E foda-se o bom velhinho mais uma vez. O que importa é que Simon Bisley leva o título de maior boa-praça da CCXP 2016 a julgar pelos váriosrelatosem uníssono - seguido de perto por Bill Sienkiewicz, Mark Farmer, Frank Miller e Frank Quitely. Pelo que tenho lido, visto e ouvido, sensacional é pouco pra definir o trato fino desses caras.
Lendas continuam sendo lendas, no entanto. Com tons melancólicos e tudo.
Fucking festas pra todo mundo que estiver passando por aí!
Então vamos de ep. #20 de Super Power Beat Down: Mr. Howlett contra Ms. Prince. Como sempre sanguinolento, estimulante (feat. Psylocke), bem produzido e diligentemente conduzido. Em suma, o prazer culpado nerd supremo.
Ganhou quem eu torcia pra ganhar. É sempre assim quando não aposto.
Mais uma rodada por conta do camarada Sandro: no fabuloso documentário curta-metragem Zéfiro Explícito (2012), de Sergio Duran e Gabriela Temer, é passada a limpo a história de Alcides Aguiar Caminha, datiloscopista da Imigração, compositor e alter-ego do mitológico Carlos Zéfiro, o deus pagão dos catecismos.
Anos atrás escrevi algumas linhas em tributo ao Zéfiro, voraz consumidor de catecismos que sempre fui. Mas foi a 1ª vez que tive acesso aos pormenores da história toda pela boca dos próprios envolvidos. Os depoimentos de Ota, Juca Kfouri e do filho do Homem foram bem mais que especiais - foram essenciais. Chegam a ser inspiradores.
Nada mais justo que, em tempos de FICs, FGDQs e CCXPs, o comercialismo desenfreado dê um descanso e o legado desse autêntico patrimônio popular não fique mais uma vez esquecido.
The Walking Dead abriu sua 7ª temporada e, enfim, o insidioso Negan saciou a sede de sua Lucille. Após seis meses de suspense em estado sólido, um estranho alívio se instala após a experiência. E com certeza foi uma experiência.
Como era de se esperar, muita gente ficou indignada. Achei uma graça o artigo/bate-bola de dois colunistas do The Verge. Pontuando os argumentos de seu Clube de Desistentes de The Walking Dead estão missivas como "torture-porn mascarado de drama", "o episódio mostra o quão vazia a série se tornou" e, minhas favoritas, "o desprezo pelos espectadores é o maior pecado de The Walking Dead" e a lapidar "respeite sua energia emocional e diga 'não'".
Neste ponto, onde foi preciso recorrer a slogans antidrogas de três décadas atrás, fiquei na dúvida se queriam convencer o leitor ou a eles mesmos - talvez já antecipando a porrada da abstinência.
Mas sou solidário. E não é da boca pra fora: dropei Game of Thrones quando vi as engrenagens daquela máquina de criar-personagens-carismáticos-em-tempo-recorde-só-para-trucidá-los-em-seguida funcionando a pleno vapor. Uma vez conhecendo o truque, parei de me importar. Spoilers de uma ou outra atrocidade cometida na temporada seguinte me mantiveram afastado.
Para mim, que não li os tijolos da franquia literária, não fizeram diferença os possíveis desdobramentos daquilo. Só me pareceu... vazio... arrogante... emocionalmente exaustivo. E acima de tudo, gratuito. Em outro aspecto, porém, havia a grande referência do Casamento Vermelho - momento ainda mais brutal, chocante e inesperado, mas o fruto perfeito de um crescendo narrativo que vinha sendo cultivado sorrateiramente ao longo da série. Com a premiere de The Walking Dead foi o mesmo, com reverência extra à performance descaralhante de Andrew Lincoln.
Talvez não signifique muito para o não-leitor do gibi, puto com o episódio, o fato da série conferir uma tardia dignidade à despedida de um determinado personagem e ainda desenvolver a premissa de Robert Kirkman de uma forma que superou até a original. Não. A melhor dica é que tudo o que aconteceu ali foi essencial para a nova etapa daquele universo, que, garanto, valerá a pena para quem se atrever a chegar lá.
Provavelmente.
Quase acertei, hm? Meio ponto pra mim e estamos conversados.
Os obituários estavam suspensos, mas essa é daquelas exceções. Afinal, é o padrinho do gore e inventor do splatter, o gore do gore.
Lewis foi um libertino bizarro e tosco do tamanho de um Ed Wood com o lirismo de um Russ Meyer e a cara de pau de um Roger Corman. Estava voando baixo há um tempo, mas é isso aí. Se divertiu muito.
