terça-feira, 13 de abril de 2010

"I wanna do real bad things with you..."


Essa sequência foi pura finesse na época e ainda continua batendo. É do filme Quando Chega a Escuridão (Near Dark, 1987), o segundo da diretora Kathryn Bigelow, recém-oscarizada. Antológica, como o resto do filme. O fato de não ter vingado com o passar dos anos me faz conjecturar sobre seu status cult.

Naquele ano tivemos nada menos que dois filmes inaugurando a cartilha narrativa que seria a fórmula do sucesso no gênero atualmente: Quando Chega a Escuridão, estranho, anárquico e visceral, um fracasso de público; e Os Garotos Perdidos, mais pop, acessível, com Echo na trilha e os dois Coreys no elenco, uma covardia só. Apesar das visões radicalmente diferentes, ambos traziam a mesma premissa com o casal de jovens apaixonados e divididos entre dois mundos. Tal qual Crepúsculo.

Mesmo a distribuidora parece ter entregue os pontos com o longa da Bigelow, por mais hardcore que o material fosse. Na capa do lançamento em DVD, retiraram o Bill Paxton escrotão e semicarbonizado e tascaram uma versão fofa do casalzinho central, mais palatável às aficcionadas por Stephenie Meyer. Qualquer decepção futura é por conta. Chega a ser irônico o cancelamento do remake (glória à Bram Stoker!).

Pra mim a semelhança flagrante foi um tanto chocante e reveladora, mas eu ainda não tinha o conhecimento de causa necessário. Até outro dia. Após uma sessão suicida à base de Lua Nova, o brotha Sandro constatou na prática e arrematou primorosamente a experiência: "O pop era bem mais legal antes e foda-se o papa."

E tenho dito.

Ah, e a Kristen Stewart da minha pré-adolescência. Essa deixou saudades...


Vulnerável, sedutora e evocativa, com olhos verdes hipnotizantes e uma boca irresistível. Jenny Wright encantou de maneira irresponsável e, sem trocadilhos, evaporou da noite pro dia sem desfazer o estrago que causou. Trabalhou bastante durante a década de oitenta, sem moleza - sua estreia foi como uma groupie pagando peitinho no Pink Floyd - The Wall. Também foi o objeto de desejo do magnata Dieter Meier no clip de "Lost Again", do Yello. Aquele lá sou eu, antes do bankrupt.

Conseguiu a façanha de integrar o cast de O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas e não ser vinculada ao brat pack. Em contrapartida, por um bom tempo ficou relegada a personagens outsiders.

Desencanou legal no fim dos oitenta/início dos noventa, ensaiando uma passada mais indie. Tentou de novo com a molecada em Young Guns 2 (1990). Na sequência, O Passageiro do Futuro (1992) e, novamente, outro break. Não deu sinal de vida no novo século até 2009, quando confirmou presença no thriller Murder for Dummys, com lançamento previsto para ano que vem.

Mas aí já se vão 23 anos desde a doce Mae, sua personagem em Quando Chega a Escuridão - três a mais que a idade da Kristen Stewart. Quem viu, viu. O tempo é inexorável.


Parece que foi ontem que torci por ela e Nathan Petrelli. Digo, Caleb...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Simplesmente zumbis


Primeiro a mea culpa: um blog com a palavra "zombie" no título nunca ter comentado sobre The Walking Dead... não merece o nome que tem. Quer dizer, comentar, até comentei, tecnicamente falando. Mas que estou devendo, é inegável. Então, espero reverter este worst case scenario em breve, dando o primeiro pontapé agora, assim, na loucura.

E dá-lhe curta!

Segundo o THR, a série televisiva baseada na obra máxima de Robert Kirkman e Tony Moore já escalou seu protagonista. O ator inglês Andrew Lincoln será o policial Rick Grimes, líder de um grupo de sobreviventes do holocausto zumbi. Lembra do Lincoln?

