sexta-feira, 18 de março de 2005

NOSFERATU


De todos os personagens do universo de Star Wars, o que sempre me despertou mais interesse foi o Imperador Palpatine. Tudo bem, Luke Skywalker era legal, Han Solo era mais legal ainda e Darth Vader, dentro da cultura pop, é a representação suprema do Mal. Já o Imperador, também do time dos vilões, transcendia o conceito mais simplista de "Mal". Ele era a própria matéria negra da escuridão, sempre envolto em mistério, se ocultando nas sombras, manipulando todos como marionetes. Eram raras as ocasiões em que ele fazia uso de seus terríveis poderes.

Lembro da primeira vez em que ele deu as caras na série, num holograma. Me prendeu no ato. Nunca poderia imaginar que havia alguém ainda mais poderoso do que o sinistro Vader. Mas depois, pensando melhor... Tomar uma galáxia inteira e governá-la com mão-de-ferro, esmagar o poderio militar de inúmeras raças alienígenas e redesenhar o status quo vigente para atingir seus próprios objetivos, eram tarefas que exigiam muito mais do que mera força bruta. O Imperador é um superestrategista, observador, paciente e oportunista, além de um profundo conhecedor dos meandros da Força como um todo - não apenas de seu Lado Negro. Só assim pra ele ter singrado a saga inteira praticamente incólume. Nem o quase onisciente Conselho Jedi conseguiu rastrear a sua presença negra, mesmo este se encontrando tão perto. Considerando seu longo reinado de terror, pode-se dizer que Palpatine foi um déspota muito bem-sucedido, no fim das contas.

Há muito que se discute sobre as "inspirações" de George Lucas na construção de seus personagens. Até Tolkien, com seu O Senhor dos Anéis, entrou na dança. Isso sem falar em figuras de ordem religiosa, cultural ou mitológica, como Cronos (Vader), os samurais (...) e mesmo Buda (Yoda), entre outras incontáveis referências. Definitivamente, o Imperador não partilha desse mesmo background (bem, talvez Sauron e seu poder de influência espiritual... talvez), provavelmente pela sua natureza quase metafísica - sua figura se confunde com o próprio Lado Negro da Força, como se os dois fossem uma única entidade dentro de um organismo decrépito.

Sua relação com o Lado Negro é simbiótica e a necessidade em criar um lorde de sith é claramente vampiresca. O Imperador pressionando o virtuoso Luke para se entregar ao Lado Negro é a imagem de um senhor das trevas derramando seu próprio sangue para oferecer imortalidade em troca de servidão. Nunca se tratou apenas de "ódio". Ele se utiliza do pecado original, do fruto proibido, da matéria que impulsiona a ambição humana. No fundo, ele é a representação de tudo o que gostamos de pensar que não somos, mas que experimentamos em sonhos sobre poder, grandeza e auto-afirmação. Como se o próprio Palpatine sussurrasse no lado mais obscuro da nossa consciência.

Logo abaixo, essa rápida cena do último e excelente trailer, revela um embate que, na minha opinião, será o ponto alto de toda a saga de Star Wars.








É nesse momento que mestre Yoda confronta o seu extremo oposto. O Imperador é a sua perfeita contraparte negativa, a personificação de tudo o que o velho mestre Jedi expurgou em si próprio e em todos os cavaleiros que treinou. E, pelas breves cenas do trailer, deu pra perceber que ele passará por maus bocados. Não sei se chegará a ser a desconstrução do mito (a figura de Yoda é uma analogia a conceitos como busca pela sabedoria, contemplação filosófica e desapego a bens materiais), mas será bastante curiosa essa inversão de papéis, visto que o futuro da Força (e da galáxia) será negro por uns bons trinta anos - além de render a mais do que esperada pancadaria entre os dois mestres absolutos.

Outra rápida cena que me chamou a atenção foi quando o mestre Mace Windu - e mais três mestres Jedi - chega para deter o então chanceler Palpatine. Finalmente sem a necessidade de se conter, ele saca um sabre de luz e avança furiosamente contra os Jedi, emitindo um guincho demoníaco. Não sei se a versão final manterá esse detalhe, mas no trailer ficou de arrepiar.