Registro do trailer #3 dos Supersoldados Sovié... opa, Guardians (2017), marcando a entrada da Mãe Rússia na corrida super-heroística contra os opressores estadunidenses.
Parece um fan film muito bacanudo. Mas ainda um fan film. Como tenho apreço por caras-de-pau, admito que me parece divertido. O que dizer então de rip-offs de Soldado Invernal/Snake Eyes/Cyborg Ninja, Sue Richards, Chicote Negro e outros notáveis heróicos e/ou vilânicos. O produtor e diretor armênio (!) Sarik Andreasyan não poupou esforços.
De brinde, ainda um urso antropomórfico largando o aço pra cima dos meta-vagabundos com uma prima russa da Ol' Painless.
Urso esse que nem rip-off é. É furto mesmo.
Dzya-dzya Stan e seu komitet já estão maquinando uma retaliação contra Moscou. Mal sabem esses huskies com quem estão se metendo.
Esse é o som de (mais) contas sendo acertadas com o passado.
9/12 títulos anexados à coleção até aqui, uns 75% de aproveitamento. A extensão de clássicos da Salvat tem deflagrado uma justiça tardia para aqueles moleques fissurados numa HQ, mas sem um merréu pra comprar Almanaque Marvel e Almanaque Premiere Marvel... lá pelos idos de 1982-84...
Todos os títulos vêm mantendo alto o nível de relevância histórica, mas os gols de placa são indiscutíveis: Contos de Asgard, Dr. Estranho: Uma Terra sem Nome, um Tempo sem Fim e, pelas hostes de Hoggoth, o Nick Fury pop art/surrealista de Jim Steranko compilado em dois volumes antológicos. Só o caviar da gibizeira.
Com todos esses clássicos grandes, médios e pequenos, nada melhor que um pouco da boa e velha chinelagem quadrinhística. Mas, epa... um pouco não, muita. E chinelagem com todo o respeito à fantástica Marie Severin, ao grande Gary Friedrich e ao melhor desenhista ruim de todos os tempos, Herb Trimpe - que Deus (Jack Kirby) o tenha em bom lugar.
A Coleção Oficial de Graphic Novels, Clássicos vol. XI - O Incrível Hulk: O Monstro Está Solto... ufa... é exatamente o que parece: um gibi de porradaria honesta. Nada de complexidade narrativa, subtramas mirabolantes ou minuciosas análises psicológicas. No Golias Esmeralda pós-Lee/Kirby firulas inexistem. Não raro se aproximava fatalmente dos "gibis" que você rabiscava nas últimas páginas do caderno de matemática. Certo, certo, exagerei, mas esse é o espírito. Imediatismo.
O roteiro de Friedrich garantia o build-up mínimo exigido por Lei, mas ele sabia o que o povão queria. Após alguma contextualização - sempre ágil, sempre enxuta - era só questão de alguns quadr(inh)os para a coisa ficar verde (ha ha!). Perto do Hulk de Trimpe & cia., até o Hulk de Mantlo e (Sal) Buscema ficava parecendo o Woody Allen.
Em que pese a autoria do titio Stan numa história, Roy Thomas rachando outra ao meio com Archie Goodwin e mais outra com Bill Everett, a ordem era esmagar os adversários e ouvir o lamento de suas esposas. Tanto que o encadernado já abre com Hulk desembarcando em Asgard com os dois pés no peito de Heimdall pra seguir esculachando geral, d'Os Três Guerreiros ao Executor, e ainda chamar ninguém menos que Odin, Filho de Bor, para uma conversa ao pé do ouvido.
Após, um tira-teima protocolar com o Rino no mesmo ritmo fanfarrão de sua origem e entreveros com dois desafiantes bizarros o suficiente pra não constarem nem numa galeria onde figuram MODOK e Bi-Fera, além do Mandarim e seu servo autômato monstruoso com feições orientais e... amarelo... sem preconceito sessentista, é claro.
O green de la green, contudo, é a última história, extraída da - aí sim - clássica Hulk Annual #1 (1968). O assombro fanboy já começa na reprodução da épica e icônica capa original, homenageada e referenciada por décadas em várias esferas da cultura pop - mais uma vez, cortesia de Steranko, esse putardo maldito e talentoso (ainda tem graça chamá-lo de Andy Warhol da 9ª arte?). Nem a publicação atentando ao fato prepóstero de que a edição seguia inédita no Brasil embaçou minha felicidade.