Lincoln é o cara que protagonizou aquela cena em Simplesmente Amor.


Crianças, não tentem isso em casa

Escalação inusitada, pra dizer o mínimo. Não sei bem o que esperar do ator, já que, de sua filmografia, só assisti o melô de 2003 (cujo elenco estelar contava também com o Rodrigo Santoro num vergonhoso "cigano Igor mode" imposto pelo roteiro). Com uma carreira basicamente concentrada em telefilmes e séries produzidas no Reino Unido, Lincoln terá um belo desafio pela frente.

O personagem Rick prima pela tridimensionalidade. De cidadão comum, sensato e de boa índole, ele é tragado para extremos radicais, situações-limite e para o horror da condição humana. O que ele enfrenta durante a série não encontra parâmetros para comparação, seja na mídia que for.

E nem me refiro à presença dos trilhões de zumbis. Quem acompanha a HQ sabe.


Mas o buraco é ainda mais embaixo. Rick é líder nato, luta por isso. É hiperexposto. Sua autoconfiança e imposição se fazem necessárias a todo momento, não raro se tornando a força motriz da narrativa. Em se tratando de séries, isso pode representar uma armadilha. O Jack, de Lost, começou assim e olha como está hoje. Atire a primeira pedra quem nunca teve vontade de sentar a porrada na cara do Matthew Fox.

Se considerarmos os traços físicos, a escolha de Andrew Lincoln soa ainda mais discrepante. Não se parece com o Rick nem de longe. Sempre visualizei alguém com o perfil próximo de Aaron Eckhart (o Duas-Caras) ou de Nathan Fillion (Serenity, Seres Rastejantes). Mas meu favorito para o cargo era mesmo Sam Trammell, o Sam, de True Blood. Verve e inflexão praticamente transcritas para o personagem.

Mas vamos esperar - e torcer - pelo melhor. Robert Kirkman, lógico, está pra lá de empolgado com a contratação de Lincoln:

"Andrew Lincoln, uau -- Que achado sensacional esse cara é. Escrevendo Rick Grimes mês após mês na HQ, eu não tinha ideia de que ele era de fato um ser humano, vivo e respirando, e aqui está ele. Eu não poderia estar mais emocionado em ver como o show está se aproximando".

The Walking Dead ainda conta com o ator Jon Bernthal (The Pacific), no papel de Shane, ex-parceiro de Rick na polícia.

As filmagens começam em junho, em Atlanta, com estreia prevista para outubro, no canal AMC. Roteiro, direção e produção de Frank Darabont. Que até hoje, nunca me decepcionou. Amém.

sábado, 3 de abril de 2010

"Derrubem quantos puderem"


Uma catarse com som & fúria e alguma classe no meio. Assim foi o 14º episódio da oitava temporada de 24 Horas. Mais adrenalizada do que nunca, a série sintetizou nesta hora boa parte de suas melhores características. Teve de tudo: um presidente americano sendo pressionado, a conspiração subsequente, ação frenética, agentes heróicos sacrificando suas vidas em campo, Jack Bauer no modo DefCon 1 e a eterna corrida contra o relógio. Tudo cimentado com uma argamassa de tensão dura como um murro na cara. Um autêntico must see.

Destaques: a sufocante cena no gabinete do secretário Ethan Kanin (Bob Gunton, que ator!) e o modo como ela se interliga à sequência espetacular da emboscada no túnel. Timing perfeito em todos os ângulos.

O único senão nesta reta final é que cada episódio outstanding como esse inevitavelmente me lembra que a série está com os dias, ou melhor, as horas contadas. Surreal ver os envolvidos já ensaiando os agradecimentos finais. Essa ficha vai ser ruim de cair.

Momentos que ficarão


Cena de bizarrice extrema em Marvel Zombies 3 #4. E olha que a tradução brazuca ficou melhor que o termo original ("Vambie").

Será que a Bella encarava?