terça-feira, 29 de novembro de 2022

Motörhead Æternamente

E, do nada, uma nova do Metallica. Aliás, um balaço do Metallica, que se registre nos autos.


A influência de Motörhead explode da levada de baixo-guitarras às metralhadas do bumbo duplo — o clássico "Overkill" manda lembranças.

Mas não só: o breakdown ali pela metade remete diretamente à gênese discográfica da banda, no Kill 'Em All, de 1983. Mais especificamente, à música de abertura, a pedrada "Hit the Lights", que já evidenciava o impacto de Lemmy e seus bandoleros sobre todo o speed metal de 1ª hora.

Confesso que o nome de sabonete me enganou a princípio. A faixa pertence ao vindouro álbum, de nome igualmente fofo, 72 Seasons. Tomara que o golpe de vista se repita. Só saberemos em abril de 2023.

Por hora, é bom demais matar a saudade do Metallica Metallica.

Dica do Sandrö.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Não olhe para baixo


É estreita a ligação entre a altura e a loucura. Essa relação foi bem explorada no filme A Travessia (The Walk, 2015), cinebio de Philippe Petit, o acrobata-maluquete francês que passeou longamente por um cabo de aço ligando as torres gêmeas do World Trade Center. Para ele, desafiar aquela altura atordoante era a mais pura demonstração de comprometimento com a arte. E existe o exemplo inverso dos "viciados em adrenalina": paraquedistas, traceurs, bungee jumpers, a dupla de protagonistas de A Queda (Fall) e demais descompensados.

O filme é um teste para cardíaco e experiência certamente letal para quem tem vertigem de altura. Não tenho nenhum dos dois, mas desde o longa do Zemeckis não rio tanto de nervoso e aflição — até mais, pois lá a parte da altura só pega mesmo no terço final e aqui é praticamente o filme inteiro...

Direto ao ponto: a relutante Becky (Grace Caroline Currey, a Mary Marvel, de Shazam!) e a destemida Hunter (Virginia Gardner, a babá do Halloween 2018) são amigas que decidem escalar uma torre de TV de 600 metros no meio do deserto porque sim. Chegando lá, é visível o estado precário da estrutura, que está prestes a ser demolida, mas nem isso as faz mudar de ideia. Lógico que a coisa dá muito ruim lá em cima e elas têm que se virar para sobreviver e retornar ao chão de alguma maneira que não seja a 300 km/h.

A premissa é basicamente essa, embora também haja espaço para dramas pessoais e uma tensão entre as aventureiras. A eterna promessa Jeffrey Dean Morgan comparece, brevemente, no papel do pai de Becky.

O diretor britânico Scott Mann, que coescreve o roteiro com Jonathan Frank, abraça a causa survival horror, mas é atento ao sincronizar as diferentes motivações das personagens. Nem tudo são flores: uma delas está de molho deste esporte há cerca de um ano e nem sequer faz um alongamento antes da empreitada. Felizmente, as boas sacadas são bem desenvolvidas e até mesmo as "inspirações" em outras produções. E são várias delas.

De cara, a montagem tensa com closes da escadinha tremendo, de degraus enferrujados, de parafusos folgados e da edificação inteira rangendo remete às dicas gritantes da Morte na série Premonição. Em seguida, os mais escolados vão identificar catadas na caruda de outros thrillers de sobrevivência. Especificamente, e na ordem, dos filmes Pânico na Neve (Frozen, 2010), Águas Rasas (The Shallows, 2016) e Medo Profundo (47 Meters Down, 2017) — todos eles ótimas pedidas para qualquer dia normal precisando de uma traumatizada.

A narrativa é conduzida com precisão psicopática. Para sobreviver, as meninas precisam enfrentar uma sequência infernal de perrengues, cada um pior que o outro, num roteiro que parece ter saído da cabeça de um sádico (dois, na verdade). O que não funcionaria plenamente se não fossem as ótimas performances e química das atrizes. Com naturalidade, Currey e Gardner lidam com diferentes camadas orgânicas de uma amizade da vida real, fazendo com que o espectador de fato se importe com o destino delas.

Isso, com a vida por um fio a mais de meio quilômetro de altura, é o grande trunfo de A Queda.

O pôster, inclusive, já dá uma boa prévia.


Não assisti no cinema. Provavelmente, foi melhor assim. Teria saído de lá com tanto gatilho que não subiria nem num meio-fio.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

“Tex! Ah - aaaa... He'll save every one of us!”*

* favor ler no ritmo da "Flash", do Queen.


