terça-feira, 16 de novembro de 2004

OOH... FOI ELA...!*

Pô, se tu ainda não sabe do que se trata, merece levar um spoiler sem aviso.


Pois é... mordeu a língua quem falou que foi o Hank Pym. Só porque o velho Jaqueta é um dos personagens mais babacas dos quadrinhos. Mas não, não foi ele quem matou Odete Roithmann... A autora da derrocada dos Vingadores é a adorável Wanda, a.k.a. Feiticeira Escarlate.

Doce, meiga e carinhosa (ui), Wanda sempre teve aquela aura benevolente e incorruptível, ao contrário do caráter narcisista e arrogante de seu irmão, Pietro "Mercúrio" Maximoff. De todos os envolvidos, ela era a menos provável. Até mesmo Janet Pym, a Vespa, tem mais jeito de traidora. No quesito "surpresa", tenho de admitir: Avengers Disassembled bombou. Ponto (mais um) para Brian Michael Bendis. Ponto não, cesta de três (mais uma).

Mas sabe quem a enlouquecida Wanda e suas motivações me lembraram?




Grace Stewart, personagem interpretada por uma Nicole Kidman igualzinha a Grace Kelly e protagonista do ótimo Os Outros (The Others, 2001), do diretor Alejandro Amenábar (o mesmo do ótimo Abre los Ojos, de 1997, no qual foi baseado o filme Vanilla Sky, protagonizado por Tom Cruise, ex-marido de... Nicole Kidman - putz!).

E como spoiler pouco é bobagem...

Em Os Outros, a Sra. Stewart é uma mãe ultra-zelosa no que diz respeito à segurança de seus dois pimpolhos, que sofrem de uma fotofobia aguda ou algo parecido. Mas a similaridade com Wanda só vem mesmo no finalzinho do filme e no finalzinho de Disassembled, quando a cortina de mistério finalmente é levantada. O confronto com a realidade e a dura condição de saber que vivenciam uma intensa ilusão as aproximam quase como se fossem a mesma peça adaptada em diferentes mídias. Porém, ao contrário de Grace (que aceitou a sina negra que lhe foi imposta), não sabemos o que será de Wanda.

Só o que eu queria saber é o seguinte... Bendis foi genial ou apenas escolheu um grande subterfúgio pré-existente? Seja como for, ele já merece o crédito por ter ousado trilhar por esse caminho, pouco usual na infinidade de roteiros meia-boca que assolam as HQs.


MUITO ANTES DE DISASSEMBLED...


Uma coisa que eu sempre achei estranha é o espanto causado pela nova line-up dos Vingadores, em especial no que diz respeito ao Homem-Aranha. O aracnídeo sempre namorou a possibilidade de um curso profissionalizante dentro da equipe. Fora que aquilo ali seria uma espécie de Super Big Brother pra ele, com holofotes em cima, status de celebridade, mulheres maravilhosas (pô... Warbird, Flama, Mantis, Mulher-Hulk...), e por último e o mais importante: grana, xará.

Por alguma razão que apenas Stan Lee sabe explicar, Peter Parker tem um saldo bancário muito parecido com o meu. Um cara que poderia tirar vantagem de suas habilidades físicas, ou mesmo de um intelecto capaz de inventar aquelas teias revolucionárias, dificilmente penaria pra pagar as contas no fim do mês. Mas não é isso o que acontece, e com essas novas características pintando na vida dele, com certeza sua baleada cronologia ganhará um novo fôlego. Afinal, acho que ninguém em sã consciência está a fim de vê-lo enfrentando o Duende Verde "pela última vez" de novo, ou muito menos ter de agüentar outro roteirista caindo de pára-quedas e escrevendo histórias sobre clones com crise de identidade (Deus nos livre e guarde).


Muita gente anda falando que New Avengers será uma tentativa de levantar as vendas em cima de um produto similar à Liga da Justiça, da Detective Comics. Concordo, mas não pelos mesmos motivos. Claro que a quantidade de personalidades (Logan, Parker, Rogers, Stark) está bem over, mas com toda a razão de ser. Assim como a Liga é o grupo-emblema da DC, os Vingadores também o são para a Marvel. Nada mais justo. Fora que o Aranha sempre se saiu muito bem em crossovers. Sua teimosia e irreverência em relação aos seus companheiros de luta rendem momentos impagáveis - e o que é melhor, com todo tipo de roteirista.

E outra, ele é disparado o herói que mais auxiliou os Vingadores em sua longa carreira. Bem distante de um Hulk, por exemplo, que só participou do grupo em sua fundação, saiu, e depois tentou esmagá-los - mais de uma vez. :P

Num desses mixes de "aranha vingativa", acabou saindo uma história bem divertida, apesar de bobinha. Em Avengers #236 (out/1983), o Aranha estava tão desesperado pra tirar o pé do atoleiro, que simplesmente invade a mansão dos Vingadores. O nome da história é sintomático: "Eu Quero Ser um Vingador!", escrita pelo sumido Roger Stern e publicada pela Abril na revista Homem-Aranha #66 (ué?). A história é boba mesmo (os "vilões" são os homens-lava, e no final sabemos que tudo foi um mal-entendido), mas tem os tais momentos impagáveis que eu me referi.

Saca só as seis primeiras páginas e a "entrada triunfal" do aracnídeo. Ah, é pra clicar em cima, tá... :)



dogg, querendo mesmo ver o Parker ganhando bem, ao som de MC... 5. Banda clássica de rock-garagem, autora da imortal "Kick Out the Jams"...! Ufa!

2 comentários:

Vinícius Alves Hax disse...

Vim parar aqui a partir do texto da Carol Danvers e não pude deixar de achar engraçado o trecho "ter de agüentar outro roteirista caindo de pára-quedas e escrevendo histórias sobre clones com crise de identidade (Deus nos livre e guarde)" aos olhos de 2018. Maldito Dan Slott!

doggma disse...

Fala aí, Vinícius!

Pois é, no fim das contas , Deus não nos livrou e nem guardou, rs...

Mas sabe que já ouvi de várias fontes boas que esse run do Slott foi subestimado? Será que vale a revisão?

Abraço!