sexta-feira, 17 de setembro de 2004

O MONSTRO DE DOGGENSTEIN


Dr. Doggenstein, meus caros. Esse é o meu epíteto agora. Há muitas eras passadas (ano passado), eu vivia no auge de meu afã scânico (não satânico, de adorador do capeta, e sim scânico, de scanner, aquela maquininha que a entidade Eudes/OutZ e o Immateria popularizaram - falando nisso, vocês deviam cobrar royalties das fábricas de scanners... aposto que eles venderam muito naquela fase, só por conta de vocês). Na época, eu me sentia o próprio Galactus, devorando sem dó o retorno de capital das careiras editoras de quadrinhos.


Esse sentimento era reforçado também por dois fatores. Primeiro, mais óbvio, era o prazer de compartilhar com outras pessoas alguma obra que eu achava bacana. Me lembrava de quando eu "descobria" uma banda legal e apresentava pros meus amigos, emprestava o CD e tudo (muitas vezes eu nem via mais o CD!).

Segundo, e mais motivador, era disponibilizar essas HQs pra quem não mora no eixão RJ/SP. Pra quem mora aí, eu só digo uma coisa: o Brasil tem a maior periferia do planeta. É assim mesmo que somos tratados pela mídia e, talvez por conseqüência disso, sofremos certos "embargos". Quando falamos em produtos de 3ª necessidade então... Distribuição setorizada é o novo nome que inventaram para "exclusão". RdA encadernado, por exemplo, não deu nem sinal de chegar por aqui. O detalhe é que eu já tive acesso ao seu conteúdo - inclusive as páginas inéditas - há muito tempo atrás, num feliz download no Rapadura Açucarada. Esse é o tipo da motivação que cairia bem em qualquer origem de super-herói.


Mas voltando ao assunto, se eu era o todo-poderoso Galactus, não demorou muito e logo fui apresentado ao Nulificador Total: meu scanner dançou. Por uma razão cósmica inexplicável até para o Vigia, meu scanner (que sempre teve tratamento de rei), começou a apresentar fortes tons azulados nas imagens. Como eu jamais poderia colocar no ar um scan meia-boca (é a mesma coisa que colocar um daqueles odiosos MP3 corrompidos), resolvi seguir adiante, sem o meu "parceiro" de blog. Aí, eu já me senti o Steve Rogers, depois que o Bucky bateu as botas ("Bbb", hehe).


Inspirado pelas recentes explosões scânicas do Alcofa (o cara tá escaneando até o cachorro de estimação) e do Luwig X (ainda tô me acostumando com esse nick... e que puta HQ melancólica aquela da Diana, hein?), resolvi dar uma última chance ao meu velho Genius Color Page Vivid III. A mesma coisa. Liguei o foda-se, peguei as minhas chavinhas Phillips e abri o ex-Galactus. Desconectei tudo, limpei a poeira, tirei o vidro e mandei ver no álcool isopropílico. Usei o cabo de conexão do meu velho Zip Driver (o famoso Darkseid!), reconectei tudo, fechei e liguei no CPU. Depois dessa, eu poderia montar uma banda punk com um pé nas costas.

Pra minha surpresa, as imagens melhoraram uns 70% em definição. Não o suficiente para satisfazer o meu perfeccionismo, mas suficiente para um resultado no mínimo apresentável. Resolvi fazer um teste, aproveitando o meu mais novo hobby: varrer sebos atrás das velhas edições de Superaventuras Marvel.


SAM #79, traz uma puta história do Matt Murdock, da memorável fase Ann Nocenti/John Romita Jr. O texto estiloso de Ann não envelheceu nem um pouco, mesmo tendo essa história mais de dez anos. E Romita filho - acho que serei criticado agora - estava em sua melhor fase, disparado. Não há uso de violência desnecessária (mesmo porquê, o universo do Matt é mais do que isso), e o DD é retratado aqui da forma mais realística possível. Matt está prestando assistência jurídica beneficente, e investiga uma provável quadrilha de terroristas, ao mesmo tempo em que enfrenta problemas legais que podem levá-lo à cadeia. Destaque para Bullet, um brutamontes "com personalidade" (igualzinho ao James Gandolfini, de Família Soprano) e para o filho dele, Lance, um guri fanático pela possibilidade de uma guerra nuclear (!).