Atualizações Texianas: pacote só da maravilhosa salve-salve Tex Platinum, edições #30 a #36 (mais 1 Ken Parker). Como estava saindo ora bimestral, ora trimestral, deixei acumular. A notícia ruim é que a Mythos descontinuou o título aí mesmo. A #36 saiu há quase um ano. Perdi o memorando.

A Platinum era uma delícia. Cada edição trazia um arco fechado da Tex Anual (dependendo, até dois). Praticamente um Best Of do Satanás e seus pards. E ainda tinha material pela frente. É realmente uma pena.

Como não faço as mensais, já que Tex procria na coleção mais rápido que uma maldita lebre no cio, só me restaram a Tex Edição de Ouro e a sumida Tex Edição Histórica (cancelaram também?), ambas selecionadas por um rigoroso olheiro Navajo-Vilavelhense. O critério varia, mas qualquer coisa que tenha os traços de José Ortiz, Stefano Andreucci, Alfonso Font (esse, muito, muito perto de fechar tudo), Pasquale Frisenda, Miguel Angel Repetto e os textos de Antonio Segura, Claudio Nizzi e, claro, do onipresente Mauro Boselli, já sai na dianteira.

Vamos ver como será daqui pra frente. Enquanto isso, a Platinum #35 já me aguarda, com o velho Willer enfrentando um... dinossauro.

E não foi a 1ª vez...

Atualizações Paninísticas: chegou em mãos o pedido-dado-como-perdido. 2 meses depois. O pack-faroeste da Mythos veio num galope só: 7 dias corridos. Vergonha, Panini. Ou melhor... Porra, Panini!®

terça-feira, 22 de novembro de 2022

O Gigante que sabia viver


Erasmo "Carlos" Esteves
(1941 - 2022)

Erasmo Carlos fez suas últimas graças com o público ao sair de uma internação preocupante no início do mês. Sempre uma figuraça, até nos momentos mais delicados. Quase dois metros de pura simpatia e coração fizeram do "Gigante Gentil" um dos apelidos mais certeiros do showbiz. Claro que sua partida surpreende, claro que emociona, mesmo que o tal quadro de síndrome edemigênica (?) já inspirasse cuidados redobrados para um colosso de 81 primaveras.

Faz parte da vida e, no caso do eterno Tremendão, o pacote vinha completo. Entre uma discografia com mais altos do que baixos, destacam-se três obras-primas: Erasmo Carlos e os Tremendões (1970), Carlos, Erasmo (1971) e Sonhos e Memórias (1941-1972) (1972), com o artista adotando letras confessionais e intimistas, imerso em influências soul, samba, funk, acid rock e experimentalismos.

Não por acaso, três discos imediatamente posteriores ao seu protagonismo no programa/gênero/movimento Jovem Guarda ao lado do amigo-de-fé-irmão-camarada Roberto Carlos.

A parceria com o "Rei" até a sua (dolorosa) separação rendeu uma música lindíssima, a clássica "Sentado à Beira do Caminho", lançada em compacto 12" em 1969. Nelson Motta, sempre ele, contextualizou o momento em seu livro Noites Tropicais:
“Mas todo mundo percebeu que alguma coisa havia mudado. Começava o reinado de Roberto Carlos, o artista mais popular do Brasil.

Aos poucos, ele foi saindo da ‘Jovem guarda’, que se tornou apenas mais um entre vários programas em que se apresentava. O programa continuaria sem ele, comandado por Erasmo e Wanderléa.

Na última vez em que Roberto se apresenta na ‘Jovem guarda’, em que não aparecia há semanas, Erasmo lança um dos maiores sucessos musicais do ano e um clássico instantâneo: ‘Sentado à beira do caminho’ é a música de despedida, uma bela balada de abandono e de solidão, que era para o fim da ‘Jovem guarda’ o que ‘Quero que vá tudo pro inferno’ tinha sido para o início:

‘Preciso acabar logo com isso, preciso lembrar que eu existo, que eu existo...’

O Brasil inteiro cantou com Erasmo, Bráulio Pedroso dedicou praticamente um capítulo inteiro de sua novela ‘Beto Rockeffeller’ na TV Tupi, o maior sucesso do momento na televisão, a cenas mudas com o protagonista Luiz Gustavo andando pelas ruas de São Paulo ao som de ‘Sentado à beira do caminho’, um capítulo-clip.”

Um daqueles conselhos pra vida. Só faz bem ouvir de tempos em tempos.

Obrigado, Erasmo! Valeu, bicho!

