Costumo torcer por azarões, mas em Gavião Arqueiro o azar foi meu mesmo. Desde o início, a série da Marvel Studios/Disney+ imprimia um tom ameno que me fazia apostar numa dramática virada de eventos no último ato. Ao invés disso, a coisa derrapou feio na reta final. Com espaço mínimo para desenvolver uma narrativa consistente, exageraram na quantidade de subplots —conte comigo: Maya Lopez/Eco, Yelena, mãe da Kate, Ronin, relógio misterioso, Espadachim, Rei— e assim as amarrações foram se acotovelando no último episódio, como se fosse um mix do tradicional arrasta-pé nordestino com a deadline da Marvel.
Mesmo a breve redenção do Vincent D'Onofrio retornando das cinzas netflixianas como Wilson Fisk durou só até a pavorosa sequência de luta com Kate. A despeito do figurino referencial pero inadequado (isso não é exatamente isso), fica difícil saber o que o showrunner Jonathan Igla (de Mad Men) tinha em mente ali. A postura cerebral e austera de outrora deu lugar a atitudes inconsequentes e impulsivas. O Rei do Crime saindo pra resolver um abacaxi com as próprias mãos em público? Tratamento mais pedestre, impossível.
E nem precisa mencionar as flechas mágicas dando conta dos 2 milhões de novos membros da Gangue do Agasalho. O ato final inteiro foi mal dirigido. O atropelamento foi ridiculamente abrupto, praticamente um jump scare, além de impossível: Fisk estava a meio metro de um carro em ponto morto. E se esta versão do Rei tem superforça para arrancar a porta do veículo, então a Kate tem super-invulnerabilidade. Cada soco daquele era pra ela cuspir um pulmão. Muito, muito ruim mesmo.
Outra coisa esquisita foi a Kate vendo a mãe sendo presa por homicídio e na manhã seguinte ela está na casa do Clint pra comemorar o Natal. Merecido descanso, hm?
Uma sobra positiva: a química/bate-bola entre Kate e Yelena. Sempre bem divertidas, especialmente na cena da mão boba no elevador. Quero um episódio girls-night-out das duas soltas em NY pra ontem.
Jeremy Renner já pode pendurar a aljava, o arco e as flechas (claro que a fila dele já andou faz tempo). Suas dívidas com o MCU —e vice-versa— foram quitadas.
Só não precisava daquele musical Broadwayesco breguíssimo nos pós-créditos. Apertei o fast forward como se não existisse amanhã...
2 comentários:
"Olha se for o "Blip da Helena" pode."
Me auto citando, ingenuamente assim como você eu disse isso no post passado. Mal sabia eu oque estava reservado para o grand-finale.
Putz! Ruim demais, assisti acelerando para acabar logo com o tormento. Na esperança ingênua (mais uma vez) de que a cena pós crédito poderia guardar alguma uma surpresa...
Olha é fácil afirmar que foi uma das piores coisas produzidas pelo MCU e fora dele também.
A vantagem é que amanhã já esqueci de tão irrelevante... a exceção do "Blip da Helena" hehehe
Abs,
VAM!
O irônico é que, para melhorar aquilo substancialmente, eles só precisavam segurar a onda com o Rei. O Fisk na reunião com a mãe da Kate já bastava. Depois ela a confrontava em casa, já com a polícia esperando lá fora, numa cena bem dramátcia. Menos seria mais ali.
No meu ranking pessoal, What If ainda foi pior no geral. Hawkeye enganou por mais tempo, Hailee Steinfeld e Florence Pugh são maravilhosas de qualquer jeito e é legal ver o Renner passando o arco pra frente.
Abração!
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