sexta-feira, 17 de junho de 2005

MORCEGOS, ANJOS E DEMÔNIOS



Hoje vi Batman Begins (2005) e só tenho a dizer que o filme é muito bom! Muito mesmo! Fora de série. Tudo muito bem arrumado e explicado com um roteiro phoderoso. Sempre achei os outros quatro filmes horríveis, mas este finalmente nos brinda com quase tudo o que sempre esperamos do morcego. Assim, torna-se inviável comparar outros filmes de heróis mais, digamos, coloridos. Constituíram-se estilos completamente diferentes, mas se for para julgar em termos de "não ter o que reclamar", sempre tive ressalvas a alguns pontos em todos os filmes de heróis vistos. Em Batman Begins não reclamo de nada. Neste ponto, seria o filme baseado em HQ que mais gostei até hoje (como dói falar isto para um fã do Homem-Aranha). O negócio agora é esperar o "Batman Continues" e, se continuar com estas letrinhas todas certinhas (BB e BC), o terceiro deve ser "Batman's Development". Aham... a piada foi fraca, eu sei. Não tentarei fazer melhor, pois não escreverei um post estruturado sobre este filme por um motivo: Doggwayne é muito mais fã do personagem que eu. Este é dele! Aguardem!

Aliás, quarta vi Sr e Sra Smith (Mr and Mrs Smith, 2005). Sabem a origem do Freddy Kruegger? Aquele papo de 100 maníacos estuprarem uma freira e nascer aquele rascunho do capeta? Pois é... imaginemos a mistura "genética" de Bonnie & Clyde, True Lies, A Guerra dos Roses, Assassinos (aquele de Sly e Banderas) e teremos este filhote protagonizado pela Lara Croft e Rusty Ryan (de Ocean's Eleven). Filme cheio de furos, mas vale a pena, caso não tenha nada para fazer e queira divertir-se sem pensar. E também não vale um post.




Resolvi pois falar sobre uma destas febres que assolam o mundo de vez em quando. Já tivemos a Peste Negra, a Gripe Espanhola, a Tuberculose, a AIDS, a Influenzza, o Big Brother e agora temos Dan Brown.

A personificação do Pop atual é ele. Alguns podem até discutir citando coisas como Britney, Usher e outros ganhadores de MTV Movie Awards deste ou de anos passados, mas a abrangência das palavras deste escritor é muito maior seja por área global ou por grupo demográfico. Artistas pop normais têm seu apelo principalmente junto à juventude em países com costumes mais globalizados e abertos. Adultos e países mais, digamos, recatados ou de religiões diferentes das que dominam o lado ocidental do mundo não são atingidos por qualquer Aguillera que seja, mas certamente compraram "O Código Da Vinci" aos borbotões.

A literatura pela qual circula não é aquilo que poderiam classificar por aí como digna de uma ABL (ou a equivalente americana), está muito mais para o pop fácil de engolir de um Paulo Coelho ou Stephen King do que para o contorcionismo mental de um Saramago. Todavia, em época tão digital, conseguir fazer o povo voltar a ler é um feito digno de ganhar beijo da Fernanda Lima (e nesta linha cito também J.K. Rowling, novamente Paulo Coelho e afins). Além disto, o cara é inegavelmente inteligente. Não é qualquer um que cria os mistérios que criou, usando as locações que usou e com um estilo envolvente a ponto de fazer muita gente ler 400 páginas de uma tacada, conseguindo manter um equilíbrio de início, desenvolvimento e final impecáveis. King, por exemplo, costuma dar vários "soluços" no ritmo de suas obras, além de produzir finais fracos em 90% delas. Já a leitura das obras de Brown é quase materializável, transporta o leitor para dentro da história. A intensidade empregada apaixona e os diálogos são envolventes, além de ter apostado alto num mote que é pule de dez: todo mundo adora uma teoria conspiratória. Principalmente se for embebida num caldo de religião, símbolos curiosos e mistérios mortais.