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

T'Challa para sempre


Pantera Negra: Wakanda para Sempre pode — deve, até — ser encarado como a reflexão definitiva de um tema que há tempos move os filmes da Marvel Studios: o luto. Vimos doses massivas deste estado de espírito e de seus efeitos em Capitão América: Guerra Civil, Pantera Negra, Vingadores: Guerra Infinita, Vingadores: Ultimato, WandaVision e Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. Mas nunca de maneira tão integrada. Da primeira à última cena, Wakanda para Sempre é uma eulogia a Chadwick Boseman e sua antológica versão do herói T'Challa. Deve ser o 1º mourning movie do cinema de super-heróis.

Era inevitável. Ao estender para as telas sua reverência à memória do ator, a Marvel automaticamente decidiu pelo tom solene da produção. Dali pra frente, o cineasta Ryan Coogler teria que trabalhar a nova premissa em uma escala quase metalinguística, atualizar o status de Wakanda no UCM, trazer uma nova aventura, apresentar Namor à Sue ao mundo e ainda redesenhar o futuro da franquia nos cinemas. Isso repercute inclusive na impactante trilha sonora de Ludwig Göransson e na letra da música-tema "Lift Me Up", de Rihanna.

Poucos filmes já estiveram nessa posição. Em termos de blockbuster, talvez apenas Velozes & Furiosos 7 (2015) com o ator Paul Walker, morto em 2013. E mesmo assim numa ressonância realidade-ficção muito menor.

O diário dos bastidores também deve ser uma leitura interessante. Início das filmagens adiado por casos de COVID-19 entre membros do elenco e do staff, a enorme polêmica antivacina em que Letitia Wright se meteu, além de um acidente sofrido pela estrela durante uma cena que lhe rendeu uma concussão e um ombro fraturado, o que gerou mais um hiato nas gravações.

O tal acidente, inclusive, foi de moto. Se foi na cena que estou pensando, o resultado ficou fenomenal. Método é tudo, é o que digo.

Apesar de todos os percalços e da dificuldade level HARDEST da empreitada, o roteiro de Coogler e Joe Robert Cole (reeditando a dobradinha bem sucedida do 1º filme) sai vitorioso num campo de batalha com inúmeras baixas em ambos os lados — o que serve também como analogia à cervical da trama. Ao mesmo tempo, é visível que o fator deadline, tão conhecido pelos leitores de quadrinhos mensais, finalmente alcançou as telonas.

Só assim para explicar o emprego intensivo de elipses narrativas (lacunas deixadas na história para o espectador preencher com a dedução lógica), várias delas resvalando em pontos cegos difíceis de presumir e até em ocasionais e vistosos buracos. Um deles, justificando o MacGuffin do filme, é abissal. Nada que uma ou duas linhas de diálogos não resolvessem. Mas, pra isso, o roteiro precisaria de uma boa e despressurizada revisão, o que, obviamente, não aconteceu.

Todo o elenco está indefectível. Impressionante, já que o núcleo principal é imenso. Wright fez sua melhor Shuri até aqui, numa atuação entregue e passional. Desnecessário (e até desrespeitoso) tecer maiores comentários sobre Angela Bassett como a Rainha Ramonda. A mulher é uma deusa, sempre foi. Lupita Nyong'o está maravilhosa como sempre reprisando o papel de Nakia, espiã reformada e o grande amor da vida do T'Challa. O mesmo para a veterana Danai Gurira como Okoye, a líder das Dora Milaje. Até mesmo Winston Duke brilha com seu M'Baku experimentando novas e interessantíssimas camadas. Já Dominique Thorne está à vontade e convincente como a heroína estreante Riri Williams/Coração de Ferro. Mesmo com as linhas pífias entregues a ela pelo roteiro.

E o Namor do mexicano Tenoch Huerta Mejía dobrou todas as minhas desconfianças com um pé nas costas e duas asinhas em cada tornozelo. O Príncipe Submarino é puro sangue nos olhos, força, majestade e fuckin' arrogância. Adorei praticamente tudo em relação a ele, inclusive o ato final. Quase não me importei com a releitura mesoamericana e com a Talokan ex-Atlântida (do também ex-Namor McKenzie) sem um pingo daquela ambição quadrinhística. Só o fato de bater a vontade de revisitar o quanto antes o run do Byrne, já merece um brinde.

Pantera Negra: Wakanda para Sempre está longe de ser a sequência idealizada daquele divisor de águas afrofuturista de 2018. Não tem as melhores decisões e não consegue cobrir o espaço imenso de um protagonismo à deriva. Sem Chadwick, nem poderia mesmo. Mas, paradoxalmente, é seu coração permeando cada frame do longa que faz da experiência algo tão especial. Em se tratando de mainstream, isso é vibranium puro.