...talvez só um pouquinho.
Hulk com Inumanos não precisa de muito escrutínio. A mera ideia já é coisa de louco. E eu já tinha cantado essa bola antes, mas me sinto na obrigação moral e cívica de avisar: há ali um quebra espetacular entre o Gigante Verde e Raio Negro...
...onde o Hulk leva provavelmente a surra da sua vida.
Boltagon esmaga!
☮ ☮ ☮
Pode me chamar de pessimista, mas confesso que não via isso acontecendo num curto prazo.
Clique para achar os acertos!
A Panini corrigiu os erros do encadernado de A Saga da Fênix Negra, reimprimiu a bagaça deluxe e procedeu com o devido recall. A pentelhação da "carta anexada explicando os motivos da troca" ainda rolou, apesar de mais que escancarados em tudo que tenha tela.
O jogo de volta foi rápido, coisa de uma semana, via PAC reverso, sem custos. Uma merecida massagem shiatsu nesta alma que, desde fevereiro, vem sonhando com gatas de metal indestrutível e uma narração em off repetindo as mesmas sentenças.
E mais um filme com a indefectível Amy Adams entrando em contato (imediato) com extraterrestres. Não espero de ninguém o mesmo interesse que tenho sobre o tema, portanto já abro logo com o super-trunfo: a direção é de Denis Villeneuve.
De Os Suspeitos. De Sicario. E, puta que lhe pariu, de Incêndios.
Não é o caso típico de um nome respeitado fora do circuitão se queimando no mainstream (não é mesmo, Oliver Hirschbiegel?). Villeneuve é só know-how a este ponto. Ponho fé. E preciso.
Faz algum tempo que impera uma carência de bons filmes "de contato" sob uma ótica mais pragmática ou, no mínimo, propondo especulações sóbrias, pé no chão. Filmes de sci-fi à luz do dia, desprovidos, senão de todo, de uma boa parte da velha fantasia distrativa.
Nos últimos anos não faltaram bolas na trave: Esfera, O Dia em que a Terra Parou - remake, O Enigma de Outro Mundo - prequel; todos com instigantes prólogos de recrutamentos-para-lidar-com-uma-situação-misteriosa-e-extraordinária, mas que rapidamente cederam ao peso de suas promessas. Distrito 9 era diversão e panfleto, outro assunto. Maçãs e laranjas.
Em meio ao mar de frustrações, os únicos que me fizeram sair do cinema pleno de satisfação foi Contato, já quase completando seus 20 anos com fôlego invejável, e o controverso Prometheus, um dos blockbusters mais intrigantes e ousados que já tive o prazer de assistir - e aguardo muito a continuação, mesmo ciente das presepadas de Ridley Scott.
Enfim, escrito isso, gostei do que vi nesta prévia de Arrival (aqui, A Chegada). Parece uma adaptação livre do item "Eles são muito alienígenas" constante no Paradoxo de Fermi, o que, sem dúvida, é uma visão não só fora da zona de conforto hollywoodiana, mas da humana enquanto perspectiva.
Arrival estreia em 10 de novembro.
Dever de casa para o incauto leitor: It Came from Outer Space (1953), o ponto zero... ou melhor, o ponto 0,5 disso que comentei aí e que começa quase despercebido com a xenofobiazinha nossa de cada dia.
Pelos números, é quase certo que BrainDead não terá uma vida longa e próspera. Se mantiver a pegada até o final da temporada (única?), ao menos terá crivado seu logo nos neurônios de alguns poucos abnegados.
Ao contrário do que se imaginava... tá bom, do que eu imaginava, BrainDead não tem relação com Braindead, conhecido aqui como Fome Animal, crássico splatter do Peter Jackson moleque catarrento de várzea.
Mesmo assim, a premissa é, digamos, familiar.
Após meteoritos causarem um estrago numa cidadezinha da Rússia em meados dos anos 2010, o mundo dá sinais de que está enlouquecendo. Taylor Swift é o grande ícone jovem, o orçamento mundial está no vermelho e, o mais absurdo, Hillary Clinton e Donald Trump disputam a presidência dos Estados Unidos.
A explicação? A Terra está sendo dominada por alienígenas invasores de corpos. Justo.
A série é invenção do casal Robert e Michelle King (The Good Wife). Entre os produtores, estão David W. Zucker e o alien Ridley Scott, o que não é pouca coisa. A trama é protagonizada pela documentarista indie Laurel Healy, interpretada pela hors-concours Mary Elizabeth Winstead.
