segunda-feira, 10 de outubro de 2022

O Lobisomem ataca!


1981 foi o ano licantropo do cinema. Num curto período, estreavam nada menos que Lobos (Wolfen, Michael Wadleigh), Grito de Horror (The Howling, Joe Dante) e Um Lobisomem Americano em Londres (An American Werewolf in London, John Landis), formando uma trinca antológica com os melhores filmes de lobisomem já feitos. Teria sido uma bela homenagem aos 40 anos da estreia desses clássicos se Lobisomem na Noite estivesse ainda na 1º leva de produções da Fase 4 da Marvel Studios. Mas entre os caprichos do destino e o timing perdido, reside uma produção bem resolvida e surpreendentemente divertida para os padrões atuais do gênero. E também para os padrões da Disney+. E até mesmo para os padrões do personagem nos quadrinhos.

Confesso que nunca fui muito com o focinho da criatura felpuda desenvolvida por Gerry Conway e Mike Ploog em cima de um plot criado pelo casal Roy Thomas & Jeanie Thomas. Uma besta fera que leva um couro de um segurança humano logo de saída não inspira muita confiança (e houveram outros algozes buchas mais pra frente). Sou mais o Homem-Lobo, o filho do J.J. Jameson com camiseta da seleção brasileira. Isso sem falar do meu predileto, o Jovem Lobisomem, da sensacional dulpa Antonio Krisnas/Allan Alex.

Mas, vamos lá, quais as chances de uma adaptação dessas vir à luz do dia? Ainda mais pela Disney?

Por esse prisma, Lobisomem na Noite saiu melhor do que a encomenda. E o fato de ser um "especial de TV" em formato média-metragem (50 min.) causou algumas micro-explosões dentro desta caixa craniana. A narrativa enxuta e eficiente serve perfeitamente para adaptar uma infinidade de outros personagens e conceitos da editora.

Nos quadrinhos dos anos 70, as histórias do Lobisomem traziam uma pesada carga de dramalhão familiar-novelesco que, ainda bem, foi completamente limada aqui. Na trama, um grupo com os melhores caçadores de monstros é reunido para disputar a posse da Pedra de Sangue, um poderoso artefato místico que está preso a uma criatura diferente de tudo o que eles já enfrentaram. Simples assim. E ótimo assim.

Gael García Bernal está em casa na pele (e nos pelos) de Jack Russell, alter ego do Lobisomem. E curioso como o filme aproveita a oportunidade para apresentar outros figurões do Universo Marvel até maiores que o "Werewolf by Night".

É o caso da caçadora Elsa Bloodstone, defendida muito bem pela irlandesa Laura Donnelly (de Outlander) — flagrante doppelgänger da Krysten Ritter/Jessica Jones até prova ao contrário. E, logicamente, do superstar Homem-Coisa, conduzido pelo gigante Carey Jones (o wookiee Black Krrsantan, de O Livro de Boba Fett) debaixo de toneladas de efeitos práticos e digitais. De longe, a... "coisa" mais legal do média, com uma fidelidade estética de marejar os olhos dos torcedores do Ted Sallis F.C. Quero mais daquilo com tanta paixão que farei uma sessão do "Mangue-Thing" com pipoca & guaraná e será uma festa sobre o cadáver do discernimento.

O diretor e trilheiro Michael Giacchino parece saber onde o galo cantou. Não duvido que seja dono de uma respeitável coleção de gibis antigos do Gene Colan, Bernie Wrightson e Richard Corben. Mesmo a ponta impagável do defunto falante Ulysses Bloodstone soa como algo bizarro que escapou da mente do Mike Mignola. Em que pese o fato do filme ser todo em preto & branco (excetuando a Pedra de Sangue e a cena final), Giacchino também sabe quando manter a dinâmica de ação moderna e quando subir o volume da homenagem ao cinema de horror clássico. E acaba executando algo cinematicamente mais sofisticado que, por exemplo, o início bacanudo da bomba Van Helsing e retro-movies como House of the Wolf Man.

É traição demais sonhar com a Warner tomando esse cara da Marvel para dirigir um longa do Comando das Criaturas?

5 comentários:

VAM! disse...

Fui pego totalmente de surpresa por esse especial, assim como a mão do Man-Thig puxando o Gaelbisomen para dentro da relva. Fui assistir o episódio "Amarelo-Manga" da Tatiana e lá estava o banner(!) gigante na tela.

Gostei bastante e já acendo desde já uma vela no altar para virar uma tradição em vindouros Outubros no Disney+

Deixa o Giacchino, quieto no MCU companheiro.

Abraço (mas longe de ser peludo),
VAM!

doggma disse...

Aí, VAM!

"Fui pego totalmente de surpresa por esse especial"

Sabia por alto, mas não quando, qual formato, elenco... e no meu livro, o Gaelbisomem (ótima) é ator grande. Que surpresa boa!

O que não falta é material de terror da Marvel. Só no triunvirato Tales to Astonish - Tales of Suspense - Strange Tales tem uma fonte inesgotável pro formato.

Abraços do Professor Astromar!

Marcelo Andrade disse...

Salve Dogma
Realmente uma perola,,,,ficaria bom se isso virasse 1 habito e como vc bem lembrou...n falta material. Abraço,

doggma disse...

Mefisto urge!

Marcelo Andrade disse...

KKKKKKKKKKKKKKKKK o foda que referencias do nosso vermelinho favorito (depois do Demolidor e claro!) pipocam pelas series e filmes da Marvel que ou ele uma hora vai aparecer ou e o Kevin nos maltratando. Fato que esse lado mistico da Marvel vai ter que se exposto aqui n por querer mas pq e OBRIGATORIO. C/ essa chuva de adaptações (algumas bem mal feitas) espero que como foi nesse curta o nosso diabo favorito venha c/ toda a honra e pompa que ele merece. Otimo final de semana.