Ps: pós-créditos emocionante, cara. Sem condições...

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Dominando o mundo


Que semana excruciante². Mas ao menos me impulsionou para relembrar e revisitar algumas obras. No caso do já saudoso Carlos Pacheco, lembrei de The Order, minissérie de 2002 que ele capeou ao lado do conterrâneo Jesús Merino. Na época, a capa da 3ª edição me impactou, já que remetia ao clássico confronto Vingadores x Defensores em versão atualizada.

Infelizmente, Pacheco não faz a arte interna, que varia entre Matt Haley, Chris Batista, Luke Ross, Dan Jurgens, Bob Layton e Ivan Reis com artes-finais de Dan Panosian e Joe Pimentel. Um time competente e bom de deadline.

Na trama, os Defensores decidem que o mundo está um caos e que precisam impor uma Nova Ordem Mundial. Meio como um Defensores-encontra-Stormwatch-e-Authority. Logicamente, há algo mais por trás das aparências e o roteiro do Kurt Busiek consegue tecer um pano de fundo instigante.

Nas 6 edições, fica escandaloso o nível do grupo. Os Defensores clássicos são muito poderosos. Dr. Estranho, Surfista Prateado, Namor e Hulk juntos é uma insanidade editorial e, agora distante do anacronismo narrativo da década de 1970, o céu é o limite. Isso fica latente quando eles atropelam exércitos mundo afora e também os integrantes de suas formações posteriores sem o menor esforço. E claro que ainda rola aquele tira-teima maroto com os Vingadores.

Naquela época, havia um acúmulo de tralha cronológica nas HQs dos Defensores. Lá fora, a equipe estava em baixa, a série própria não foi pra frente (fechou em 12 edições, apenas) e nada desse material foi lançado por aqui. Busiek ainda tenta desembolar alguns fios, como a vida pessoal de Samantha Parrington, a obscura alter-ego-compartilhada da Valquíria, e sua relação com a Patsy "Felina" Walker e o Falcão Noturno II. Mas fatalmente pipocam conceitos e personagens há muito abandonados, como a entidade Gaea, o bizarro mago Papa Hagg e o vilão Yandroth. De fato, há um excesso de background pouco (ou mal) contado, dando a sensação de pegar o bonde andando. Ou melhor, descendo a ladeira a mil.

Talvez por isso, The Order segue inédita no Brasil. Mas se mantém dinâmica e divertida, especialmente nesses tempos de autoritarismo alucinado. Gibi de porradaria honesta e com substância. Bem que merecia um TPzinho daqueles de 30 mangos...

Ps: e acabamos de saber que Kevin Conroy, a Voz do Batman, se foi ontem, aos 66. Que tristeza.

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Até logo, Sr. Boldrin


Rolando Boldrin
(1936 - 2022)

Poucos souberam personificar e traduzir tão bem a alma interiorana do país quanto o ator, cantor, compositor e apresentador Rolando Boldrin.

Quando moleque, nunca perdia um Som Brasil. Mesmo, às vezes, sem entender direito os seus deliciosos 'causos'. E até hoje, depois de velho, dificilmente começo um domingo sem as reprises matinais do Sr. Brasil.


Hoje, o país perdeu dois de seus filhos mais amorosos. E um pedaço imenso de sua identidade cultural.

À Gal


Gal Maria da Graça Penna Burgos Costa
(1945 - 2022)

Sem chance de racionalizar qualquer coisa mais elaborada agora. Estou tão atropelado pelo dia de hoje quanto qualquer brasileiro com o mínimo de bom senso.

Como momento de arte, de cultura, de país... histórico, com certeza. Gal Costa era a nossa Primeira Diva, agora eterna.

Diria que era hora de ouvir um dos meus discos favoritos de todos os tempos, Fa-Tal: Gal a Todo Vapor, dela com o genial guitarrista e arranjador sino-brasileiro Lanny Gordin. Mas é algo que faço desde sempre.

Achei uma graça as duas últimas publicações dela no Instagram.

Obrigado, eternamente


Carlos Pacheco Perujo
(1961 - 2022)

Minhas redes antissociais já parecem um memorial de notáveis. Tempos difíceis.

Mal saímos de um baque inesperado, já levamos outro, quase esperado. Quando Carlos Pacheco anunciou o fim da carreira devido ao diagnóstico de ELA, um único e frágil alento era de que a condição, terrível, ao menos contava com alguma expectativa de vida. Algo em torno de cinco anos (ou mais), para o bem ou para o mal. Mas não foi o que aconteceu e, provavelmente, foi para melhor. Pacheco era um gigante e não merecia nada menos do que uma vida plena.