O universo de SW é tão instigante e cheio de possibilidades que ficou difícil mantê-lo apenas em sua mídia cinematográfica. A conseqüência disso foi o chamado Universo Expandido: uma avalanche de HQs, livros e games dando continuidade a mitologia original ou mesmo a enriquecendo com detalhes que não constavam nos filmes. Esse é o caso do projeto multimídia Shadows of the Empire, levado à cabo pela própria LucasFilm em 1996. Nele, uma HQ, um livro, um RPG, e um videogame reuniam respostas para velhas questões referentes a série. Como Luke passou de aprendiz relutante a mestre Jedi num espaço tão curto de tempo? O que Vader fez após revelar que era o pai de Luke e deixá-lo escapar? Está tudo respondido em Shadows of the Empire. Já na HQ Império do Mal (Dark Empire, no original), uma antiga suspeita teve "confirmação": o Imperador não morreu quando foi atirado por Vader naquele abismo. Pouco antes da derradeira, ele transportou sua mente para um clone de si próprio, bem mais jovem. Eu sabia! :P

Mas nem tudo que é novo em SW é bom. Uma coisa que tem me incomodado bastante nos últimos tempos foi a inserção de novos elementos nas versões mais recentes da trilogia clássica. Sou ortodoxo nesse ponto. Me tornei fã de Star Wars por mérito único e absoluto da velha trilogia em seu estado original, sem essa recente pasteurização digital. Eu gosto dela como ela era, até com as limitações dos efeitos (aquele speeder de Luke, em SW - Uma Nova Esperança, com aquele "borrão" embaixo - pra apagar as rodas - é tão tosco quanto maravilhoso). Animais de CG em Tatooine? Um Jabba The Hutt todo malemolente, apto até pra dançar forró? Odeio tudo isso. É poluição visual pra mim.

Mas o pior mesmo foi a alteração na famosa cena entre Greedo e Han Solo no bar. Muito se comentou, mas só dia desses que eu fui ver a desgraceira que fizeram. Greedo atira à queima-roupa, erra e só depois o 'anjinho' Han Solo dá cabo no infeliz. De chorar.

Curiosamente, a alteração no holograma do Imperador ficou, de fato, bem mais adequada com a fisionomia decadente do personagem - embora também dispensável. Mas que eu posso fazer? Eu gosto é da tosqueira mesmo.

Antes e depois:




Trailer de SW3:

Resolução "Dobra Espacial da Millennium Falcon" - 320x240 (15,9 Mb)
Resolução "Luke, I'm Your Father" - 480x360 (31,1 Mb)



EXORCISMO À MODA ANTIGA


Quando eu comentei sobre os quadrinhos de The Goon, me pediram nos coments e no e-mail para traduzir e publicar. No momento, estou meio sem tempo (como já deu pra reparar após essa atualização quase semanal), e ainda tenho outros projetos de scan e tradução que já estavam na frente. Mas um dia, quem sabe, chego no The Goon - se alguma editora não lançar antes.

Por enquanto, e com todo esse clima de Constantine no ar, eu traduzi de sopetão essa historinha curta e meiga, que conta como Goon se saiu em seu primeiro exorcismo.

Clique nas imagens.


Nice guys finished last!


REINTEGRADOS À SOCIEDADE


A Toca do Lobo já tinha feito a terra tremer com os posts bélicos do Hulk, mas agora voltou a operar a todo vapor após a aguardada reaparição do Lobo Schmidt, que estava por aí fazendo coisas. E não é só! Excepcionalmente, Luwig-X e o Cag@mba renasceram das cinzas também! Sempre freqüentei esse blog - um dos melhores sobre quadrinhos que já vi - e fiquei realmente puto quando "acabou". Ainda bem que vivemos em um mundo mais Marvel do que DC. :)

E como já me disseram certa vez...


Welcome back motherfuckers!


dogg, descobrindo o trampo solo surpreendentemente bom do Roland Orzabal, no período em que ele estava de mal com as Tias Fofinhas

Nenhum comentário: