que fiquei impressionadissimo c/ a serie... o clima e a exploração das camadas que compõe o "Oz" deram um lado humano como tbm 1 lado absurdamente obscuro. Estava na hora de 1 personagem renomando na galeria do morcegão estar sendo devidamente iluminado pelos holofotes. Que venham +!

Luwig Sá disse...

Eu vi demais ou esse piloto foi a origem secreta do "Jason Todd" do Oz...?! Furtar roda de carro espalhafatoso?! Caramba... Ri sozinho dessa subversão. Além disso, vi muito do velho Tony Soprano ali, sobretudo depois de conferir The Wise Guy. Não criei expectativa nenhuma, agora tô cheio delas.

doggma disse...

Marcelo, confesso que já curtia o tratamento dado ao Pinguim na série Gotham - sempre achei aquele trampo do Robin Lord Taylor muito subestimado. Agora, então, com tratamento e $$$ cinematográficos, ficou demais.

🐧 🐧 🐧

Luwigão, referência muito bem sacada mesmo. E depois ainda zoa a n00bice do rapaz, na cena do ferro-velho. Roteiro que funciona, pqp.

Mantendo a expectativa firme na coleira (tentando). Daqui pra frente, a Lauren só volta a roteirizar no 8º episódio, o último. Oremos.

Marlo de Sousa disse...

MEUA MIGO, essa série do Pinguim é a mais grata surpresa do ano, até aqui. Se a DC seguir ignorando os fãs e dando um sonoro foda-se pra ligações com DCU, MCU, MEUCU, o que for, vai fazer história. Quarto e quinto episódios entre as melhores coisas vistas na TV nesta década.

doggma disse...

HAHAHAH

É sempre o que penso quando vou digitar essas merdas.

E concordo, que venham mais filmes e séries de autor. Não foi assim que a DC despejou tantos clássicos das HQs nos anos 80?

Pra mim, a série do ano até aqui.