Essa edição traz também uma aventura bem meia-boca com o Homem-Aranha, Wanda e o Visão enfrentando o mago Necrodamus (um dos vilões mais toscos que já vi). História fraca e envelhecida, mas que vale pelo quebra entre o Parker e o andróide comedor de feiticeiras. :P

Pra fechar, uma aventura bem legal do Frank Castle. Escrita por Mike Baron e com o traço de Klaus Janson, a história traz um Justiceiro à paisana desmantelando a célula de uma rede internacional de tráfico de drogas. Destaque para a seqüência em que ele é torturado e vira o jogo, ao melhor estilo Jack Bauer, de 24 Hs.

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Reup do arquivo cbr (mesmo scan da época) - 06/09/2017

SAM #80 traz a conclusão nada maniqueísta do episódio anterior, com o dedão do famigerado Wilson Fisk dando o ar da graça (como sempre). Matt está passando por um momento muito difícil em sua carreira, tanto de advogado, quanto de vigilante. Aqui ele encara novamente o paredão Bullet, e conclui que não chega nem aos pés do cara em termos de força física. Essa luta lembra bastante as antigas pelejas do Matt com o Rei do Crime, fase Frank Miller.


Em Bolívia, Frank Castle segue a rota do narcotráfico internacional até o topo do cadeia alimentar. Acaba se reencontrando com um velho "amigo" da Guerra do Vietnã: general Trahn. Eficiente história, que só seria perfeita se o título fosse "Colômbia". :D

SAM #80 ainda trazia uma aventura com um personagem que eu abomino: Longshot. A história, chamada Eu Quero Morrer, é tão ruim, mas tão ruim, que não tive a menor vontade de escanear. Argumento fraquíssimo (de Ann Nocenti), pessimamente ilustrado por Arthur Adams e colorido nas coxas pelo Estúdio Artecômix. Longshot (a "Estrela da Sorte") e um pai de família fracassado tentam assaltar uma companhia de luz, porque "a conta estava muito alta" (hhmm... até que faz sentido). Se alguém quiser conferir, por alguma curiosidade mórbida ou mero gosto pelo trash extremo, é só me escrever que eu publico.

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BRIGA DE CACHORRO GRANDE


Na rebarba, resolvi mandar duas Marvel 99 também. As edições #08 e #09 são particularmente especiais por mostrarem um pouco mais do passado do mega-vilão Apocalipse, e por traçarem um interessante paralelo entre as motivações dele e do Hulk. Sem contar o quebra-pau titânico entre o Gigante Esmeralda (com a alcunha de Guerra, então um dos cavaleiros do mutante egípcio), Homem-Absorvente e o "imparável" Fanático.

Nessa edição também tem uma aventura sensacional do Deadpool, com participação especialíssima de Mary Tyfoid. A dupla Joe Kelly/Ed McGuinness é uma das melhores dos últimos tempos. A luta de Deadpool e Ânimus e, principalmente, a "luta" com o T-Ray, são hilárias. O estilo da narrativa e do traço lembra muito a recente parceria Peter David/Chris Cross, das últimas aventuras do Capitão Marvel (o Genis, da Casa das Idéias), sempre muito bem-humoradas.

Coisas do formatinho: deixei de fora algumas histórias. Uma delas é a conclusão de O Beijo da Viúva Negra, um thriller de espionagem com Demolidor, Viúva Negra e Vanguard, o "Capitão América soviético". A história tem uma trama até interessante, mas que não funciona isoladamente. Não incluí também uma aventura do Kazar, pois ela segue adiante em outras edições, e a mesma coisa aconteceu com uma história fraquinha dos fraquinhos Thunderbolts.

Não faz sentido colocar arcos pela metade, a menos que alguém os queira mesmo assim. Aí, é dogg-mail na cabeça. Aliás, "dogg-mail" foi a idéia mais tosca que já saiu da minha cabeça... :P


Marvel 99 #08
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Marvel 99 #09
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Reup do arquivo cbr (mesmo scan da época) - 06/09/2017

Agora, só mais um favor... me digam se as imagens ficaram aceitáveis ou horríveis. fiquei mexendo tanto nelas que já até perdi a referência... Preciso saber, pois tenho intenção de sacanea... digo, scannear outras revistas também. Ah, e eu hospedei no Photobucket mesmo. Mas um dia isso vai mudar. :P


Post ao som de quase tudo do Ramones. Agora, no momento do publish, está rolando Needles & Pins...

Longa Vida ao RAMONES!

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