I don't know if this has been announced yet, but since it's out there in the PRH catalog -- SUPERMAN: CAMELOT FALLS •...
Publicado por Kurt Busiek em Quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023
Kurt Busiek anunciando uma edição deluxe da saga A Queda de Camelot justo enquanto relia a dita cuja em meio às arrumações de Carnaval. Sincronicidade, você vê por aqui. Empilhando as edições, lembrei de como a Panini precisou de samba no pé para publicar a história com um mínimo de regularidade nas mensais do Superman (edições #59-61, #64-66 e #68-69). Foi tenso. E um problema importado.
Na publicação lá fora, entre 2007 e 2008, a redação da DC foi obrigada a encher muita linguiça nas Superman e Action Comics titulares para cobrir os constantes atrasos do saudoso Carlos Pacheco e de Jesús Merino, seu arte-finalista do coração. Pra fechar, um problema de saúde do Busiek resultou num gap de 4 meses entre as duas últimas edições. Tudo isso conspirou para a saga amarrar a camisa com outra igualmente notória pelos seus épicos atrasos.
Por algum tempo, não havia consenso se A Queda era situada antes ou depois de O Último Filho, de Geoff Johns e Richard Donner. Só mais tarde, a DC estabeleceu que elas se passavam ao mesmo tempo, por mais impraticável que possa parecer. O Escoteirão saiu dali direto para um burnout.
Apesar da publicação errática, A Queda não transparece esses problemas no resultado final — bom, talvez o aspecto fora da curva que permeia toda a aventura seja um indício discreto. Na trama, o feiticeiro atlante e lanterneiro de cronologias Arion alerta o Superman sobre suas ações e de outros superseres nos rumos da humanidade. Em suas visões, essas interferências irão culminar num futuro catastrófico no distante ano de 2014 — a tal "Queda de Camelot". E assim, o bom e velho Clark tem mais um dilema moral e existencial para se divertir.
A Queda é mais uma boa saga pós-apocalíptica da DC, dessa vez até com uma inusitada convergência... o "Apocalipse" da vez também vem do Oriente Médio. Do Irã, para ser mais exato: o inexpugnável Khyber.
Por sinal, um personagem criminosamente mal aproveitado. Talvez, presumo, pela carga Mandarim agregada. Um Keyser Söze secular que age nas sombras desestabilizando nações, fomentando guerras e se utilizando do extremismo muçulmano contra o Ocidente pode ser meio over para um gibizinho mainstream nos dias atuais.
Ao menos teve tempo para protagonizar a demonstração de força mais Era de Prata da DC desde a Era de Prata da DC.
Pachecão dava show. E foi assim na saga inteira. Que saudade.
A Queda de Camelot é mais um belo exemplo de como a linha principal do Superman foi injustiçada na época. Muito se falava que a DC não sabia mais o que fazer com o herói, que estava amargando uma cronologia novamente longeva com seus valores eternamente anacrônicos. Balela.
Além de A Queda e O Último Filho, foram publicadas Para o Alto e Avante!, Kryptonita (espertamente coletada n'As Quatro Estações da Eaglemoss, que estupidamente preteri pela da Panini), Superman e a Legião dos Super-Heróis e Novo Krypton, só pra ficar em algumas da mesma safra. Note que nem foi mencionada a All-Star Superman morrisoniana, tamanha a elegância do relator.
Enfim, se havia algum problema, era do outro lado da página. Mas, no final das contas, nada disso foi suficiente para impedir Crise Final, Os Novos 52, Renascimento e outras mais que virão. E elas virão.
Arion acertou a Queda, mas errou o alvo.