Com seu novo projeto encalhado na fase de captação, ela se vê obrigada a aceitar um carguinho no gabinete de seu irmão, o senador democrata Luke Healy (Danny Pino). Lá, ganhamos um intensivão sobre a doce arte de fazer política e inimigos.
Entre o fogo cruzado nos bastidores do Capitólio, Laurel se vê às voltas com coisas ainda mais estranhas que a cota habitual de estranhezas do lugar. Como várias pessoas repetindo as mesmas frases, palavra por palavra, cabeças explodindo no meio de uma acalorada discussão e coisas parecidas.
Os nomes dos episódios parecem tema de mesa redonda com analistas políticos. Tipo "Como o Extremismo Político Está Ameaçando a Democracia no Século 21" (ep. 1), "Fazendo Política: Vivendo à Sombra dos Bloqueios Orçamentários - Uma Crítica" (ep. 2) e por aí vai. As sequências com as rinhas e falcatruas de republicanos e democratas monopolizam e são deliciosas. Sátira política farsesca (ou não) no seu melhor.
Salta aos olhos a química entre Laurel e Gareth Ritter (Aaron Tveit), assessor do congressista republicano e picareta-mor "Red" Weathus, papel do genial Tony Shalhoub. Bons achados também são os sidekicks Rochelle (Nikki M. James) e o hilário Gustav (Johnny Ray Gill), fanboy de conspirações que poderia figurar tranquilamente nos Pistoleiros Solitários.
A dinâmica não faz prisioneiros. Ao mesmo tempo em que tece uma narrativa fácil, nunca se rende ao didático. O que é ótimo a princípio, mas eventualmente requer a caça de alguma info. No 5º episódio, por exemplo, há um trocadilho fulminante envolvendo o termo Sharia. Esse era nível pro. E tem vários mais.
Não é todo mundo que compra esse humor corrosivo e cínico. Mas quem é chegado em artefatos como Veep, Arrested Development, The Office, Parks and Recreation ou Community vai fazer a festa.
Apesar dos aliens influírem diretamente nos rumos da história, eles são quase um detalhe - literalmente, formiguinhas. A fatia sci-fi é sutil, mas frequente - chega a ser generosa no 6º episódio, "Notas Relativas à Teoria Pós-Reagan de Aliança Partidária, Tribalismo e Fidelidade: Passado Enquanto Prólogo" (heh!). Tivemos contatos imediatos de terceiro, quarto e até quinto graus, planos de invasão e até os infames círculos em plantações, mas nada disso do modo tradicional.
Ainda nesse (extra)terreno, particularmente bem sacada foi a explicação para o uso ostensivo - e, até ali, aparentemente gratuito - do hit chicletudo "You Might Think" (The Cars). Tão bacana que se sobrepôs até à forçada de barra do contexto. Essa nem Ellie Arroway viu chegando. Isso, mais os inacreditáveis resuminhos "previously" no início de cada episódio (cortesia do cantor folk Jonathan Coulton) já resolve a vida da série no quesito trilha.
Não sei se BrainDead é o Arquivo X que precisamos hoje - e Mulder & Scully deram uma patinada sinistra naquele final da 10ª "temporada". Também duvido que vá vingar na audiência em algum ponto. Só sei que o payoff é instantâneo e nossos homenzinhos verdes estão de volta... ainda que sejam formigas. E nem ao menos verdes. Mas são da constelação de Draco, o que rende mais trocadilhos bestas com a capital americana.
E o melhor de tudo, agora a belezura suprema Winstead é oficialmente a nossa mulher para assuntos ufológicos. Revisionou invasores clônicos, invasores de mundos e invasores de corpos num espaço de 5 anos e com uma média muito boa!
E tem algo mais supimpa que ela correndo pelo Capitólio de salto alto e saia executiva?
Ainda segurando o verme colecionista no enforcador de titânio em se tratando de miniaturas, mas é difícil resistir a um defenestrador de mundos. Especialmente...
Só elogios para a miniatura do motoqueiro intergaláctico, fragelo do cosmo, ex-velorpiano/último czarniano, caçador de recompensas, beberrão e encrenqueiro profissional Lobo. Com seu dawgMutt, um trabuco na mão e a cabeça de um domínion* jazendo embaixo da bota, a peça transmite com perfeição a personalidade d'O MAIORAL em toda a sua vileza, fanfarronice e badasserytude.
* a raça da saga Invasão... detestava esses caras!