O pecado de Dan é usar seu dom de indução pela escrita para fazer o pessoal que lê seus livros acreditar em palavras da forma que parecem significar, mas que não necessariamente são afirmações categóricas de que tudo que está no livro é verdade. Sempre, no início de cada, é dito que "todas as referências a obras de arte, arquitetura, túneis e a tumbas em Roma são inteiramente factuais (assim como suas localizações exatas)". Esta paráfrase é de Anjos, mas em Código há algo parecido, com a substituição de "túneis" por "documentos" ou coisa parecida. O que ele diz aí é que os objetos clássicos e conhecidos são reais, bem como documentos mencionados, mas não diz que as interpretações que faz disto com o objetivo de construção literária são igualmente verdadeiras. E é justamente aí que começa toda a polêmica. Para exemplificar, um dos livros descreve o interior de uma igreja em Paris, menciona um obelisco interno e tece algumas considerações sobre as iniciais PS dos vitrais. Hoje estão afixados cartazes dentro da nave central desta igreja que desmentem aquilo que Dan nunca disse ser verdade.



Cavaleiro Templário na Temple Church de Londres e Entrada da Abadia de Westminster


Os cartazes, escritos em inglês, francês e em outra língua que não lembro, explicam que o obelisco, um gnômon, não é uma reminiscência de qualquer templo pagão e que as letras PS espalhadas na igreja não significam Priorado de Sião. O obelisco é um instrumento de estudos astrológicos e serve para marcar quando ocorre o dia do ano que representa o solstício do inverno (dia mais curto do ano) e o outro que marca o equinócio da primavera (dia e noite separados igualmente). Isto é percebido a partir da incidência da luz sobre a linha de latão que reflete no meio ou no alto do obelisco, para solstício ou equinócio, respectivamente. Quanto ao PS, chega ser ridículo. Significa Peter Sulpice, patrono da igreja.



Igreja de St Sulpice


Já há 4 livros no currículo do homem. Listo-os em ordem cronológica: Fortaleza Digital, Anjos e Demônios, O Código Da Vinci e Deception Point, este último ainda não publicado no Brasil, mas dizem que é o melhor deles. Só li os dois do meio, e na ordem em que foram publicados por aqui, mas todos já cansaram de ouvir falar no fenômeno do Código – em plena produção para lançamento em 2006 com Forrest Gump, Amelie Poulain, O Profissional, Magneto e Otto Octavius nos papéis principais – mas devo dizer que Anjos e Demônios repercutiu muito melhor dentro de mim do que seu irmão mais famoso. Penso que seu sucesso só não é maior do que o livro que o sucedeu em virtude deste último usar como protagonista em condição sub judice o maior herói da humanidade: Jesus (em dados estatísticos, por favor; não quero conflitos com nenhum devoto de Alah ou Sidartha). Anjos fala de religião de forma mais ampla, sem especificar um "cristo", com perdão do trocadilho, mas faz isto usando uma trama muito mais intrincada e bem sacada. Não é só isto, o principal encanto que Anjos exerce sobre mim reside na definição que dá à importância de uma fé, qualquer que seja, para o ser humano.

Tentando ilustrar melhor o que digo, neste link (leia primeiro o resto deste post antes de clicar aí) transcrevo um trecho do livro que acho fantástico (sim, há espaço para bastante discussão ali, mas o que é mesmo insofismável é a idéia geral do texto, o resto é retórica).

Para evitar qualquer eventual sentimento de bandeira semítica, devo dizer que não tenho religião alguma, mas tenho sim uma miscelânea de crenças que cumprem seu papel para mim como qualquer religião "formal" do globo e reconheço a importância disto para o mundo. Importância que nos remete aos conceitos morais que deveriam nos nortear e transcende a postura metafísica de declarações de ativistas religiosos.

2 comentários:

nightrider disse...

pô,meu eu clico em uma imagem acima para visualizar maior,e aparece outra(as garotas desenhadas)

doggma disse...

Que imagem? Que garotas? Que o que?