Zebra post-mortem!! E não é que Madrugada dos Mortos é um puta filmaço de ação/terror? E olha que essa combinação não é lá muito fácil de digerir não. Geralmente resulta em filmes como Resident Evil e Freddy Vs. Jason, que, dadas às devidas peculiaridades, não passam de "tsc, poderia ser melhor". Felizmente, esse sentimento passa longe dos 97 minutos de sangria desatada e bem-sacada.
Uma providencial montagem warp nos situa na história com poucos instantes de projeção. Ana (Sarah Polley, mandando muito bem) é uma enfermeira saindo de seu plantão no hospital, quando "as coisas" começam a ficar esquisitas no pronto-socorro. A garota, cansada, racha fora pra casa, faz uma média com o marido e vai dormir. No meio da madrugada, sua vizinha, já zumbificada, invade seu quarto e dá aquele trato no maridão, que logo acorda cheio de fome também. Ana escapa por pouco, e sai rasgando com seu carro no meio de uma cidade que já se tornou um puro caos.
Rola tudo isso em alguns minutos, e o que vem a seguir é uma melhores seqüências de abertura que já vi. A câmera vai se afastando do carro de Ana, e revela uma cidade completamente tomada pela loucura. A cena é recortada com flashes de noticiário relatando a barbárie que está tomando conta do mundo inteiro. Ao fundo, um Johnny Cash arrepiante, com "The Man Comes Around" anunciando o Apocalipse iminente. Pelo caminho, Ana se junta à alguns poucos sobreviventes, como um policial durão (o durão Ving Rhames). Logo, eles se abrigam em um shopping (quase) abandonado. Daí por diante, é aquele famoso "um por todos e todos por um" se transformando lentamente em "cada um por si e Deus por todos".
Um detalhe interessante do filme, é que os monstros são focados de longe, na maior parte do tempo. Apenas quando eles se aproximam, é que você consegue distinguí-los de humanos normais. Isso dá uma sensação de falsa segurança muito legal. Outra boa novidade é a adição do Sistema Morto-Vivo GTI 2.0 Turbo. Os bicharocos fazem inveja à qualquer triatleta, de tão rápidos. Aqui, a concepção dos monstros é similar aos raivosos de Extermínio: a "epidemia" se espalha através de qualquer ferida que os não-vivos causam nos vivos. Daí, a vítima adoece rapidamente, morre e vira monstro canibal em pouco mais de um minuto. O processo todo é um pouco mais lento que em Extermínio, que era praticamente instantâneo. Ah, e uma convenção instituída por George A. Romero (o criador do filme original) continua lá: um morto-vivo sem cabeça é um morto-vivo morto.
Pra finalizar, os (muitos) méritos da produção têm de ser devidamente repartidos. Sarah Polley (do ótimo Vamos Nessa!) segura o filme todo, mesmo sem precisar, como a frágil e corajosa Ana. Ving Rhames, excelente como sempre, está em casa, explodindo dezenas de cabeças apodrecidas com uma 12 cano serrado. O resto do elenco também está ótimo, mas não dá pra ficar falando, senão eu conto o final.
Outro destaque são as pontas de bambas do terror, como o Tom Savini no papel de xerife-colecionador-de-cabeças-de-mortos-vivos, e Ken Foree (ator do filme original), como um pastor televisivo declamando o clássico "quando o inferno ficar cheio, os mortos caminharão sobre a Terra".
O roteiro de James Gunn é todo muito bem sacado, com algumas poucas falhas e o dobro de acertos, como a amizade (através de cartazes) entre o policial de Rhames e Andy, dono de uma loja de armas, "ilhado" em sua cobertura. Ele também foi esperto ao não tentar explicar o fenômeno. Então, nada de conspirações, produtos químicos ou magia negra por aqui. Melhor assim. O desconhecido sempre foi mais aterrador do que qualquer explicação.
Agora, o diretor Zack Snyder está de parabéns, e não é só pelo nome legal dele não. Mesmo sendo 100% estreante (é ex-clipeiro), ele conseguiu tirar do filme aquela aura de "refilmagem de um clássico", que sempre rola nessas situações. Mesmo com a edição modernosa, cheia de cortes rápidos, ele criou um clima tétrico o suficiente para rechear o terror presente na telona. Chamar esse filme de "refilmagem" seria até diminuí-lo. Não supera o original, mas é divertido bagarái.
3 comentários:
Po esse filme é o melhor do gênero...
mostra um realismo sem igual...
ele podia ter pelo menos outra sequencia.! Não que desse continuidade dos sobreviventes do filme anterior mas sim de outros sobreviventes na mesma situação mas uma meio e fim diferente...
https://www.facebook.com/pages/Madrugada-Dos-Mortos/212360402134157
Bela página. Curti.
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