Em termos de conceito, postura & composição - aí vou eu - juro de pé junto que achei superior às descaralhantes esculturas da Sideshow e do Art Studios (leia isso verbatim, por favor). As texturas também foram bem trabalhadas, visualmente bem distintas nas roupas, na metranca e, principalmente, no Mutt.
A pintura ficou acima do padrão da coleção: a olho nu o trabalho é quase perfeito; nas imagens ampliadas as irregularidades e vazamentos são aceitáveis - sendo que as estrelas nas joelheiras ficaram, figurativa e literalmente, meio nas coxas.
O peso é que surpreende, mas no sentido contrário. Deve ter sido esculpida na resina mais leve existente na galáxia. Ainda mais perto da miniatura do Thanos, que é de metal, apesar de ter dimensões comparativamente maiores.
Na minha peça veio também uma pinta branca na base. Quero crer que seja baba de alien decapitado.
A Eaglemoss caprichou. Fiquei muito satisfeito com a miniatura - adquirida via loja virtual por 74,99 créditos mais $ 17,19 de colonoscopia fretística em chamas. Frag!
A revista que acompanha também ficou um espetáculo. Como sempre, deu uma recapitulada compreensiva em quase todas as desgraceiras já cometidas pelo defenestrador nos quadrinhos e nas séries animadas. E não é pouca coisa.
Ao exemplo do Thanos, esse deu vontade até de cometer um famigerado vídeo unboxing. Não vai acontecer, mas enquanto abria o pacotão estava rolando isso - e não por coincidência:
Mr. Kilmister irrompendo da sepultura numa motocicleta é clássico... Tal qual Lobo, Lemmy é imorrível!!
Post scriptum!
Considerando seriamente em arrumar dois galões de tinta acrílica e performar uma microcustomização no Thanos ali ao lado. É algo que, se executado com sucesso, me faria um cerumano melhor, mais forte e mais rápido. Mas puta medo de estragar essa porra...
Nem Batman v Superman em versão esticada, nem Rogue One com sombra e baforada do Vader, nem a postura sóbria de George Takei ante a desastrada homenagem no novo Sulu. A manchete que mais me chamou atenção nas últimas semanas - pelos motivos errados - foi repercutida discretamente: o personal cult Nicolas Winding Refn soltando em entrevista que havia recusado a direção de Spectre.
Nada demais, certo? Não para este vos escreve. A notícia bateu numa trauletada só.
"Refn dirigindo um filme do Espectro! Mas que ideia filhadaputamente do caralho!", refleti em meio a cotoveladas num busão lotado. E expandi: "quando eu pensava que a Warner não teria o menor espasmo de (boa) ousadia e inventividade em suas adaptações dos Arquivos DC, olha só que eles me aprontam!". E tome mais cotovelada.
Sei, sei. Não foi dos meus melhores momentos. Estava embriagado com a avassaladora 1ª impressão de uma mente há muito deteriorada pela cultura pop. Mais tarde, a autotrollada se desfez quando finalmente vi que o cineasta se referia a Spectre-o-último-filme-do-007. Meh.
Vão-se os enganos, ficam as divagações. Seria a melhor chance de subversão pop do estúdio em muito tempo. Jim Corrigan, o Espectro, é personagem da série C e dos bons. Tem a classe de seus chapas do country club místico, mas com uma frieza e crueldade que arrancaria do Frank Castle um sorriso à Buddy Revell.
Com baixos números envolvidos e o céu sendo o limite, tudo estaria favorável para uma abordagem mais experimental, mais transgressora, mais culhuda. Mais Refnada. Que, nunca custa lembrar, é o cão dinamarquês que criou a grotesqueria sanguinolenta do lindo Valhalla Rising.
Melhor ainda com sua filmografia recente, estilosa e aveludada, flertando com texturas do gênero terror, e, inerente ao meu caso ilusório em questão, com a décadence avec élégance dos thrillers criminais oitentistas.
E o que isso tem a ver? Ora, tem a ver com o fabuloso curta DC Showcase: The Spectre, de 2010. É Winding puro.
Eis que Magneto Triunfa acaba de aportar. Motivo de sobra pra romper o ostracismo periódico e explodir em felicidade infanto-juvenil com o run completo dos X-Men de Chris Claremont e John Byrne iluminando este canto frio e escuro com suas capas de efeitos metalizados - mais a simpática e opaca CHM: Os X-Men vol. 2 se encarregando da Uncanny X-Men #108 fujona.
Por mais esse feito, parabéns, Panini. Mas agora, numa virada gameofthronesca, me vejo obrigado a puxar-lhes as orelhas com alicate de adamantium.