Melhores obras? Tudo em que ele riscou o lápis já vale. Mas parecia fazer questão de só subir em barca boa: Arrowsmith, SJA, Vingadores Eternamente, os Supremos 4.0, o subestimado Superman de Kurt Busiek... inclusive o considero o 2º irmão-de-armas do Buzina, atrás apenas de um gênio da raça.

Pacheco já era lendário, além de um grande frasista: "Uma arte atinge sua maturidade quando os esnobes chegam até ela" e, uma das favoritas, "A espécie humana é genial produzindo vilões".

Mesmo na tediosa caixinha de descrição do Twitter, geralmente entupida em dissimulações e autoindulgência, Pacheco nos fazia voar na imaginação...
"Eu queria ser um piloto de Mirage, um cowboy no extremo oeste, um fuzileiro naval em Okinawa, um super-herói em NY, então percebi que o que eu queria ser era um artista de quadrinhos."
E fomos tudo isso. Valeu demais, Pacheco.

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Adeus a um Cavalheiro Extraordinário


Kevin O'Neill
(1953 - 2022)

Sem esquecer a estranheza da página de abertura em Batman #16 (2ª série da Abril), lembro vividamente do meu 2º contato com o traço de Kevin O'Neill: foi na Graphic Novel 9: A Era Metalzóica, dele com o Pat Mills. Ambos emergentes da 2000 AD. Ambos "invasores britânicos" injetando transgressão direto no comics mainstream. Logo na sequência, veio Marshal Law e àquela altura já estava completamente chapado com todos aqueles conceitos sofisticados de design, narrativa e ultraviolência.

Nunca tinha lido nada tão pervertidamente violento. Perto daquilo, até as minhas edições mais proibidonas de A Espada Selvagem de Conan pareciam exemplares da Marie Claire. Na época, era um negócio tão anárquico e doentio, que costumava esconder os gibis embaixo das revistas de mulher pelada.

Logo vieram as contribuições de O'Neill na antologia Hellraiser e nas graphics do Lobo. Não demorou até o artista ser cooptado pelo mago Alan Moore para A Liga Extraordinária, uma das maiores obras de quadrinhos já paridas na História.

É impressionante. Passei a mão em praticamente tudo de Kevin O'Neill que saiu por aqui sem sequer pensar a respeito. Não havia o que discutir. É uma trip que vem batendo ininterrupta desde 1989. E pretendo manter assim, se lançarem o oceano bibliográfico que ainda se encontra inédito por estas bandas.

Por hoje, é hora de agradecer. E dizer um "até logo" para o meu longevo amigo da pá virada.

Thank you for everything, Kevin O'Neill!

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Além do samba iluminado

A prévia não deixa dúvidas: Andança: Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho, com roteiro de Leonardo Bruno e direção de Pedro Bronz, parece fazer pela Madrinha do Samba o que Vale Tudo com Tim Maia fez pelo Síndico do Soul.

Talvez até mais.


Quem viu o documentário Rush: Beyond the Lighted Stage, de 2000, nunca esqueceu de uma cena icônica e universal: o vídeo caseiro em que o guitarrista Alex Lifeson, então com 17 anos, comunica aos pais que pretende largar a escola para seguir carreira numa banda de rock — e se esqueceu, não me importo em recordar. É sensacional. E o vídeo de arquivo do Prince com 11 anos dando sua opinião sobre uma greve de professores em sua cidade?

Esse tipo de achado arqueológico é ouro puro. E Andança periga ser uma mina gigantesca.

Salta aos olhos a autoconsciência da inesquecível Beth em documentar tudo que vê pela frente. Nem imagino se já tinha consciência de que estava cunhando um material de acervo histórico da música brasileira também. Mas estou louco para descobrir.

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Panini que o pariu!


Duas comemorações em menos de uma semana é teste pra cardíaco.

Após 37 frias manhãs de desprezo, finalmente a Panini resolveu separar e manusear meu pobre pedido. É tetraaa! É tetraaaa!!

Ou melhor...


É trii! É triii!!

Provavelmente quando chegar no "Produto Enviado" já saberemos quem ganhou a Copa, o que aconteceu com o gado nas estradas, etc.

Parafraseando o Doc Brown, nos vemos no futuro!


⚡ ⚡ ⚡ ⚡ ⚡


Enquanto isso, a Mythos passeia livre pela grande área. Fechado hoje, faturado hoje, manuseado hoje, enviado hoje.


7 X 1 fácil em cima da Panini.