Na conexão cimério-capixaba da vez, A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 4: O Conquistador. O volume compreende de Savage Sword of Conan #8 a #11 e deixa evidente o quão multifacetado era o título. Estão ali contos curtos, aventuras mais longas e sagas divididas em várias partes que se tornaram momentos essenciais para a compreensão da trajetória do bárbaro. Essa diversificação também era característica da seleção de artistas sob o comando de Roy Thomas - sem, logicamente, ofuscar o protagonismo do lendário John Buscema.
Olhando em retrospecto - e em tempo real, agora, com "A Coleção" da Salvat - fica difícil pensar num título mais complexo do que Savage Sword of Conan. Apesar de metódico e obsessivo, o criador Robert E. Howard não era exatamente um adepto da continuidade. Mapear e adaptar a atribulada vida do bárbaro em ordem cronológica sempre foi um verdadeiro desafio para editores, roteiristas, tradutores, etc. Fosse nos dias de hoje, cabeças rolariam entre as deadlines industriais da Marvel.
É aí que, lá pelas tantas deste volume ("Conan, o Conquistador - parte 5: A Estrada para Acheron", 1976), surge do nada a 1ª menção em SSC à Zenóbia, futura esposa do Conan-Rei de Aquilônia.
Zenóbia havia estreado dois anos antes, em Giant-Size of Conan #2, edição não coletada nesta série por razões óbvias. Mas para entender plenamente a relação entre os dois e a linha do tempo que levou o cimério à coroa, é imperativa também a leitura do conto "A Hora do Dragão", cuja adaptação para os quadrinhos começa na Giant-Size of Conan #1 anterior, vai até a #4 e segue aqui sob o nome "Corsários Contra Stygia" até o fechamento da saga "O Conquistador" - precisamente nestas SSC #8-10. Crom!
Um embróglio editorial difícil de desenrolar e que passa ao longe da jurisdição d'A Coleção salvatiana. E evidentemente uma bola levantada perfeitinha para a Mythos cortar impiedosamente com seu megaluxuoso Conan: O Conquistador. Ora, mas que diacho, hm?
Voltando ao quarto volume, temos novamente a trinca-padrão com a intro de Max Brighel, a galeria de capas e as minibios de Thomas & Buscema.

E arrisco afirmar que, se Buscema e Windsor-Smith não existissem, o Conan oficial dos quadrinhos seria o de Pablo Marcos. Em "A Maldição da Deusa-Gato", o cimério ronca e vomita fogo, como se um cometa explodisse dentro de um vulcão em erupção*, pronto responder a um simples "bom dia" com uma machadada na testa. Perto dele, os personagens de Hokuto no Ken fugiriam correndo para a aula de balé mais próxima!
* parafraseando meu personal Obi-Wan Berrah de Alencar!
Claro que não podia deixar de destacar a saga em seis partes "A Fortaleza dos Condenados". Essa foi realmente minha menina dos olhos deste vol. 4. Em sua maior parte pela química do traço de John Buscema com a arte-final soberba do filipino Yong Montano. O homem é um monstro do nanquim, um mestre nas sombras, detalhes, texturas e expressões. Ao mesmo tempo em que traz uma pegada densa e carregada, também turbina as sequências de Buscema com um dinamismo que poucas vezes vi.
Um espetáculo que rouba a cena até mesmo da histórica aventura-título. Obrigatório é pouco.
Junto com o volume, a Salvat incluiu uma cartinha bastante cordial agradecendo o apoio à "distribuição local avançada" e se disponibilizando para o ressarcimento dos valores gastos nos 4 volumes.
Obrigado, mas passo. So far, so good.
Então... será que finalizaram os testes? E qual terá sido o resultado?
A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 1
A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 2
A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 3