Mal folheio o TPzão com cheirinho gostoso de gráfica e já alimento meu Freddy Krueger interno com toneladas daquele trauma recente que vocês me passaram.
Nãooo... de novo não...
Pensei que fosse o Dia da Marmota quando vi isso. De novo, Panini?
Ainda não conferi tudo, mas li por aí que tem mais algumas "surpresinhas" na edição.
Até entendo os argumentos defensivos de alguns editores destacando a quantificação de erros/acertos e sou mais do que compreensivo com eventuais deslizes técnicos. Ninguém é uma máquina (ainda). Pequenas merdas acontecem. Mas vamos lá...
É um material luxuoso com preço igualmente luxuoso, adquirido na raça num cenário econômico inóspito. Isso pra não falar na representatividade da obra sendo maltratada assim.
Como devoto fervoroso de São Maia, padroeiro do Soul e do R&B, fui surpreendido nesta idílica manhã domingueira com o ribombar de uma banda marcial se aproximando ao longe. Na espiadela discreta pela janela, fui fulminado pelo reluzir do uniforme branco-como-uma-fuckin'-supernova dos músicos e do animado coralzinho de crianças.
"Não, não pode ser", pensei eu, até ver a inscrição gravada no bumbo e atestar o inatestável:
"UNIVERSO EM DESENCANTO
CULTURA RACIONAL"
Parafraseando o saudoso Tim Maia, nesses tempos bagunceiros, onde a racionalidade e o bom senso das instituições, da política, das classes, dos gêneros e até da nossa adorada cultura pop parecem ter sido mandados para as cucuias, nada mais normal. Acho mesmo que a Cultura Racional era a peça que faltava nesse Bizarro World que é o mundo atual (falemos mais disso no post seguinte). A nave-mãe não poderia ter (res)surgido em melhor hora.
Pena que as antenas eletromagnéticas do comboio espacial não estavam bem calibradas, visto que passaram reto pelo maior expert em Cultura Racional da rua. Sério, por aqui sou praticamente um cavaleiro jedi da matéria.
Pelo menos deu tempo pra correr e ganhar uns folhetos de um súdito que irradiava alegria em sua indumentária branco-Omo Ultra Mega Ação!
Vede, mortais magnetizados:
A Verdade em frente e verso. Midi-chlorians on crack!
Esse vai pra seção de memorabílias trash pop.
Confesso que estou me segurando demais pra não visitar o QG alien e fazer um recon da patifaria in loco. Mesmo com receio de sair de lá vestindo roupas brancas. Com esses caras não se brinca.
Só pra situar: surgida na década de 1930, a Cultura Racional era mais uma seita misturando bases religiosas tradicionais com esoterismo e ufologia num insano plano cósmico que mais parecia Star Trek encontra Deixados para Trás. Os ensinamentos eram compilados numa série interminável de livros chamada "Universo em Desencanto", vendidos a preços módicos pelos fiéis seguidores.
Em suma, foi um precursor la garantía soy yo da Cientologia, fadado à obscuridade total, não tivesse seduzido um famoso adepto em meados dos anos 70 - o indomável Tim Maia, então em grande fase artística e comercial.
Durante o breve namoro, Tião perdeu tudo em sua louca paixão racional/superior/extraterrestre, mas legou para posteridade dois excepcionais álbuns "religiosos": os míticos Tim Maia Racional vol. 1 e vol. 2.
Apesar de musicalmente brilhantes, os bolachões pegavam pesado na pregação, não venderam nada e foram irrevogavelmente banidos da memória e do repertório do Síndico assim que ele, falido, cortou relações com a seita. Com o tempo, os discos ganharam reconhecimento e status cult - e ainda renderam um terceiro miojão de sobras, póstumo, muito divertido.
O causo é folclórico no panteão do pop nacional e bastante conhecido, mas sempre vale o replay.
Para maiores e melhores informações, recomendo logo o calhamaço punk-biográfico Vale Tudo, de Nelson Motta. Depois do arrebatamento visual que tive hoje, não será outra a minha fonte de leitura nos momentos de ostracismo laboral durante a semana.
No vídeo abaixo, Tim estava bem no início de sua jornada de "desmagnetização" (e de sua bancarrota profissional e financeira). A música de louvor é a última do pout-pourri, quase ao final, mas vale destacar a abertura também, com uma raríssima "Réu Confesso" ao vivo, outra que, devido a imbróglios legais, foi riscada para sempre da vida do Síndico.