domingo, 9 de maio de 2004

Saudades de Anthony Hopkins


Lembro de quando assisti Drácula de Bram Stoker pela 1ª vez. Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi o Prof. Abraham Van Helsing do sir Anthony Hopkins. Cerebral, lúcido e, ao mesmo tempo, quase irracional em sua obssessão e um tanto louco. Uma excelente contraparte para um inimigo formidável, que era um tal conde da Transilvânia. Isso foi em 1992.


Corta pra 2004. Temos aqui o diretor Stephen Sommers e seu Van Helsing - O Caçador de Monstros. Antes de mais nada, digo-lhes: esse filme é de uma ruindade do nível de Batman & Robin. Ruim toda vida. Parece que a carta branca que Sommers recebeu da Universal para adaptar seus monstros clássicos subiu-lhe a cabeça. Van Helsing erra no roteiro, em boa parte dos efeitos especiais, na escalação dos atores, enfim, em quase tudo.

Ironicamente, o filme começa muito bem, estilão horror anos 50 (em p&b, inclusive). Logo após esse início promissor, o filme nos leva à Londres, onde Van Helsing (uma espécie de agente do Vaticano, com a missão de caçar todo tipo de criaturas do Mal) enfrenta o psicótico Mr. Hyde. Logo, ele recebe a missão de ir à Transilvânia impedir os planos do Conde Drácula (Richard Roxburgh, afetado ao extremo), que é procriar e dominar o Mundo com a sua prole. Acontece que os vampirinhos só nascem mortos e a chave para resolver esse problema é a ciência empregada no Monstro de Frankenstein (Shuler Hensley). O Lobisomem (um esforçado Will Kemp) também marca presença, como leão-de-chácara do Drácula. Do lado dos mocinhos, o frade Carl (David Wenham, o melhor em cena) e Anna (a destrói-família Kate Beckinsale, fazendo biquinho durante todo o filme).

Há um certo limite inconsciente das mentiras e distorções das Leis da Física que se permitem por filme. Van Helsing é um festival de situações improváveis e soluções idem. Há repetição de idéias em uma quantidade digna de um processo do Procon (nem Tarzan se balançou tanto em cordas). Tem uma cena que lembra aquela do ônibus de Velocidade Máxima. Os saltos dos personagens superam aqueles do Demolidor do filme e, aparentemente, todos são imunes a quedas. Kate Fuckinsale então, nem se fala. A poderosa apanha mais que Jim Caviezel em A Paixão de Cristo e cai de alturas superiores a 10 metros, direto no chão de paralelepípedo. No caminho, ela vai batendo em árvores, sobrados, gárgulas e, se bobear, até num OVNI que estava passando. Tudo isso sem espirrar uma única gota de sangue e sem despentear aquele cabelo cacheado maravilhoso. Os ossos de Isaac Newton devem ter se sacolejado legal.

As atuações são constrangedoras, mas até que dá pra separar quem vai pro Céu dos atores. Will Kemp, Shuler Hensley e, principalmente, David Wenham, tiraram água de pedra ao tentarem atuar no meio de tanto absurdo. Hugh Jackman fica na dele, sem se comprometer muito (acho que até ele estava com o pé atrás). Aliás, o Hugh Helsing é praticamente um Wolverine vitoriano. Até o próprio passado ele desconhece! E de onde tiraram aquele "Gabriel" no nome do Helsing?

Agora, Richard Roxburgh estava totalmente camp (pra não falar boiola) como o Drácula. Opa, "Drácula" não, Vladislaus Dracullia (que mania de mudar o nome do Conde!). Mas quem leva a coroa da ruindade artística aqui são as Noivas do Drácula. Apesar de lindas, elas têm as vozes hiper-irritantes, são canastras ao extremo e falam pelos cotovelos. Sou muito mais as Noivas do Drácula de Bram Stoker (que tinham até a Monica Bellucci no meio!).

Entre idas e vindas (e eu já de saco cheio), chegamos à um clímax até interessante, à la Godzilla vs Mothra (telecatch de monstro gigante). Seria uma puta coincidência o filme começar e terminar bem, apesar do recheio estragado. Mas não acaba aí, e Sommers emenda um final que pode ser considerado o mais piegas desde Ghost - O Outro Lado da Vida - só que lá, fazia sentido.

Conclusão: A Liga já tem um parceiro na estante da locadora.

O pior é que Sommers dedicou o filme ao seu pai. Tsc, aposto que o coroa não merecia isso.




DECKARD E AS ADAPTAÇÕES DE FILMES


Não sou chegado em quadrinhizações oficiais de filmes. Hoje, não faz mais sentido. Ler HQs contendo aquilo que já vi em três dimensões lá na telona (e com muito mais dinâmica) é meio perda de tempo. Ok, gostei do traço da adaptação oficial do Homem-Aranha. Nem sei dizer quem é o artista, e nem mesmo cheguei a folhear a HQ (era um fundo de tela do Teia do Aranha). Esse é o meu interesse atual nas quadrinhizações oficiais de Cinema. Mas nem sempre foi assim...

A primeira revista desse tipo que eu li foi a adaptação do primeiro Robocop, que adorei, por sinal. A HQ (em p&B) era bem violenta e haviam várias "cenas" que não constavam no filme. Também perdi a conta de quantas vezes eu tentei desenhar aquela capa. :P


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Outras duas que comprei e gostei, foram as dos primeiros filmes do Batman e Darkman. Eu lembro que a do morcegão era superluxuosa e muito cara também. Eu era moleque na época e urrei pra comprar (e não foi dinheiro do papai não). A do Darkman eu comprei pelo frenesi que o filme me causou, mas confesso que era bem básica, sem grandes novidades. Ainda assim eu a lia direto. Infelizmente todas as duas perderam-se nas areias do tempo (e dos sebos). Uma nova sessão de DC++ me aguarda...


Existem várias adaptações que eu nem tinha conhecimento. Às vezes, a gente esquece que estamos nos referindo aos EUA, o país da capitalização. São feitas quadrinhizações até de filmes ruins. Muitas dessas versões em HQ nem chegaram a ser lançadas por aqui, talvez por serem muito fracas. Garimpando por aí (e numa absoluta falta do que fazer) achei algumas à venda, via web. Putz, adaptaram até o Timecop... O curioso é que a grande maioria dessas adaptações oficiais foram empreendidas pela Marvel Comics, mercenária toda vida.

Ah, e têm o (Rick) Deckard do título e a imagem da deliciosa replicante Pris... ambos são personagens do clássico Blade Runner - O Caçador de Andróides. Eu estava olhando a adaptação oficial, que foi lançada em outubro de 82 (!!), e reparei que, nos primórdios, a coisa era feita como se fosse uma transcrição quase exata das películas. No caso de Blade Runner, essa fórmula deu muito certo. Talvez porque o visual do filme já era embasbacante por si só. Foi um retrato no-future fascinante que deu vida ao termo cyberpunk. Prato cheio para uma versão HQ.

O traço (de Al Williamson e Carlos Garzon) é estiloso e cheio de classe. O argumento foi levado no piloto-automático por Archie Goodwin (quem?). Mas tudo bem, o filme continha as narrações em off do Harrison Ford, então não havia muito o quê fazer mesmo.

Separei alguns screens para fazer uma comparação entre a sétima e a nona arte.










Esses aí (e outros tantos) estão à venda bem aqui, mas eu aconselharia um uso melhor do cartão de crédito.

That's All, Folks!

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